Sigeberto de Gembloux (1030-1112) | |
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![]() Estátua de Sigeberto de Gembloux na praça principal deGembloux. | |
Nascimento | 1030 Gembloux,Bélgica |
Morte | 5 de outubro de1112 Gembloux,Bélgica |
Ocupação | Humanista,teólogo,litúrgico,hagiógrafo ecronista medieval |
Sigeberto de Gembloux (emlatim:Sigebertus Gemblacensis;Gembloux,1030 –Gembloux,5 de Outubro de1112), chamado também deSigueberto, foiHumanista,teólogo,litúrgico,hagiógrafo ecronista medievalbelga. Foi um autor medieval, conhecido principalmente como historiador pró-imperial de uma crônica universal (Chronicon), obra que compreende o período de 381 a 1111, e que se firmava em oposição à expansão do papado deGregório VII ePascal II.
Nasceu na cidade deGembloux, que hoje pertence à Província deNamur,Bélgica, por volta do ano1030. Aparentemente não tinha ascendentes germânicos, mas parece ter sido de descendência latina. Foi educado naAbadia de Gembloux, onde ainda em tenra idade se tornou monge. Mais tarde se tornaria durante longo tempo professor da Abadia de São Vicente, emMetz. Por volta do ano de1070 retornou paraGembloux. Ele era admirado e venerado por todos, e ocupou o cargo de professor e escritor na escola da abadia até a sua morte.
Depois que retornou deMetz tornou-se ferrenho defensor imperial na grande luta que se estabeleceu entre o Império e o Papado, culminando naControvérsia das Investiduras. Foi inimigo das pretensões papais e participou nas disputas que surgiram entre o papaGregório VII e o imperadorHenrique IV (1050-1106). Dos três tratados que escreveu sobre esta questão, que foi bastante proveitoso à causa imperial durante a disputa, um se perdeu; este era uma resposta à carta deGregório VII, escrita em 1081 ao BispoHermann de Metz,[1] na qual Gregório afirmava que os papas tem o direito de excomungar reis e de deliberar assuntos do juramento de lealdade. No segundo tratado, Sigueberto defendia as missas rezadas por sacerdotes casados, assistí-las tinha sido proibido pelo papa no ano 1074. QuandoPascoal II, em 1103, ordenou ao Conde de Flandres que punisse cidadãos deLiège por sua adesão ao imperador e a levantar armas contra ele, Sigueberto atacou o procedimento do papa considerando-a não-cristã e contrária às Escrituras.
Ele morreu emGembloux no dia5 de Outubro de1112.
A obra mais conhecida de Sigueberto é a suaChronicon sive Chronographia, ou crônica universal, queAuguste Molinier (1851-1904),[2] achou a melhor obra desse gênero. Ela contém muitos erros e pouca informação original. Provavelmente ele desejava simplesmente oferecer uma pesquisa cronológica; como consequência ele reporta apenas uma lista vazia de eventos até mesmo para a época em que ele viveu, embora os últimos anos, de 1105 a 1111, sejam tratados com mais detalhes. Ela abrange o período entre os anos 381 e 1111, e seu autor evidentemente era uma pessoa de muita erudição. A primeira das muitas edições que foram publicadas, surgiu em 1513; a melhor delas está naMonumenta Germaniae Historica[3] Scriptores vol VI, com introdução deLudwig Conrad Bethmann (1812-1867).[4] Depois da morte de Sigueberto a sua crônica foi ampliada porAnselmo de Gembloux.[5]
A crônica se tornou muito popular durante aIdade Média Tardia; ela ganhou reputação muito alta, foi publicada inúmeras vezes, e utilizada por muitos escritores e modificada por muitos continuadores, servindo de base para muitas obras de história posteriores. Apesar dos descuidos e equívocos, a criatividade e a amplexa erudição de Sigueberto são dignas de menção honrosa.
Outra obras escritas por Sigueberto são uma vida do rei francoSigeberto III (Vita Sigeberti III regis Austrasiae), fundador do monastério deSão Martinho emMetz. Ainda emMetz ele escreveu a biografia dos bispoTeodorico I de Metz (964-984), e também um longo poema sobre o martírio deSanta Lúcia (283-304), cujas relíquias eram veneradas na Abadia de São Vicente. Depois de seu retorno paraGembloux, ele também escreveu obras similares para esta abadia, como podemos mencionar um longo poema sobre o martírio daLegião Tebana - considerando que Gembloux guardava relíquias de seu reputado líderSanto Exupério (†22 de Setembro de286), e uma história dos primeiros abades de Gembloux até 1048 (Gesta abbatum Gemblacensium).
Ele também compilou um catálogo contendo cento e setenta e um escritores eclesiásticos e suas obras vão desdeSão Genádio até sua própria época,De scriptoribus ecclesiasticis, onde menciona sua própria obra.
Sigueberto foi tambémhagiógrafo. Dentre seus escritos a esse respeito podemos incluir algumas revisões das biografias deSão Maclóvio e de dois antigos bispos deLiège,Teodardo de Maastricht (618-670) eLamberto de Maastricht; posteriormente escreveu avita de Teodorico I, bispo de Metz († 984), que foi o fundador da Abadia de São Vicente naquela cidade (Vita Deoderici, Mettensis episcopi) e deSão Guiberto (962), fundador daAbadia de Gembloux (Vita Wicberti).