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Chade

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(Redirecionado deTchad)
República do Chade
République du Tchad (francês)
جمهوريّة تشاد (árabe)
Jumhūriyyat Tshād
Lema:Unité, Travail, Progrès
(Francês: "Unidade, Trabalho, Progresso")
Hino:La Tchadienne
Localização de República do Chade
Capital
e maior cidade
Jamena
Língua oficialFrancês,Árabe
Gentílicochadiano(a), chadiense[1]
GovernoRepública unitária sob regime militar
 • PresidenteMahamat Déby Itno
 • Primeiro-ministroAllamaye Halina
Independência daFrança
 • Data11 de agosto de 1960
Área
 • Total1 284 000km² (20.º)
 • Água (%)1,9
FronteiraLíbia (N),Sudão (L),República Centro-Africana (S),Camarões (SO),Nigéria eNíger (O)
População
 • Estimativa para 201614 152 314[2] hab. (73.º)
 • Densidade11,02 hab./km² (191.º)
PIB (basePPC)Estimativa para 2007
 • TotalUS$ : 15,950 bilhões (126.º)
 • Per capitaUS$ : 1 675 (147.º)
IDH (2021)0,394 (190.º) – baixo[3]
MoedaFranco CFA (XAF)
Fuso horário(UTC+1)
Cód. ISOTCD
Cód. Internet.td
Cód. telef.+235

Chade, também chamado deTchade (emárabe:تشاد,lit. 'Tshād'; emfrancês:Tchad), oficialmenteRepública do Chade (emárabe:جمهوريّة تشاد;romaniz.:Jumhūriyyat Tshād; emfrancês:République du Tchad) é umpaís sem acesso aomar, localizado no centro-norte daÁfrica. Faz fronteira com aLíbia a norte, com oSudão a leste, com aRepública Centro-Africana a sul, comCamarões eNigéria a sudoeste e com oNíger a oeste. Encontra-se dividido em três grandes regiões geográficas: a zonadesértica nonorte, o cinturão árido doSael no centro e asavana sudanesa fértil nosul. OLago Chade, do qual o país obteve o seu nome, é o segundo maior corpo deágua da África e o maior do país. O ponto mais alto do Chade é oEmi Koussi noDeserto do Saara. Sua capital e cidade mais populosa éJamena. O país abriga mais de duzentasetnias. Os idiomas oficiais são oárabe e o francês, enquanto asreligiões oficiais são oislã e ocristianismo.

O território chadiano começou a ser ocupado de forma numerosa há nove mil anos, com vários estados e impérios desaparecendo na zona central do país por volta de três mil anos atrás - todos eles dedicados a controlar as rotas docomércio transaariano que cruzavam a região. Noséculo XIX, com aConferência de Berlim, aFrança conquistou ecolonizou este território e o incorporou àÁfrica Equatorial Francesa. Em 11 de agosto de 1960, a independência foi proclamada, pela liderança deFrançois Tombalbaye. Em 1965, revoltas contra a política do país fizeram com que os muçulmanos da região norte entrassem em umaguerra civil. Assim, em 1979, rebeldes tomaram a capital do país e puseram fim àhegemonia dos cristãos da região sul. Entretanto, comandantes rebeldes permaneceram em conflito constante atéHissène Habré se impor ante seus rivais, mas em 1990Idriss Déby derrotou-o. Recentemente, oconflito de Darfur no Sudão atravessou a fronteira e gerou oconflito entre Chade e Sudão, com centenas e milhares derefugiados vivendo emacampamentos noleste do país.

Enquanto existem vários partidos políticos ativos no país, o poder recai firmemente nas mãos do presidente Déby e seu partido, oMovimento Patriótico de Salvação. Em abril de 2021 o presidente Idriss Déby foi morto durante uma operação militar contra rebeldes no norte do país, sendo o poder assumido por uma junta militar, na qual o seu filho, o general Mahamat Idriss Déby, ficou com o cargo de chefia. No Chade ainda ocorreviolênciapolítica e frequentesgolpes de estado. Atualmente, o Chade é um dos países mais pobres e com maioríndice de corrupção nomundo. A maioria de sua população vive abaixo dalinha de pobreza. Desde 2009, opetróleo passou a ser a maior fonte de exportações no país, ultrapassando a tradicional indústria dealgodão.

História

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Ao derrotar e assassinarRabi Azubair em 22 de abril de 1900, na Batalha de Cusseri, aFrança liberou o maior obstáculo que tinha à colonização do Chade
Mais de quinze mil soldados chadianos foram obrigados a servir aoexército francês durante aSegunda Guerra Mundial[4]

A partir do sétimo milênio antes de Cristo, as condições ecológicas em parte do território chadiano favoreceram os assentamentos humanos e a região apresentou um alto crescimento demográfico. Alguns dos sítios arqueológicos mais importantes se encontram no Chade, entre eles destaca-se a região deBorcu-Enedi-Tibesti.[5] Por mais de dois mil anos, o Chade estava sendo povoado por grupos agrícolas sedentários e várias civilizações viveram na região. A primeira delas foi acivilização saô, conhecido por seus simples artefatos e tradições orais. Os saôs caíram ante oImpério de Canem,[6][7] o primeiro mais duradouro dos impérios que se assentaram na região que corresponde atualmente aoSael chadiano durante o primeiro milênio. O poderio do Império de Canem e de seus sucessores foi baseado no controle de rotas docomércio transaariano que cruzava a região.[8] Esses estados nunca estenderam seu domínio até os vales férteis do sul, exceto aocomércio deescravos.[9]

A partir de 1900, oImpério Colonial Francês deu passo à criação doTerritório Militar do País e Protetorado do Chade (emfrancês:Territoire Militaire des Pays et Protectorats du Tchad). Em 1920, a França havia assegurado o controle absoluto da colônia e incorporou o território do Chade àÁfrica Equatorial Francesa.[10] O domínio francês no Chade foi caracterizado pela ausência de políticas para unificar o território e retardar a modernização. Os franceses viam a colônia como uma importante fonte demão de obra barata ealgodão, onde em 1929 a França introduziu a produção em grande escala desta matéria prima. Durante a administração colonial do Chade, os governadores se apoiavam em elementos doserviço militar francês. Apenas a parte sul do país era governada de maneira efetiva, já que no norte e no leste do país a presença francesa era escassa, o que levou a um sistema educacional deficiente.[11] Após aSegunda Guerra Mundial, o Chade passou a ser umdepartamento ultramarino francês, para que seus habitantes tivessem o direito de eleger os representantes naAssembleia Nacional Francesa e a criação de uma assembleia chadiana. O maior partido político da época era oPartido Progressista Chadiano, com bases localizadas na parte sul do país. O Chade obteve sua independência em 11 de agosto de 1960, com o líder do partido,François Tombalbaye, que se tornou o primeiro presidente.[12][13]

Dois anos depois, Tombalbaye dissolveu os partidos de oposição e estabeleceu ounipartidarismo. O governoautocrático e Tombalbaye e sua má administração geraram tensões entre as distintas etnias do país e em 1965 os muçulmanos iniciaram umaguerra civil. Tombalbaye foi assassinado em 1975,[14] mas o conflito continuou. Em 1979 as facções rebeldes tomaram acapital e todas as autoridades civis sofreram umcolapso e o poder do país passou aos rebeldes armados, a maioria provenientes do norte do país.[15][16] A desintegração do Chade provocou o colapso da presença francesa no país. ALíbia tentou tomar o controle do país e se envolveu na guerra civil.[17] Em 1987, a aventura líbia terminou em desastre, quando o presidenteHissène Habré, apoiado pela França, invocou que os chadianos se unissem em apenas um grupo como nunca havia se visto antes,[18] e assim obrigar o exército líbio a se retirar.[19]

Habré consolidou sua ditadura através de um sistema de corrupção e violência. Ao redor de quatrocentas mil pessoas foram assassinadas durante seu mandato.[20][21] O presidente favoreceu sua tribo de origem, adaza, e discriminou os membros de sua tribo inimiga, oszagauas. Em 1990, o generalIdriss Déby o derrubou.[19]

Déby tentou reconciliar os rebeldes e reintroduziu ounipartidarismo. Por meio de umreferendo os chadianos aprovaram uma nova constituição e, em 1996, Déby ganhou as eleições presidenciais.[22] Em 2001, começou no país a exploração dopetróleo, que trouxe consigo esperanças que o Chade iria alcançar apaz e aprosperidade. Entretanto, conflitos internos voltaram e se instalou uma novaguerra civil (2005-2010). Unilateralmente, Déby modificou a constituição para manter o máximo de dois períodos para cada presidente, o que ocasionou controvérsia entre civis e partidos de oposição.[23] Desta forma, em 2006 Déby ganhou pela terceira vez as eleições presidenciais. Em 2006 e 2008, os rebeldes tentaram tomar novamente acapital do país, mas sem êxito. No leste do Chade, a violência étnica tem aumentado. Os membros doAlto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados advertem que umgenocídio, similar ao que ocorre emDarfur, pode estar ocorrendo no Chade.[24]

O Chade é atualmente um dos principais parceiros de umacoalizão na África Ocidental na luta contra a influência doBoko Haram. Em 2017, o país foi incluído na Proclamação Presidencial 9645, a versão ampliada da Ordem Executiva 13 780 do presidente dos Estados Unidos,Donald Trump, que restringe a entrada de cidadãos de oito países, incluindo o Chade, em território norte-americano. Esta iniciativa gerou protestos do governo chadiano.[25]

Geografia

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Chade visto de satélite

Com 1,284 milhões de quilômetros quadrados, o Chade é ovigésimo primeiro maior país do mundo, sendo um pouco menor que oPeru e aÁfrica do Sul.[26][27] O Chade está localizado no norte daÁfrica Central, entre osparalelos 8º e 24º norte e osmeridianos 14º e 24º leste. Limita-se a norte com aLíbia, a leste com oSudão, a oeste comNíger,Nigéria eCamarões e ao sul com aRepública Centro-Africana. A capital do país está a 1 060 quilômetros do ponto mais próximo (Duala emCamarões).[28][29] Devido à distância aomar e aoclima predominantemente desértico no país, o Chade é muitas vezes referido como o"coração morto da África".[30]

As fronteiras do Chade não coincidem com nenhuma fronteira natural, herança de seu período colonial. A estrutura física predominante é uma bacia ampla limitada no norte e leste, e ao sul por cadeias montanhosas. OLago Chade, do qual o país obteve seu nome, são restos de um imenso lago que já ocupou mais de 330 000 quilômetros quadrados da bacia chadiana há mais de setecentos mil anos,[28] ainda que atualmente apenas 1 500 quilômetros quadrados de sua superfície esteja a sujeita a fortes flutuações estacionárias.[31] Este lago é o segundo maior corpo de água daÁfrica.[32] OEmi Koussi,vulcão inativo no monte Tibesti, alcança 3 415 metros de altitude, sendo o ponto mais alto do país e do Saara, estando localizado na fronteira do Chade noDeserto do Saara.[33]

Área da bacia do Chade

A cada ano, um sistema climático tropical, conhecido comoZona de Convergência Intertropical (ZCIT), atravessa o Chade de sul a norte, trazendo consigo aestação das chuvas que dura de maio a outubro no sul e de junho a setembro na região doSahel.[34] As variações nas precipitações locais criam três importantes zonas geográficas. O Saara se localiza na parte norte do país, onde as precipitações anuais não chegam a 500 milímetros.Borkou é a região mais árida do Saara. A vegetação desta zona é escassa; ocasionalmente sobrevivem algumaspalmeiras, que são os únicos que crescem a sul doTrópico de Câncer.[28]

O Saara atravessa o centro do Chade, onde as precipitações estão entre 300 e 600 milímetros anualmente. A região do Sael ocupa uma estepe dearbustos espinhosos (em sua maioriaacácias) e gradualmente se converte em umasavana na parte sul do Chade. Nesta parte do país, as precipitações chegam a 900 milímetros anualmente.[29] Os pastos altos e os extensos pântanos da região a convertem em umhabitat ideal a algumasaves,répteis e grandesmamíferos. Os principais rios do Chade são oLogone, oChari e seus afluentes, que percorrem savanas desde o sul até o sudeste do lago Chade.[28][35]

No ano de 2018, usuários da Internet começaram a destacar a forma similar das fronteiras do país Chade com o rosto do "Chad" nomeme "virgin vs. Chad".

Demografia

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Estudos de 2005 calculam a população do Chade em 10 146 000 habitantes: 25,8% vivem em áreas urbanas e 74,2% em rurais.[36] A população do país é jovem. Estima-se que 47,3% tenha menos de 15 anos. A taxa de natalidade é de cerca de 42,35 nascimentos por 1 000 pessoas, a taxa de mortalidade é de 16,69. A esperança média de vida alcança de 47,2 anos.[26]

Apopulação do Chade é distribuída de forma desigual. Adensidade populacional é de 0,1/km² (extremamente baixa) na região saariana de Borcu-Enedi-Tibesti, enquanto na região doLogone Ocidental chega a 52,4/km².[29] Na capital, ainda é mais elevada: aproximadamente metade da população deste estado vive no sul deste território, que o converte na região mais densamente povoada. A vida urbana se encontra restringida virtualmente na capital, onde a população se dedica principalmente no comércio. As outras principais cidades sãoSarh,Mundu,Abéché eDoba, onde, ainda que sejam menos urbanizadas, estão crescendo rapidamente e se unem à capital como centros decisivos ao crescimento desua economia.[28] Desde 2003, 230 000 refugiados sudaneses têm deslocado ao leste do Chade fugindo da região deDarfur. Com os 172 000 chadianos deslocados pela guerra civil no leste,[37] este acontecimento tem gerado tensões crescentes entre as comunidades da região.[38]

Apoligamia é comum no país e mais de 39% de mulheres vivem nesse tipo de união. Ela é apoiada por lei, que permite automaticamente a poligamia, exceto quando as cônjuges especifiquem que tal será inaceitável no casamento.[39] Apesar de a violência contra mulheres ser proibida, aviolência doméstica é comum. Amutilação genital feminina é proibida, mas a prática está espalhada e profundamente enraizada na tradição: 45% das mulheres do Chade se submetem ao procedimento, com as taxas mais altas entre osárabes,hajarai euadaianos (90% ou mais). São registradas porcentagens inferiores entre ossaras (38%) e ostubus (2%). As mulheres carecem de uma igualdade de oportunidade na educação e formação, com poucos postos de trabalho formal no setor. Ainda que as leis proprietárias e a herança baseadas no código francês não discriminem amulher, os líderes locais julgam a maioria dos casos de herança noshomens, segundo a política tradicional.[40]

O Chade tem mais de 200 grupos étnicos distintos.[41] Os povos do Chade tendem a ser, no entanto, classificados de acordo com a região geográfica onde vivem. No sul vivem povos sedentários, tais como os saras, o maior grupo étnico do país, cuja unidade social essencial é a linhagem (ou descendência). Na região doSahel, povos sedentários vivem lado a lado com povosnômades, como os tubus.[28] As línguas oficiais do país são ofrancês e oárabe, porém, mais de cemidiomas edialetos são falados pelo país. Devido ao importante papel desempenhado por comerciantes árabes itinerantes e mercadores estabelecidos em comunidades locais, o árabe chadiano foi convertido emlíngua franca.[42]

Cidades mais populosas doChade
Censo de 2009[43]

Jamena

Mundu
PosiçãoLocalidadeRegiãoPop.
1JamenaChari-Baguirmi951 418
2MunduLogone Ocidental137 251
3AbéchéUadai97 963
4SarhMédio Chari97 224
5QueloTandjilé57 859
6Am Timan Salamat52 270
7DobaLogone Oriental49 647
8PalaMayo-Kebbi Oeste49 461
9BongorMayo-Kebbi Leste44 578
10Goz Beïda Sila41 248

Religião

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Catedral daArquidiocese de Jamena, localizada na capital do país

O Chade é um país religiosamente diverso. O censo de 1993 mostrou que 54% dos chadianos erammuçulmanos, 20%católicos romanos, 14%protestantes, 10%animistas e 3%ateus.[29] Oanimismo inclui uma variedade de religiões ancestrais. Oislã, que é caracterizado por um conjunto ortodoxo de crenças e celebrações, expressa-se de diversas formas. Ocristianismo chegou ao Chade através dos franceses; como também o islãfoi mesclado por meio de vários aspectos das crenças dos antigos povos que habitaram o território.[42][falta página] A maior parte dos muçulmanos se concentra no norte e leste do Chade, enquanto cristãos e animistas vivem na parte sul.[28] A constituição estabelece umestado laico e garante aliberdade religiosa; geralmente, as diferentes comunidades religiosas coexistem sem problemas.[44]

A maior parte dos muçulmanos seguem um ramo do islã místico (sufismo), conhecida em território local comoTijaniyah, que incorpora alguns dos elementos religiosos locais. Uma pequena minoria de muçulmanos do país mantém práticas mais fundamentalistas, que, em alguns casos, podem estar associadas com sistemas de crenças sauditas, como owahhabismo e osalafismo.

Os católicos representam a maior denominação cristã no país. A maioria dos protestantes está afiliada a diversos grupos cristãos evangélicos. Os membros daFé Bahá'í e asTestemunhas de Jeová são outras comunidades religiosas presentes no Chade. Ambos foram introduzidos depois da independência (1960), sendo consideradas como religiões "novas" no país.

O Chade é o lugar de missionários estrangeiros que representam diversos grupos cristãos. Também existem pregadores muçulmanos provenientes doSudão,Paquistão eArábia Saudita, este último financiando projetos socioeducativos e a construção de grandes mesquitas.[45]

Política

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Idriss Déby, o sextopresidente do Chade, governou seu país entre 1990 até 2021.

A constituição estabelece um forte poder executivo encabeçado pelo presidente, que domina o sistema político. O presidente tem o poder de nomear oprimeiro-ministro e exerce uma influência considerável sobre a nomeação de juízes, generais, funcionários provinciais e chefes de empresas paraestatais. Em caso de ameaças graves ou imediatas, há a consulta à assembleia nacional, que declaraestado de emergência. O presidente é eleito por meio dovoto direto e popular para um mandato de cinco anos. Embora em 2005 o tempo de mandato tenha sido abolido na constituição, ainda é permitido ao presidente permanecer no poder por mais de cinco anos.[46]

O sistema legal do Chade é baseado nodireito civil francês e nodireito alfandegário, onde este último interfere na ordem pública ou em garantias constitucionais de igualdade. Apesar de a garantia da constituição da independência dopoder judiciário, é o presidente que nomeia a maioria dos funcionários judiciais. Asjurisdições mais altas do sistema jurídico, aSuprema Corte de Justiça e o Conselho Constitucional, têm voltado plenamente operativos. A Suprema Corte é formada pelo chefe da justiça, nomeado pelo presidente e quinze vereadores, designados vitalícios pelo presidente e assembleia nacional. O tribunal está encabeçado por nove juízes eleitos para um período de nove anos. Este tribunal se encarrega de examinar a legislação, os tratados e acordos internacionais antes de sua adoção.[41][47]

Aassembleia nacional representa opoder legislativo. Encontra-se formada por 155 membros, eleitos para um período de quatroanos, que se reúnem anualmente em três ocasiões. A assembleia contém apenas duas sessões ordinárias ao ano, a partir de março e outubro e pode celebrar sessões especiais apenas quando o primeiro-ministro o convocar. O presidente da assembleia é eleito pelos deputados a cada dois anos, que tem a tarefa de firmar ou retardar as leis recém-aprovadas dentro de um prazo de quinze dias. A assembleia nacional deve aprovar um projeto de lei do primeiro-ministro e ainda pode obrigar a demiti-lo através de um voto de maioria não confiante. Entretanto, a assembleia nacional retarda umprojeto delei dopoder executivo mais de duas vezes ao ano, o presidente pode dissolver a assembleia e exigir novas eleições legislativas. Na prática, opresidente exerce uma influência considerável na assembleia nacional por meio de seu partido, oMovimento Patriótico de Salvação (MPS), que possui a grande maioria dos assentos.[41]

Embaixada do Chade emWashington, D.C.,Estados Unidos

Até a legalização dos partidos políticos de oposição em 1992, o MPS foi o único partido legal no Chade.[41] Desde então, 78 partidos políticos ativos foram registrados.[40] Em 2005, partidos de oposição e organizações de direitos humanos aprovam oboicote por meio de um referendo constitucional que permitia a Déby ser eleito para um terceiro mandato,[48] em meio a informes irregulares no registro de votantes e àcensura dosmeios de comunicação por parte do governo durante as campanhas.[49] Foi realizado um julgamento correspondente às eleições presidenciais de 2006 como uma conformidade, já que a oposição considerava que as eleições fossem fraudadas e haviam sido boicotadas.[50]

A maioria dos principais conselheiros do presidenteIdriss Déby são membros da tribo zagaua, ainda que personalidades de oposição no sul também estejam representados no governo.[41][47] Atualmente, Déby enfrenta a oposição de grupos armados que se encontram profundamente divididos por enfrentamentos de liderança, unidos com a intenção de derrotá-lo. Estas forças romperam acapital em 13 de abril de 2006, porém foram paradas em última estância. A influência estrangeira de maior peso no Chade é daFrança, que mantém tropas no país. Déby apoia os franceses para reprimir os rebeldes, enquanto a França brinda o apoio do exército chadiano, por temor a um colapso completo da estabilidade regional.[51] Porém, as relações entre França e Chade se empenharam por trás da concessão de direitos à empresa depetróleoestadunidenseExxon em 1999.[52]

No Chade a corrupção abrange todos os níveis; noÍndice de Percepção da Corrupção de 2005 divulgado pelaTransparência Internacional, o Chade foi classificado como o país mais corrupto do mundo,[53] encontrando-se na parte final da lista nos anos seguintes.[54] Em 2007, alcançou apenas 1,8 dos dez pontos possíveis no índice de percepção dacorrupção, onde apenasTonga,Uzbequistão,Haiti,Iraque,Mianmar eSomália obtiveram uma pontuação mais baixa que o Chade.[55] Ainda existem muitas críticas contra o presidente Déby, que é acusado deendogamia etribalismo.[56]

Subdivisões

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Divisão política do Chade
Ver artigo principal:Divisões administrativas do Chade
Veja também :Regiões do Chade

Desde 2012, o Chade está dividido em 23províncias.[57][58] Em 2018, o governo nacional publicou uma nova portaria sobre a criação de unidades administrativas e comunidades autônomas, dividindo o território nacional em 23 províncias, 107departamentos e 377 comunas. Os nomes das antigas regiões administrativas permanecem os mesmos, mas agora elas foram rebatizadas como “províncias”.[59] A última grande reforma em julho de 2024, objeto da Portaria nº 001/PR/2024, reestruturou as unidades administrativas em 23 províncias, 120 departamentos e 454subprefeituras. A cidade de Jamena tem status especial de capital do país e está dividida em 10arrondissements.

A subdivisão do Chade surgiu em um processo dedescentralização, quando o governo aboliu as quatorze prefeituras anteriores. Essas unidades administrativas foram projetadas para atuar como retransmissores do Estado em nível local. Cada província (ou região, como foi anteriormente conhecida entre 2002 e 2018) é encabeçada por um governador designado pela presidência. A reforma institucional que introduziu uma nova organização administrativa para o país reorganizou não também os departamentos, administrados por um prefeito, e subdivididos em subprefeituras. No nível mais baixo estão os cantões. Formalmente cada entidade territorial deve ser governada por uma assembleia eleita, embora não tenham sido realizadas eleições para instalar essas assembleias locais.

ProvínciaCapital
Barh El GazelMussoro
BathaAti
BorkuFaya-Largeau
Chari-BaguirmiMassenya
Ennedi LesteAm-Djarass
Ennedi OesteFada (Chade)
GuéraMongo
Hadjer-LamisMassakory
Jamena(capital do país e com status especial de província)
KanemMao
LacBol
Logone OcidentalMundu
Logone OrientalDoba
MandulKumra
Mayo-Kebbi OestePala
Mayo-Kebbi LesteBongor
Médio ChariSarh
SalamatAm Timan
SilaGoz Beïda
TanjiléLaï
TibestiBardaï
UadaiAbéché
Wadi FiraBiltine

Economia

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Ver artigo principal:Economia do Chade
Principais produtos deexportação do Chade em 2019 (em inglês).

OÍndice de Desenvolvimento Humano da ONU coloca o Chade como o sétimo país mais pobre do mundo, já que 80% da população vive abaixo dalinha de pobreza. Seu PIBper capita em 2005 foi estimado em 1 600dólares.[60] O Chade é membro doBanco dos Estados da África Central e daComunidade Econômica dos Estados da África Central.[61] Sua moeda é ofranco CFA. Aguerra civil afastou os investidores estrangeiros, que deixaram o Chade entre 1979 e 1982; apenas recentemente têm começado a recuperar a confiança no futuro econômico do país. Desde 2000 um importante investimento estrangeiro derivado do setorpetrolífero começou, o qual deu impulso às perspectivas econômicas.[26][41]

Mais de 80% da população sobrevive daagricultura de subsistência e garantia ao seu sustento.[26] Os cultivos e a localização dos rebanhos é determinado peloclima local. Na zona maisaustral doterritório, encontram-se 10% das terras agrícolas mais férteis do país, com cultivos ricos desorgo emilhete. NoSael crescem apenas as variedades mais duras do milho, ainda que no sul a quantidade seja menor. Por outro lado, a região do Sael é ideal aopastoreio de rebanhos maiores, comocabras,ovelhas,burros ecavalos. Osoásis dispersos peloDeserto do Saara só produzem tâmaras e algunslegumes.[42][falta página] Antes do desenvolvimento daindústria petrolífera, quem dominava omercado de trabalho era a indústria doalgodão e representava mais de 80% dos lucros das exportações.[62] O algodão ainda segue sendo a principal atividade exportadora, embora ainda não disponha de cifras exatas. A reabilitação de uma empresa de algodão mais importante do Chade, aCotontchad, provocou um declínio nos preços do algodão a nível mundial, financiada porFrança,Países Baixos,União Europeia eBanco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, onde se espera que a empresa paraestatal passe ao setor privado.[41]

Comércio chadiano de trajes típicos

AExxonMobil lidera umconsórcio entre aChevron e aPetronas, que investiram 3,7 milhões de dólares na exportação das reservas depetróleo no sul do Chade, estimadas em milhões debarris. A produção de petróleo começou em 2003 com a realização de umoleoduto (financiado em parte peloBanco Mundial), que une milhares dejazidas da região sul a terminais da costa atlântica deCamarões. Como condição à sua assistência, o Banco Mundial insistiu que 80% dos investimentos de petróleo foram gastos em projetos de desenvolvimento humano. Em janeiro de 2006, o Banco Mundial suspendeu seu projeto deempréstimos quando o governo do Chade aprovouleis para reduzir os investimentos feitos por esses programas.[41][63] Em 14 de julho de 2006, Banco Mundial e Chade firmaram um estudo de entendimento em virtude do qual o governo chadiano se comprometeu a outorgar 70% de seus investimentos em programas que visam a redução apobreza.[64]

De acordo com asNações Unidas, o Chade tem sido afetado por umacrise humanitária, pelo menos desde 2001. A partir de 2008, o Chade hospeda mais de 280 000 refugiados da região deDarfur, noSudão, além de mais de 55 000 daRepública Centro-Africana, bem como mais de 170 000pessoas deslocadas internamente.[65][66][67][68]

Infraestrutura

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Mulheres carregando baldes de água na cabeça, emMao. O acesso àágua potável também é um dos graves problemas enfrentados pela população do Chade.

Aeducação enfrenta restos consideráveis devido à dispersão da população do país e a um certo grau de renúncia por parte dos pais a enviar seus filhos àescola. Ainda que a assistência seja obrigatória, apenas 68% das crianças frequentam o ensino primário e mais da metade da população é analfabeta. A educação superior é distribuída naUniversidade de Jamena.[28][41] Muitas cidades chadianas também enfrentam graves dificuldades quando à infraestrutura municipal: apenas 48% dos residentes urbanos têm acesso àágua potável e apenas 2% a condições desaneamento básico.[28][69]

O sistema de telecomunicações é simples, porém caro. O serviço detelefonia fixa proporciona a companhia telefônica de estadoSotelTchad. Existem apenas quatorze mil linhas telefônicas fixas no Chade, um dos mais baixos índices de densidade de linhas telefônicas do mundo.[70] A audiência televisiva no país é limitada à capital,Jamena. A única emissora de televisão no país é a TeleTchad. Orádio tem um alcance muito maior, com três estações de rádio privadas. Osjornais estão limitados em quantidade e distribuição e ascifras de circulação são muito pequenas devido aos custos comtransporte, baixas taxas dealfabetização epobreza.[71][72] Enquanto a Constituição defende aliberdade de expressão, o governo tem restringido regularmente este direito e no final de 2006 começou umacensura prévia sobre osmeios de comunicação.[72]

A guerra civil parou o desenvolvimento na infraestrutura dotransporte. No Chade, só existiam trinta quilômetros de estradas pavimentadas em 1987. Projetos posteriores de reabilitação ampliaram a rede[73] para 550 quilômetros em 2004.[74] Porém, a rede de transportes ainda é limitada, já que ainda não pode ser utilizada durante vários meses do ano. Sem nenhumaferrovia, o Chade depende fortemente do sistema ferroviário deCamarões ao transporte de suas exportações e importações até e desde o porto deDuala.[75] Existe umaeroporto internacional, localizado na capital, que oferecevoos diretos regulares aParis e a várias cidadesafricanas

O setor energético chadiano sofreu durante vários anos uma má gestão da empresa paraestatal "Sociedade de Energia e Água do Chade" (STEE), que fornece energia para apenas 15% dos chadianos que vivem na capital e cobre uma demanda de apenas 1,5% da população nacional,[70] o que obriga muitos chadianos a usaremcombustíveis a partir dabiomassa, comoesterco animal emadeira.[71]

Cultura

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Feriados nacionais[70]
DataNome em português
1º de janeiroAno-Novo
1º de maioDia do Trabalho
25 de maioDia da Liberdade Africana
11 de agostoDia da Independência
1º de novembroDia de Todos os Santos
28 de novembroFesta da República
1º de dezembroDia da liberdade edemocracia
25 de dezembroNatal

Devido à sua grande variedade de idiomas e povos, o Chade possui um rico patrimônio cultural. O governo do Chade tem promovido ativamente sua cultura e tradições orais, abrindo oMuseu Nacional do Chade e oCentro Cultural do Chade.[28] Ao longo dos anos, os chadianos celebram seis festas nacionais e duas festas móveis que incluem a festividade cristã daSegunda-feira de Páscoa e asfestividades muçulmanas deEid ul-Fitr,Eid al-Adha eEid Milad Nnabi.[70]

Quanto àmúsica, os chadianos tocaminstrumentos como okinde, um tipo deharpa dearco; okakaki, instrumento largo feito deestanho e ohu hu, instrumento feito decordas que usamcabaças de alta-voz. Outros instrumentos e combinações estão vinculados a grupos étnicos específicos: ossara preferemassovios, harpas etamboreskodjo; enquanto oscanembus combinam sons de tambores cominstrumentos de sopro.[76]

Em 1964, foi formado o grupo musicalChari Jazz, que se tornou palco da música moderna no Chade. Mais tarde, grupos com mais reputação, comoAfrican Melody eInternational Challal tentaram unir a modernidade e a tradução em suas músicas. Grupos populares, como o "Tibesti", têm-se expandido com maior rapidez à sua herança cultural ao interpretar a músicaSai, estilo tradicional do sul do Chade. O povo chadiano tem desprezado de forma habitual a música moderna. No entanto, desde 1995, um maior interesse se desenvolveu e fomentou a distribuição deCDs evideocassetes de áudio de artistas chadianos. Apirataria e a falta de garantias jurídicas aos direitos dos artistas segue sendo problemas ao desenvolvimento daindústria musical no Chade.[76]

Omillet é o principal prato típico do país. É usado para fazer bolos de massa que submergem em diversassalsas. No norte, esteprato é conhecido comoalsyh e, no sul, comobiya. Opescado também é popular, sendo geralmente preparado e vendido comosalanga (Hydrocynus eAlestes secados aosol e ligeiramente defumados) ou comobanda (maiores e defumados).[77] Ocarcagem é uma bebida doce muito popular no país, extraída a partir de folhas dohibisco. Entretanto, as bebidas alcoólicas, ausentes na região norte, são muito populares no sul, onde as pessoas bebemcerveja feita com espécies domilho, conhecida comobilli-billi, feita a partir do milhovermelho ecoshate quando é feita a partir do milhobranco.[76]

Assim como em outros países doSael, o Chade padece de uma seca econômica, política e espiritual que afetou os escritores mais conhecidos. Os autores chadianos foram obrigados a escrever noexílio, contribuindo com obras muito ligadas a certos temas, como aopressão política e odiscurso histórico. Desde 1962, vinte autores chadianos escreveram mais de sessenta obras deficção científica. Entre os escritores mais reconhecidos internacionalmente encontram-seJoseph Brahim Seïd,Baba Moustapha,Antoine Bangui eKoulsy Lamko. Em 2003, o único grupo críticoliterário,Ahmat Taboye, publicou seu livroAnthologie de la littérature tchadienne para aprofundar o conhecimento da literatura do Chade a nível mundial e entre osjovens; e para compensar as faltas de editoriais e campanhas de promoção deleitura no país.[76][78]

A audiência televisiva no país é limitada a N'Djamena. A única estação de televisão é a estatalTélé Tchad. A rádio tem um alcance muito maior, com treze estações de rádio privadas.[79] Os jornais são limitados em quantidade e distribuição, e os números de circulação são baixos devido aos custos de transporte, baixas taxas de alfabetização e pobreza. Embora a constituição defenda a liberdade de expressão, o governo regularmente restringe esse direito e, no final de 2006, começou a decretar um sistema de censura prévia à mídia.[80]

O desenvolvimento daindústria cinematográfica no Chade sofreu diversos efeitos com aguerra civil e a falta decinemas em todo país. O primeiralonga-metragem criado no Chade foiBye Bye Africa, realizado em 1999 por Mahamat Saleh Haroun. Seufilme posterior,Abouna, foi duramente recebido com críticas; e sua obraDaratt ganhou um prêmio especial dojurado noFestival de Veneza em 2006. Issa Serge Coelo dirigiu outros filmes no Chade:Daresalam eDP75: cidade de Tartina.[81][82]

Oesporte mais popular no Chade é ofutebol.[83] ASeleção Chadiana de Futebol participa de competições internacionais,[76] incluindo algunsfutebolistas da equipe francesa. Obasquete e aluta livre são outros dos esportes mais praticados no país.[76]

Referências

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Bibliografia

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  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia eminglês cujo título é «Chad», especificamentedesta versão.
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia emcastelhano cujo título é «Chad», especificamentedesta versão.

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