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Sabeus

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Ossabeus eram um povosemita que, em data desconhecida, entraram naArábia meridional vindos do norte e fundaram oReino de Sabá no território do atualIêmen,[1][2][3] cerca de 370quilômetros a noroeste deAdem. A civilização dos sabeus principiou entre os séculos XII e X a.C. e seus governantes são mencionados nas crônicasAssírias de fins do século VIII e início do século VII a.C. Os sabeus deixaram uma expressiva quantidade de inscrições que cobrem cerca de 1 300 anos de sua história e só terminam com a extinção do reino, no século VI. Todavia, as informações contidas nestas inscrições não permitem traçar uma ideia precisa do que foi a sociedade sabeia e deixam margem para muitas dúvidas.

A data da fundação de Sabaʾ é um ponto de desacordo entre os estudiosos. Kenneth Kitchen data o reino entre 1200 a.C. e 275 d.C., com sua capital em Ma'rib.[4] Por outro lado, Israel Finkelstein e Neil Asher Silberman escrevem que "o reino sabeu começou a florescer apenas a partir do século VIII a.C" e que a história de Salomão e a rainha de Sabá é "uma peça anacrônica do século VII".[5] O Reino caiu após uma guerra civil longa, mas esporádica, entre várias dinastias iemenitas que reivindicavam a realeza;[6][7] a partir disso, o extintoReino Himiarita surgiu como vitorioso.

Os sabeus são mencionados várias vezes naBíblia hebraica. NoAlcorão,[8] são descritos comoSaba', ou como o povo de Tubba' (em árabe: قَـوْم تُـبَّـع, romanizado: Qawm Tubbaʿ).

Fontes bíblicas e clássicas

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Os sabeus são citados várias vezes naBíblia: como um povo de alta estatura (Isaías, 45:14), como um povo distante (Joel, 4:8), como mercadores afamados (Ezequiel, 27:22-3; 38:13 e Jó 6:19) que exportavam ouro (Isaías 60:6, Salmos 73:15 e Ezequiel 38:13), pedras preciosas (Ezequiel 27:22), perfumes (Jeremias 6:20), incenso (Isaías 60:6) e talvez comercializassem escravos (Joel, 3:8). A genealogia do Gênesis na Bíblia explica a ascendência deSabá, o ancestral epônimo dos sabeus. OGênesis indica três origens distintas (o que também aponta para regiões geográficas distintas):

  1. filho de Raamá e neto de Cuxe (Gênesis 10:7);
  2. filho de Joctã e tataraneto de Sem (Gênesis 10:26);
  3. filho de Jocsã e neto de Abraão, por parte de Quetura (Gênesis 25:3).

O historiadorgregoEstrabão, em sua obraGeografia, acrescenta informações curiosas sobre os sabeus, baseando-se nas informações deEratóstenes (século III a.C.). Eles viviam num território situado entre oReino Mineu e oReino de Catabã. A capital do reino, Maribe, estava situada no topo de uma colina arborizada. O país, como seus vizinhos, constituía-se numa florescentemonarquia ostentando belos templos, palácios e casas que lembravam as dosegípcios. A forma de sucessão ao trono era peculiar: o herdeiro manifesto não era o filho do rei, mas o primeiro filho nascido numa família nobre após a coroação do soberano. O rei era também o juiz, mas não podia deixar o palácio, sob pena de serapedrejado até a morte.

Governo e sociedade

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Ver artigo principal:Sabá

Ao relato sobre o sistema de governo descrito por Estrabão, as inscrições sabéias acrescentam pouco. A palavra para "nação" erakhums (quinto), o que parece indicar uma antiga divisão daArábia (ou de uma de suas regiões) em cinco partes. O povo era dividido em tribos ("shi'b"), as quais, por sua vez, eram compostas por "décimos" e "terceiros". Os governantes, a princípio, designavam-semukarrib ("rei-sacerdote" ou "unificador"?), e posteriormente,maleque (rei). Todavia, mesmo tribos e cidades pequenas parecem ter tido seus próprios reis.

A estrutura social sabeia parece ter se baseado numsistema feudal, onde as grandes famílias possuíam vastas extensões de terra, castelos e torres, e onde os chefes destas famílias dividiam com o rei o direito exclusivo de aprovar a construção de novos castelos. Todavia, parece ter havido um certo princípio igualitário, onde a condição feminina era tida em alta conta (as esposas dos nobres eram muitas vezes chamadas de "senhoras do castelo" e existem várias representações de homens e mulheres divertindo-se em aparente igualdade de condições). Estrangeiros eram admitidos em sua sociedade, na qualidade declientes, e havia abundância de escravos. Os sabeus não praticavam apoligamia, mas não rejeitavam a instituição doconcubinato.

Religião e arte

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Ver artigo principal:Sabeísmo
"Homem de bronze" encontrado em Al Bayda',Iêmen (antiga Nashqum,Sabá). Séculos VI-V a.C.Museu do Louvre.

A religião dos sabeus, embora admitisse uma multiplicidade de deuses, parecia estar centralizada em torno de uma divindade suprema denominadaAlmacá. Especulava-se que seria um deus lunar, mas os símbolos de uma cabeça detouro evinhas que aparecem associadas a ele, indicam que tratava-se realmente de um deus solar.

A arte sabeia, embora revelasse maestria em algumas áreas (como a cunhagem de moedas a partir do século V a.C.), carece de originalidade e traz a influência das civilizações circunvizinhas.

Comércio e colônias

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Os sabeus eram conhecidos como mercadores bem-sucedidos e tinham um monopólio sobre bens "exóticos". Com a domesticação docamelo (por volta de 1400 a.C.), grandes caravanas sabeias começaram a percorrer a borda dodeserto tomando o rumo norte. Esta rota comercial, que tinha a proteção dos reinos ao longo do caminho, tornou-se conhecida como "Estrada do Ouro e Incenso", e ligava aÍndia aoEgito e ao norte daSíria, passando por Marib. Entre as mercadorias de luxo providas pelos comerciantes sabeus, estavamespeciarias,ébano,seda, tecidos da Índia, madeiras raras, plumas, peles de animais e ouro do leste daÁfrica.

Durante séculos eles controlaram o estreito deBab el Mandeb, que leva aomar Vermelho. Também estabeleceram muitas colônias nas costas da África, o que pode explicar a existência da outra Sabá, a cuxita. O facto de que aAbissínia foi povoada a partir do sul da Arábia foi provado linguisticamente. As diferenças entre os idiomas sabeu e etíope implicam que o assentamento original havia ocorrido há muitos séculos, tempo no qual os abissínios foram expostos a influências estrangeiras. Novas colônias sabeias apareceram na costa da África em épocas relativamente tão recentes quanto o século I d.C. Todavia, com a mudança feita pelos governantes do Egito, osPtolomeus, que no século I d.C. trocaram a rota comercial da Arábia Meridional por uma estrada que ligavaAlexandria diretamente ao restante do Egito, começou o processo de declínio dos sabeus.

Agricultura e decadência

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Restos dos sistemas deirrigação dos sabeus são ainda visíveis no seu antigo território. Um sistema de grandes diques, dos quais o maior estava localizado em Marib, permitiu que a agricultura prosperasse numa região onde a água é escassa.

A represa de Marib era uma impressionante obra de engenharia primitiva com cerca de 550 m de comprimento, construída em pedra e cantaria e dotada de comportas para controlar o fluxo da água. Ela irrigava mais de 1 600hectares de uma região densamente cultivada, e resistiu até 570 d.C., quando, por falta de conservação adequada, rompeu-se e causou grande mortandade, além de imensos prejuízos materiais. Esse desastre foi uma conseqüência, e não a causa da desintegração do estado sabeu, conforme preconiza uma lenda árabe, visto que a decadência se iniciara no século I, com a mudança da rota comercial.

O rompimento da represa trouxe a seca para a região e muitos sabeus decidiram emigrar para o norte, o que reduziu a densidade populacional e facilitou, anos mais tarde, o trabalho dospersas que invadiram Sabá.

Linguagem e escrita

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Inscrição sabeia endereçada ao deusAlmacá, mencionando cinco deuses daArábia do Sul, dois soberanos reinantes e dois governadores, século VII a.C.

O sabeu era uma linguagem do ramo semítico. Possuía um alfabeto elegante composto por 29 caracteres, os quais foram posteriormente adaptados para a criação do "gueês", uma espécie delatim daEtiópia (o "gueês" não é mais umalíngua viva desde aproximadamente o século X a.D., todavia ainda seja usado como língua litúrgica pelaIgreja Ortodoxa Etíope).

Da mesma forma que oárabe e ohebreu, o alfabeto sabeu incluía somente consoantes (sílabas, na verdade), e diferentemente destes, não possuía nenhuma indicação de vogais. Na maioria das inscrições, é escrito da direita para a esquerda (embora algumas outras também apresentem o estilo "boustrophedon", ou seja, da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, como quem ara um campo).

Ver também

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Referências

  1. Robert D. Burrowes (2010).Historical Dictionary of Yemen. Rowman & Littlefield. p. 319. ISBN0810855283.
  2. St. John Simpson (2002).Queen of Sheba: treasures from ancient Yemen. British Museum Press. p. 8. ISBN0714111511.
  3. Kenneth Anderson Kitchen (2003).On the Reliability of the Old Testament. Wm. B. Eerdmans Publishing. p. 116. ISBN0802849601.
  4. Kenneth A. KitchenThe World of "Ancient Arabia" Series. Documentation for Ancient Arabia. Part I. Chronological Framework and Historical Sources p.110
  5. Israel Finkelstein; Neil Asher Silberman,David and Solomon: In Search of the Bible's Sacred Kings and the Roots of the Western Tradition, p. 171
  6. D. H. Muller (1893),Himyarische Inschriften (in German), Mordtmann, p. 53
  7. Javad Ali,The Articulate in the History of Arabs before Islam, Volume 2, p. 420
  8. Brannon M. Wheeler (2002).Prophets in the Quran: An Introduction to the Quran and Muslim Exegesis. Continuum International Publishing Group. p. 166. ISBN0-8264-4956-5.

Bibliografia

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Ligações externas

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