Em 24 de outubro de 1964, a Zâmbia tornou-se independente do Reino Unido e o primeiro-ministroKenneth Kaunda se tornou seu primeiro presidente. O partido de Kaunda,Partido Unido para a Independência Nacional (UNIP), manteve o poder de 1964 até 1991. Entre 1972 e 1991, o país era umEstado de partido único, com o UNIP sendo reconhecido como o único partido político legal. Kenneth Kaunda foi sucedido porFrederick Chiluba, doMovimento para a Democracia Multipartidária, iniciando um período de crescimento econômico-social e descentralização do governo.Levy Mwanawasa, sucessor de Chiluba, presidiu a Zâmbia de 2002 até sua morte em agosto 2008, e é creditado por suas campanhas para reduzir a corrupção e aumentar o nível de vida. Após a morte de Mwanawasa,Rupiah Banda presidiu como presidente interino antes de ser eleito presidente em 2008. Rupiah Banda deixou o cargo depois de sua derrota nas eleições de 2011, pelo líder daFrente Patriótica,Michael Sata, que morreu em 28 de outubro de 2014, o segundo presidente da Zâmbia a falecer no cargo.Guy Scott serviu brevemente como presidente interino até que novas eleições foram realizadas em 20 de janeiro de 2015, ondeEdgar Lungu foi eleito como o sexto presidente do país, desde sua independência.
O território da Zâmbia foi conhecido comoRodésia do Norte de 1911 a 1964. O país foi renomeado Zâmbia em outubro de 1964, após sua independência do domínio britânico. O nome "Zâmbia" deriva do rioZambeze (Zambeze pode significar "o grande rio").[3]
A região onde hoje se situa o território zambiano recebeu influênciaocidental em meados doséculo XIX, primeiramente com osportugueses, que queriam que o atual território zambiano fosse integrado às suas possessões deAngola eMoçambique, ligando a costa oeste a leste do continente, através do históricoMapa Cor-de-Rosa. Contudo, devido à pressãobritânica, os planos lusitanos foram cancelados, no que poderia ser uma grande e forte colônia portuguesa naÁfrica e posteriormente um grande país ligando dois oceanos. Um esforço político poderá fazer surgir uma Confederação deAngola, Zâmbia eMoçambique; podendo depois tornar-se uma Federação Africana. Então, com a chegada demissionários eexploradores britânicos, comoDavid Livingstone eCecil Rhodes, a presença inglesa foi garantida. Cecil Rhodes obteve licença para a exploração mineral no território onde, em 1888, foram fundadas as colônias britânicas daRodésia do Norte (correspondente à Zâmbia de hoje) e daRodésia do Sul (hoje oZimbábue). A Rodésia do Norte é administrada pelaCompanhia Britânica da África do Sul até 1924, quando passa a ser um protetorado do Reino Unido.[4] Colonos britânicos instalam-se no período anterior àSegunda Guerra Mundial. Em 1960, aminoriabranca chega a cerca de 5% da população. Em 1953, as duas Rodésias fundem-se com a colônia britânica deNiassalândia (atualMalauí) e formam aFederação da Rodésia e Niassalândia, sob a tutela britânica.
Em 1963, a federação é dissolvida. No ano seguinte, a Rodésia do Norte torna-se independente com o nome de Zâmbia, sob a presidência deKenneth Kaunda, da União Nacional da Independência (o partido único). Kaunda convence os colonos brancos a nãoemigrar, como ocorrera na maior parte das ex-colônias europeias na África. Em 1973, o país fecha as fronteiras com a Rodésia do Sul, em protesto contra o regimeracista deIan Smith. Em 1979,comandos da Rodésia destroem, em Lusaca, o quartel-general do movimento guerrilheiroUnião do Povo Africano do Zimbábue (Zapu), que combate o regime branco rodesiano com o apoio do governo zambiano. Em 1982, as medidas de austeridade econômica[5] levam a umagreve geral contra Kaunda. A crise agrava-se com a queda internacional do preço docobre.
Kaunda é reeleito várias vezes e fica na Presidência até 1991. Durante o seu governo, em 1987, o país rompe com oFundo Monetário Internacional. O agravamento da crise econômica obriga Kaunda a fazer concessões políticas. As eleições de 1991 resultam na vitória do Movimento pela Democracia Multipartidária (MMD), cujo líder,Frederick Chiluba, se torna presidente. O novo governo, porém, não consegue resolver a crise.
Em 1993, Chiluba decreta oestado de emergência (revogado no final do ano) para conter uma campanha dedesobediência civil dos partidários de Kaunda contra as reformas estruturais. Um acordo com o Fundo Monetário Internacional, em 1993, leva àprivatização deestatais, ao aumento dodesemprego e à insatisfação popular.
Em 1994, Chiluba faz uma troca de dez de seus ministros, acusados detráfico de drogas. Em maio de 1996, apoiaemenda constitucional determinando que só zambianos de mais de duas gerações podem concorrer à Presidência. A emenda é inserida para impedir a candidatura do ex-presidente Kaunda, filho de malauianos. Em novembro, Chiluba é reeleito.
Em 1997, o governo debela uma tentativa degolpe de Estado liderada por militares rebeldes e decretaestado de emergência (suspenso em março de 1998). O ex-presidente Kenneth Kaunda, detido sob acusação de participar do golpe, é libertado em junho de 1998.
Situada no centro-sul da África, a Zâmbia abriga as famosasCataratas de Vitória (Victoria Falls), norio Zambeze, que formam uma cortina de água de cerca de 90 m de altura, na divisa com o Zimbábue. A maior parte de seu território é coberta porsavanas.
Parques nacionais abrigam grande variedade de animais, sobretudo próximo aos riosLuangwa eKafue. Um grande planalto predomina na porção leste e atinge o ponto mais alto no altiplano doMonte Mafinga, chamadoMafinga Central, com 2 339 m, na fronteira com oMaláui, que anteriormente achava-se ser no maciço doMonte Nyika com 2 606 m, mais ao sul; contudo, após recentes medições degeoreferenciamento, o mesmo encontra-se dentro do território malauiano e na parte desse planalto montanhoso que chega na fronteira entre os dois países consta-se uma altitude de 2 200 m.
A população, dividida em cerca de 70 etnias, concentra-se nas regiões de extração decobre, ao norte da capital,Lusaca. A Zâmbia está entre os maiores produtores mundiais desse minério, responsável por 50% das exportações do país, em 1998. Possui ainda reservas decobalto,zinco echumbo. Aagricultura, que ocupa 73,7% da força de trabalho, também é economicamente importante.
O clima da Zâmbia étropical e amenizado pela altitude. De acordo com aclassificação climática de Kouppen-Gayger, a maior parte do país é classificada como úmido tropical ou subtropical úmido e seco, com pequenos tempos de clima semiárido e estepes do sudoeste ao longo da Vale do Zambeze.
Há duas estações principais: a estação chuvosa (de novembro a abril) para o verão, e a estação seca (de maio a outubro), correspondente ao inverno. A estação seca está subdividida em duas: a estação fria e seca (maio/junho a agosto) e a estação quente e seca (setembro a outubro/novembro). A influência da altura suavizada dá ao país um clima subtropical agradável, em vez de condições tropicais durante a estação fria, de maio a agosto. No entanto, as temperaturas médias mensais permanecem acima dos 20 °C na maior parte do país durante oito ou mais meses.
Zâmbia é um dos países mais urbanizados daÁfrica subsariana, com 44% da população concentrada em poucas áreas urbanas, enquanto as áreas rurais são escassamente povoadas. O desemprego e o subemprego nas áreas urbanas são problemas sociais graves, enquanto a maioria dos zambianos rurais sãoagricultores de subsistência. A população compreende cerca de 72 grupos étnicos, a maioria dos quais são Bantus. De acordo com pesquisas do governo, a taxa de fertilidade era de 6,2 filhos por mulher, em 2007.[7]
Quase 90% dos zambianos pertencem aos nove principais grupos etnolinguísticos: oChewa,Bemba,Tongas,Tumbuka,Lunda,Luvale,Kaonde,Nkoya eLozi. Nas áreas rurais, cada grupo étnico se concentra em uma determinada região geográfica do país e muitos grupos são muito pequenos e não tão conhecidos. No entanto, todos os grupos étnicos podem ser encontrados em números significativos emLusaca e Copperbelt.
Os expatriados são principalmentebritânicos esul-africanos. Havia 70 000 europeus na Zâmbia em 1964, mas muitos já deixaram o país.[8] O país também possui uma população asiática pequena, mas economicamente importante, a maioria dos quais sãoindianos echineses. Existem 13 000 indianos na Zâmbia. Estima-se que 80 000 chineses são residentes na nação.[9] Nos últimos anos, várias centenas de despossuídos fazendeiros brancos deixaram oZimbábue, a convite do governo daZâmbia, para assumir a agricultura nas províncias do sul.[10][11]
De acordo com a Pesquisa Mundial de Refugiados de 2009, publicado pelo Comitê dos Estados Unidos para Refugiados e Imigrantes, a Zâmbia tinha uma população de refugiados e requerentes de asilo que somam aproximadamente 88 900 pessoas. A maioria dos refugiados no país é oriunda daRepública Democrática do Congo (47 300 refugiados em 2007),Angola (27 100), Zimbábue (5 400) eRuanda (4 900).[12]
Alíngua oficial da Zâmbia é oinglês, que é usado principal como língua dos negócios e da educação. A principal língua local, especialmente emLusaca, é onianja, seguido pelobemba. O processo de urbanização teve um efeito dramático sobre algumas das línguas nativas, incluindo a assimilação de palavras de outras línguas nativas e do inglês. Os moradores urbanos às vezes diferenciam entre dialetos urbanos e rurais de uma mesma língua, prefixando as línguas rurais com "profunda". O português foi introduzido no currículo escolar, principalmente devido à presença de uma grande comunidade angolana delíngua portuguesa.[13]
A Zâmbia é oficialmente uma nação cristã de acordo com a constituição de 1996, com uma grande variedade de tradições religiosas. Os pensamentos religiosos tradicionais são facilmente misturados com as crenças cristãs em muitas das igrejas sincréticas do país. 95% da população declara seguir ocristianismo com cerca de 75% da população a serprotestante, enquanto cerca de 20% são seguidores do catolicismo romano. Denominações cristãs incluem ocatolicismo romano, oanglicanismo, opentecostalismo, oluteranismo, asTestemunhas de Jeová, aIgreja Adventista do Sétimo Dia, aIgreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias,Fé Bahai e uma variedade de denominações evangélicas. Também há outras religiões no país, como o Islã (92 mil seguidores) representando 2% da população e o Hinduísmo (18 mil seguidores) que representa somente 0,1% da população do país. 0,5% da população declara não seguir nenhuma religião.[14]
A política zambiana ocorre em uma estrutura de sistema presidencial democrático representativo, por meio de que opresidente da Zâmbia échefe de Estado echefe do governo em um sistema multipartidário. O governo exercita o poder executivo, enquanto o poder legislativo é investido no governo e no parlamento.
A economia da Zâmbia depende largamente docobre, minério de que é um dos maiores produtores do mundo (7º lugar em 2019),[15] e que representa 90% do valor das exportações. Este país pertence ao chamado "cinturão do cobre", uma extensão dos depósitos deShaba (RDC).
Dentro do setor industrial, contam-se o tratamento de minerais (refinação de cobre, em especial), produção decimento e indústrias conexas da agricultura (óleos vegetais, tratamento do algodão, açúcar e outros produtos). O petróleo é importado, principalmente através do porto deDar es Salaam (Tanzânia).
O turismo internacional, buscando áreas naturais do país (cataratas, safári) é uma importante fonte de renda.
As culturas originais sobreviveram em grande parte nas áreas rurais, com algumas influências externas, como o cristianismo. No cenário urbano há uma contínua integração e evolução dessas culturas para produzir o que hoje é chamado de "cultura zambiana".[18]
↑«World Refugee Survey 2009: Zambia» (em inglês). U.S. Committee for Refugees and Immigrants. Consultado em 30 de agosto de 2014. Arquivado dooriginal em 11 de Dezembro de 2013
↑NW, 1615 L. St; Washington, Suite 800; Inquiries, DC 20036 USA202-419-4300 | Main202-419-4349 | Fax202-419-4372 | Media (18 de dezembro de 2012).«The Global Religious Landscape».Pew Research Center's Religion & Public Life Project (em inglês). Consultado em 30 de outubro de 2019