Neoplasia[1][2] , também chamadaneoformação,[3]neoplasma,[4]neoplastia[5] outumor,[6] é aproliferação celular local, sem que haja causa aparente, de crescimento excessivo, ilimitado e progressivo que ocorre nos tecidos ou nos órgãos. Esta relação é irreversível e com tendência a perda de diferenciação celular.[7][8] Estas afetam todos os organismos vivos, não se resumindo assim, somente ao reino animal.[8]
As neoplasias podem ser classificadas como benignas, malignas e potencialmente malignas (ou tumores de borderline). As benignas normalmente são pouco agressivos, isto é, não invadem os tecidos adjacentes.[7] As potencialmente malignas apresentam características benignas em franco processo de malignização.[7][8]
Porque a neoplasia inclui doenças muito diferentes, é difícil encontrar uma definição abrangente.[9] A definição dooncologista britânico R.A. Willis é amplamente citada: "Um neoplasma é uma massa anormal de tecido, cujo crescimento excede e é descoordenado com o do tecido normal e persiste no mesmo modo excessivo depois da cessação do estímulo que provocou a alteração."[10]
Uma neoplasma pode serbenigno, potencialmente maligno (pré-câncer), oumaligno (câncer).[11]
- Ostumores benignos incluem omioma uterino e onevo melanocítico e tem normalmente característica circunscrita e localizada.[12]
- Neoplasias potencialmente malignas incluem ocarcinoma in situ.
- As neoplasias malignas são comumente chamadas de câncer.
- A neoplasia secundária refere-se a qualquer classe de tumor canceroso que é ou um desdobramento metastático de um tumor primário, ou um tumor aparentemente sem relação que aumenta em freqüência após certos tratamentos de câncer, como aquimioterapia ou aradioterapia.
Recentemente, o crescimento do tumor tem sido estudado usando matemática e mecânica do contínuo. Os tumores vasculares são, portanto, encarados como sendo amálgamas de um esqueleto sólido formado por células pegajosas e um líquido orgânico preenchendo os espaços em que essas células podem crescer.[13] De acordo com este tipo de modelo, as cargas mecânicas podem ser tratadas e sua influência sobre o crescimento do tumor e o tecido envolvente e vasculatura elucidado. Descobertas recentes a partir de experiências que utilizam este modelo mostram que o crescimento ativo do tumor é restrito às arestas exteriores do tumor e que a rigidez do tecido normal subjacente inibe também o crescimento do tumor.[14]
Há uma ligação entre as células tumorais e células normais, a célula tumoral é capaz de convencer as outras a produzir substâncias que lhe permitam invadir ostecidos vizinhos e migrar pelos tecidos do organismo.[15]
O conhecimento de neoplasias em populações passadas depende muito do estudo das manifestações ósseas presentes em esqueletos ou múmias, assim como dos registos médicos, iconografias e outras fontes documentais, porém, estes nem sempre estão disponíveis.
O estudo de neoplasias no passado passa, maioritariamente, pela análise macroscópica e radiológica das reações osteológicas.[16] Porém, várias doenças que integram este grupo nosológico apresentam alterações ósseas com morfologia e distribuição muito semelhantes entre si.[7] Pelo que o diagnóstico de neoplasias específicas através do esqueleto é bastante difícil. Atualmente, e cada vez mais, outras técnicas, como o estudo molecular e histológico, são usadas para diagnosticar, com maior confiança, o tipo de neoplasia. Porém, quando estas técnicas não estão disponíveis e as evidências ósseas são comuns a várias patologias, deve-se diferenciar apenas entre categorias mais amplas de doenças (neoplásicas, inflamatórias/imunitárias, vasculares, traumáticas, metabólicas, anomalias e inervações).[16]
Neoplasias no registo paleopatológico
Na última década, vários casos de neoplasias foram registos em contextos arqueológicos, provenientes de várias regiões geográficas e períodos históricos. Estes são apenas alguns exemplos de neoplasias no registo paleopatologico português:
Tipo de Neoplasia: | Local de Proveniência: | Período Histórico: | Autor: |
Carcinoma Metástico | Necrópole de Constância, Santarém (Portugal) | Séculos XIV-XIX | Assis & Codinha, 2010[17] |
Osteocondroma | Igreja de Nossa Senhora da Anunciada, Setúbal (Portugal) | Séculos XVI-XIX | Antunes-Ferreira et al, 2014[18] |
Carcinoma Metástico | Coimbra (Portugal) | Séculos XV-XX | Wasterlain et al, 2011[19] |
Tipos de lesões ósseas:
- osteoblásticas - quando existe um crescimento ósseo que, por norma está associado a espículas ou tipo coral;
- osteolíticas - afetam as margens destruindo-as com grandes lesões, contudo há que ter em atenção de que há insetos que fazem o mesmo;
- osteoclásticas - são lesões menores que podem passar a ser grandes se a pessoa viver durante muito tempo;
- lesão permeativa - outra verdadeiramente destrutiva, parece que o osso fica roído pelas traças da madeira e pode levar à ausência de partes de osso;
- existe ainda a hipótese de lesões mistas, cuja distribuição das lesões afetam um osso ou vários, podem ser ou não assimétricas.[20] Estas lesões afetam sobretudo as epífises, metáfises ou as diáfises.
A análise cuidadosa deste tipo de lesões, a sua localização nos ossos afetados (epífise, metáfise, diáfise, osso cortical ou medular), distribuição no esqueleto, assim como o estudo da idade e sexo do indivíduo, permitem, não só distinguir entre lesões neoplásicas e lesões não-neoplásicas, mas também reduzir significativamente o número de diagnósticos possíveis.[21]
O tamanho e número de lesões é um importante fator para a distinção entre neoplasias malignas e benignas. Tumores benignos tendem a originar lesões únicas que, embora possam atingir grandes proporções, mais vulgarmente são de tamanho mais reduzido. As lesões malignas, pelo contrário, são caracterizadas por um grande crescimento/destruição local e/ou pela dispersão de várias lesões pelo esqueleto (metástases ósseas).[22][16] Metástases ósseas, quer de origem lítica ou clástica, podem ocorrer em virtualmente todos os tumores malignos, mas são particularmente comuns em cancros de progressão lenta e mais frequentemente encontradas em ossos com maior fornecimento sanguíneo.[7]
No que diz respeito às características morfológicas das lesões osteolíticas, tumores benignos tendem a formar lesões radiologicamente bem circunscritas/focais (geográficas), de margens redondas e bordos bem definidos. Lesões com origem em neoplasias malignas ou metástases, comummente, apresentam áreas de atividade osteolítica difusas e confluentes, margens irregulares (tipo “moth-eaten” ou permeativas) e sem bordo esclerótico. Na presença deste tipo de lesões também se deve considerar doenças de foro infecioso, uma vez que as características das lesões são muito semelhantes às descritas.[7]
Para além da diferenciação entre tumores malignos e benignos, deve-se também ter em consideração que as lesões presentes no esqueleto podem ter outras etiologias. Cistos, anomalias de desenvolvimento comodoença de Paget,doenças reumáticas como a artrite eentesopatias, doenças infeciosas como aosteomielite,treponematoses,lepra etuberculose, e traumas cicatrizados, podem apresentar lesões muito semelhantes às provocadas por neoplasias,[16] pelo que a observação cuidada da localização, distribuição e características das lesões presentes é pertinente para a integração ou exclusão destas condições no diagnóstico diferencial.[18]
Referências
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