O nome Uganda deriva do reino doBuganda, que ainda hoje é considerado administrativamente como uma entidade semiautónoma, compreendendo toda aregião central do país, incluindo a capital,Campala. Ostúmulos dos Reis do Buganda em Kasubi (uma colina em Campala) são consideradospatrimónio da humanidade. Os primeiros habitantes da região eramcaçadores-coletores até há 1 700 a 2 300 anos, quando populações de línguabantas migraram para as regiões do sul do país.
A partir de 1800 a área foi governada como uma colônia pelos britânicos, que estabeleceram o direito administrativo em todo o território. Uganda ganhou a independência doReino Unido em 9 de outubro de 1962. O período, desde então, tem sido marcado por conflitos intermitentes, mais recentemente, uma longa guerra civil contra oExército de Resistência do Senhor, que resultou em milhares de vítimas e deslocou mais de um milhão de pessoas.
Realizaram-se eleições em 1 de março de 1961 eBenedicto Kiwanuka tornou-seMinistro-Chefe (similar ao Primeiro-Ministro Britânico, porém, totalmente dependente da Coroa) de Uganda, ainda como umacommonwealth e tornou-se independente em 9 de outubro de 1962.
Nos anos seguintes verificou-se uma luta política entre os apoiantes de umestado centralizado, em vez dafederação vigente baseada nos reinos. Como resultado, em fevereiro de 1966, o então Primeiro MinistroApollo Milton Obote suspendeu aconstituição, assumiu todos os poderes e depôs o Presidente e o Vice-Presidente. Em setembro de 1967, uma nova constituição proclamou o Uganda como umarepública, deu ao presidente poderes adicionais e aboliu os reinos tradicionais.
Em 1971,Idi Amin tomou o poder numgolpe de estado e dirigiuo país como umditador durante quase uma década, expulsou os residentes de origemindiana e promoveu o assassinato de um número estimado em cerca de 300 000 ugandeses. O seu regime terminou com a invasão de um exército de rebeldes, apoiados pelaTanzânia em 1979 e multidões de ugandeses jubilantes, encheram as ruas para comemorar.
Depois deste contragolpe, a Frente Nacional de Libertação de Uganda formou um governo interino, comYusuf Lule como presidente, que adoptou um sistema ministerial de administração e criou um órgão quase parlamentar, a Comissão Consultiva Nacional (NCC), mas este órgão e ogabinete de Lule tinham visões políticas diferentes e, em Junho de 1979, o NCC substituiu Lule porGodfrey Binaisa. A disputa continuou sobre os poderes do presidente interino, Binaisa foi afastado em maio de 1980 e Uganda passou a ser governado por uma comissão militar dirigida porPaulo Muwanga.
Em Dezembro de 1980, foram realizadas eleições, que levaram de novo à presidência Obote, que era vice-presidente de Muwanga. No período que se seguiu, as forças de segurança estabeleceram um dos piores recordes de violações direitos humanos do mundo. Nos seus esforços para terminar com uma rebelião liderada porYoweri Museveni e o seu Exército de Resistência Nacional (“National Resistance Army” ou NRA), eles praticamente destruíram uma parte substancial do país, especialmente na área de Luwero, a norte deCampala.
Em 27 de Julho de 1985, uma brigada do exército composta poracholi (uma das etnias do Uganda) e comandada peloBrigadeiroBazilio Olara Okello e oGeneral-de-ExércitoTito Okello (não são parentes) tomou Campala e proclamou novamente um governo militar.
Obote exilou-se naZâmbia e o novo regime, dirigido pelo anterior comandante das forças de defesa, o GeneralTito Okello, iniciou negociações comMuseveni, prometendo melhorar o respeito pelos direitos humanos, acabar com os conflitos entre tribos e organizar eleições livres e justas. No entanto, os massacres continuaram, uma vez que Okello tentava destruir o NRA e seus apoiantes.
Apesar de negociações emNairobi, sob a mediação do PresidentequenianoDaniel Arap Moi, terem chegado a um acordo decessar-fogo, o NRA continuou a lutar e, em Janeiro de 1986, capturou Campala, forçando as forças de Okello a fugirem para oSudão e colocando Museveni como presidente. Este acabou com os abusos aos direitos humanos, iniciou uma política de liberalização e de liberdade de imprensa e estabeleceu acordos com oFundo Monetário Internacional, oBanco Mundial e com vários países.
Museveni foidemocraticamente eleito em 1996, quando concorreu contraPaul Ssemogere, líder do Partido Democrático, tendo recebido 75% dos votos.
Taxa para redes sociais e aplicativos de mensagens
No dia 31 de maio de 2018, o parlamento de Uganda aprovou uma lei para taxar usuários de redes sociais e serviços de mensagem na internet. O preço é 200 shillings por que equivale aproximadamente a R$ 0,20. Os recursos serão usados para "manter a segurança do país e ampliar o acesso a eletricidade, para que as pessoas possam desfrutar mais das redes sociais".[6]
Uganda é um país localizado na região dos grandes lagos africanos e também é o principal refúgio dogorila-das-montanhas. Território coberto porsavanas eselvas equatoriais de altitude, com grande número de rios e lagos, localizado em uma região deplanaltos emontanhas no centro-leste docontinente africano.
Uganda está dividida em duas regiões de montanhas entre os ramos ocidental e oriental doVale do Rifte. No centro, segue-se o vale do AltoNilo, saindo doLago Victoria, formando oLago Kyoga desaguando noLago Alberto, a noroeste. Desse lago, o rio segue para o norte em direção à fronteira com oSudão do Sul, onde passa a ser denominadoNilo Branco.
Nas montanhas a oeste, dividindo a fronteira com aRepública Democrática do Congo, erguem-se osMontes Ruwenzori, um maciço montanhoso de vários picos nevados, com 5 109 metros de altitude noMonte Stanley ouMonte Margarida, o ponto mais alto do país e o terceiro de todaÁfrica. Ao sudoeste, na divisa comRuanda e também com a República Democrática do Congo, encontram-se osMontes Virunga, com picos de mais de 3 mil metros de altitude e formações vulcânicas ativas. Estes dois perfis geológicos são consequência da atividadetectônica do Vale do Rifte.
A leste, na fronteira com oQuênia, localiza-se oMonte Elgon com 4 321 metros em seu ponto mais alto. É umvulcão extinto em um maciço vulcânico, com outros subcones numa área aproximada de 3 500 km², ramificado da cadeia marginal do Vale do Rifte Oriental.
Por ser uma região de relevo acidentado e vales profundos e extensos no centro e sul, apluviosidade é abundante, por consequência da umidade dasflorestas equatoriais. Períodos de estiagem regulares acontecem mais ao norte e nordeste, onde predominam assavanas.
Até 2018, a Uganda tem 42 milhões de habitantes, vivendo principalmente à beira dosGrandes Lagos Africanos que este país partilha. Até 2005 a únicalíngua oficial era o inglês, quando foi adicionada alíngua suaíli que é amplamente usada nos países próximos e no norte do país. Estão listadas 39línguas africanas, dos gruposbantu enilóticas, entre as quais, a mais falada (por cerca de 16% da população) é a língua "ganda" ouluganda, relativa ao principalgrupo étnico deste país, os baganda.[7] Outras línguasindianas são usadas em algumas partes do país.
Uganda é um país maioritariamentecristão, em que 83,9% da população segue esta doutrina. De acordo com os censos realizados em 2002, a população divide-se ao nível religioso da seguinte forma:[8]
Percentagem da população do Uganda por afiliação religiosa:
O Uganda é dividido emdistritos, distribuídos por quatro regiões administrativas:Norte,Leste,Central eocidental. A maior parte dos distritos são nomeados após suas principais cidades comerciais e administrativas.
AsForças de Defesa Popular de Uganda são as forças armadas do país. Estima-se que pelo menos 45 000 militares estejam no serviço ativo. Envolvido entre a década de 60 e 70 em repressão política e golpes de estado, atualmente o exército ugandense participa de diversas missões de paz na região. Uganda tem soldados em missões da ONU e de outras organizações internacionais naRepública Democrática do Congo, naRepública Centro-Africana, naSomália e noSudão do Sul.[9]
Campala, capital do país.Principais produtos deexportação de Uganda em 2019 (em inglês)
Naagricultura, o país foi, em 2018, um dos 5 maiores produtores do mundo debanana-da-terra ebatata-doce, o 10º maior produtor do mundo decafé, além de ter grandes produções decana de açúcar,milho,mandioca,feijão, entre outros.[10] Napecuária, se destaca a produção deleite de vaca (1,8 bilhão de litros em 2019).[10] As maiores exportações de produtos agropecuários processados do país em termos de valor, em 2019, foram:café (U$ 359 milhões),leite (U$ 109 milhões),açúcar (U$ 90 milhões),chá (U$ 77 milhões),feijão (U$ 70 milhões),farinhas (U$ 62 milhões),algodão (U$ 60 milhões),cacau (U$ 60 milhões),milho (U$ 57 milhões),tabaco (U$ 54 milhões),sorgo (U$ 54 milhões),arroz (U$ 47 milhões),óleo de palma (U$ 41 milhões), entre outros.[10] O país também exportapescado.[11] O país iniciou reformas econômicas e o crescimento tem sido robusto. Em 2008, Uganda registou um crescimento de 7%, apesar da crise mundial e da instabilidade regional.[12] Apesar do crescimento econômico notável, o país ainda é considerado um dos mais pobres do mundo, principalmente devido a décadas de guerras e corrupção que assolaram a nação.
Uganda tem recursos naturais substanciais, incluindo solos férteis, chuvas regulares e depósitos minerais consideráveis de cobre e cobalto. O país tem reservas, em grande parte inexploradas, de petróleo bruto e gás natural.[13] Embora a agricultura tenha sido responsável por 56% da economia em 1986, com o café como seu principal produto de exportação, o setor foi superado pelo de serviços, que respondeu por 52% do PIB em 2007.[14] Desde 1986, o governo (com o apoio de países estrangeiros e agências internacionais) tem agido para reabilitar uma economia devastada durante o regime de Idi Amin e a guerra civil subsequente.[15] A inflação correu a 240% em 1987 e 42% em junho de 1992, registrando 5,1% em 2003.
Entre 1990 e 2001, a economia cresceu devido ao contínuo investimento na reabilitação de infraestrutura, melhores incentivos para a produção e as exportações, a inflação reduziu-se e melhorou gradualmente a segurança interna. O envolvimento de Uganda naSegunda Guerra do Congo, a corrupção no governo e a ausência de reformas econômicas levantam dúvidas sobre a continuação de um forte crescimento da economia. Em 2000 Uganda qualificou-se para o programa de ajuda aos países pobres altamente endividados, recebendo o perdão de US$ 1,3 bilhões de suadívida externa, e doClube de Paris o perdão de outros 145 milhões dedólares.
Nas estimativas de 2010, Uganda apresentou umataxa de alfabetização de 73,2% (82,6% para os homens e 64,6% para as mulheres).[16] O gasto público em educação foi de 5,2% do PIB entre 2002 e 2005.[17] O sistema de educação em Uganda tem uma estrutura de 7 anos de ensino primário, 6 anos de ensino secundário (dividido em 4 anos de secundário inferior e 2 anos de ensino secundário) e 3-5 anos de ensino pós-secundário. Existem exames de estado que devem ser feitos em todos os níveis da educação.
O atual sistema existe desde o início dos anos 1960. Embora o ensino primário seja obrigatório nos termos da lei, em muitas comunidades rurais há famílias que não podem pagar os custos do estudo, tais como uniformes e materiais didáticos. A maioria das grandes escolas que foram anteriormente construídas eram administradas por igrejas ou outras organizações, entre as quais a Igreja de Uganda e a Igreja Católica. Há um notável número de escolas privadas que foram estabelecidas. No ensino fundamental, é necessário a realização de um exame educacional no final de cada ano letivo, para discernir se os estudantes estão aptos a avançar para o próximo ano de estudo. O ensino secundário é encontrado principalmente nas grandes cidades, sendo de caráter opcional.
Aesperança de vida ao nascer foi estimada em 56,3 anos em 2018, com os homens vivendo, em média, 54,8 anos, e as mulheres apresentando uma expectativa de vida de 57,8 anos de idade.[18] A taxa de mortalidade infantil foi de aproximadamente 54,6 mortes por mil crianças em 2018.[19] Havia oito médicos por 100 mil pessoas no início dos anos 2000.[20] A Pesquisa Demográfica de Saúde de Uganda (UDHS) de 2006 indicou que cerca de 6 mil mulheres morrem a cada ano de complicações relacionadas à gravidez.[21] No entanto, estudos-piloto promovidos pela Future Health Systems têm mostrado que essa taxa poderia ser significativamente reduzida através da implementação de um sistema devoucher para serviços de saúde e transporte para clínicas.[22][23]
Uganda tem sido um dos poucos países da África a apresentar sucesso em suas políticas de combate ao HIV. As taxas de infecção, que eram de 30% da população na década de 1980, caíram para 6,4% no final de 2008. No entanto, tem havido um aumento nos últimos anos em comparação com meados da década de 1990.[20][24][25] Em 2017, cerca de 5,9% da população adulta do país era portadora do vírus HIV.[26] A prevalência da mutilação genital feminina (MGF) é baixa: de acordo com um relatório da UNICEF de 2013, cerca de 1% das mulheres em Uganda foram submetidas à mutilação genital feminina, sendo que a prática é ilegal no país.[27][28]
↑abc«FAOSTAT».www.fao.org. Consultado em 22 de maio de 2024
↑«2012 - Statistical Abstract» (em inglês). Uganda Bureau of Statistics. 2012. Consultado em 13 de abril de 2014. Arquivado dooriginal em 19 de dezembro de 2013
↑«Uganda» (em inglês). African Economic Outlook. Consultado em 13 de abril de 2014. Arquivado dooriginal em 26 de abril de 2015
↑«Derricks in the darkness» (em inglês). The Economist. 6 de agosto de 2009. Consultado em 14 de abril de 2014
↑«Uganda at a glance»(PDF) (em inglês). Banco Mundial. 2007. Consultado em 14 de abril de 2014. Arquivado dooriginal(PDF) em 23 de dezembro de 2009
↑«Uganda» (em inglês). The World Factbook. Consultado em 14 de abril de 2014