A história do filme não segue a ordem normal dos acontecimentos (por exemplo, da cena inicial de "era uma vez", o filme vai direto para "oito anos depois" sem uma sequência lógica de acontecimentos), se utilizando da lógica dossonhos baseados em conceitos dapsicanálise deFreud. O filme reúne diversas imagens oníricas e metafóricas, encadeadas no vídeo como se fossem um pesadelo.[5]
A primeira cena mostra uma mulher que tem seu olho cortado por uma navalha por um homem (Buñuel). Numa cena seguinte aparecem formigas saindo da mão do ator, uma possível alusão literária à expressão francesa "fourmis dans les paumes" (formigas nas mãos) que significa "um grande desejo de matar".
Este filme é tratado como o ícone do cinema do Manifesto Surrealista[1] deAndré Breton, pois constitui uma importante tentativa de rompimento com toda a lógica e linearidade narrativa com forte apelo e referência à dimensão onírica. A ideia derivada dos próprios sonhos de Dalí e Buñuel e complementada pela justaposição de imagens apontadas pelos dois, criou um curta cheio de imagens desconexas - e até chocantes, às vezes, como a do globo ocular sendo seccionado. O efeito causado nos espectadores foi a tentativa de achar uma lógica para imagens, criando uma série de interpretações, todas presas nos valores vigentes e cuja lógica estava no inconsciente.
Alguns críticos interpretam o enredo do filme como uma viagem à mente perturbada de um assassino e as suas confissões traduzidas em imagens, entretanto, tal interpretação é vaga pois, se tratando de uma história surrealista, o senso e a ordem natural das coisas são ausentes.
Com fotografia em preto-e-branco e mudo, o filme colabora com a estéticasurrealista proposta pelo cineasta. Outra experiência deBuñuel com o cinema surrealista seria também a sua película sonora posterior, "A Idade do Ouro" (L'Âge d'Or).
Durante a estreia original emParis, Buñuel selecionou músicas que ele havia tocado ao vivo em umgramofone. Leituras modernas do filme apresentam na trilha os excertos deRichard Wagner, o "Liebestod" da óperaTristan und Isolde e duas gravações detangos argentinos ("Tango Argentino" e "Recuerdos" deVicente Alvarez &Carlos Otero. Eles foram adicionados ao filme em 1960 sob a supervisão de seu diretor[6].
BUÑUEL, Luis,Mon dernier soupir, París, Éditions Robert Laffont, 1982. Edición española de sus memorias tituladaMi último suspiro, Barcelona, Random House Mondadori, colección Debolsillo, 1982. Traducido por Ana María Fuente.ISBN 84-9759-504-1
——,Obra literaria, ed. y estudio deAgustín Sánchez Vidal, Zaragoza, Ediciones de Heraldo de Aragón, 1982.
VV. AA.,El ojo de la libertad, Madrid, Publicaciones de la Residencia de Estudiantes, 2000. Catálogo de la exposición celebrada en la Residencia de Estudiantes en febrero-mayo de 2000 con motivo del primer centenario del nacimiento de Luis Buñuel.ISBN 978-84-95078-95-7
↑Dancyger, Ken (July 2002). A técnica de edição e gravação: História, Teoria, e Prática. Focal Press.ISBN 0-240-80420-1.
↑Ebert, Roger (16 April 2000). "Un Chien Andalou (1928)". Chicago Sun-Times. Acessado em 28-02-2008.
↑"The 25 Most Shocking Moments in Movie History". Premiere. Hachette Filipacchi Media U.S. Arquivado do original em 28-04-2007. Acessado em 22-06-2012.
↑Wieërs, Dag. "Pixies/Debaser - About Debaser". dag.wiee.rs. Acessado em 13-04-2017.