Rosa Lúcia Benedetti Magalhães, mais conhecida comoRosa Magalhães,OMC (Rio de Janeiro,8 de janeiro de1947 – Rio de Janeiro,25 de julho de2024), foi uma professora, artista plástica, figurinista, cenógrafa e lendáriacarnavalescabrasileira. É a maior detentora de títulos na eraSambódromo, sendo campeã em 1982 (antes do Sambódromo), 1994, 1995, 1999, 2000, 2001 e 2013.
Filha do escritor e acadêmicoRaimundo Magalhães Júnior, integrante do júri do primeiro desfile das escolas de samba, em 1932, e imortal da Academia Brasileira de Letras, e da autora teatralLúcia Benedetti.
Formada em Pintura, pelaEscola Nacional de Belas Artes (ENBA, atual EBA-UFRJ)[1] e em Cenografia, pela Escola de Teatro da Uni-Rio, foi também professora de Cenografia e Indumentária na Escola de Belas Artes da UFRJ e da Faculdade de Arquitetura Benett.
Depois desenhou figurinos para aBeija-Flor e trabalhou naPortela onde, em dupla comLícia Lacerda, criou figurinos e alegorias para enredos desenvolvidos porHiram Araújo.
Em 1984, a dupla é responsável pelo carnaval daImperatriz Leopoldinense. Apesar da grande dificuldade financeira por que passava, a escola consegue se classificar em quatro lugar, empatada com o poderoso Salgueiro que festejava a volta de Arlindo Rodrigues. Por seu trabalho naquele ano, as duas receberiam oEstandarte de Ouro de personalidade. Nos anos de 1985 até 1987, ambas iriam fazer parte da comissão de carnaval da recém fundadaTradição, assinando desfiles juntamente com outros grandes nomes comoViriato Ferreira eMaria Augusta.[2] Em 1987, ainda juntas, Rosa e Lícia assumem aEstácio de Sá que obtém grande sucesso com seu enredo "Tititi do sapoti".
Ainda na Estácio, o ano de 1988 marca o primeiro carnaval exclusivo de Rosa Magalhães com o enredo "O boi da bode". No ano seguinte, ela assina outro enredo de sucesso na escola doMorro de São Carlos: "Um, dois, feijão com arroz". De volta ao Salgueiro em 1990, dessa vez como carnavalesca, arrebata dois ótimos resultados, o terceiro lugar com "Sou amigo do rei" e o vice-campeonato, em 1991, com "Me masso se não passo pela Rua do Ouvidor".
De 1992 a 2009 assumiu o carnaval da Imperatriz Leopoldinense onde ajudaria a escola a conquistar cinco de seus oito campeonatos, incluindo o primeiro tricampeonato da Era Sambódromo (1999, 2000 e 2001). Na Imperatriz Rosa realizaria carnavais inesquecíveis como "Marquês que é marquês do saçarico é freguês" (vice-campeã, 1993), "Catarina de Médicis na corte dos Tupinambôs e Tabajeres" (campeã, 1994), "Mais vale um jegue que me carregue que um camelo que me derrube, lá no Ceará" (bi-campeã, 1995), "Leopoldina, Imperatriz do Brasil" (vice-campeã, 1996), "Quem descobriu o Brasil, foi seu Cabral, no dia 22 de abril, dois meses depois do carnaval" (campeã, 2000) e "João e Marias" (6º lugar, 2008) entre tantos outros.
Consagrando-se como a maior campeã doSambódromo, com seis títulos conquistados, e uma das mais importantes artistas brasileiras contemporâneas. Sua saída da escola se deu sem muitas explicações, após 18 anos à frente dos desfiles da agremiação.
No ano de 2010, Rosa assumiu os barracões daUnião da Ilha do Governador, no Grupo Especial, e doImpério Serrano, na Série A. "Dom Quixote de La Mancha, o cavaleiro dos tempos impossíveis", enredo da tricolor insulana, alcançou o objetivo de permanência na Elite do Carnaval Carioca[3] ao ocupar o 11º lugar daquele ano. Já o Reizinho de Madureira, com o enredo "João das ruas do Rio", alcançou apenas a 6º posição do Grupo de Acesso. Para 2011, a carnavalesca assina o carnaval daUnidos de Vila Isabel.[4]
Em 2013, Rosa conquista o campeonato do Grupo Especial com a Vila Isabel, que apresentou o enredo "A Vila canta o Brasil celeiro do mundo - água no feijão que chegou mais um...".[5] Depois de todas as comemorações do título e até noticias de que teria renovado seu contrato com a azul e branca deNoel, Rosa teve uma saída conturbada da escola,[6] inclusive com boatos de dividas por partes da escola para com a carnavalesca.[7]
Após a conquista de mais um título na Vila Isabel em 2013, Rosa foi especulada naSão Clemente, naPortela, onde foi procurada por uma chapa que concorre a eleição[9] e até naMocidade. Sendo que em grande sigilo aMangueira, por meio de seu presidente eleitoChiquinho da Mangueira confirmou Rosa como carnavalesca da escola.[10][11]
Além de atuar na Mangueira Rosa foi confirmada como carnavalesca da escola de Samba paulistanaDragões da Real para elaborar o desfile de 2014.[12] E ainda em setembro de 2013 fora convidada para desenvolver, junto a uma comissão, o enredo daUnidos de Lucas, sobre sua mãe,Lúcia Benedetti. Por uma incompatibilidade de agendas, designou seu assistente Mauro Leite para a elaboração do projeto alegórico da vermelho e amarelo da Zona Norte, ainda que sob sua supervisão.
Após não lograr êxito nas escolas em que trabalhou em 2014, Rosa decidiu afastar-se de ambas e pensou, até mesmo, na aposentadoria,[13][14] mas por fim, acertou com aSão Clemente onde tem como objetivos afastar a sina de "iô-iô", levar a escola ao desfile das campeãs e torna-la de fato uma grande escola do carnaval carioca.[15][16]
Em seu primeiro desfile pela Amarela e Preta da Zona Sul, o objetivo de Rosa de livrar a escola do rotulo de escola "iô-iô" foi alcançado com êxito, tendo em vista que segundo a crítica especializada e o público em geral o desfile de 2015 foi o melhor da escola em toda sua história e um dos melhores do carnaval, tendo inclusive sido premiado com o Estandarte de Ouro de Melhor Enredo e o prêmio de 'Melhor Escola' pelo Portal SRZD. Ao final da apuração, a escola obteve a oitava colocação, ainda que para muitos merecesse uma vaga no sábado das campeãs.[17][18]
Para 2016, de contrato renovado com aSão Clemente, Rosa aposta em um enredo crítico e irreverente chamado de "Mais de Mil Palhaços No Salão", levando a escola ao 9º lugar.
Para 2017, renovou com a São Clemente e fez um carnaval intitulado "Onisuáquimalipanse" sobre a história de corrupção que levou à construção do Palácio de Versailles. O título do enredo foi uma brincadeira com a expressão "Honit sois qui mal y pense", traduzida livremente como "Envergonhe-se quem pensar mal disso".
Para o carnaval de 2018, Rosa foi contratada pela Portela, aonde desenvolveu o enredo "De repente de lá pra cá e dirrepente daqui pra lá", que pretende contar a história de judeus e europeus que se estabeleceram na cidade do Recife (PE) holandês no século XVII e que, anos depois, foram expulsos pelos portugueses, ajudaram a fundar a cidade de Nova York.
Em 2019, ainda naPortela, coloca na avenida um enredo sobreClara Nunes e o bairro de Madureira intitulado: "Na Madureira Moderníssima, hei sempre de ouvir cantar um sabiá". A escola de Oswaldo Cruz e Madureira, fez um belo desfile, ficando no 4° lugar. No dia 12 de Março, no entanto, a Portela anuncia o desligamento da carnavalesca, com elogios e gratidão de ambas as partes.
No carnaval de 2020, comemorou os 50 anos de sua trajetória no carnaval. Nesse mesmo ano, ela retornou aoEstácio de Sá, desenvolvendo um enredo que falava sobrePedras. Infelizmente, a escola foi rebaixada. Esse foi o primeiro rebaixamento da carreira de Rosa.
Em 2021, retornou àImperatriz Leopoldinense após 11 anos.[19] Pela Rainha de Ramos foram cinco títulos: 1994, 1995, 1999, 2000 e 2001. No carnaval de 2022, ela desenvolveu um enredo sobreArlindo Rodrigues, histórico carnavalesco com passagens marcantes peloSalgueiro, pela Imperatriz e pelaMocidade.
Em 2007, Rosa Magalhães criou o elogiado espetáculo daCerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007 pelo qual receberia, no ano seguinte, emNova Iorque, o mais importante prêmio da televisão mundial, oEmmy de melhor figurino.[26] Além disso, Rosa já ganhou diversos prêmios na área carnavalesca, entre eles um dos mais importantes, o Estandarte de Ouro.
↑Leitão, Luiz Ricardo (2019).Rosa Magalhães: a moça prosa da avenida. Col: Acervo universitário do samba 1a edição ed. Rio de Janeiro : São Paulo: Editora UERJ, DECULT ; Outras Expressões !CS1 manut: Texto extra (link)