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Tomás de Aquino

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado deSão Tomás de Aquino)
 Nota: Para outros significados, vejaTomás de Aquino (desambiguação).
Tomás de Aquino
Tomás de Aquino
Tomás de Aquino segundoCarlo Crivelli
Doutor da Igreja (Doctor Angelicus)
Nascimento1225
Roccasecca,Lácio,Reino da Sicília
Morte7 de março de1274 (49 anos)
Abadia de Fossanova,Lácio,Reino da Sicília
Veneração porIgreja Católica
Comunhão Anglicana
Igreja Luterana
Canonização18 de julho de1323
Avinhão,Estados Papais
porPapa João XXII
PrincipaltemploIgreja dos Jacobinos,Toulouse,França
Festa litúrgica28 de janeiro
AtribuiçõesASuma Teológica; Modelo de Uma Igreja; Sol no Peito de umFradeDominicano
PadroeiroAcadêmicos; contra tempestades; contra raios;apologistas; livreiros; academias, escolas e universidades católicas; castidade; ensino; filósofos; editores; acadêmicos; estudantes; teológos; diversas cidades, como por exemplo:Faro[1]
Portal dos Santos
Tomás de Aquino
Triunfo de São Tomás de Aquino sobre Averroes
Magnum opusSuma Teológica
Escola/tradiçãoTomismo (fundador)
Escolástica
Aristotelismo
Realismo filosófico
Realismo ingénuo
Principais interessesTeologia
Epistemologia
Metafísica
Filosofia Cristã
Cristianismo
Pedagogia
Ordem
Aristotelismo
Ideias notáveisCinco provas da existência deDeus,Analogia entis,Actus essendi

Tomás de Aquino, emitalianoTommaso d'Aquino (Roccasecca,1225Fossanova,7 de março de1274), foi umfradecatólicoitaliano daOrdem dos Pregadores (dominicano)[2][3] cujas obras tiveram enorme influência nateologia e nafilosofia, principalmente na tradição conhecida comoEscolástica, e que, por isso, é conhecido como "Doctor Angelicus", "Doctor Communis" e "Doctor Universalis".[4][a] "Aquino" é uma referência ao condado deAquino, uma região que foi propriedade de sua família até 1137. Tomás de Aquino tinha abordagens diferentes para com seus antecedentes comoAgostinho de Hipona, apesar de ter utilizado muito do pensamento de filósofos anteriores em suas especulações. Seu pensamentoteológico efilosófico inspiraram inúmeras gerações de pensadores. Seumagnum opus é chamadoSuma Teológica.[5]

Ele foi o mais importante proponente clássico dateologia natural e o pai dotomismo. Sua influência no pensamento ocidental é considerável e muito dafilosofia moderna foi concebida como desenvolvimento ou oposição de suas ideias, particularmente naética,lei natural,metafísica eteoria política. Ao contrário de muitas correntes daIgreja na época,[6] Tomás abraçou as ideias deAristóteles — a quem ele se referia como "o Filósofo" — e sintetizou afilosofia aristotélica com os princípios docristianismo. As obras mais conhecidas de Tomás são a "Suma Teológica" (emlatim:Summa Theologiae) e a "Suma contra os Gentios" (Summa contra Gentiles). Seus comentários sobre asEscrituras e sobre Aristóteles também são parte importante de seucorpus literário. Além disso, Tomás se distingue por seushinos eucarísticos, que ainda hoje fazem parte daliturgia da Igreja.[7]

Tomás évenerado comoSanto pelaIgreja Católica e é tido como o professor modelo para os que estudam para osacerdócio por ter atingido a expressão máxima tanto darazão natural quanto dateologia especulativa. O estudo de suas obras há muito tempo tem sido o cerne do programa de estudos obrigatórios para os que buscam asordens sagradas (como padres ediáconos) e também para os que se dedicam à formação religiosa em disciplinas como filosofia católica, teologia, história, liturgia edireito canônico.[8] Tomás foi também proclamadoDoutor da Igreja porPio V em 1568. Sobre ele, declarouBento XV:

Esta ordem [dominicana]... ganhou novo lustre quando a Igreja declarou os ensinamentos de Tomás como seus próprios e este Doutor, honrado por elogios especiais dospontífices, o mestre e patrono das escolas católicas.
 
Fausto appetente die,Papa Bento XV[9].


Ademais, oPapa Leão XIII disse a respeito de Tomás:[10]

Os que seguem [a filosofia de Santo Tomás] nunca se vêem surpreendidos fora do caminho da verdade.
 
Aeterni Patris, Papa Leão XIII.

Biografia

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Primeiros anos (1225-1244)

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Aquino, noLácio, a cidade-natal de Tomás de Aquino.

Tomás nasceu emRoccasecca, no condado deAquino doReino da Sicília (atualmente na região doLácio, naItália) por volta de 1225. Segundo certas piedosas tradições locais e autores eclesiásticos, a sua cidade natal terá sido antes o castelo da família na localidade deBelcastro, situada perto deCatanzaro, naCalábria.[11][12] De acordo com alguns autores, nasceu no castelo de seu pai, Landulfo de Aquino, que não pertencia ao ramo mais poderoso de sua família e era apenas ummiles ("cavaleiro"). Já a mãe de Tomás, Teodora, era do ramo Rossi da famílianapolitana dos Caracciolo.[13] Enquanto o resto da família dedicou-se à carreira militar,[14] seus pais pretendiam que Tomás seguisse o exemplo do irmão de Landulfo, Sinibaldo, que eraabade domosteirobeneditino deMonte Cassino,[15] uma carreira perfeitamente normal para o filho mais jovem de uma família nobre do sul da Itália da época.[16]

Aos cinco anos de idade, começou a estudar em Monte Cassino, mas, depois que o conflito militar entre oimperadorFrederico II e opapa Gregório IX chegou à abadia no início de 1239, Landulfo e Teodora matricularam o pequeno Tomás nostudium generale (auniversidade em Nápoles), recém-criada por Frederico emNápoles.[17] Foi provavelmente lá que Tomás foi introduzido aos estudos de Aristóteles,Averróis eMaimônides, importantes influências para sua filosofia teológica.[18] Seu professor dearitmética,geometria,astronomia emúsica era Pedro da Ibérnia.[19]

Foi também durante seus estudos em Nápoles que acabou sob a influência de João de São Juliano, um pregador dominicano que era parte do grande esforço empreendido pelaOrdem dos Pregadores para recrutar seguidores.[20] Finalmente, aos dezenove, Tomás resolveu se juntar à ordem, o que não agradou sua família.[21] Numa tentativa de impedir que Teodora influenciasse a escolha de Tomás, os dominicanos arranjaram para que ele se mudasse paraRoma e, de lá, paraParis.[22] Porém, durante a viagem para Roma, seguindo as instruções de Teodora, seus irmãos o capturaram quando ele bebia num riacho e o levaram de volta para seus pais no castelo deMonte San Giovanni Campano.[22]

O religioso e teólogo medieval[23] dominicano São Tomás de Aquino sendo consolado por anjos após ter evitado uma ocasião de pecado, rejeitando os favores de uma prostituta que aparece na porta e no fundo da pintura.

Ficou preso por cerca de um ano nos castelos da família em Monte San Giovanni e Roccasecca, numa tentativa de fazê-lo mudar de ideia.[18] Preocupações políticas impediram que opapa interviesse em defesa de Tomás, aumentando significativamente o tempo que ficou preso.[24] Durante este período de provações, Tomás ensinou suas irmãs e escreveu para seus irmãos dominicanos,[18] Desesperados com a teimosia de Tomás, dois de seus irmãos chegaram a ponto de contratarem umaprostituta para seduzi-lo. De acordo com a lenda, Tomás a expulsou com um ferro em brasa e, durante a noite, doisanjos apareceram para ele enquanto ele dormia para fortalecer sua determinação de permanecercelibatário.[25]

Em 1244, percebendo que todas suas tentativas de dissuadir Tomás fracassaram, Teodora tentou salvar a dignidade da família e arranjou para ele escapasse durante uma noite pela janela. Ela acreditava que uma fuga secreta da prisão era menos prejudicial que uma rendição aberta aos dominicanos. Tomás seguiu primeiro para Nápoles e, depois, para Roma, onde se encontrou comJoão de Wildeshausen, omestre-geral da Ordem dos Pregadores.[26]

Paris, Colônia, Alberto Magno e a primeira regência em Paris (1245-1259)

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Abadia de Monte Cassino. Tomás estudou ali até ser obrigado a se mudar por causa de guerras políticas. Após recusar o convite para ser abade do mosteiro anos depois, Tomás se viu ali novamente pouco antes de morrer quando se hospedou no mosteiro para se recuperar de uma doença.

Em 1245, Tomás foi enviado para estudar na faculdade dasartes daUniversidade de Paris, onde é muito provável que ele tenha encontrado o estudioso dominicanoAlberto Magno (que seria depois proclamado Doutor da Igreja como Aquino), que era na época ocatedrático da cadeira de Teologia do Colégio de São Tiago em Paris.[27] Quando Alberto foi enviado por seus superiores para ensinar no novostudium general emColônia, em 1248, Tomás foi junto[28] depois de recusar uma oferta dopapa Inocêncio IV de nomeá-lo abade de Monte Cassino mesmo sendo dominicano.[15] Em seguida, Alberto nomeou o relutante Tomásmagister studentium.[16] Por ser calado e não falar muito, alguns dos companheiros de Tomás acreditavam que ele era "devagar", ao que Alberto rebateu, profeticamente,"Vocês o chamam de boi mudo, mas em sua doutrina ele produzirá um dia um mugido tal que será ouvido pelo mundo afora".[15]

Tomás lecionou em Colônia como professor aprendiz (baccalaureus biblicus), instruindo seus alunos nos livros doAntigo Testamento e escrevendo "Comentário Literal sobreIsaías" ("Expositio super Isaiam ad litteram"), "Comentário sobreJeremias" ("Postilla super Ieremiam") e "Comentário sobre asLamentações" ("Postilla super Threnos").[29] Então, em 1252, Tomás retornou para Paris para tentar obter omestrado em teologia e passou a ensinar estudos bíblicos como professor aprendiz. Quando tornou-se"baccalaureus Sententiarum" ("bacharel das Sentenças"),[30] dedicou seus três anos finais de estudo a comentar sobre as "Sentenças" dePedro Lombardo. Na primeira de suas quatro sínteses teológicas, Tomás compôs um enorme comentário sobre elas chamado "Comentário sobre as Sentenças" ("Scriptum super libros Sententiarium"). Além destas obras de seu mestrado, Tomás escreveu ainda "Sobre o Ser e a Essência" ("De ente et essentia") para seus companheiros dominicanos de Paris.[15]

Na primavera de 1256, Tomás foi nomeado regente principal em teologia em Paris e uma de suas primeiras obras depois de assumir o cargo foi "Contra Aqueles que Ameaçam a Devoção a Deus e a Religião" ("Contra impugnantes Dei cultum et religionem") defendendo asordens mendicantes que estavam na época sob ataque por Guilherme de Saint-Amour.[31] Durante seu mandato, que foi de 1256 até 1259, Tomás escreveu diversas obras, incluindo: "Questões em Disputa sobre a Verdade" ("Questiones disputatae de veritate"), uma coleção de vinte e nove questões controversas sobre aspectos da fé e da condição humana[32] preparada para os debates universitários públicos que ele presidia naQuaresma e noAdvento;[33]"Quaestiones quodlibetales", uma coleção de suas respostas às questões propostas pela audiência acadêmica nos debates[32] e o par "Comentários sobre 'De trinitate' de Boécio" ("Expositio super librum Boethii De trinitate") e "Comentário sobre 'De hebdomdibus' de Boécio" ("Expositio super librum Boethii De hebdomadibus"), comentários sobre as obras do filósoforomano do século VIBoécio.[34] Quando terminou sua regência, Tomás estava trabalhando numa de suas obras-primas, a "Suma contra os Gentios".[35]

Nápoles, Orvietto e Roma (1259-1268)

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Basílica de Santa Sabina, emRoma, onde Tomás de Aquino ensinou por muitos anos antes de voltar a Paris.

Em 1259, Tomás completou sua primeira regência nostudium generale e deixou Paris para que outros pudessem obter a mesma experiência. Retornando para Nápoles, foi nomeado pregador geral pelo capítulo provincial da ordem em 29 de setembro de 1260. Em setembro do ano seguinte, foi enviado a Orvietto como leitor conventual responsável pela formação dos frades que não podiam frequentar umstudium generale. Lá, completou a "Suma contra os Gentios", escreveu "A Corrente de Ouro" (Catena aurea)[36] e escreveu obras para opapa Urbano IV, como a liturgia para a recém-criadafesta de Corpus Christi e "Contra os Erros dos Gregos" ("Contra Errores Graecorum").[35]

Em fevereiro de 1265, o recém-eleitopapa Clemente IV convocou Tomás de Aquino a Roma para servir como teólogo papal. No mesmo ano, foiordenado pelo capítulo dominicano de Agnani[37] para ensinar nostudium conventuale doConvento de Santa Sabina, fundado alguns anos antes, em 1222.[38] Ostudium em Santa Sabina rapidamente tornou-se um experimento para os dominicanos, o primeirostudium provinciale, uma escola intermediária entre ostudium conventiale (restrito aos residentes dascasas monásticasmosteiros e conventos) e ostudium generale (as universidades nas grandes cidades). Antes disso, não havia na província de Roma nenhuma forma de educação especializada, apenas as escolas conventuais, com cursos básicos de teologia para os frades residentes, e ainda assim apenas naToscana.[39] Tolomeo da Lucca, um parceiro e um dos primeiros biógrafos de Aquino, conta que, nostudium de Santa Sabina, Aquino ensinou uma ampla de temas filosóficos, morais e naturais.[40]

Foi em Santa Sabina que Tomás começou a escrever sua obra mais famosa, a "Suma Teológica",[36] que ele concebeu como sendo mais adequada especificamente aos estudantes em seus primeiros anos:

"Pois um doutor da verdade católica deveria ensinar não apenas os proficientes, mas a ele cabe também instruir os iniciantes. Como diz oapóstolo emI Coríntios 3:2 'Leite vos dei a beber, não vos dei comida; porque ainda não podíeis', nossa intenção com esta obra é apresentar tudo sobre a religião cristã de uma forma pertinente à instrução de iniciantes".[41] Ele escreve em Orvietto também uma variedade de outras obras, como o incompleto "Compêndio Teológico" ("Compendium Theologiae") e "Resposta ao IrmãoJoão de Vercelli sobre os 108 Artigos Retirados da Obra de Pedro de Tarentaise" ("Responsio ad fr. Ioannem Vercellensem de articulis 108 sumptis ex opere Petri de Tarentasia").[34] Em sua posição de superior dostudium, Aquino conduziu uma série de importantes debates sobre opoder de Deus que compilou depois em sua "Do Poder" ("De potentia").[42] Nicholas Brunacci (1240-1322) estava entre os alunos de Aquino em Santa Sabina e, depois, em Paris. Em novembro de 1268, ele estava com Aquino e seu parceiro e secretário,Reginaldo de Piperno, quando deixaramViterbo a caminho de Paris para o início do ano acadêmico.[43] Outro aluno em Santa Sabina foi obeato Tommasello de Perúgia.[44]

Aquino permaneceu nostudium de Santa Sabina de 1265 até ser chamado de volta a Paris em 1268 para uma segunda regência.[42] Com o tempo, principalmente depois de sua partida, as atividades pedagógicas nostudium provinciale de Santa Sabina foram divididos em doiscampi. Um novoconvento da ordem naIgreja de Santa Maria sopra Minerva começou de forma modesta em 1255 como uma comunidade de mulheres recém-convertidas, mas cresceu rapidamente em tamanho e em importância de ser entregue aos cuidados dos frades dominicanos em 1275.[38] Em 1288, o componente teológico do currículo provincial para a educação dos frades foi realocado dostudium provinciale de Santa Sabina para ostudium conventuale de Santa Maria sopra Minerva, que foi então rebatizado como umstudium particularis theologiae.[45] No século XVI, estestudium foi transformado no Colégio de São Tomás (emlatim:Collegium Divi Thomæ) e, no século XX, o colégio foi transferido para o Convento deSanti Domenico e Sisto e transformado naPontifícia Universidade São Tomás de Aquino (o famoso"Angelicum").

A difícil segunda regência em Paris (1269-1272)

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Influências
Duas das maiores influências sobre o pensamento de Tomás de Aquino representadas na "Escola de Atenas", deRafael.

Em 1268, a Ordem dos Pregadores nomeou Tomás para ser o regente mestre da Universidade de Paris pela segunda vez, uma posição que ele manteve até a primavera de 1272. Parte da razão para esta súbita transferência parece ter sido a ascensão do "averroísmo", conhecido também como "aristotelismo radical", nas universidades. Como resposta a estes aparentes malefícios, Tomás escreveu duas obras. Na primeira, "Sobre a Unidade do Intelecto, Contra os Averroístas" ("De unitate intellectus, contra Averroistas"), ele ataca o averroísmo como sendo incompatível com a doutrina cristã.[46] Foi durante a segunda regência que Aquino terminou a segunda parte da "Suma" e escreveu "Dos Virtuosos" ("De virtutibus") e "Da Eternidade do Mundo" ("De aeternitate mundi"),[42] esta tratando do controverso conceito aristotélico e averroísta sobre a "falta de começo" do mundo.[47]

Diversas controvérsias com alguns importantesfranciscanos, comoBoaventura e João Peckham, ajudaram a tornar a segunda regência muito mais difícil e conturbada que a primeira. Um ano antes de tomar posse novamente, nos debates de 1266-67 em Paris, o mestre franciscano Guilherme de Baglione acusou Tomás de encorajar os averroístas, chamando-o de"líder cego dos cegos". Tomás chamou-os de"murmurantes" ("resmungões").[47] Na realidade, ele ficou profundamente perturbado pela disseminação do averroísmo e se enfureceu quando soube que Siger de Brabante estava ensinando interpretações averroístas de Aristóteles aos seus alunos em Paris.[48]

Em 10 de dezembro de 1270 obispo de Paris, Etienne Tempier, publicou um édito condenando treze proposições aristotélicas e averroístas como sendoheréticas eexcomungou os que continuavam a defendê-las.[49] Muitos na comunidade eclesiástica, os chamados "agostinianos", temiam que a introdução do aristotelismo e sua versão mais extrema, o averroísmo, pudesse de alguma forma contaminar a pureza da fé cristã. No que parece ter sido uma tentativa de conter o temor contra o pensamento aristotélico, Tomás conduziu uma série de debates entre 1270 e 1272, reunidos em "Sobre as Virtudes em Geral" ("De virtutibus in communi", "Sobre as Virtudes Cardinais" ("De virtutibus cardinalibus") e "Sobre a Esperança" ("De spe").

Últimos anos (1272-1274)

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Em 1272, Tomás pediu licença da Universidade de Paris quando os dominicanos de sua província natal o convocaram para fundar umstudium general onde quisesse, com liberdade para empregar nele quem desejasse. Aquino escolheu Nápoles e se mudou para lá para assumir o posto de regente mestre.[42] Ele aproveitou esta temporada ali para trabalhar na terceira parte da "Suma" enquanto dava aulas sobre vários tópicos religiosos. Em 6 de dezembro de 1273, Tomás se demorou um pouco mais na Capela de São Nicolau do convento dominicano de Nápoles e foi visto pelosacristão Domenic de Casertalevitando aos prantos emoração diante de umícone deCristo crucificado. Segundo o relato,Cristo perguntou:"Escrevestes bem sobre mim, Tomás. Que recompensa esperas pelo teu trabalho?" A resposta foi:"Nada além de ti, Senhor".[50][51] Depois desta conversa, algo mudou, mas Aquino jamais falou ou escreveu sobre o tema. Depois de ver o que viu, ele abandonou sua rotina e parou de ditar para seu secretário,Reginaldo de Piperno. Quando este implorou-lhe que voltasse ao trabalho, Tomás lhe disse:"Reginaldo, não posso, pois tudo o que escrevi não passa de uma palha para mim"[52] ("mihi videtur ut palea").[53] Seja o que for que tenha despertado a mudança no comportamento de Tomás de Aquino, os católicos acreditam que foi alguma espécie de experiência sobrenatural deDeus.[54] O filósofo Harry J. Gensler acredita que ele possa ter tido umaexperiência de quase-morte.[55]

Anos antes, em 1054, oGrande Cisma dividiu a Igreja entre aIgreja Latina, sob a liderança dopapa (posteriormente conhecida comoIgreja Católica Romana), no ocidente e os quatropatriarcados do oriente (conhecidos coletivamente comoIgreja Ortodoxa). Numa tentativa de reunir as duas partes, opapa Gregório X convocou oSegundo Concílio de Lyon em 1 de maio de 1274 e ordenou que Tomás comparecesse[56] para apresentar sua obra "Contra os Erros dos Gregos" ("Contra Errores Graecorum").[57] A caminho do concílio, montado num burro enquanto viajava pelaVia Ápia,[56] bateu a cabeça num galho de uma árvore tombada, ficou seriamente ferido e foi levado às pressas paraMonte Cassino para se recuperar.[58] Depois de descansar por um tempo, tentou novamente seguir viagem, mas teve que parar, doente novamente, naabadiacisterciense deFossanova.[59] Osmonges tentaram ajudá-lo por diversos dias, mas ele não resistiu. Quando recebeu suaextrema unção, as últimas palavras de Aquino foram:

Eu te recebo, Resgate pela minha alma. Pelo teu amor estudei e me mantive vigilante, trabalhei, preguei e ensinei..."
 
Tomás de Aquino[60].

São Tomás de Aquino morreu em 7 de março de 1274[59] enquanto ditava seus comentários sobre oCântico dos Cânticos.[61]

Filosofia

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Tomás era um teólogo e filósofoescolástico.[62] Porém, ele jamais se considerou filósofo e os criticava por acreditar que eram pagãos que estavam sempre"aquém da verdadeira e correta sabedoria encontrada na revelação cristã".[63]

Mesmo assim, ele tinha muito respeito porAristóteles, tanto que, na "Suma", geralmente cita-o simplesmente como "o Filósofo". Boa parte desta obra trata de tópicos filosóficos e, neste sentido, pode ser considerada filosófica. Considerado um dos pais da igreja,[64] o pensamento de Tomás exerceu uma enorme influência sobre a teologia cristã subsequente, especialmente a daIgreja Católica, mas também para toda a filosofia e cultura ocidental[65] em geral.

Segundo a filosofia de Tomás de Aquino, o homem não vive por acaso, a vida humana tem um propósito que é afelicidade, porém o homem precisa conhecer os meios adequados para a sua posse. A felicidade para ele parte do princípio de que as riquezas materiais seriam a falsa noção da felicidade, pois a riqueza não tem consciência existencial em si mesma, e a razão de ser está fora dela mesma. O estado da felicidade parte do estado de espírito em que o homem se encontra. O indivíduo tem que conhecer seu eu interior antes de partir em busca dos meios adequados para a posse da mesma. Contudo, deve-se considerar que o estado da felicidade não é eterno, e uma vez encontrada, nada impede de se perdê-la, para assim então iniciar-se uma nova busca até o fim da vida humana.

Em todo momento o homem busca a felicidade, e muitos ligam a felicidade à posse de bem materiais, mas para Tomás de Aquino a ideia de felicidade vai muito além disso. Ela é o guia necessário para a vida (alma) do homem. Na vida corriqueira, com o stress do dia a dia, o homem acaba abrindo mãos dos pequenos detalhes que possivelmente trariam a felicidade, em busca da materialização para supri-la.[66]

Comentários sobre Aristóteles

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Escultura de São Tomas de Aquino.
Super libros de generatione et corruptione.

Aquino escreveu diversos comentários importantes sobre as obras de Aristóteles, incluindo "Da Alma", "Ética a Nicômaco" e "Metafísica". Estes trabalhos estão associados com as traduções para olatim feitas por William de Moerbeke.

Ele quis organizar os argumentos e elementos racionais da filosofia Aristotélica para defender as verdades cristãs. Seu principal objetivo nesse aspecto foi o de não contrariar a fé.

Através das traduções de textos de Aristóteles feitas pelos filósofos da idade média, inclusive o árabe "Averróis", Tomás transforma parte do pensamento aristotélico em ferramenta argumentativa para expandir seu pensamento e empreender uma sistematização da doutrina cristã. Embora haja em sua filosofia pontos que não são pensamentos aristotélicos, tal qual a ideia de um Deus único que o vir-a-ser, não é autodeterminação, mas precede de Deus.

Aquino introduziu uma distinção entre o ser e a essência. Dividiu a metafísica em Essência do Ser geral e Essência do Ser pleno que é Deus. Também definiu seu conceito de "Metafísica" — segundo ele uma tríplice: Metafísica enquanto ciência do ente, ciência divina e "filosofia". Enquanto a primeira investiga as primeiras causas, a "Metafísica" tomista leva o homem inevitavelmente a "Deus", por meio de um caminho racional, coerente e demonstrável.

O Ser é diferente da essência, pois as criaturas são seres não necessários. É Deus que permite às essências realizarem-se em entes, em seres existentes. Que existe como fundamento da realidade das outras essências que, uma vez existentes participam de seu Ser. Deus é ato puro, não há o que se realizar ou se atualizar em Deus, pois ele é completo. ' '"Deus é o Ser"' ', diz Tomás de Aquino, Deus é o ser que existe como fundamento da realidade das outras essências que, uma vez existentes participam de seu Ser. A filosofia de Aristóteles não fala sobre um Deus criador, como o compreendemos, tirando o mundo do nada, nem fala da questão sobre a providência divina, Deus para Aristóteles não conhece o mundo, não o dirige de nenhum modo. Mas o argumento usado por Tomás de Aquino, usando o princípio da lógica aristotélica, diz que é indispensável a existência de umMotor imóvelprimordial responsável por impulsionar a alvorada da criação, assim sendo, Deus se faz necessário.[67]

O filósofo sempre procurou conciliar fé e razão em seus escritos, valendo-se, várias vezes, de ensinamentos de Aristóteles e de Santo Agostinho, para afirmar que a graça e a fé não suprimem a natureza racional do homem, senão antes a supõe e a aperfeiçoa e, a partir disso, também sustentar que é possível a conciliação de filosofia (ratio, razão) e teologia (fides, fé), na medida em que para Aquino, a filosofia é serva da teologia:philosophia ancilla theologiae est

Aristóteles foi a figura que mais influenciou no pensamento de Santo Tomás de Aquino, ele afirmava que o universo sempre existiu e que permanecia em movimento e mudanças constantes. Alguns pensadores cristãos, baseando-se na Bíblia diziam que o universo tinha um início e que havia sido criado por Deus, discordando assim da concepção de Aristóteles. Apesar de defender as ideias de Aristóteles, ele discordava do fato do mesmo afirmar que o universo era eterno, porque a fé cristã dizia ao contrário.[68][69]

Tomás de Aquino.

Epistemologia

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Ver artigo principal:Dupla verdade

Aquino acreditava"que para o conhecimento de qualquer verdade, o homem precisa da ajuda divina; que o intelecto pode ser movido por Deus a agir".[70] Porém, ele acreditava também que os seres humanos tinham a capacidade natural de conhecer muitas coisas sem nenhumarevelação divina especial, apesar de revelações ocorrerem de quando em quando"especialmente em relação àquelas [verdades] pertinentes à fé".[71] Mas esta é a luz dada ao homem por Deus na proporção da natureza humana:"Agora todas as formas concedidas às coisas criadas por Deus tem poder para determinadas ações, que podem realizar na medida de sua própria dotação; e além disto, são impotentes, exceto por meio de uma forma adicionada, como água que só esquenta quando aquecida pelo fogo. E assim a compreensão humana tem uma forma,viz. luz inteligível, que, por si só, é suficiente para conhecer certas coisas inteligíveis, viz. as que se pode aprender através dossentidos".[71]

Ética

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A ética de Tomás de Aquino se baseia no conceito dos "princípios primeiros da ação".[72] Na "Suma", ele escreveu:

Virtude denota uma certa perfeição de um poder. Agora a perfeição de algo é considerada principalmente em relação à sua finalidade. Mas a finalidade do poder é ato. Por isso diz-se que um poder é perfeito na medida que é determinante para seu ato
 
Suma Teológica, Tomás de Aquino[73].

Mais adiante, ele completa:

Diz-se que a sinderese é a lei de nossa mente, pois trata-se do hábito que contém os preceitos da lei natural, que são os princípios primeiros das ações humanas
 
Suma Teológica, Tomás de Aquino[74][75].
São Tomás de Aquino.
c. 1395. PorFra Angelico, atualmente na Collezione Vittorio Cini, emVeneza.

De acordo com ele,"…todos os atos da virtude são prescritos pela lei natural: como a razão de cada um naturalmente dita que ele aja virtuosamente. Mas se falarmos de atos virtuosos considerados em si mesmos, ou seja, em suas próprias espécies, segue que nem todos os atos virtuosos são prescritos pela lei natural: pois muitas coisas são realizadas virtuosamente, mas cuja natureza não se inclinava para inicialmente; mas que, pelo inquérito da razão, foram percebidas pelos homens como condutivas ao bem estar". A conclusão é que é necessário determinar se estamos falando de atos virtuosos sob o aspecto das virtudes ou como um ato per se, em sua própria espécie.[76]

Tomás definiu as quatrovirtudes cardinais como sendoprudência,temperança,justiça ecoragem (ou "fortaleza"). Segundo ele, elas são naturais, reveladas na natureza e inerentes a todos. Há, porém, trêsvirtudes teológicas:,esperança ecaridade. Estas, por outro lado, são algo sobrenaturais e distintas das demais em seu objeto:Deus. Segundo o próprio Aquino:

Agora o objeto das virtudes teológicas é o próprio Deus, que é a última finalidade de tudo e acima do conhecimento da nossa razão. Por outro lado, o objeto das virtudes morais e intelectuais é algo compreensível à razão humana. Por isso, as virtudes teológicas são especificamente distintas das virtudes morais e intelectuais
 
Suma Teológica, Tomás de Aquino[77].

Avançando o raciocínio, Tomás distingue quatro tipos de lei que governam os atos humanos: eterna,natural, humana edivina. "Lei eterna" é o decreto divino que governa toda criação, a"lei que é a Razão Suprema e não pode ser compreendida senão como algo imutável e eterno".[78] "Lei natural" é a "participação" humana na "lei eterna" descoberta pelarazão[79] e baseada nos "princípios primeiros":"…este é o primeiro preceito da lei, que o bem deve ser feito e promovido e o mal, evitado. Todos os demais preceitos da lei natural se baseiam neste…".[80] Se a lei natural contém vários preceitos ou apenas este, o próprio Aquino esclarece:"todas as inclinações de quaisquer partes da natureza humana, como por exemplo as partesconcupiscentes eirascíveis, na medida em que são governadas pela razão, pertencem à lei natural e se reduzem ao primeiro preceito, como afirmando acima: pois os preceitos da lei natural são muitos em si próprios, mas são todos baseados numa fundação comum".[81]

O desejo de viver e procriar são considerados por Tomás entre os valores básicos (naturais) do homem, sobre os quais todos os demais valores humanos estão baseados. De acordo com Tomás, todas as tendências humanas estão aparelhadas o "bem" real humano. E no caso destes dois desejos, a natureza humana em questão é omatrimônio, o presente completo de uma pessoa a outra que assegura uma família às crianças e um futuro à humanidade.[82] Para os cristãos, Tomás definia que o amor era"desejar o 'bem' de outro".[83]

Sobre a "lei humana", Aquino conclui"…que, assim como no caso da razão especulativa, na qual tiramos conclusões em várias ciências a partir de princípios não demonstráveis e naturalmente conhecidos, conclusões estas não comunicadas a nós pela natureza, mas adquiridas pelos esforços da razão, é assim também com os preceitos da lei natural, pois a partir de princípios gerais e indemonstráveis, a razão humana precisa avançar para uma determinação mais precisa de certos assuntos. Estas determinações particulares, criadas pela razão humana, são chamadas de leis humanas desde que as outras condições essenciais da lei sejam observadas…", ou seja, a "lei humana" é alei positiva, a lei natural aplicada pelos governos às sociedades.[84]

Leis naturais e humanas não são adequadas sozinhas. A necessidade humana de que seu comportamento seja dirigido fez necessária a existência da "lei divina", que é a lei especificamente revelada nasEscrituras. Segundo Aquino,"Oapóstolo diz:«Pois mudado que seja o sacerdócio, é necessário que se faça também mudança da Lei.» (Hebreus 7:12) Mas o sacerdócio tem duas facetas, como afirmado na própria passagem,viz., ossacerdócio levita e o sacerdócio de Cristo. Portanto, a lei divina tem também duas facetas, aAntiga Lei e aNova Lei".[85]

Aquino se refere aos animais como estúpidos e que a ordem natural declarou que eles foram criados para uso humano. Ele negava que os homens tinham qualquer dever de caridade para com os animais por não serem eles "pessoas". Se não fosse assim, seria ilegal utilizá-los como fonte de alimento. Porém, este racional não dava aos homens permissão para serem cruéis com eles, pois"hábitos cruéis podem transbordar para o nosso tratamento dos seres humanos".[86][87]

Ainda tratando de ética e justiça, Aquino deu grandes contribuições para o pensamento econômico medieval. Ele tratou do conceito de preço justo, normalmente o preço de mercado ou o regulamentado e suficiente para cobrir o custo de produção do vendedor. Ele argumentava que era imoral para os vendedores aumentarem os preços simplesmente por que os compradores estavam em algum momento precisando demais do produto.[88][89]

Direito

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São Tomás de Aquino entende a lei como “uma ordenação da razão no sentido do bem comum, promulgada por quem dirige a comunidade”. É a partir desse conceito de “comunidade” que a filosofia jurídico-tomista se desenvolve (análoga a bilateralidade sustentada porAristóteles) e que o fradedominicano diferenciou diversas manifestas delex. No campo mais alto estaria alex aeterna, a razão divina que governa todo o universo, sendo o fim deste. A forma revelada dela através da iluminação (conceito platônico aprofundado pela escola agostiniana) seria alex divina, dada por Deus, como seria o caso das escrituras presentes na Bíblia. A participação do homem sob a lexaeterna, a partir de sua razão fornecida pelo Criador, seria o elemento fundante dalex naturalis, uma lei onde o homem é capaz de ter conhecimento do que deve ser feito a partir de um fator inerente a ele (recta ratio). Há ainda alex humana que deriva-se da lei natural a partir da criação humana, seja de forma dedutiva ou por determinação de uma autoridade humana, a partir da tentativa de trazer alex naturalis para um caso concreto. Tal concepção jurídica, portanto, consiste em uma forma de corrente, onde um elo leva, necessariamente, ao outro. A grande diferenciação entre a concepção jurídica medieval e a antiga está justamente na relação do Direito e da Moral: Na Antiguidade, o direito se legitimava pela moral; Na Idade Média, a moral se justifica por assumir características jurídicas, fruto da interiorização do direito vindo do Legislador supremo (Deus).[90]

Teologia

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Tomás via ateologia (a "doutrina sagrada") como uma ciência[54] cuja matéria-prima eram asEscrituras e atradição daIgreja Católica. Estas fontes, por sua vez, seriam, segundo ele, produtos daautorrevelação de Deus a indivíduos ou grupos de indivíduos através da história. Finalmente, erazão, distintas e relacionadas, seriam as duas ferramentas primárias para processar os dados teológicos. Ele acreditava que ambas eram necessárias- ou, melhor, que a "confluência" de ambas era necessária — para obter-se o verdadeiro conhecimento de Deus. O objetivo final da teologia, para Tomás, era utilizar a razão para perceber a verdade sobre Deus e experimentar a salvação através desta verdade.

Revelação

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Aquino acreditava que a verdade é conhecida pela razão ("revelação natural") e pela fé ("revelação sobrenatural"). Esta tem sua origem na inspiração peloEspírito Santo e está disponível através do ensinamento dos profetas, reunidos nas Escrituras e transmitidos pelomagisterium, coletivamente chamado de "tradição". Já a revelação natural é a verdade disponível a todos através da natureza humana e dos poderes da razão, por exemplo aplicando métodos racionais para perceber a existência de Deus.

Assim, apesar de se poder deduzir a existência e os atributos de Deus através da razão, certas especificidades só podem ser conhecidas através da revelação especial de Deus emJesus Cristo. Os principais componentes teológicos do cristianismo, como aTrindade e aEncarnação, são revelados nos ensinamentos da Igreja e nas Escrituras; não podem, portanto, ser deduzidos pela razão humana.

Criação

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Super Physicam Aristotelis, 1595

Como católico, Aquino acreditava que Deus é o"criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis"; como Aristóteles, defendia que a vida poderia se formar a partir de matéria não viva ou de plantas, uma forma deabiogênese conhecida como "geração espontânea":

Como a geração de uma coisa é a corrupção de outra, não é incompatível com a primeira a formação de coisas; que, da corrupção do menos perfeito, o mais perfeito deva ser gerado. Assim, animais gerados da corrupção de coisas inanimadas ou de plantas possam então ser gerados.
 
Suma Teológica, Tomás de Aquino[91].

Além disso, Tomás defendia — em seu comentário sobre a "Física", de Aristóteles — a teoria deEmpédocles de que várias mutações das espécies emergiram ainda durante a Criação. Ele argumenta que estas espécies foram geradas através de mutações noesperma animal de forma não esperada pela natureza. Para estas espécies, simplesmente não havia intenção de que tivessem existência perpétua:

O mesmo vale para aquelas substâncias que Empédocles afirma terem sido produzidas no começo do mundo, como a "descendência do touro", ou seja, meio-homem e meio-touros. Pois se tais coisas não conseguiram encontrar algum objetivo e um estado natural final para que pudessem ter sua existência preservada, não foi por que a natureza assim não quis [um estado final], mas por que eles não conseguiram ser preservados. Pois não foram gerados de acordo com a natureza, mas pela corrupção de algum princípio natural, como ainda hoje ocorre quando filhos monstruosos são gerados pela corrupção dasemente
 
Comentário sobre a Física, Tomás de Aquino[92].

Guerra justa

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Ver artigo principal:Guerra justa

Santo Agostinho concordava fortemente com o senso comum de sua época, de que os cristãos deveriam ser pacifistas filosoficamente, mas que deviam utilizar a força como meio de preservar a paz no longo prazo. Ele argumentou muitas vezes que opacifismo não era contrário à defesa dos inocentes ou à autodefesa, por exemplo. Resumidamente, Agostinho acreditava que, para a preservação da paz no longo prazo, o uso justificado da força poderia ser necessário,[93] mas estabelecia limites para isso, exigindo, por exemplo, que as guerras com esta finalidade deveriam ser defensivas e ter a restauração da paz (e não a conquista de vantagens) como objetivo.[94]

Aquino, séculos depois, aproveitou-se da autoridade dos argumentos de Agostinho quando tentou definir as condições para que uma guerra fosse considerada justa,[95] resumidos na "Suma":

  • Primeiro, a guerra deve ocorrer por uma causa boa e justa e nunca pela busca de riqueza ou poder.
  • Segundo, a guerra justa deve ser declarada por uma autoridade legalmente instituída, como um estado.
  • Terceiro, a paz deve ser a motivação central em meio à violência decorrente.[96]

Direito de Resistência

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Ver artigo principal:Direito de resistência

Segundo São Tomás de Aquino, aqueles que resistem a um governo tirânico em nome do bem comum não podem ser chamados de sediciosos, pois quando há um governo tirânico, o verdadeiro sedicioso é o próprio tirano que, quando governa em proveito próprio em detrimento dos interesses do povo, nutre discórdias contra si.[97]

Natureza de Deus

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Parte de uma série sobre
São Tomás de Aquino

Portal da Filosofia

Portal do Catolicismo
Para uma análise detalhada das cinco provas :Existência de Deus

Aquino acreditava que aexistência de Deus era auto-evidente, mas não era evidente para os homens."Portanto, digo que esta proposição, 'Deus existe', em si mesma, é auto-evidente, pois opredicado é o mesmo que osujeito… Agora, como não conhecemos a essência de Deus, a proposição não é auto-evidente para nós e precisa ser demonstrada por coisas que são-nos mais conhecidas, apesar de menos conhecidas em sua própria natureza — nomeadamente, pelos efeitos".[98]

Ele acreditava também que se poderia demonstrar a existência de Deus. De forma breve na "Suma Teológica" e mais extensivamente na "Suma contra os Gentios", Aquino considera em detalhes seus cinco argumentos para a existência de Deus, amplamente conhecidos como"quinque viae" ("cinco vias"):

  • Movimento: algumas coisas indubitavelmente mudam sem serem capazes de provocar seu próprio movimento. Como, segundo o racional de Tomás, não pode haver uma cadeia infinita de causas para um movimento, decorre que deve existir um "Primeiro Movimentador", não movido por nada anterior e este seria o que todos entendem como sendo "Deus".
  • Causa: como no caso do movimento, nada é causa de si próprio e uma cadeia causal infinita seria impossível, deve haver uma "Primeira Causa", conhecida por "Deus". Aquino neste caso baseia-se nas assertivas de Aristóteles sobre os princípios do ser. O conceito de Deus comoprima causa ("causa primeira") deriva do conceito aristotélico do "movedor imovível".[99]
  • Existência do necessário e do desnecessário: nossa experiência inclui coisas que certamente existem, mas que são, aparentemente, desnecessárias. Porém, não é possível que tudo seja desnecessário, pois então, quando nada houver [que seja necessário], nada existiria. Portanto, somos compelidos a supor que existe algo que existe "necessariamente", cuja necessidade deriva de si próprio; na realidade, ele próprio seria a necessidade para que tudo o mais existisse. Este seria Deus.
  • Gradação: se podemos perceber uma gradação nas coisas no sentido de que algumas são mais quentes, boas, etc., deve haver umsuperlativo que é a coisa mais verdadeira e nobre e, portanto, a que "existe mais completamente". Esta, então, seria Deus.
  • Tendências ordenadas da natureza: uma direção para as ações em direção a uma finalidade se percebe em todos os corpos governados pela lei natural. As coisas sem consciência tendem a ser guiadas pelos que a tem. A isto chamamos "Deus".[100]

Sobre a natureza de Deus, Aquino acreditava que a melhor abordagem, geralmente chamada devia negativa emlatim, é considerar o que Deus "não é". Seguindo assim, ele propôs cinco expressões sobre as qualidades divinas:

  • Deus é simples, sem composição de partes — como "corpo" e "alma" ou "matéria" e "forma".[101]
  • Deus é perfeito, nada Lhe-falta. Ou seja, Deus é diferente dos demais seres por Sua completa realização.[102] Tomás definiu Deus como"Ipse Actus Essendi subsistens" ("subsistente ato de ser").[103]
  • Deus é infinito. Ou seja, Deus não finito no sentido que os seres criados são física, intelectual e emocionalmente limitados. Esta infinidade deve ser diferenciada da simples infinidade de tamanho ou número.[104]
  • Deus é imutável, não passível de mudanças de caráter ou essência.[105]
  • Deus é uno, sem diversificação em si próprio. A unidade de Deus é tal que Sua essência é idêntica à Sua existência. Nas palavras de Tomás,"em si mesma, a proposição 'Deus existe' énecessariamente verdadeira, pois, nela, sujeito e predicado são o mesmo".[106]

Natureza de Jesus

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Antiga sede daPontifícia Universidade Santo Tomás de Aquino (Angelicum), uma das mais prestigiosas universidades emRoma.

Na "Suma Teológica", Tomás começa sua discussão sobreJesus Cristo relembrado a histórica bíblica deAdão e Eva e descrevendo os efeitos negativos dopecado original. A partir daí, ele desenvolve seu argumento de que o objetivo daEncarnação era restaurar a natureza humana, removendo a"contaminação pelo pecado", algo que os humanos são incapazes de realizar por si mesmos."A Sabedoria Divina julgou apropriado que Deus tornar-se-ia humano para que, assim, Este pudesse restaurar o homem e dar uma satisfação".[107] Tomás argumentou a favor davisão da satisfação da expiação, ou seja, queJesus morreu"para dar satisfação por toda a raça humana, que foi sentenciada a morrer por causa do pecado".[108]

Aquino argumentou contra diversos teólogos que defendiam pontos de vista diferentes sobre Jesus. Em resposta aPlotino, afirmou que Jesus era verdadeiramente divino e não um simples ser humano. ContraNestório, que sugeriu que oFilho de Deus estaria meramente conjuminado com o Cristo homem, defendeu que a completude de Deus era parte integral da existência de Cristo. Contra-atacou as visões deApolinário defendendo que Cristo tinha umaalma verdadeiramente humana (racional, portanto) e a dualidade de naturezas de Cristo (a humana e a divina). ContraEutiques, afirmou que está dualidade permaneceu mesmo depois da Encarnação e, contra os ensinamentos deManiqueu eValentim, que as duas naturezas existiam simultaneamente e separadamente num único corpo humano real.[109]

Resumindo,"Cristo tinha um 'corpo real' da mesma natureza que o nosso, uma 'verdadeira alma racional' e, além disso, a 'divindade perfeita'":[110][111]

Respondo que, a pessoa ouhipóstase de Cristo pode ser vista de duas formas. Primeiro como ela por si mesma e, assim, de todo simples, mesmo como a natureza doVerbo. Segundo, no aspeto da pessoa ou hipóstase a quem ela subsiste através de uma natureza; e, assim, a Pessoa de Cristo subsiste em duas naturezas. Assim, embora haja um ser subsistindo N'ele, há diferentes aspectos de subsistência presentes, motivo pelo qual diz que ele é uma pessoa composta, um ser subsistindo em dois.

EcoandoAtanásio de Alexandria, Aquino afirmou que"O Unigênito Filho de Deus…assumiu nossa natureza para que, feito homem, pudesse fazer dos homens deuses".[112]

Objetivo da vida humana

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Aquino identificou que a razão da existência humana seria a união e amizade eterna com Deus, um objetivo alcançado através da visão beatífica, na qual uma pessoa experimenta a felicidade perfeita e sem fim ao presenciar a essência de Deus. Ela ocorre depois da morte como presente de Deus aos que na vida experimentaram asalvação e aredenção através de Cristo.[113]

O objetivo da união com Deus tem implicações para a vida das pessoas na terra. Segundo Tomás, avontade dos indivíduos deve ser dirigida às coisas corretas, como caridade, paz e santidade. Ele via nesta orientação como um caminho para a felicidade e estruturou suas ideias sobre a vida moral à volta desta crença. A relação entre a vontade e o objetivo da vida é antecedente na natureza"por que a retidão da vontade consiste em ser obedientemente dirigida ao objetivo final [a visão beatífica]". Os que buscam verdadeiramente entender e ver Deus irão necessariamente amar o que Ele ama, um amor que requer moralidade e aparece nas escolhas cotidianas dos homens.[113]

Tratamento dispensado aos heréticos

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Aquino era umdominicano, ou seja, um membro daOrdem dos Pregadores (Ordo Praedicatorum) cujo objetivo inicial era a conversão dosalbigenses e de outras facções heterodoxas de forma pacífica num primeiro momento, mas que logo degeneraria na violentaCruzada Albigense. Na "Suma Teológica", escreveu:

Sobre os heréticos, dois pontos precisam ser observados: um do lado deles e outro, no da Igreja. Do lado deles há o pecado, pelo qual eles merecem não apenas serem separados da Igreja pelaexcomunhão, mas também separados do mundo pela morte. Pois é um problema muito mais grave corromper a fé que alimenta a alma do que forjar dinheiro, que sustenta a vida temporal. De onde se conclui que se os falsificadores de dinheiro e outros malfeitores são condenados à morte por isso pelas autoridades seculares, há muito mais motivos para os heréticos, tão logo sejam condenados por heresia, sejam não apenas excomungados, mas executados.
Da parte da Igreja, porém, há misericórdia, que procura a conversão dos desgarrados, e por isso ela não condena imediatamente, mas "depois da primeira e segunda admoestação", como ensinouo Apóstolo: depois disso, se persistir na teimosia, a Igreja, sem esperança de conversão, procura pela salvação dos demais excomungando-o e separando-o da Igreja; além disso, entrega-o ao tribunal secular para ser exterminado assim deste mundo pela morte.
 
Suma Teológica, Tomás de Aquino[114].

Roubo simples, falsificação, fraude e outros crimes similares eram também ofensas passíveis de morte na época; o ponto de Aquino é que a gravidade da heresia, que trata não apenas de bens materiais, mas também dos espirituais de outros, é pelo menos tão grave quanto falsificação. A sugestão dele exige, porém, que os heréticos sejam entregues a um "tribunal secular" ao invés da autoridademagisterial. Além disso, a ideia de que os heréticos merecem a morte está relacionada à teologia de Aquino, segundo a qual os pecadores não têm um direito intrínseco à vida,"pois o pagamento do pecado é a morte; mas o presente grátis de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor"[115]). Seja como for, seu ponto é claro: heréticos devem ser executados pelo estado. Ele elabora ainda mais o tema no artigo seguinte quando diz:

No tribunal de Deus, aqueles que retornam são sempre recebidos, pois Deus é um examinador de corações e conhece os que retornam com sinceridade. Mas a Igreja não pode imitar Deus nisso, pois ela presume que os que recaem depois de terem sido recebidos uma vez não são sinceros em seu retorno; daí ela não pode excluí-los do caminho da salvação, mas não pode também protegê-los da sentença de morte.
 
Suma Teológica, Tomás de Aquino[116].

Vida depois da morte e ressurreição

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Alguma compreensão sobre o estado psicológico de Tomás de Aquino é fundamental para compreender suas crenças sobre avida após a morte e aressurreição. Seguindo a doutrina da Igreja, ele aceita que aalma continue existindo depois da morte do corpo. Como ele aceita também que ela é a forma do corpo, Aquino defende que o ser humano, assim como todas as coisas materiais, é um composto de "forma" e "matéria", uma versão dohilemorfismoaristotélico. A forma substancial (a alma humana) configura (define) a matéria-prima (o corpo) e é assim que um composto material se enquadra numa determinada espécie; no caso dos homens, a do "animal racional".[117] Portanto, o ser humano seria um composto de forma-matéria organizado para ser um animal racional. A matéria não pode existir sem ser configurado por uma forma, mas esta pode existir sem a matéria, o que abre espaço para a crença da separação da alma do corpo. Aquino afirma que a alma coexiste nos mundos material e espiritual e, portanto, tem algumas caraterísticas materiais e outras imateriais (como o acesso aos universais).

Finalmente, Aquino rejeitava a ideia de que aressurreição necessite de alguma forma de dualismo (entre corpo e alma como distintos), defendendo que alma (parte do composto forma-matéria) persistia depois da morte e à corrupção do corpo, sendo capaz de existência autônoma no período entre a morte e a ressurreição. Ele sabe que os seres humanos são essencialmente físicos, mas que está "fisicalidade" tem um espírito capaz de retornar a Deus depois da vida.[118] Para ele, as recompensas e punições da vida depois da morte não são "apenas" espirituais. Por isso, a ressurreição é uma parte importante de sua filosofia sobre a alma. O homem é realizado e completo no corpo físico e, portanto, a vida eterna deve contar com almas materializadas em corpos ressuscitados. Além da recompensa espiritual, os homens podem então esperar o gozo de bênçãos materiais e físicas.[118]

Aquino afirma claramente sua posição sobre a ressurreição e a utiliza para defender sua filosofia da justiça: a promessa da ressurreição compensa os cristãos que sofreram neste mundo através de uma união celeste com o divino. Em suas palavras,"se não háressurreição dos mortos, segue que não há nada de bom para os seres humanos fora desta vida".[119] Assim, a esperança da ressurreição seria responsável pelo ímpeto para as pessoas na terra abrirem mão de prazeres nesta vida; aqueles que se prepararam para a vida depois da morte, moral e intelectualmente, receberão recompensas ainda maiores pelagraça divina. Aquino insiste que abeatitude será conferida por mérito e irá tornar as pessoas mais capazes de conceber o divino. Na mesma linha, a punição também está diretamente relacionada com esta preparação e as ações na terra.[119]

Obras

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Manuscrito daSuma Teológica, a principal obra de Tomás de Aquino.

A lista completa de obras de Tomás de Aquino (ou atribuídas a ele) é a seguinte:

Opera maiora ("Obras maiores")
Quaestiones ("Questões")
  • Quaestiones disputatae;
  • Quaestiones de quolibet.
Opuscula ("Obras menores")
  • Opuscula philosophica;
  • Opuscula theologica;
  • Opuscula polemica pro mendicantibus;
  • Censurae;
  • Rescripta;
  • Responsiones.
Commentaria ("Comentários")
  • In Aristotelem;
  • In neoplatonicos;
  • In Boethium.
Commentaria biblica ("Comentários bíblicos")
  • In Vetus Testamentum;
  • Commentaria cursoria;
  • In Novum Testamentum;
  • Catena aurea;
  • In epistolas S. Pauli.
Collationes et sermones ("Coleções e sermões")
  • Collationes;
  • Sermones.
Documenta ("Documentos")
  • Acta;
  • Opera collectiva;
  • Reportationes Alberti Magni super Dionysium.
Opera probabilia authenticitate ("Autoria provável")
  • Lectura romana in primum Sententiarum Petri Lombardi;
  • Quaestiones;
  • Opera liturgica;
  • Sermones;
  • Preces.
Opera dubia authenticitate ("Autoria duvidosa")
  • Quaestiones;
  • Opuscula philosophica;
  • Rescripta;
  • Opera liturgica;
  • Sermones;
  • Preces;
  • Opera collectiva;
  • Reportationes.
Opera aliqua false adscripta ("Falsa autoria" - atribuídas no passado)
  • Quaestiones disputatae;
  • Opuscula philosophica;
  • Opuscula theologica;
  • Rescripta;
  • Concordantiae;
  • Commentaria philosophica;
  • Commentaria theologica;
  • Commentaria biblica;
  • Sermones;
  • Opera liturgica;
  • Preces;
  • Carmina.

Mística

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Levitação

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Ver artigo principal:Santos e levitação

Por séculos persistem alegações recorrentes de que Tomás teria tido a habilidade delevitar. Por exemplo,G. K. Chesterton escreveu:"Suas experiências incluíram casos bem atestados de levitação emêxtase; e aVirgem Maria apareceu para ele, confortando-o com as boas novas de que ele jamais seriabispo".[120]

Críticas

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Condenação de 1277

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Em 1277, Étienne Tempier, o mesmo bispo de Paris que havia publicado o édito de condenação de 1270, publicou outro, mais amplo. Um dos objetivos desta vez era clarificar que o poder absoluto de Deus transcendia quaisquer princípios dalógica de Aristóteles ou deAverróis.[121] Mais especificamente, ele continha uma lista de 219 proposições que, segundo o bispo, violavam aonipotência de Deus, entre eles vinte proposições de Tomás de Aquino, o que prejudicou seriamente sua reputação por muitos anos.[122]

Críticas de filósofos

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Várias afirmações de Tomás foram tomadas por filósofos posteriores como abstratas e aporéticas. Com efeito, algumas das “provas da existência de Deus” elaboradas por Tomás acabaram sendo chamadas posteriormente de “Deus dos Filósofos”, termo que passou a ser usado para designar abstrações muito apartadas da realidade e da própria revelação.[123] Embora reconheça que outras contribuições tenham sido definitivas para o tema, o filósofoLorenz Puntel, cuja tese de doutorado foi dedicada a Tomás, assinala que as chamadas cinco vias constituem um enfoque superficial, periférico e totalmente inadequado.[123]

Bertrand Russell criticou a filosofia de Aquino por que:

Ele não persegue, como oplatónicoSócrates, o argumento até onde ele possa levar. Ele não se mostra engajado no inquérito, cujo resultado é impossível saber de antemão. Antes de começar a filosofar, ele já sabe a verdade; a que está declarada na fé católica. Se ele consegue encontrar argumentos aparentemente racionais para partes da fé, melhor; se não consegue, basta-lhe recuar para o uso da revelação. A busca por argumentos para uma conclusão dada de antemão não é filosofia e sim uma súplica especial. Não posso, portanto, concordar que ele mereça ser considerado no mesmo nível dos melhores filósofos, seja daGrécia ou de tempos modernos
 
Bertrand Russell,Uma História da Filosofia Ocidental[124].

Esta crítica pode ser ilustrada com alguns dos exemplos (todos com base no raciocínio de Russell):

  • Aquino defende a indissolubilidade do matrimônio"afirmando que o pai é útil para a educação das crianças, (a) por que é mais racional que a mãe, (b) por que, sendo mais forte, está melhor capacitado a infligir apunição corporal".[125] Independente da visão moderna sobre a educação,"nenhum seguidor de São Tomás de Aquino iria, com base neste relato, deixar de acreditar na monogamia perpétua só por que a motivação real desta crença não são as alegadas [por ele]".[125] Esta argumentação, porém, pode ser amenizada pelo fato de que o matrimônio, na "Suma", está no volume "suplementar", que não foi escrito por Aquino.[126] Além disso, comojá mencionado, a introdução dos conceitos pagãos de Aristóteles eAverróis no cristianismo por Aquino é de aceitação controversa.
  • A visão de Aquino sobre Deus como causa primeira, em acordo com suaquinque viae,"depende da suposta impossibilidade de uma série não ter um primeiro termo. Todo matemático sabe que não existe esta impossibilidade; a série deinteirosnegativos, que termina em -1, é uma ocorrência do contrário".[125]
  • As afirmações sobre a essência e a existência de Deus são fruto da lógica aristotélica e se baseiam em"alguma forma de confusão sintática, sem a qual muito da argumentação sobre Deus perderia sua plausibilidade".[125]

Influência

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Canonização

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Polegar de Santo Tomás de Aquino preservado numrelicário naBasílica de Sant'Eustorgio emMilão.

Quando oadvogado do diabo de seu processo decanonização argumentou que não haviammilagres em seu nome, um doscardeais respondeu:"Tot miraculis, quot articulis" ("Tantos milagres quanto artigos", uma referência à quantidade de artigos na "Suma Teológica", milhares).[127] Cinquenta anos depois de sua morte, em 18 de julho de 1323,João XII,papa em Avinhão, declarou Tomás de Aquinosanto.[128]

Num mosteiro de Nápoles, perto da catedral deSão Januário de Benevento, uma cela na qual São Tomás supostamente viveu ainda é visitada por peregrinos. Seus restos estão abrigados na Igreja dos Jacobinos emToulouse desde 28 de junho de 1369. Entre 1789, data daRevolução Francesa, e 1974, eles estiveram naBasilique de Saint-Sernin. Neste ano, foram devolvidos à Igreja dos Jacobinos onde estão até hoje.

Quando foi canonizado, a festa de São Tomás foi incorporada ao Calendário Geral Romano em 7 de março, o dia de sua morte. Como esta data geralmente cai naQuaresma, a festa foi modificada para 28 de janeiro, a data datranslação de suasrelíquias para Toulouse.[129][130]

Na "Divina Comédia",Dante coloca a alma glorificada de Tomás de Aquino no "céu do Sol" com outros grandes da sabedoria religiosa.[131] Ele afirma ainda que Tomás morreu envenenado por ordem deCarlos de Anjou,[132] uma versão citada por Villani (ix. 218) e descrita, inclusive o motivo, peloAnonimo Fiorentino. Porém, o historiadorLudovico Antonio Muratori reproduz o relato feito pelos amigos de Tomás e não encontrou traço algum de má fé.[133]

Tomás de Aquino sou; está-me vizinho / À destra deColônia o grandeAlberto / A quem de aluno e irmão devo o carinho. // Se do mais todos ser desejas certo, / Na santa c´roa atenta cuidadoso, / A tua vista a voz me siga perto.
 
Dante Alighieri,A Divina Comédia, Canto X, 97 – 102).

A teologia de Tomás de Aquino já havia começado a ganhar prestígio quando, dois séculos depois, em 1567,Pio V proclamou-o umDoutor da Igreja e colocou sua festa no mesmo nível da dos grandesPadres latinos:Ambrósio,Agostinho,Jerônimo eGregório. Porém, na mesma época, oConcílio de Trento buscava muito mais emDuns Escoto do que em Tomás argumentos em defesa da Igreja.[122][127]

Influência contemporânea

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Muitos estudiosos daética, dentro e fora daIgreja Católica (notavelmentePhilippa Foot eAlasdair MacIntyre), comentaram em tempos recentes sobre a possibilidade de utilizar a ética de virtude de Aquino como meio de evitar outilitarismo ou adeontologia deKant (o "senso do dever"). Pelas obras de filósofos do século XX comoElizabeth Anscombe (especialmente no livro"Intention"), oprincípio do duplo efeito de Aquino e sua teoria da atividadeintencional têm sido muito influentes.

As teoriasestéticas de Aquino, especialmente seu conceito declaritas, influenciaram profundamente a obra do autor modernistaJames Joyce, que costumava dizer que Aquino estava atrás apenas de Aristóteles entre os filósofos ocidentais. Ele fez referências ao pensamento de Aquino através da"Elementa philosophiae ad mentem D. Thomae Aquinatis doctoris angelici" (1898), de Girolamo Maria Mancini, professor de teologia no famosoCollegium Divi Thomae de Urbe,[134] como, por exemplo, em"Portrait of the Artist as a Young Man".[135]

As obras dosemiótico italianoUmberto Eco também foram influenciadas pela estética de Aquino, principalmente no ensaio que ele escreveu sobre Tomás de Aquino publicado em 1956 e republicado, revisado, em 1988.

Filósofos contemporâneos influenciados por Tomás

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Ver também

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Notas

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[a] ^ O títuloDoctor Communis é do século XIV;Doctor Angelicus, do século XV[136].Tolomeo da Lucca escreveu em sua "História Eclesiástica" (1317):"Este homem é supremo entre os modernos professores de teologia e filosofia e, na verdade, de todos os assuntos. E esta é a opinião e visão de todos, tanto que, atualmente, naUniversidade de Paris, chamam-no de 'Doctor Communis' por causa da extraordinária clareza de sua doutrina"[137].

Referências

  1. «Saint Thomas Aquinas».Saints (em inglês) 
  2. Conway, John Placid, O.P., Father (1911).Saint Thomas Aquinas (em inglês). Londres: [s.n.] 
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