É um dos maiores nomes do futebol de seu país, sendo um dos principais integrantes da grande campanha daCroácia naCopa do Mundo de 1998, em que o país ficou na terceira colocação. Onze anos antes, integrou também a equipe da antigaIugoslávia que sagrou-se vencedora doCampeonato Mundial de Futebol Sub-20.
Boban, dono de boa visão de jogo e de passes refinados,[1] foi também um dos maiores ídolos doMilan nadécada de 1990.
Boban começou a carreira em1985, ainda com dezessete anos, noDínamo Zagreb. Assumiria seu lugar na equipe titular a partir de sua segunda temporada, e sua liderança em campo logo lhe tornaria o capitão do time dacapital croata.[1] Em1988, chegaria àSeleção Iugoslava principal, um ano após vencer com a sub-20 o mundial da categoria.
Boban, mesmo com sua ótima média de gols para um jogador do meio-de-campo, não conseguiu taças com o Dínamo. O máximo que conseguiu foi um bivice-campeonato naliga iugoslava, em1990 e1991. Em ambas, o vencedor foi oEstrela Vermelha. E foi em um jogo contra o time deBelgrado, capital daSérvia e daIugoslávia, que ele teria seu momento mais famoso com a camisa do Dínamo.
Em um jogo entre as duas equipes emZagreb, havia tensão antes da partida. Os torcedores do Dínamo aproveitavam-se para protestar pela independência, inflamados pelo nacionalismo croata.[2] Logo começou uma confusão generalizada, com os torcedores atacando os adversários com pedras e derretendo as grades do alambrado com ácido.[2] Os sérvios não recuaram, mas tiveram de ser resgatados por um helicóptero.[2] Boban apareceu ao avançar com uma voadora sobre um policial que atacava um torcedor do Dínamo.[1]
O incidente, ocorrido em13 de maio de1990, lhe valeria uma suspensão da federação iugoslava, o que retirou suas chances de figurar naCopa do Mundo de 1990,[1] mas lhe rendeu grande admiração naCroácia. Boban declararia que"aqui estava eu, um cara público, preparado para arriscar minha vida, minha carreira, e tudo o que a fama poderia ter trazido, por causa de um ideal".[1]
Foi para oMilan no meio de1991. O fator político também estava por trás da transferência: no período em que se encerrava o campeonato iugoslavo de 1990–91, os croatas declaravam unilateralmente seu desmembramento daIugoslávia (em25 de junho de1991), o que logo desencadearia aGuerra de Independência da Croácia, com a invasão do território pelo exército iugoslavo, controlado pelossérvios. Em meio àquele momento turbulento, Boban foi um dos principais jogadores iugoslavos a deixar o país.
Tão logo chegou àItália, Boban foi repassado ao pequenoBari, porempréstimo, uma vez que dificilmente teria espaço na equipe deMilão: as três vagas em campo permitidas para não-italianos, na época, estavam asseguradas pelosneerlandesesFrank Rijkaard,Marco van Basten eRuud Gullit, todos ídolos locais. Enquanto a equipe que lhe contratara sagrava-secampeã italiana naquela temporada 1991–92, Boban lutava pela equipebiancorossa daApúlia contra o rebaixamento, com sucesso.[1] O técnico milanista,Fabio Capello, pediu pela sua volta.[1] Mas Boban ainda demoraria dois anos para alcançar a titularidade: o trio neerlandês permaneceu intocável no Milan na temporada 1992–93 (em que o clube foi ganhou novoscudetto e foi vice naLiga dos Campeões da UEFA), quando começou a debandar: Gullit foi para aSampdoria e Van Basten saía de cena em virtude de suas lesões no tornozelo.
As duas vagas que ficaram abertas então foram preenchidas por ele e um ex-colega deSeleção Iugoslava, e curiosamente ex-adversário daqueleEstrela Vermelha, omontenegrinoDejan Savićević. Aquela temporada, a de 1993–94, seria uma coroação para o croata: faturou ocampeonato italiano pela primeira vez como titular, para o delírio dostifosi do clube, pois tal título, o décimo quarto do time no torneio, fez com que o clube reultrapasse, depois de quase noventa anos, a arquirrivalInternazionale entre os maiores campeões daSerie A.
A boa fase internacional seguiu-se em 1994–95, quando quase veio um bi seguido na Liga dos Campeões: os milaneses voltaram à decisão, mas perderam para o jovem elenco doAjax, que estava reforçado pelo experiente Rijkaard, transferido do Milan naquela temporada. O clube se ergueria com as vindas do astroRoberto Baggio e doliberianoGeorge Weah, faturando aSerie A em1996. Após dois anos de alguma decadência — a equipe ficou em décimo primeiro em1997 e décimo em1998 —, Boban ganhou em1999 pela quarta vez a liga italiana com o Milan.
O título de 1999 seria o último da carreira. O croata, após nove anos — dez, se for considerada a temporada em que pertencia ao cluberossonero, mas esteve emprestado ao Bari —, encerrou seu ciclo no Milan e no futebol italiano ao transferir-se em2001 para oCelta Vigo, daEspanha. O veterano pouco atuaria na equipegalega, realizando apenas quatro partidas pelo Celta emLa Liga.
Ao fim da temporada 2001–02, voltou paraZagreb, para a partida que celebrou sua aposentadoria. A partida, curiosamente, serviu para que o também aposentadoLeonardo, um de seus convidados, fosse chamado para mais uma temporada noMilan (onde jogara com Boban entre 1997 e 2001).[3]
Após encerrar a carreira nos gramados, Boban resolveu ingressar na faculdade deHistória daUniversidade de Zagreb.[1] Após sua formatura, todavia, resolveu voltar à área futebolística, trabalhando como comentarista de canais e jornais italianos e croatas.[1]
A visão de jogo e liderança de Boban noDínamo Zagreb o levaram àSeleção Iugoslava principal em1988. No ano anterior, ele já havia se destacado pela equipe sub-20, vencendo omundial da categoria, noChile. Boban era um nome certo na talentosa equipe da Iugoslávia que disputou aCopa do Mundo de 1990, mas ficou de fora da lista devido à sua participação na confusão ocorrida na partida entre Dínamo eEstrela Vermelha, emmaio, no mês anterior ao mundial.[1]
Ele voltou a jogar pela Iugoslávia em31 de outubro daquele1990. Curiosamente, duas semanas antes, no dia17, jogou pela primeira vez pelaCroácia. Embora os croatas só declarassem unilateralmente sua independência em25 de junho do ano seguinte, seus jogadores passaram a utilizar o uniforme quadriculado em amistoso contra osEstados Unidos. Ainda faria duas partidas por cada seleção naquele ano: em novembro pela Iugoslávia e em dezembro pela Croácia.
Em1991, jogou mais duas vezes com a camisa iugoslava. A segunda delas, contra asIlhas Feroe, foi válida já pelas eliminatórias para aEurocopa 1992, e foi realizada apenas nove dias antes de declaração de desmembramento dos croatas da Iugoslávia. Já no mês seguinte faria sua terceira partida pela Croácia, um amistoso cheio de simbolismo contra aEslovênia, que também havia declarado recentemente sua independência.
Como as seleções dissidentes da antigaIugoslávia não puderam participar das eliminatórias para aCopa do Mundo de 1994, boa parte daEuropa só foi conhecer o talento da jovemSeleção Croata na primeira competição que esta pôde disputar, aEurocopa 1996. Nas eliminatórias, a Croácia terminou líder de seu grupo, à frente daItália, então vice-campeã do mundo.
Boban foi o capitão do bom debute croata em torneios oficiais, com sua seleção conseguindo chegar às quartas-de-final, caindo diante da futura campeãAlemanha. Ele marcou um gol crucial, na vitória por 3–0 sobre a detentora do título — a mesmaDinamarca que herdara a vaga deixada pela banida Iugoslávia na Euro 92 —, que garantiu os croatas na segunda fase. O tento, o segundo dos eslavos, foi marcado a nove minutos do fim da partida, praticamente definindo a vitória.
Dois anos depois, capitanearia os xadrezes na primeiraCopa do Mundo em que os croatas jogaram como nação independente. Até omundial de 1998, o futebol croata ainda era relativamente desconhecido na maior parte do mundo.[4] A equipe por pouco não ficou de fora — classificou-se à repescagem após vencer antigos colegas daEslovênia fora de casa (com um gol de Šuker, que também jogou contra osbósnios) e ver os maiores concorrentes à segunda vaga, osgregos, empatarem emAtenas com a líderDinamarca e ficarem um ponto atrás. A vaga na Copa foi assegurada após uma vitória e um empate na repescagem contra aUcrânia do jovemAndriy Shevchenko.
Se Šuker guiava as vitórias croatas com seus gols, Boban era o líder em campo da campanha dos estreantes, que terminou em um surpreendente e histórico terceiro lugar. Ele também chamou a atenção por seu visual, exibindo um número 10, em alusão à sua camisa, pintado na parte de trás da cabeça.[6] Boban fez seu último jogo por seu país no ano seguinte, em meio às eliminatórias para aEurocopa 2000. Não disputou o torneio em virtude da não-classificação da Croácia — para o seu desgosto, ocorrida após um empate em casa contra os rivais daIugoslávia, que tinham a vantagem da igualdade e terminaram na liderança (o resultado deixou os croatas em terceiro no grupo).