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Eleições no México em 2024

PCM[*]

Manifestação do PCM.

O processo eleitoral no México terminou com a votação no domingo, 2 de junho, para eleger o Presidente da República, as Câmaras dos Deputados e dos Senadores, os governos da Cidade do México e de outras entidades, várias legislaturas locais e governos municipais em vários estados.

O processo eleitoral foi marcado pela intervenção governamental a favor do partido MORENA, pela utilização de programas sociais, ou seja, lucrando com a pobreza extrema, pela demagogia dos dois grandes blocos burgueses e dos seus candidatos Claudia Sheinbaum e Xóchitl Gálvez, pelas campanhas sujas, pelo desperdício obsceno de dinheiro, tanto o das prerrogativas do INE como o de fontes estrangeiras (de grupos empresariais ou do crime organizado), pela violência.

O papel de trapaceiro governamental do partido Movimiento Ciudadano era visível; foi também um elemento notável o facto de, do ponto de vista programático, Sheinbaum e Gálvez se terem enquadrado na mesma plataforma, com diferenças menores e não essenciais. Fundamentalmente, ambos ratificaram o compromisso de levar adiante a gestão do capitalismo.

Os resultados são claros:   foi eleita Claudia Sheinbaum, que contará com uma maioria qualificada para empreender o conjunto de medidas legislativas que considere necessárias, já que o PRI e o PAN não terão uma correlação de forças que os impeça. O chamado Plano C, que entre outras medidas pretende colocar a Guarda Nacional sob controlo militar, será implementado. Desde o início da campanha, os empresários ditaram as suas prioridades. Hoje, é constatável a satisfação da classe dominante, do poder dos monopólios com este resultado, com as felicitações imediatas dos banqueiros e das câmaras patronais.

O governo de Obrador, que está a chegar ao seu fim formal, conseguiu, depois de quase três décadas de instabilidade social e da intensificação da luta de classes devido às políticas de choque das privatizações, uma paz social que vem permitindo uma rápida fase de expansão capitalista que levou o México a melhorar a posição da sua economia capitalista dentro do sistema imperialista, deslocando a Espanha, a Austrália, a Coreia do Sul, e aproximando-se de ser uma das 10 principais economias capitalistas do mundo. Com Obrador, os monopólios duplicaram os seus lucros, primeiro através do aumento da taxa de extração da mais-valia, da desvalorização da força de trabalho e da imposição de políticas e medidas anti-populares e anti-imigrantes que anteriormente haviam sido rejeitadas. Ratificou o T-MEC[1] . Apesar de se apresentar como anti-neoliberal e declarar o fim do neoliberalismo, não reverteu nenhuma das privatizações e os monopólios delas beneficiaários nos anos 90 foram neste sexénio aliados do Presidente.

Obrador encarregou-se da relegitimação do Estado e das suas desacreditadas forças repressivas, sobretudo o exército; remendou temporariamente as fissuras no domínio de classe da burguesia, recorrendo à fórmula já experimentada por Plutarco Elías Calles em 1929:   um partido de Estado multi-classe. Nos últimos seis anos, o MORENA tem funcionado como a pista de aterragem dos grupos e correntes do PRI – incluindo o grupo Atlacomulco – e também do PAN; tal como o PNR-PRM-PRI, hoje o MORENA afirma representar o interesse popular quando na verdade expressa o interesse de classe da burguesia e dos monopólios. No conteúdo e na forma, restaura o presidencialismo absolutista, o autoritarismo. De momento, os monopólios, os industriais e os banqueiros estão satisfeitos com o Obradorismo e, na luta interburguesa, apoiaram-no, remetendo para segundo plano o PRI e o PAN, que duplicaram eleitoralmente.

Assim, o triunfo de Sheinbaum já predeterminou o seu curso:   O de uma gestão anti-trabalhadorES e anti-popular, que ela não esconde com aquilo a que chama pomposamente o segundo piso do 4T, ao que também chamacapitalismo consciente, que significa simplesmente a abertura aonearshoring e à deslocalização, para ocupar, no quadro do conflito e das rivalidades entre os Estados capitalistas da China e dos EUA, o lugar que a China tinha como produtor de bens necessários ao mercado norte-americano. Para isso, iniciou-se e continuará a construção e o desenvolvimento de infraestruturas de transportes, comunicações e logística, espezinhando os direitos dos trabalhadores, dos povos nativos e sacrificando os recursos naturais. Verificamos que já na campanha a burguesia projectou dois dos seus quadros como alternativas na direção do Estado:  Omar García Harfuch e Altagracia Gómez, de comprovada linha antipopular e de defesa da ordem.

A demagogia é a marca registada do governo de Obrador e será a mesma para Sheinbaum. Cavalgaram vulgarmente sobre a tragédia de Ayotzinapa[2] e traíram as vítimas para se juntarem aos carrascos; foram indolentes perante o genocídio na Palestina, ou perante a expansão do narco em todo o México, perante os milhares de mortos e desaparecidos.

Como se iludem aqueles que pensam que o governo de Obrador ou Sheinbaum são expressões de esquerda ou populares; aqueles oportunistas que de diferentes latitudes com abjeção hoje saúdam Sheinbaum, assim como ontem se calaram diante da militarização e da espoliação, são co-responsáveis pela agonia do povo e dos trabalhadores do México. Igualmente iludidos, ou abjectos, são aqueles que proclamam como um marco histórico o facto de haver uma Presidente em vez de um Presidente, quando ela também representa interesses antagónicos aos dos milhões de trabalhadoras e trabalhadores mexicanos e migrantes que continuam a viver na carne não só a intensificação da exploração do capital, mas também a imparável violência social e criminal.

O Partido Comunista do México continuará, sem dúvida, a lutar contra Obrador e, a partir de 1 de outubro, contra Claudia Sheinbaum, porque expressam os interesses de classe da exploração. Estamos conscientes do momento, da necessidade de reforçar os laços políticos e organizacionais com os trabalhadores, as mulheres trabalhadoras, a juventude e os estudantes, os migrantes, os povos indígenas, as organizações de classe independentes, a fim de desenvolver o antagonismo com a social-democracia de Obrador/Sheinbaum com uma aliança social anti-capitalista e anti-monopolista.

Neste sentido, a campanha comunista que nos permitiu contactar milhares de trabalhadores, quase 234.000, com uma plataforma programática classista, por um novo poder e uma nova economia, baseada na propriedade social dos meios de produção, foi um passo em frente, e o voto em Marco Vinicio Davila, candidato comunista à Presidência da República, e nos outros candidatos comunistas, que é de milhares de trabalhadores que escolheram lutar, apesar de todas as dificuldades legais e extra-legais, é um encorajamento. De acordo com a tendência do PREP a votação nas candidaturas não registadas é já de 85.000 e pode chegar aos 90.000, além disso temos provas de que muitos dos votos nas nossas candidaturas foram anotados como nulos. Apelamos a todos aqueles que decidiram votar comunista para que dêem um passo em frente, e juntos lutaremos diariamente até mudarmos tudo o que deve ser mudado, para lutarmos pelo novo mundo do socialismo-comunismo. Saudamos também os mais de 1.300.000 votos nulos, muitos dos quais, reivindicando os seus desaparecidos, os que, conscientes de que nem MORENA nem o PRI-PAN são a saída, decidiram rejeitá-los. É bom que milhares de trabalhadores e jovens tenham escolhido lutar e não se deixem apanhar no dilema do mal menor.

Com o proletariado, com a classe operária, lutando todos os dias, sem descanso, com otimismo pelo futuro que virá se estivermos dispostos a defender as posições de classe e internacionalistas.

Trabalhadores de todos os países, uni-vos!

A Comissão Política do Comité Central

[1]T-MEC
[2] Tragédia de Ayotzinapa

04/Junho/2024

[*] Partido Comunista de México.

O original encontra-se em www.comunistas-mexicanos.org/index.php/pcm/elecciones-2024

Este artigo encontra-se em resistir.info


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