Os textos mais importantes do zoroastrismo são aqueles contidos noAvestá, que inclui os escritos centrais pensados para serem compostos por Zoroastro conhecidos comoGatas, que definem os ensinamentos de Zoroastro e que são poemas dentro daliturgia de adoração, oIasna que serve como a base para a adoração. A filosofia religiosa de Zoroastro dividiu os primeiros deuses iranianos da tradição proto-indo-iraniana em emanações do mundo natural comoahuras[18] edaevas,[19] os últimos dos quais não eram considerados dignos de adoração. Zoroastro proclamou queAhura Mazda era o criador supremo, a força criativa e sustentadora do universo por meio daasha[8] e que osseres humanos têm a escolha entre apoiar Ahura Mazda ou não, tornando-os responsáveis por suas escolhas. EmboraAhura Mazda não tenha um oponente equivalente,Angra Mainyu (mentalidade/espírito destrutivo), cujas forças nascem deAka Manah (pensamento maligno), é considerada a principal força adversária da religião, posicionando-se contraSpenta Mainyu (espírito criativo/ mentalidade).[20] A literatura persa média desenvolveu Angra Mainyu ainda mais emAhriman, tornando-o mais próximo de ser o adversário direto de Ahura Mazda.[21]
Além disso, a força vital que se origina de Ahura Mazda, conhecida comoasha (verdade, ordem cósmica),[8][22] se opõe adruj (falsidade, engano).[23][24] Ahura Mazda é considerado totalmente bom[8] e trabalha emgētīg (o reino material visível) emēnōg (o reino espiritual e mental invisível)[25] através dos seteAmesa Espentas.[26]
A religião do Irã antes do surgimento do zoroastrismo apresentava semelhanças com a daCivilização Védica, isto porque as populações que habitavam estes espaços descendiam de um mesmo povo, osarianos (indo-arianos). Era uma religiãopoliteísta, na qual o sacrifício dos animais e o consumo de uma bebida chamadahaoma (emsânscrito:soma) desempenhavam o papel principal de seus costumes.
Os seres divinos enquadravam-se em duas classes, ambas positivas: os Aúras (em sânscrito:asuras; "senhores") e osdaivas (em sânscrito:deivas; "deuses").
Zoroastro viveu naÁsia Central, num território que compreendia o que é hoje a parte oriental doIrã e a região ocidental doAfeganistão. Não existe um consenso em torno do período em que viveu; os acadêmicos têm situado a sua vida entre 1 750 e1 000 a.C. Sobre a sua vida, existem poucos dados precisos, sendo as lacunas preenchidas porlendas.
De acordo com os relatos tradicionais zoroastristas, Zoroastro viveu noséculo VI a.C., pertencendo ao clã Spitama, sendo filho de Pourushaspa e de Dugdhova. Era o sacerdote do culto dedicado a um determinado Aúra. Foi casado duas vezes e teve vários filhos. Morreu aos setenta e sete anos assassinado por um sacerdote.
Aos trinta anos, enquanto participava num ritual de purificação num rio, Zaratustra viu um ser de luz que se apresentou como sendoVohu Manah ("Bom Pensamento") e que o conduziu até à presença deAúra-Masda (Deus) e de outros cinco seres luminosos, osAmesa Espentas, sendo este o primeiro de uma série de encontros comAúra-Masda, que lhe revelou a sua mensagem.
As autoridades civis e religiosas opunham-se às doutrinas de Zoroastro. Após doze anos de pregação, Zoroastro abandonou a sua região natal e fixou-se na corte do rei Vishtaspa naBáctria (região que se encontra no atualAfeganistão). Este rei e sua esposa, a rainha Hutosa, converteram-se à doutrina de Zoroastro e o zoroastrismo foi declarado como religião oficial do reino.
O principal documento que nos permite conhecer a vida e o pensamento religioso de Zoroastro são osGatas, dezessete hinos compostos pelo próprio Zoroastro e que constituem a parte mais importante doAvestá ou livro sagrado do zoroastrismo. A linguagem dos Gatas assemelha-se à que é usada noRigueveda, o que situaria Zoroastro entre1 500−1 200 a.C. e não noséculo VI a.C. Vivia naIdade do Bronze, numa sociedade dominada por uma aristocracia guerreira.
Para alguns investigadores, muito mais do que o fundador de uma nova religião, Zoroastro foi antes um reformador das práticas religiosas indo-iranianas. Ele propôs uma mudança nopanteão dominante que ia no sentido domonoteísmo e do dualismo. Na perspectiva de Zoroastro, os Aúras passam a ser vistos como seres que escolheram o bem, e osdaivas, como seres que escolheram o mal. Na Índia, o percurso seria inverso, com os Aúras a representarem o mal, e osdaevas a representarem o bem.
Zoroastro elevariaAúra-Masda ("Senhor Sábio") ao estatuto de divindade suprema, criadora do mundo e única digna de adoração.
Outro conceito religioso por ele apresentado foi o dos Amesa Espentas ("Imortais Sagrados"), que podem ser descritos como emanações ou aspectos deAúra-Masda. Nos Gatas, os Amesa Espentas são apresentados de uma forma bastante abstrata; séculos depois, eles serão transformados e elevados ao estatuto de divindades. Cada Amesa Espenta foi associado a um aspecto da criação divina.
Khashathra Vairya ("Governo Desejável"): o céu e os metais;
Hauravatate ("Plenitude"): a água;
Ameretate ("Imortalidade"): as plantas.
Os Gatas revelam também um pensamentodualista, sobretudo no planoético, entendido como uma livre escolha entre o bem e o mal. Posteriormente, o dualismo torna-se cosmológico, entendido como uma batalha no mundo entre forças benignas e forças maléficas.
Atualmente, os zoroastristas dividem-se entre o dualismo ético ou o dualismo cosmológico, existindo também outros que aceitam os dois conceitos. Alguns acreditam queAúra-Masda tem um inimigo chamadoAngra Mainyu (ouAhriman), responsável pela doença, pelos desastres naturais, pela morte e por tudo quanto é negativo.Angra Mainyu não deve ser visto como um deus; ele é, antes, uma energia negativa que se opõe à energia positiva deAúra-Masda, tentando destruir tudo o que de bom foi feito por ele (a energia positiva de Deus é chamada deSpenta Mainyu). No final,Angra Mainyu será destruído e o bem triunfará. Outros zoroastristas encaram o dualismo no plano interno de cada pessoa, como a escolha que cada um deve fazer entre o bem e o mal, entre uma mentalidade progressista e uma mentalidade retardatária.
Os zoroastristas acreditam que Zoroastro é um profeta de Deus, mas não é alvo de particular veneração. Eles acreditam que, através dos seus ensinamentos, os seres humanos podem aproximar-se de Deus e da ordem natural marcada pelo bem ejustiça (asha).
Entre a morte de Zaratustra e a ascensão doImpério Aqueménida noséculo VI a.C., pouco se sabe sobre o zoroastrismo, a não ser que se difundiu por todo oplanalto iraniano e que oAvestá, livro sagrado do zoroastrismo, foi elaborado durante o primeiro domínio persa[28]. Apesar de não existirem fontes concretas do Império Aquemênida que apresentem o nome do profetaZaratustra ou de nomes e termos característicos da fé zoroástrica, comoSpenta Mainyu,Angra Mainyu eAmesha Spenta[28], a maioria dos historiadores acreditam que os Aquemênidas eram zoroastristas[29][30][31][32], ou, no mínimo, masdeístas (adoradores deAúra-Masda).
Em549 a.C.,Ciro II derrotouAstíages, rei dosMedos, e fundou o Império Persa, que unia, sob o mesmo ceptro, os Medos e osPersas. A dinastia à qual pertencia, osAqueménidas, adotou o zoroastrismo como religião oficial do império, mas foi tolerante em relação às religiões dos povos que nele viviam. Foi o rei Ciro II (dito "O Grande") que libertou osJudeus do seucativeiro e permitiu o regresso destes àPalestina. Provavelmente, o primeiro rei persa que reconheceu oficialmente esta religião foiDario I, como mostra uma placa de ouro na qual o rei se proclama devoto de Aúra-Masda.Dario I foi o primeiro rei Aquemênida a se mostrar como um eleito do deusAúra-Masda para reinar o Império[33], de modo que ele é protegido pela divindade, nunca ela própria ou seu descendente[33]. Apesar de existirem relatos que confrontem a ideia da "tolerância religiosa" dos Aquemênidas, como aInscrição de Beistum, sabe-se que os reis persas, visando a manutenção de seu poder central e evitando possíveis revoltas[34][33], respeitavam a grande maioria das religiões dos povos súditos, em muitos casos enviando sacrifícios e oferendas para cultos religiosos diferentes do zoroastrismo.[34][33]
Dario teve que combater um usurpador chamado Gautama, que se fazia passar por um filho de Ciro. Gautama ordenou a destruição de santuários pagãos que seriam restaurados por Dario. Tendo em vista que diversas imagens, inscrições e homenagens referentes à Aúra-Masda eram difundidas pelo império, é importante ressaltar a postura adquirida por alguns reis aquemênidas seguidores do deus Aúra-Masda como protetores da Verdade e combatentes da Mentira[33][34], ou seja, a utilização da religião como prática daretórica imperial delegitimação de dominação[34].
Os Medos possuíam uma casta ou tribo sacerdotal, conhecida como osmagos, que adoptaram a religião de Zaratustra, não sem introduzir alterações na mensagem original e incorporando antigas concepções religiosas. Os magos seriam a classe sacerdotal dos três grandes impérios persas. Casavam dentro do seu grupo e expunham os corpos dos mortos àsaves de rapina, duas práticas que viriam a ser adoptadas pelos zoroastristas. Os sacerdotes recuperam os antigos sacrifícios e o uso dohaoma. Os Amesa Espentas, inicialmente abstractos no pensamento de Zaratustra, foram personalizados e antigas divindades passaram a ser adoradas. Entre essas divindades (iazatas), estavam o Sol, a Lua,Tistria (deus da chuva),Vayu (o vento),Anaíta (deusa das águas) eMitra.
Foram também erigidos grandes templos ealtares de fogo ao ar livre.Artaxerxes II(404–358 a.C.) chegou mesmo a ordenar a construção de templos em honra de Anaíta nas principais cidades do império. Durante este período, foi também criado ocalendário zoroastrista e desenvolveu-se o conceito doSaoshyant, segundo o qual um descendente de Zaratustra, nascido de uma virgem, viria para salvar o mundo.
Com a conquista da Pérsia porAlexandre Magno, em330 a.C., o zoroastrismo sofreu um duro golpe, tendo a classe sacerdotal sido dizimada e muitos templos destruídos. O incêndio da capital do império,Persépolis, provocaria o desaparecimento de textos da religião conservados na biblioteca da cidade.
Durante o governo dosselêucidas, o zoroastrismo foi respeitado e geraram-se sincretismos entre este e areligião grega (por exemplo, ocorreu uma associação deZeus aAúra-Masda). Mas um verdadeiro renascimento do zoroastrismo só começa durante a dinastia dosPartos Arsácidas, noséculo III a.C. Nesta fase, foi compilado oVendidade, uma parte do Avestá que recolhe textos relacionados com medicina e rituais de pureza.
No período doImpério Sassânida(r. 224–651), o zoroastrismo foi completamente restaurado graças à intervenção deCirdir e de Tansar. O zoroastrismo tornou-se a religião mais comum entre as massas, sendo praticado numa vasta área que ia doMédio Oriente às portas daChina. Nesta época, assistiu-se à formação de uma verdadeira "Igreja" zoroastriana centrada na Pérsia, foram banidas da prática religiosa as imagens, criou-se o alfabeto avéstico e novos textos passam a integrar o Avestá, tais como oCriação Original e oDencarde. Ao contrário do período Aqueménida, este período ficou marcado pela intolerância em relação a outras religiões, tendo sido promovidas perseguições aos judeus e cristãos. O clero zoroastrista detinha um grande poder e assegurava que cada novo monarca fosse zoroastrista; pesados tributos recaíam sobre a população como forma de sustentar a forma de vida do clero.
O Avestá, texto sagrado do zoroastrismo, principal componente da religião, foi consolidado durante o período sassânida. Segundo oorientalistaalemãoMartin Haug, os sacerdotes zoroastristas inventaram a história de que seus livros sagrados remetiam aAbraão, o patriarcajudeu, com o objetivo de escapar da perseguição dosmaometanos.[35]
Apesar da conversão daPérsia aoIslão após a conquista dosárabes noséculo VII, o zoroastrismo sobreviveu em algumas comunidades persas, agrupadas nas cidades deIázide eCarmânia. Os muçulmanos consideraram os zoroastristas como dimis (dhimmis), ou seja, praticantes do monoteísmo (à semelhança dos judeus e dos cristãos), e, como tal, foram sujeitos a pesados tributos cujo objectivo era estimular a conversão ao Islão.
Noséculo X, um grupo de zoroastristas deixou a Pérsia e fixou-se naÍndia, na região doGujarate. Aqui, estabeleceram uma comunidade local que recebeu o nome de "Parsi" ("Persas" nalíngua gujarate) e que permanece naquele território até aos nossos dias. Esta comunidade zoroastriana foi influenciada pelas tradições locais e as suas particularidades levam a que se fale em "parsismo". Até 1477, os Parsis não mantiveram contacto com os zoroastristas que permaneceram no Irão. Nesse ano, restabeleceu-se o contacto sob a forma de troca de correspondência que durou até 1768.
Noséculo XIX, a conquista da Índia pelosbritânicos levaria a um confronto entre os valores tradicionais dos parses e os valores religiosos e culturais doOcidente.John Wilson, um missionário cristão daEscócia, atacou a religião dos Parses, alegando que o dualismo presente era contrário ao verdadeiro espírito monoteísta.Martin Haug, umfilólogo alemão que viveu e ensinou emPuna durante a década de 60 doséculo XIX, concluiu que apenas os Gatas eram as palavras originais do profeta Zaratustra. Estes acontecimentos propiciaram o início de um movimento de reforma religiosa, que divide a comunidade zoroastriana entre aqueles que pretendem um regresso a concepções que entendem como mais puras e próximas da mensagem inicial, rejeitando o excessivo ritualismo, e os tradicionalistas.
A comunidade zoroastriana existente no mundo contemporâneo pode ser dividida em dois grandes grupos: os Parses e os zoroastristas iranianos.[36][37] Em 2004, o número de zoroastristas no mundo foi estimado entre 145 000 e 210 000.[38] O Censo indiano de 2001 contabilizou 69 601 zoroastristas parsis.[39]
NaÍndia, os Parses são reconhecidos pelas suas contribuições à sociedade no domínio económico, educativo e caritativo. Muitos vivem emMumbai (Bombaim) e têm tendência para praticar aendogamia, desencorajando oproselitismo religioso. Veem a sua fé comoétnica.
Em geral, os zoroastristas iranianos mostram-se mais abertos a aceitarconversões. Concentram-se nas cidades deTeerão,Iázide eCarmânia. Falam uma variante dalíngua persa, o Dari (diferente doDari falado noAfeganistão). Receberam o nome degabars, termo inicialmente com conotações pejorativas (no sentido de "infiel"), mas que perdeu muito da sua carga negativa.
A doutrina de Zaratustra foi espalhada oralmente e suas reformas não podem ser entendidas fora de seu contexto social. O indivíduo pode receber recompensas divinas se lutar contra o mal em seu cotidiano, como pode também ser punido após a morte caso escolha o lado do mal. Os mortos são considerados impuros, então não são enterrados, pois consideram a terra, o fogo e a água sagrados, eles os deixam emtorres para serem devorados poraves de rapina.
O principal texto religioso do zoroastrismo é oAvestá. Julga-se que a actual forma do Avestá corresponde a apenas uma parte de Avestá original, que teria sido destruído em resultado da invasão de Alexandre, o Grande.
O Avestá divide-se em várias secções, das quais a principal é oIasna ("Sacrifícios"). O Iasna inclui osGatas, hinos que se julga terem sido compostos pelo próprio Zaratustra. OVisperede é essencialmente um complemento do Iasna. OVendidade é a secção que contém as regras de pureza da religião, podendo ser comparado aoLevítico da Bíblia. OsIastes são hinos dedicados às divindades.
Para além do Avestá, existem os textos empalavi, escritos na sua maior parte noséculo IX.
Aescatologia individual do zoroastrismo afirma que, três dias após a morte, a alma chega à Ponte Cinvat. A alma de cada pessoa percepciona, então, a materialização dos seus actos (daena): uma alma que praticou boas acções vê uma bela virgem de quinze anos, enquanto que a alma de uma pessoa má vê uma megera.
Cada alma será julgada pelos deusesMitra,Seraoxa eRashnu. As almas boas poderão atravessar a ponte, enquanto que as más serão lançadas para o inferno; as almas que praticaram uma quantidade idêntica de boas e más acções são enviadas para oHamestagan, uma espécie depurgatório.
As almas elevam-se ao céu através de três etapas: as estrelas, a Lua e o Sol, que correspondem, respectivamente, aos bons pensamentos, boas palavras e boas ações. O destino final é oAnagra Raosha, o reino das luzes infinitas.
Existem três graus desacerdócio no zoroastrismo contemporâneo. O sacerdócio tende a ser hereditário, embora não seja obrigatório que o filho de um sacerdote venha a seguir a profissão do pai.
Os sacerdotes de grau inferior recebem o nome deervade. Neste grau inicial, é preciso conhecer de cor as escrituras do zoroastrismo, bem como a lei; desempenham apenas uma função de assistente nas cerimónias mais importantes da religião. Acima de si, encontra-se omobede,[41] e, por sua vez, acima deste, odastur, que é responsável pela administração de um ou vários templos, por vezes comparado aobispo do cristianismo.
Os templos religiosos do zoroastrismo, onde se desenrolam as cerimónias e se celebram os festivais próprios da religião, são conhecidos comotemplos de fogo.
Estes edifícios possuem duas partes principais. A mais importante é a câmara onde se conserva o fogo sagrado, que arde numa pira metálica colocada sobre uma plataforma de pedra. Os sacerdotes zoroastristas visitam o fogo cinco vezes por dia e procuram mantê-lo aceso, fazendo oferendas desândalo purificado. Recitam também orações perante o fogo com a boca tapada por um tecido, de modo a não contaminarem o fogo. Este respeito pelo fogo sagrado levou a que os zoroastristas fossem chamados de "adoradores de fogo", o que constitui um erro, na medida em que o fogo não é adorado em si, mas como um símbolo da sabedoria e luz divina de Aúra-Masda. Os templos de fogo mais importantes do Irão e da Índia mantêm uma chama de fogo sagrado a arder perpetuamente.
O zoroastrismo não determina que os membros devam realizar um número obrigatório de orações por dia. Os zoroastristas podem decidir quando e onde desejam orar. A maioria dos zoroastristas reza várias vezes por dia, invocando a grandeza deAúra-Masda. As orações são feitas perante uma chama de fogo.
ONavjote (ouSedreh-Pushi, como é conhecido entre os zoroastristas do Irão) é uma cerimónia de iniciação obrigatória destinada às crianças zoroastrianas que deve acontecer entre os sete e os quinze anos de idade. É importante que a criança já conheça as principais orações da religião.
Antes da cerimónia começar, a criança toma uma banho ritual de purificação (Naahn). Durante a cerimónia, conduzida pelomobed e na qual estão presentes familiares e amigos, a criança recebe osudreh (ousedra, uma veste branca de algodão) e okusti (um cordão feito de lã) que ata na sua cintura. A partir deste momento, o zoroastrista deve usar sempre osudreh e okusti.
Ocasamento zoroastrista implica dois momentos distintos. No primeiro, os noivos e os seus padrinhos assinam o contrato de casamento. Segue-se a cerimónia propriamente dita durante a qual as mulheres da família colocam sobre a cabeça dos noivos um lenço; simultaneamente, dois cones de açúcar são esfregados um contra o outro. O lenço é, então, cosido, simbolizando a união do casal. As festas do casamento podem prolongar-se entre três e sete dias.
Os zoroastristas acreditam que o corpo humano é puro e não algo que deva ser rejeitado. Quando uma pessoa morre o seu espírito deixa o corpo num prazo de três dias e o seu cadáver é impuro. Uma vez que a natureza é uma criação divina marcada pela pureza, não se deve poluí-la com um cadáver.
Na prática, esta crença implicou que os cadáveres dos zoroastristas não fossem enterrados, mas colocados ao ar livre para serem devorados poraves de rapina, em estruturas conhecidas comotorres do silêncio (dakhma).
Após a morte, umcão é trazido perante o cadáver, num ritual que se repete seis vezes por dia. No quarto onde se encontra o cadáver, arde uma pira de fogo ou velas durante três dias. Durante este tempo, os vivos evitam o consumo de carne.
Os participantes no funeral vestem-se todos de branco, procurando-se evitar o contacto directo com o defunto. O cadáver (sem roupa) é, então, depositado numa torre do silêncio. Depois de as aves terem consumido a carne, os ossos são deixados ao sol durante algum tempo para secarem.
Por motivos vários (relacionados, por exemplo, com a diminuição da população de aves de rapina ou com a ilegalidade desta tradição em alguns países), esta prática tem sido abandonada por zoroastristas residentes em países ocidentais e até mesmo no Irão e Índia, optando-se pelacremação.
As comunidades zoroastrianas atuais regem-se portrês calendários diferentes:
oFasli (usado pelos zoroastristas iranianos e alguns Parses);
oShahanshahi (usado pela maioria dos Parses); e
oQadimi (este último, o menos utilizado de todos).
O que significa que as festas religiosas podem ser celebradas em diferentes dias; nestes calendários, cada mês e cada dia do mês recebe o nome de um Amesa Espenta ou de um iazata. Os zoroastristas celebram seis festivais ao longo do ano — osGaambares — cujas origens se encontram nas diferentes actividades agrícolas dos antigos povos do planalto iraniano e nas estações do ano.
ONoruz é o Ano Novo Persa, celebrado no dia 21 de março no calendário Fasli (os parses celebram oNoruz em meados de Agosto). Por volta deste dia, os zoroastristas colocam, nas suas casas, uma mesa com sete itens: um vaso com rebentos de lentilhas ou de trigo, um pudim, vinagre, maçãs, alho, pó desumagre, frutos da árvorejujubeira; outros elementos que enfeitam a mesa são moedas, o Avestá, um espelho, flores e uma imagem de Zaratustra. ONoruz é celebrado com o uso de roupas novas, com o consumo de pratos especiais, com a troca de presentes e com a celebração de cerimônias religiosas. O fogo tem nele um significado especial. Seis dias depois doNoruz, os zoroastristas festejam o nascimento de Zaratustra.
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