Entre 1584 e 1585 fundou, nailha de Roanoke, o primeiro núcleo de colonização inglesa naAmérica do Norte. Esse núcleo de povoamento, entretanto, desapareceu, possivelmente destruído pelos indígenas.
Filho de Walter Raleigh e Catherine Champernowne, a data do nascimento de Walter Raleigh é incerta, tendo ocorrido provavelmente em 1552 ou 1554, na propriedade denominada Hayes Barton,[1] na aldeia de East Budleigh, perto de Budleigh Salterton, emDevon,Inglaterra. Walter era meio-irmão de Sir Humphrey Gilbert, e tinha um irmão - Carew Raleigh.
A família Raleigh era fortementeprotestante, tendo sido perseguida inúmeras vezes durante o reinado da rainhacatólicaMaria I. Na sua mais famosa fuga, o pai de Raleigh teve que se esconder numa torre para evitar ser morto. Assim, durante a sua infância, Raleigh desenvolveu ódio contra oCatolicismo, mostrando-se rápido a expressar as suas convicções logo que a também protestanteIsabel I de Inglaterra assumiu o trono da Inglaterra, em 1558.
Em 1568 ou 1572, Raleigh graduou-se na Faculdade Oriel, emOxford, mas parece não ter tomado residência nesta, e em 1575 foi registrado na faculdade de direito chamada de Middle Temple. A sua vida entre estas duas datas é uma incerteza, mas numa referência do seu livroHistory of the World faz referência que ele serviu com os Huguenots franceses na batalha de Jarnac em 13 março de 1569. No seu julgamento em 1603 ele declarou nunca ter estudadodireito.
Entre 1579 e 1583 Raleigh participou da repressão às chamadasRebeliões de Desmond. Também esteve presente nocerco de Smerwick, onde supervisionou o massacre de cerca de 700 soldados italianos e espanhóis que se tinham rendido incondicionalmente. Tornou-se proprietário de terras confiscadas aos rebeldes irlandeses, recebeu 160 km de terra, incluindo as cidades baleares da costa deYoughal eLismore. Isto fez dele um dos principais proprietários deMunster, região histórica do sudoeste daIrlanda. Entretanto teve sucesso limitado em seduzir inquilinos ingleses para se estabelecerem nas suas propriedades.
Durante os dezessete anos que passou como senhorio irlandês, Walter Raleigh fez de Youghal o seu lar ocasional, tendo sido prefeito da cidade entre 1588 e 1589.
Foi-lhe creditado o feito de ter plantado as primeirasbatatas na Irlanda, porém é mais provável que a planta tenha chegado à Irlanda através de trocas comerciais com os espanhóis. Entre os conhecidos de Raleigh emMunster estava outro inglês, que também tinha recebido terras na região, o poetaEdmund Spenser. Na década de 1590, ele e Raleigh viajaram juntos daIrlanda para a corte em Londres, onde Spenser apresentou parte do seu poema alegórico “Faerie Queene” à Isabel I.
Nessa época, a direcção das propriedades de Raleigh passava por dificuldades, o que contribuiu para o declínio da sua fortuna. Em 1602, ele vendeu suas terras a Richard Boyle, o primeiro conde de Cork. Boyle prosperou durante os reinados deJaime I eCarlos I, e, após a morte de Raleigh, a sua família pediu a Boyle uma compensação, já que Raleigh tinha vendido as terras por uma bagatela, sem ter previsto o futuro da sua família.
Raleigh envolveu-se com o início da colonização daVirgínia mediante umareal patente.
Os planos decolonização de Raleigh na chamada Colónia e Domínio de Virgínia (que incluía os estados actuais daCarolina do Norte e daVirgínia), naAmérica do Norte, acabaram em falhanço nailha de Roanoke, mas pavimentaram o caminho para as subsequentes colónias. As suas viagens foram financiadas primeiramente por si e por amigos, nunca obtendo um fluxo estável de receitas necessárias para começar e manter uma colónia na América. As futuras tentativas de colonização no início doséculo XVII seriam financiadas por uma empresa, a Virgínia Company, que foi capaz de organizar os capitais necessários para criar colónias de sucesso.
Em 1587, Raleigh tentou uma segunda expedição, novamente estabelecendo um acampamento na ilha de Roanoke. Dessa vez foi mandado um grupo mais diversificado de colonos, incluindo algumas famílias completas, sob a governação de John White. Após pouco tempo na América, White foi chamado a Inglaterra, de modo a obter mais víveres para a colónia. Ele foi incapaz de voltar no ano seguinte como planeado. Em razão daGuerra Anglo-Espanhola a rainhaElizabeth I havia ordenado que nenhum navio deixasse os portos para que pudessem ser usados contra a armada inimiga, caso fosse necessário.
Somente em 1591, com 4 anos de atraso, o navio de víveres chegou à colónia, mas todos os colonos tinham desaparecido. A única pista para o seu destino foi a palavracroatan e as letras "CRO" gravadas em vários troncos de árvores, sugerindo a possibilidade que eles tivessem sido massacrados, absorvidos ou levados pela tribo croatan ou alguma outratribo indígena. Outra especulação é que tivessem sido levados pelo mar tempestuoso de 1588, ao qual foi creditada a vitória sobre aarmada espanhola. Contudo, é digno de registo que umfuracão impediu que John White e a tripulação do navio de víveres pudessem visitar os croatan para investigar os desaparecimentos, e durante alguns anos não houve mais tentativas de contacto com essa tribo. Seja qual tenha sido o destino dos colonos, o acampamento é agora lembrado como "A colônia perdida da ilha de Roanoke".
Raleigh esteve na costa doBrasil quando comandava uma companhia de comércio deescravos eespeciarias, além de produtos coletados dafloresta amazônica. Em seus relatos, menciona a existência de animaismitológicos nasterras amazônicas. Acreditava ter encontrado o tão buscadoEl Dorado, na região do delta dorio Orinoco, na Venezuela. Consta[onde?] ainda, que Raleigh seduziu oduque de Buckingham a fazer a viagem pelo local, para ver El Dorado. A frota do duque naufragou na foz do rio, exatamente nas costas doAmapá, e ele foi salvo e auxiliado pelospalikur, que comercializavam com franceses e portugueses na região, sendo essa umaetnia de poliglotas, pois falavam as duas línguas, entre outras.[carece de fontes?] O livroBatismo de fogo: os Palikur e o cristianismo,[2] daantropóloga Artionka Capiberibe, faz uma profunda pesquisa sobre os palikur, que hoje se dividem em quatro grupos, sendo um deles falante de um tipo depatoá do francês da época.
Em dezembro de 1581 Raleigh voltou da Irlanda para Inglaterra com documentos de que o seu regimento tinha sido desmantelado. Em 1585 foi designado Capitão da Guarda, Lorde Guardião das Estanharias de Devon e Cornualha e foi sagradocavaleiro, mas nenhum dos grandes ofícios da nação lhe foi dado. No ano daInvencível Armada de 1588 foi nomeadoVice-almirante de Devon, com as responsabilidades de liderar as defesas da costa. Ele começou a frequentar aCorte e tornou-se um dos favoritos da rainhaElizabeth I.
Em 1591 casou secretamente comElizabeth (Bess) Throckmorton, uma das damas de companhia de Elizabeth I, sem a permissão da rainha. Em 1592 a Rainha concedeu-lhe muitas recompensas, incluindo a Durham House, uma mansão na rua Strand, e a propriedade de Sherborne, emDorset. Já então Bess esperava um filho de Raleigh, que teria sido chamado Damerei e entregue a uma ama na mansão Durham House. Mas a criança não terá sobrevivido. Bess voltou aos seus deveres como dama de companhia mas pouco depois o matrimónio foi descoberto. A rainha ordenou a prisão de Raleigh naTorre e que Bess fosse expulsa da Corte. Após sua libertação Raleigh se retirou para Sherborne Lodge,Dorset.
Walter e Beth permaneceram fiéis um ao outro, e, durante as ausências de seu marido, Bess provou ser muito capaz de orientar a fortuna e a reputação da família. Eles tiveram mais dois filhos, Walter e Carew. Passaram-se alguns anos até que Walter Raleigh voltasse à boa graça da Rainha.
Raleigh retirou-se para a sua propriedade em Sherborne onde construiu uma nova casa, completada em 1594 antes, que ficou conhecida como Sherborne Lodge (atualmente referida como Castelo de Sherborne). Fez amizades com os senhores locais, como Sir Ralph Horsey de Clifton Maybank e Charles Thynne de Longleat. Durante este período, num jantar em casa de Horsey, houve uma discussão acalorada sobre religião, que mais tarde viria a originar acusações deateísmo contra Raleigh. Quando foi eleito para o parlamento, Raleigh pronunciava-se sobre assuntos religiosos e navais.
Sherborne Lodge, no século XVII
Ainda em 1594 ele soube de um mito espanhol que dava conta de uma grande cidade dourada que ficava na nascente dorio Caroni. Um ano mais tarde ele partiria para explorar o que agora é a zona este daVenezuela, em busca deManoa, a lendária cidade em questão. De volta à Inglaterra Walter publicou o livroThe Discoverie of Guiana, um relato da sua viagem que foi considerado exagerado. Apesar de a Venezuela ter depósitos deouro, não foram encontradas provas de que Raleigh tivesse encontrado algumamina. De todo modo, o livro reforçou a crença sobre a existência deEl Dorado.
Entretanto, o livroEl Dorado e o assassinato de Sir Walter Raleigh, lançado em2011 pelo professor Paulo R. Sellin, daUniversidade da Califórnia, Los Angeles, revela alguns fatos até então desconhecidos da história de Raleigh. O autor se baseia em documentos até então negligenciados encontrados em um arquivo sueco. Sellin constrói uma argumentação convincente para a inocência de Raleigh das acusações que o levaram a ser decapitado em 1618. O pesquisador realizou duas excursões pelorio Orinoco, seguindo a trilha de Raleigh e usando seu livroThe Discoverie of Guiana, publicado em 1596, como guia. Essas viagens convenceram Sellin de que, longe de ser uma fantasiosa mistura de realidade e ficção, o livro de Raleigh é um documento extremamente minucioso e consistente, que permitiu a localização da mina de ouro de Raleigh em Cerro Redondo, perto de Los Castillos deGuayana,[3] na Venezuela. No lugar do Raleigh enganoso e intrigante, Sellin demonstra como o duque de Buckingham manobrou para promover a execução de Raleigh sob falsas acusações, visando deixar o caminho livre para conspirar com potências estrangeiras para ficar com a mina de Raleigh, acusando-o de tê-la inventado para justificar suas ações contra os interesses espanhóis na Venezuela. O livro reforça a posição de que Raleigh teria sido um dos maiores heróiselizabetanos.
Há ainda quem diga que ele também teria descoberto ascataratas Ángel, mas estas afirmações são consideradas muito longe da verdade.
Raleigh fez parte dacaptura de Cádiz em 1596, quando foi ferido. Também participou de uma viagem aosAçores em 1597. De 1600 a 1603 Raleigh foi o Governador deJersey, uma dasIlhas do Canal, e foi-lhe reconhecido o mérito de modernizar as defesas da ilha, incluindo a construção de um forte para protegerSaint Helier, o qual chamouIsabella Bellissima ou Castelo Elizabeth.
Apesar de ter sido favorecido pela realeza no reinado de Elizabeth I, quando esta morreu em 1603 Raleigh foi novamente preso naTorre de Londres, em 19 de julho. Mais tarde, nesse mesmo ano, foi julgado portraição devido ao seu suposto envolvimento em umcomplô (o chamadoMain Plot) contra o reiJaime I. Raleigh conduziu a sua defesa com grande perícia, o que pode explicar o motivo do Rei ter-lhe poupado a vida, apesar de o veredicto ter sido de culpado. Raleigh foi deixado na Torre de Londres até 1616. Enquanto na prisão ele escreveu muitostratados e o primeiro volume deThe Historie of the World, acerca dahistória antiga daGrécia e deRoma. O seu filho Carew foi concebido e nasceu enquanto Raleigh estava legalmente "morto" e preso na Torre, em 1604. Também enquanto estava preso o rei Jaime I retomou Sherbone Lodge, alugou a propriedade a Robert Carr e depois vendeu-a aSirJohn Digby em 1617.
Em 1616 Raleigh foi libertado para conduzir uma segunda expedição à Venezuela, a fim de buscar oEl Dorado. No curso dessa expedição os homens de Raleigh, sob o comando de Lawrence Keymis, saquearam o assentamento espanhol de San Tomé de Guayana, perto dorio Orinoco. Durante o assalto o filho mais velho de Raleigh, Walter, foi baleado e morreu.[3] Quando regressou à Inglaterra o embaixador espanhol Diego Sarmiento de Acuña, conde de Gondomar, exigiu que o rei condenasse Walter Raleigh à morte. O pedido foi atendido.
Raleigh foidecapitado emWhitehall, em 29 de outubro de 1618."Despachemo-nos" ele disse ao carrasco."A esta hora a minha febre domina-me. Não quero que os meus inimigos pensem que tremo de medo.'' Quando o deixaram ver o machado que o ia decapitar, ele gracejou:"Este é um afiado remédio e também um médico para todas as doenças e misérias". Segundo muitos biógrafos, as últimas palavras de Sir Walter enquanto se preparava para a queda do machado foram: "Ataca um homem ímpar, ataca!".
O corpo foi enterrado na igreja local em Beddington,Surrey, local de nascença de Bess. A cabeça foi embalsamada e presenteada à sua mulher. "Os lordes," escreveu ela, "deram-me o seu corpo morto, apesar de me terem negado o meu marido em vida. Deus me conserve o meu bom humor". Ela morreu vinte e nove anos depois e a cabeça foi então sepultada no túmulo de Raleigh, naIgreja de Santa Margarida (Westminster).[4][5][6]
Apesar da sua popularidade ter caído bastante após o reinado de Elizabeth I, a sua execução foi vista por muitos como desnecessária e injusta. Um dos juízes no seu julgamento disse mais tarde:"A justiça em Inglaterra nunca foi tão degradada e ferida como com a condenação de Sir Walter Raleigh".
Nicholls, Mark e Williams, Penry. ‘Ralegh, Sir Walter (1554–1618)’,Oxford Dictionary of National Biography,Oxford University Press, 2004.
Ronald, SusanThe Pirate Queen: Queen Elizabeth I, her Pirate Adventurers, and the Dawn of Empire Harper Collins Publishers, New York, 2007.ISBN 0-06-082066-7