Cada satrapia era governada por um sátrapa, que era nomeado pelo rei. Para evitar a corrupção, oRei dos Reis (xá) possuía uma rede de espiões que foi chamada de "os olhos e ouvidos do rei". Após a conquista deAlexandre, o Grande esse sistema de administração foi mantido.[2]
Segundo os antigos autores gregos (Heródoto,Tucídides e frequentementeXenófanes) é traduzido porsatrápēs "tenente, governador," nos documentos—daBabilônia eEgito e em Ezra e Nehemiah porpakha, "governador"; e o sátrapa Mazeus de Cilicia e Síria no tempo deDario III eAlexandre, o Grande (Arriano iii. 8) chama a si mesmo nas suas moedas "Mazdai, [que está] acima do país além do Eufrates e Cilicia."[2]
QuandoCiro, o Grande (c. 576 - julho de529 a.C.) assumiu o maior império do mundo fora daChina, ele adotou o princípio de organização dosassírios, que primeiro organizaram seus territórios conquistados em províncias governadas porreis clientes. A principal diferença era que, na cultura persa, o conceito de reino era indissociável do dedivindade: a autoridadedivina implicava o direito divino dos reis. Os vinte sátrapas nomeados por Ciro não eram reis, mas vice-reis governando em nome do rei.Dario I deu às satrapias uma organização definitiva,[2] aumentou o seu número para vinte e três e fixou seu tributo anual (inscrição de Beistum).
O sátrapa era o chefe da administração da sua província, e estava rodeado por uma corte de caráter não real; ele coletavaimpostos, controlava os representantes locais do governo, os clãs e as cidades sob tutela. Era o juiz supremo da província, diante do qual todo caso civil e criminoso podia ser levado. Era responsável pela segurança das estradas (conformeXenófanes), e devia controlar desordeiros e rebeldes. Recebia assistência de um Conselho de Persas, para o qual também cidadãos da província eram aceitos, e era controlado por um secretário real e por emissários do rei, especialmente o "olho do rei", que fazia uma inspeção anual.[2]
O poder do sátrapa era controlado: além do seu escriba como secretário, o seu "Ministro das Finanças" (Persa antigoganzabara) e o general encarregado do exército regular da província e das fortalezas eram independentes dele, e só prestavam contas aoxá, periódica e pessoalmente. Mas o sátrapa tinha o direito de ter suas próprias tropas (compostas na sua maioria de mercenários gregos, num período mais recente). As maiores províncias eram divididas em diversos distritos menores, cujos governadores também chamavam-se sátrapas e, segundo autores gregos,hiparcas ('vice-regentes'). A distribuição das grandes satrapias mudava ocasionalmente, e era frequente que duas delas fossem dadas ao mesmo homem. Sempre que a autoridade central imperial se enfraquecia, o sátrapa usufruía de uma verdadeira independência, especialmente quando se tornou costume sua designação como general-em-chefe do exército distrital, contrariamente à regra inicial. "Quando seu posto se tornou hereditário, a ameaça à autoridade central não podia mais ser ignorada." (Olmstead). Rebeliões de sátrapas tornaram-se frequentes a partir de meados doséculo V a.C.. PosteriormenteDario I assumiu o trono com o apoio de seis outros nobresclãs persas e consolidou o sistema, conseguindo debelar as revoltas que se espalhavam por todo o reino.[2]
As últimas grandes rebeliões foram sufocadas porArtaxerxes III. A administração sátrapa foi mantida porAlexandre[2]e seus sucessores, especialmente noImpério Selêucida, onde o sátrapa era geralmente chamadoestratego (emgrego clássico:στρατηγός;romaniz.:stratēgós[3]); mas suas províncias eram muito menores que as do tempo dos persas.
Mais tarde, o culto um deus Sátrapes foi atestado em inscrições sírias dePalmira e do Haurã.Pausânias (vi.25, 26) mencionaSátrapas como o nome de umdeus que tinha uma estátua e culto emÉlis e identificava-se comCoribas, filho deJasião (um príncipe daSamotrácia) eCibele (ouDeméter) .[4] A origem desse deus é obscura e talvez tenha surgido da atribuição de um componente divino ao real do poder dos sátrapas.[2]
↑TEMMERMAN, Koen de. "Institutional realia in Chariton'sCallirhoe historical and contemporary elements."The Persian Empire and its institutions,HVMANITAS, vol. LIV (2002) p. 176