A origem do nome Viamão é controversa. A versão mais comum é de que a partir dos morros da região e do topo da igreja matriz, é possível se avistar olago Guaíba e seus cinco rios afluentes:Jacuí,Caí,Gravataí,Taquari edos Sinos, que formam uma mão aberta. Daí a frase: “Vi a mão”. Já a versão mais provável, seria originária do nome “ibiamon”, que significa “terras de ibias” (pássaros).[7] Outros afirmam que seria uma passagem entre montes, o que chamavam de via-monte. E existe ainda o relato de que teria como origem o antigo nome da província de Guimarães, em Portugal: Viamara.[8]
Os chamadosCampos de Viamão estiveram entre as primeiras áreas do atual estado doRio Grande do Sul a ser ocupadas pelos colonos, a partir da década de 1730. Essa grande área correspondia às terras ao sul dorio Mampituba, tendo ao leste ooceano Atlântico e a oeste e a sul a baliza fluvial doGuaíba e da laguna dos Patos.[9]
Essa ocupação inicial foi feita por criadores de gado vindo do norte, principalmente a partir da vila deLaguna. Devido à farta presença do gado vacuno trazido pelos jesuítas em 1680 às Missões, que já se havia espalhado pelo Continente de São Pedro, vários colonizadores se fixaram nas terras propícias àpecuária e ao plantio.[8]
A região, antes desabitada, já era uma zona de passagem entre Laguna e aColônia do Sacramento (atual cidade de Colônia noUruguai). Inicialmente, os criadores de gado iam e vinham, aproveitando-se das amplas áreas de pastagem; em meados dos anos 1730, um grande contingente de lagunenses migrou com suas famílias para a região.[10]
Em 1747 foi então criada aFreguesia de Nossa Senhora da Conceição de Viamão, desmembrada da Freguesia deLaguna. Nos primeiros quatro anos de sua fundação, a freguesia teve um salto em sua população, de 282 para cerca de 800 habitantes. Razões para o interesse inicial pela freguesia incluem a migração dos criadores de gado de Laguna para uma extensão maior de terras, a integração da criação de gado na região com o mercado consumidor do sudeste brasileiro, e a fundação davila de Rio Grande em 1737 (que passou a ser o ponto de referência para a população da nova freguesia).[10][11]
A partir dos anos 1750 (após otratado de Madrid), a população cresce ainda mais com a imigração dosaçorianos, parte da política da metrópole de ocupação das terras em zona de disputa. Como referência, pode-se constatar que o número de batizados na freguesia triplicou entre 1751 e 1754.[10]
De acordo com oRol de Confessados de Viamão de 1751, 43% da população da freguesia era de escravos de origem africana - proporção compatível com áreas deplantations ou de mineração, mas bastante incomum para uma área voltada ao mercado interno. Os cativos indígenas, por outro lado, eram apenas 3% da população.[12]
Um segundo impacto populacional na freguesia, após a vinda dos açorianos, se deu pela imigração dosguaranis. Durante o esforço de demarcação de fronteiras do Tratado de Madrid, após aguerra guaranítica de 1753-56,Gomes Freire de Andrade convenceu cerca de 700 famílias guaranis (cerca de 3000 pessoas) a virem para o lado português. Uma parte dessas famílias ficou próxima ao quartel de Rio Pardo, dando origem à Aldeia de São Nicolau[13], enquanto a maior parte (cerca de 2500 pessoas) veio a Viamão, estabelecendo-se em região vizinha aoRio Gravataí, dando origem à Aldeia dos Anjos[14][15].
Em sua vasta extensão territorial, metade da população se concentrava em três localidades: oArraial (centro), oMorro Santana (onde morava, por exemplo,Jerônimo de Ornelas) e aGuarda de Viamão (futuraSanto Antônio da Patrulha). Nas décadas seguintes, da freguesia de Viamão desdobraram-se outras freguesias importantes, comoTriunfo (1756),Santo Antônio da Patrulha (1763) ePorto Alegre (1772), entre outras.[16]
Em março de 1763,Pedro de Cevallos, então governador deBuenos Aires, invade aVila de Rio Grande, capital da província e seu único porto marítimo. Com isso, a freguesia de Viamão é tomada por um grande contingente de refugiados (talvez 2/3 das 500 famílias fugidas da vila). Viamão torna-se então a sede do governo dacapitania, assim permanecendo até 1773.[11] O governador José Custódio de Sá e Faria fez, então, o projeto de uma nova igreja, já que a primeira capela, de 1747, estava pequena. Mais do que isso, a nova construção poderia servir, também de forte, atuando como proteção para a nova capital.[7]
Na década de 1763, Viamão vivia uma situação de convulsionamento social: os açorianos, abandonados das promessas de terras pela Coroa, se acomodavam na beira doGuaíba; os guaranis viviam enfrentamentos regulares com os estancieiros; a freguesia procurava acomodar o grande contingente de refugiados de Rio Grande. A tudo isso, soma-se uma epidemia devaríola, cujo pico aconteceu em 1769, causando uma grande mortalidade na região.[11]
Separação de Porto Alegre e transferência da capital
Em 1772, o bispo do Rio de Janeiro aprova a criação da freguesia dePorto dos Casais (atualPorto Alegre) e, no ano seguinte, 1773, o governadorJosé Marcelino de Figueiredo ordena a transferência da capital para a nova freguesia. A importância estratégica do Porto dos Casais estava em que facilitava tanto a proteção do domínio - então ameaçado - português na própria região, quanto à preparação de uma possível retomada deRio Grande. Além disso, era por esse porto que saíam todas as mercadorias, dali paraRio Grande e de Rio Grande para o resto do Brasil. Esse período viu então a decadência política e econômica de Viamão, além de uma crescente ruralização do município.[11]
Em 1889, com o advento da república e a dissolução das câmaras municipais como sede do poder executivo local (municipal), é eleito seu primeiro prefeito, o tenente-coronel Tristão José de Fraga, que anteriormente já era o presidente da câmara municipal já mencionada. Seu segundo prefeito será o coronel Felisberto Luiz de Barcellos.
Em 1895, foram criados os distritos de Lombas, Estiva eItapuan, anexados a Viamão. Nas décadas seguintes, a grande extensão territorial do município levou a diversas redivisões dos distritos. Em 1955, a divisão era em quatro distritos: Viamão (sede),Itapuã,Passo do Sabão ePasso do Feijó. Em 1962, quatro distritos foram adicionados:Águas Claras,Capão da Porteira,Espigão ePasso da Areia. Dois anos depois, em 1965, o Passo do Feijó se desmembra, tornando-se o município deAlvorada. Por fim, em 1991, é criado o distrito deViamópolis, permanecendo assim a divisão em oito distritos que é válida até hoje.[17]
O icônico morro com 150m de altitude deu origem ao nome do bairro onde fica localizado, Morro Grande, junto com o Distrito de Águas Claras, com uma estimativa populacional de 24 mil habitantes.
Viamão está a 25 quilômetros de Porto Alegre. A altitude no Centro é de 111 metros. O perímetro é de 227 quilômetros, sendo 110 quilômetros de margem para o lago Guaíba e para a lagoa do Casamento. Tem um clima subtropical, com verões quentes e invernos frios, com chuvas bem distribuídas ao longo dos meses do ano. As temperaturas podem chegar a 40 °C e 0 °C. O relevo tem morros em parte do município e planícies ao norte e ao sul.
É ummunicípio que conta com as águas do lago Guaíba e da laguna dos Patos, o que faz com que possua inclusive praias no distrito deItapuã.
Conta também com a represaLomba do Sabão, uma das nascentes do arroioDilúvio (um dos limites naturais entre Viamão e a capital,Porto Alegre) e o arroio Fiuza.[18]
A população do município conta com pouco mais de 250 mil habitantes, com cerca de 52% de população feminina.[19] Esta população está concentrada em alguns núcleos de povoamento (especialmente no centro e nos distritos de Viamópolis e Santa Isabel). Sua densidade populacional de 171,3 habitantes por quilômetro quadrado, é anomalamente baixa para um município de região metropolitana, sendo mais de 17 vezes menor que a densidade da capital, Porto Alegre.
A administração municipal se dá através dos poderesexecutivo elegislativo. O poder executivo é representado peloprefeito, secretários municipais e outros órgãos da administração pública direta e indireta. O prefeito atual de Viamão, empossado em 1° de janeiro de 2025, é Rafael Bortoletti, doPSDB, eleito nas eleições municipais de 2024 com 49.914 (48,49%) votos, vencendo o segundo colocado, Guto Lopes doPDT.[22] O legislativo é representado pelaCâmara Municipal, composta por 21 vereadores.[23] Tanto a Prefeitura quanto a Câmara dos Vereadores localizam-se no centro do município, na Praça Julio de Castilho.
A gestão ambiental no município é feita pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, criada no final de 2013 pela Lei municipal 4.192, ficando a cargo de planejar, implementar, executar e controlar a política ambiental do município. Atualmente o município está fazendo audiências públicas para a construção dos planos municipais de saneamento básico e resíduos sólidos. Porém o desrespeito ao meio ambiente ainda é recorrente.[24]
Dentre esses locais, destaca-se oParque Saint-Hilaire, com mananciais de água não poluída e exuberante vida selvagem, não obstante a proximidade de grande região urbanizada. O parque, com a pressão populacional da área nas últimas décadas,[26] vem sendo ameaçado na sua integridade. Seu nome homenageia o famoso viajante e pesquisadorAuguste de Saint-Hilaire, que passou pelo Rio Grande do Sul noséculo XIX, descrevendo aspectos naturais e costumes regionais. É-lhe atribuída a seguinte frase, referindo-se ao clima: "Neste Estado não há viventes, só há sobreviventes.". O parque é administrado pela prefeitura de Porto Alegre, que possui 11% do território do parque.
↑abcKühn, Fábio (2014). «Em busca dos Campos de Viamão: trajetórias familiares de pioneiros lagunistas no Continente do Rio Grande (século XVIII).».História da Família no Brasil Meridional: temas e perspectivas. São Leopoldo: Editora Unisinos. pp. 110–145
↑abcdKühn, Fábio (2006). «Gente da fronteira: família, sociedade e poder no sul da América portuguesa–Século XVIII». Niterói.Universidade Federal Fluminense (tese de doutoramento em história)