Desde os anos 80, estudiosos argumentam que o período anteriormente classificado como transicional doperíodo Jōmon deveria ser reclassificado como Yayoi Inicial.[3] A data do início de tal transição é controversa, com estimativas variando dos séculos X a VI a.C..[4][5]
O período foi batizado em homenagem ao bairro Yayoi deTóquio, onde arqueólogos descobriram artefatos desta era. Características distintas do período Yayoi incluem o uso da cerâmica Yayoi e o início da agricultura doarroz. A sociedade hierárquica do Japão teve início neste período, baseado na sociedade chinesa antiga. Técnicas emmetalurgia baseadas no uso debronze eferro foram introduzidas pela Coreia.
O período Yayoi seguiu o período Jomon (14 mil - 1000 a.C.) e a cultura deste floresceu desde o sul deKyushu até o norte deHonshu. Evidências arqueológicas apoiam a ideia de que, durante este período, migrações sucessivas de agricultores do continente asiático absorveram ou deslocaram a população caçadora-coletora nativa.
Uma jarra Yayoi do século I-III, escavada em Kugahara, Ota,Tóquio, Museu Nacional de Tóquio.
As evidências arqueológicas mais antigas dos Yayoi são encontradas no norte deKyushu,[6] apesar de existirem divergências quanto a este fato. A cultura Yayoi rapidamente se espalhou para a ilha principal deHonshu, misturando-se com a cultura nativaJomon.[7] Acerâmica Yayoi era decorada de forma simples e produzida em uma roda apropriada, ao contrário da cerâmica do Jomon, que era feita à mão. Os artesãos Yayoi faziam sinos cerimoniais debronze (Dotaku), espelhos e armas. Por volta de 100 a.C, agricultores Yayoi começaram a usar ferramentas e armas deferro.
Reconstrução do sítio arqueológico de Yoshinogari
A população Yayoi cresceu e se tornou mais rica e sua sociedade tornou-se mais estratificada e complexa. Eles vestiam roupas de pano, viviam em vilas agrícolas permanentes e faziam construções de madeira e pedra. Eles também acumulavam riqueza através da posse de terras e estocagem de grãos. Tais fatores levaram ao desenvolvimento de classes sociais distintas. Fontes chinesas antigas relatam que os Yayoi se adornavam com tatuagens e outras marcas em seus corpos para indicar diferenças de status social.[8] Chefes Yayoi de algumas regiões de Kyushu parecem ter patrocinado e manipulado politicamente o comércio de bronze e outros objetos de prestígio.[9] Isso foi possível graças à introdução da cultura irrigada de arroz, técnica proveniente da região dorio Yangtzé e dapenínsula coreana, introduzido no Japão através dasIlhas Ryukyu ou da península coreana.[10][11] A agricultura irrigada de arroz possibilitou o desenvolvimento de uma sociedade agrária e sedentária no Japão. Os desenvolvimentos políticos e sociais mais importantes das atividades agrárias foram o surgimento de uma sociedade estratificada e uma autoridade central.
As evidências arqueológicas dosJomon e Yayoi indicam que os dois povos eram fisicamente distintos.[12] Os indivíduos do povoJomon costumavam ser mais peludos, tinham olhos mais separados e sem adobra epicântica, eram mais baixos, com membros mais longos, rostos mais curtos e largos e topografia facial mais proeminente, com arcadas superciliares e narizes mais proeminentes, portanto, uma aparência mais próximo doscaucasoides, apesar de serem geneticamente mais próximos dospovos asiáticos. O povo Yayoi, por outro lado, era mais alto, tinha olhos mais próximos com as dobras epicânticas e narizes e arcadas superciliares menos protuberantes (mais semelhantes aos chineses e coreanos). Quase todos os esqueletos escavados doPeríodo Kofun, exceto aqueles dosAinus e nativos pre-históricos deOkinawa (Jomon),[13] lembram os japoneses (e leste-asiáticos) dos dias atuais.[14]
Este período está dividido em três sub-períodos:[15]
A origem da cultura Yayoi tem sido debatida há muito tempo. Os sítios arqueológicos mais antigos são os de Itazuke ou Nabata no norte de Kyushu. Contato entre comunidades pescadoras da costa de Kyushu e do sul da Coreia datam do período Jomon, confirmado pela troca e comércio de itens, como anzóis e obsidianas.[16] Durante o período Yayoi, características culturais da China e da Coreia se espalharam nessa área em várias ocasiões e durante vários séculos e depois se espalhou para o sul e para o leste.[17] Este foi um período de miscigenação entre os migrantes e a população indígena, e entre novas influências culturais e práticas antigas.[18]
Entre 1996 e 1999, uma equipe liderada por Satoshi Yamaguchi, um pesquisador do Museu Nacional da Natureza e da Ciência do Japão, comparou esqueletos Yayoi encontrados nas prefeituras deYamaguchi eFukuoka com outros da costa da província deJiangsu da China e encontrou muitas semelhanças entre os dois tipos.[19][20]
Sino dōtaku do período Yayoi, datado do século III a.C
Alguns estudiosos concluíram que houve influência coreana na cultura Yayoi. Mark J. Hudson citou evidências arqueológicas que incluíam "arrozais com limites, novos tipos de ferramentas de pedra polida, implementos de madeira para agricultura, ferramentas de ferro, tecnologia de tecelagem, frascos de cerâmica para armazenagem, colagem externa de rolos de argila na fabricação de cerâmica, assentamentos abandonados, porcos domesticados e rituais envolvendo ossos de mandíbula."[21] A teoria é reforçada pelo fato de que a cultura Yayoi iniciou na costa norte de Kyushu, área do Japão mais próxima da Coreia. A cerâmica Yayoi, os montes funerários e os métodos de preservação de alimentos são semelhantes aos do sul da Coreia.[22]
No entanto, alguns estudiosos argumentam que o rápido aumento de aproximadamente quatro milhões de pessoas no Japão entre os períodos Jomon e Yayoi não pode ser explicado apenas pela migração. Eles atribuem o aumento principalmente à mudança de uma dieta de caçadores-coletores para a agricultura nas ilhas, com a introdução do arroz. É bem provável que o cultivo de arroz e sua subsequente deificação tenham permitido um aumento lento e gradual da população.[23] Ainda assim, há evidências arqueológicas que apoiam a ideia de que houve migrações de agricultores do continente.[22]
Algumas peças de cerâmica Yayoi mostram claramente a influência da cerâmica Jōmon. Além disso, os Yayoi viviam no mesmo tipo de moradia em poço ou circular que os Jomon. Outros exemplos de elementos em comum são ferramentas de pedra lascada para caça, ferramentas de osso para pesca, conchas na fabricação de pulseiras e decoração de laca para embarcações e acessórios.
De acordo com vários linguistas, ojapônico estava presente em grande parte do sul da península coreana. Estas "Línguas Japônicas Peninsulares" foram deslocadas ou substituídas por falantes delínguas coreânicas, causando as migrações Yayoi.[24][25] Da mesma forma, Whitman (2012) sugere que os Yayoi não são relacionados aos proto-coreanos, mas que estavam presentes na península coreana durante o período da cerâmica de Mumun. Segundo ele, o japônico chegou à península coreana por volta de 1500 a.C. e foi levado ao arquipélago japonês pelos Yayoi por volta de 950 a.C.. A família de idiomas associada à cultura Mumun e Yayoi seria a japônica. Os coreanos chegaram mais tarde daManchúria à península coreana por volta de 300 a.C. e coexistiram com os descendentes dos agricultores Mumun (ou os assimilaram). Ambos tiveram influência um no outro e um efeito fundador posterior diminuiu a variedade interna de ambas as famílias de idiomas.[26]
O Selo Imperial da China, que acredita-se que foi concedido peloImperador Guangwu de Han aoRei de Wa (atual Japão), em 57 d.C. Nele está inscritoRei de Na de Wa na Dinastia Han (漢委奴國王)
Os registros escritos mais antigos sobre os povos do Japão são de textos daChina desse período.Wa, a pronunciação japonesa para um antigo nome emchinês para o Japão, foi mencionada em 57 d.C.; oEstado de NaNakoku (奴国), de Wa, recebeu um selo dourado doGuang Wudi daDinastia Han. Esse evento foi registrado no livroHou Hanshu, compilado por Fan Ye no século V. O selo foi descoberto no norte deKyūshū, em 1784.[27] Wa também foi mencionado em 257 d.C., noWei zhi, uma seção doSan Guo Zhi (A Crônica dos Três Reinos), compilado pelo sábio Chen Shou, do século III.[28]
Antigos historiadores chineses descreveram Wa como uma terra de centenas de comunidades tribais espalhadas, e não o território unificado com 700 anos de tradição como narrado peloNihon Shoki, uma obra datada do século VIII, que conta a história do Japão misturando elementos míticos com históricos e data a fundação do país em 660 a.C. Evidências arqueológicas também sugerem que conflitos frequentes entre assentamentos e clãs ocorriam no período. Muitos assentamentos escavados foram construídos no topo de colinas. Corpos humanos queimados e sem cabeça[29] descobertos no sítio arqueológico de Yoshinogari corroboram essas teorias. Na região costeira doMar Interno de Seto, pontas de flechas de pedra são frequentemente achadas em objetos funerários.
Textos chineses do século III d.C. relatam que o povo de Wa se alimentava de peixe cru, vegetais e arroz, servidos em travessas debambu e madeira, batiam palmas em cultos (costume ainda comum nos dias de hoje emsantuários xintoístas) e construíam túmulos de terra. Eles também mantinham relações devassalagem, coletavam impostos, tinham celeiros e mercados e cumpriam o luto. A sociedade era caracterizada por lutas violentas.
O Wei Zhi (chinês: 魏志), que faz parte dos Registros dos três Reinos, menciona pela primeira vezYamatai e arainha Himiko no século III. Segundo o registro, Himiko assumiu o trono de Wa, como líder espiritual, após uma grande guerra civil. Seu irmão mais novo estava encarregado dos assuntos de estado, incluindo as relações diplomáticas com a corte chinesa do o Reino de Wei.[30] Quando perguntados sobre suas origens pela embaixada Wei, o povo de Wa alegou ser descendente de Taibo de Wu, uma figura histórica do Reino Wu ao redor do delta do Yangtzé da China.
Por muitos anos, a localização de Yamataikoku e a identidade da rainha Himiko foram objeto de pesquisa. Dois locais possíveis, Yoshinogari, naprefeitura de Saga, e Makimuku, naprefeitura de Nara, foram sugeridos.[31] Pesquisas arqueológicas recentes em Makimuku sugerem que Yamataikoku estava localizado na área.[32][33] Alguns estudiosos defendem que o kofun de Hashihaka em Makimuku é o túmulo de Himiko. Sua relação com a origem da sociedade Yamato no período Kofun também é assunto de debate.
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