Amundsen nasceu em uma família de proprietários de navio e capitães. Inspirado na leitura das aventuras do explorador inglêsJohn Franklin, que provou a existência dapassagem Noroeste, ele se decidiu por uma vida de exploração ao desconhecido.[4] Com 16 anos Amundsen estudava as regiões polares, tendo como referência a travessia daGroenlândia porFridtjof Nansen.[5] Embora tivesse frequentado o curso deMedicina, Amundsen decidiu seguir uma vida ligada ao mar e à exploração. Em 1897, com 25 anos, fez parte da tripulação doBelgica, como primeiro oficial, naExpedição Antártica Belga, deAdrien de Gerlache. Anos mais tarde, em 1903, parte para uma expedição que iria atravessar apassagem Noroeste, que liga os oceanosAtlântico aoPacífico, na região norte doCanadá, a bordo doGjøa.
Depois de atingir o Polo Sul, em 1911, Amundsen desejava alcançar novas conquistas. De regresso dos Estados Unidos, onde esteve em digressão de conferências, interessou-se pelo mundo da aviação e, em 1914, obteve o seu certificado de voo, o primeiro atribuído a um civil na Noruega.
Após uma tentativa fracassada em 1918 de chegar ao Polo Norte atravessando aPassagem Nordeste no navioMaud, Amundsen começou a planejar uma expedição aérea. Em 12 de maio de 1926, Amundsen e outros 15 homens do dirigívelNorge se tornaram os primeiros exploradores verificados a terem chegado aoPolo Norte. Amundsen desapareceu em junho de 1928 enquanto voava em uma missão de resgate para o dirigívelItalia noÁrtico que levava o aviadorUmberto Nobile a bordo.[6][7] As buscas por seus restos mortais, que não foram encontrados, foram interrompidas em setembro daquele ano, foi a última vez que se teve notícias de Amundsen.[4]
Nascido no município deBorge, localizado entre as cidades deFredrikstad eSarpsborg, próximo da capital daNoruega, Cristiania (atualOslo), foi o quarto filho do capitão da Marinha e proprietário de navio, Jens Amundsen.[8] Sua mãe, Gustava Sahlquist, tentou mantê-lo longe do mar e queria que o filho seguisse a carreira de médico.[9] Quando do retorno triunfal do Fridtjof Nansen, que atravessou no ano de 1889 a Groenlândia emesquis, Amundsen, então com 18 anos, decidiu tornar-se umexplorador polar. Em 1890, entretanto, ele começou a estudar medicina atendendo o desejo materno. Após a morte da mãe em 1893, perdeu os exames escolares e abandonou a Universidade.[4][10] Com a idade de 21 anos embarcou em um navio caça focas, continuando a sua aprendizagem comomarinheiro.[11]
Viajou aos Estados Unidos em busca de patrocínio para os seus projetos. O milionário e explorador norte-americanoLincoln Ellsworth tornou-se um de seus principais financiadores.[12] O passo seguinte foi adquirir conhecimento em navegação; retornou a Cristiania, cursando aChristiania Sjømandsskole (Escola Náutica) aonde obteve a sua licença náutica em 1 de maio de 1895.[13]
Adrien de Gerlache era o comandante do navioBelgica, utilizado naExpedição Antártica Belga (1897-1899), no qual Roald Amundsen embarcou como primeiro oficial. A expedição partiu do porto deAntuérpia em agosto de 1897 e tinha como objetivo a investigação científica da costa daAntártida. O grupo foi o primeiro a passar um inverno noCírculo Polar Antártico, ficando isolado por 13 meses. Os cientistas vindos de diversos países visitaram, coletaram material de pesquisa e fizeram medições na região conhecida comoestreito de Gerlache.Emile Danco,cientista belga responsável por observaçõesgeofísicas, faleceu devido às rigorosas condições vividas pelos cientistas e tripulantes.[14]
Também estava a bordo o médico americanoFrederick Cook, que posteriormente reclamou a honra de ter sido o primeiro homem a alcançar o Polo Norte. Cook provavelmente salvou a tripulação doescorbuto, fazendo-os comer carne fresca depinguins efocas, uma importante lição para as futuras expedições de Amundsen.[5]
Em 16 de junho de 1903 Amundsen parte de Cristiania ao comando da primeira expedição a atravessar a passagem Noroeste entre o Atlântico e oceano Pacífico, com seis outros tripulantes noveleiroGjøa. Eles passaram pelo sul da Groenlândia, indo em direção àbaía de Baffin e estreitos deLancaster,Peel,James Ross eRae. Passaram dois invernos explorando por terra e gelo o local hoje chamado deGjoa Haven, que fica no territórioNunavut,Canadá. Foram também cartografadas as inúmeras ilhas da região. Em 1904, Amundsen e sua pequena equipe seguiu para oPolo norte magnético, que havia se mudado 30 milhas desde que fora localizado porJames Clark Ross em 1831. Esta foi a primeira vez que alguém registrou o movimento dos polos magnéticos.[4] Durante este tempo, Amundsen estudou o povo localNetsilik a fim de aprender técnicas de sobrevivência no Ártico e logo adotou suas vestimentas. Deles também aprendeu a usar cães de trenó. Continuando para o sul dailha Victoria, o navio afastou-se doarquipélago Ártico Canadiano em 17 de agosto de 1905, mas teve que parar no decurso do inverno antes de ir paraNome na costa do Pacífico doAlasca, 800 km distante deEagle, aonde havia uma estação detelégrafo. Amundsen fez a viagem de ida e volta por terra, tendo alcançado o posto de telégrafo de onde enviou uma mensagem de seu sucesso em 5 de dezembro de 1905. A expedição chegou a Nome em 1906.[15] A Passagem Noroeste nunca foi utilizada por navios de maior porte devido à pouca profundidade da água, que em grande parte do percurso não ultrapassa um metro.[16]
Depois da passagem Noroeste, Amundsen fez planos para atingir o Polo Norte. Com a notícia em 1909 que primeiroFrederick Cook e depoisRobert Peary terem chegado ao polo, ele mudou seus planos. A bordo do lendário navio deFridtjof Nansen, oFram, partiu daEscandinávia em direção àAntártida em 1910.[5]
Amundsen iniciou seu ataque ao polo em 20 de outubro de 1911, e juntamente comOlav Bjaaland,Helmer Hanssen,Sverre Hassel eOscar Wisting, atingiu o polo em 14 de dezembro de 1911.[1] O ponto mais ao sul do planeta foi alcançado em uma tarde ensolarada com temperatura ambiente de -23 °C e ventos leves vindos do sudoeste. Abandeira de seda vermelha e azul da Noruega foi fincada em umaplanície branca. Após 35 dias, Scott teve a infelicidade de encontrar uma tenda deixada por Amundsen, com uma carta relatando a chegada. A extensa experiência de Amundsen, a preparação, e o uso dos melhores cães de trenó disponíveis fizeram a diferença no final. Em contraste aos infortúnios da expedição de Scott, Amundsen teve uma viagem com menos dificuldades, retornando ao acampamento base no dia 25 de janeiro de 1912 após percorrer durante três meses 3 000 km.[19]
Como nenhuma das expedições levou o volumoso equipamento detelégrafo sem fio, que seria a única forma de comunicação direta com o polo, o sucesso de Amundsen só foi anunciado ao público em 7 de março de 1912. Amundsen narrou em detalhe sua jornada no livroThe South Pole; an account of the Norwegian Antarctic expedition in theFram, 1910-12.[20][21]
Durante aPrimeira Guerra Mundial, Amundsen ganhou uma grande quantidade de dinheiro com o suprimento de navios, o que deu a ele a possibilidade de construir uma nova embarcação.[21] Em 1918 ele iniciou uma expedição com o navio que recebeu o nome deMaud, para explorar apassagem Nordeste. Também chamada de rota marítima do norte, é uma via marítima que permite ligar o oceano Atlântico ao oceano Pacífico ao longo da costa norte daSibéria. Não atingiu os seus propósitos e a expedição foi considerada um fracasso por não realizar a travessia. O lado científico compensou em parte a frustração. A expedição estava bem equipada para realizar medições do magnetismo da terra, experimentos meteorológicos e oceanográficos. As observações geofísicas conduzidas pelo meteorologista e oceanógrafoHarald Sverdrup foram consideradas o mais importante projeto de investigação realizado no Ártico até aquela data.[22]
Em 1925, com o financiador e também participante da expedição Lincoln Ellsworth e mais quatro outros tripulantes, Roald Amundsen voou até àlatitude 87° 44' norte. Este foi o local mais ao norte atingido por um avião até então. Na expedição foram utilizados dois hidroaviões modeloDornier Do J, fabricados pela empresa italiana S.A.I. di Construzioni Mecchaniche i Marina di Pisa. AIlha do Rei George foi usada como ponto de partida, estando a 1 200 km do Polo Norte. OFram foi um dos barcos de apoio.[12][23]
No ano seguinte Amundsen, Lincoln Ellsworth e o engenheiro italianoUmberto Nobile fizeram a travessia do Ártico nodirigívelNorge projetado por Nobile. Eles partiram deSpitzbergen, a maior das ilhas do arquipélago Ártico dasSvalbard, em 11 de maio de 1926. Depois de 16 horas de voo, foram lançadas asbandeira dos Estados Unidos,Noruega eItália sobre o Polo Norte. ONorge pousou emTeller noAlasca. A expedição percorreu 5 456 km durante 72 horas de voo.[22] O Polo Norte foi sobrevoado pela primeira vez alguns dias antes, em 9 de maio, peloaviador eoceanógrafo norte-americanoRichard Evelyn Byrd, que utilizou um aviãoFokker F.VII.[4][24]
DirigívelNorge sobreAlesund,Noruega em 1926, sendo preparado para a travessia do Ártico.
Roald Amundsen morreu em 18 de junho de 1928 em um acidente com o seuhidroaviãoLatham 47, no oceano Ártico.[25][26] O voo tinha o objetivo de resgatar o explorador e aviador italianoUmberto Nobile, cujodirigívelItalia caiu a nordeste doarquipélago Svalbard ao retornar do Polo Norte.[1] Cinco países enviaram navios e aviões para os trabalhos de resgate dos sobreviventes do dirigível, que aguardavam socorro em uma massa de gelo flutuante. Os tripulantes sobreviventes foram resgatados pelonavio quebra-gelorussoKrassin em 12 de julho, dezenove dias após a retirada de Umberto Nobile do local por um avião da Suécia.[23] A busca por Amundsen e pelos seis desaparecidos doItalia continuou por todo o verão de 1928, e dela participouLouise Boyd, exploradora e aviadora norte-americana. O hidroavião de Amundsen nunca foi encontrado. O corpo de Roald Amundsen permanece no Ártico.[27] ADefesa Marítima Norueguesa organizou expedições nos anos de 2004 e 2009 com o objetivo de localizar os restos do hidroavião.[28]
Existe controvérsia quanto à conquista do Polo Norte por Frederick Cook e depois Robert Peary. Pesquisas e estudos recentes apontam Roald Amundsen e o seu companheiro de exploraçõesOscar Wisting, como os primeiros a alcançar os dois polos da terra.[29]
↑Geographic Names Information System, U.S. Department of the Interior, U.S. Geological Survey.«Antarctica Detail, Amundsen Sea» (em inglês). Consultado em 14 de setembro de 2009 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
Obras de Roald Amundsen noProject Gutenberg USA,The South Pole; an account of the Norwegian Antarctic expedition in the "Fram," 1910-12 - Volume 1 and Volume 2. (em alemão) (em inglês)