Em 1627,missões jesuíticas perto dorio Uruguai foram fundadas porjesuítasespanhóis. No entanto, em 1680, osportugueses desalojaram os castelhanos, no momento em que aCoroa Portuguesa decidiu tomar posse de seu domínio, criando aColônia do Sacramento. OsSete Povos das Missões foram estabelecidos pelos jesuítas espanhóis, em 1687. Em 1737, uma expedição militar portuguesa, liderada porJosé da Silva Pais, ocupou aLagoa Mirim, marcando assim a vinda dos portugueses à região. A vila de Porto dos Casais, mais tarde denominadaPorto Alegre, foi criada pelos povoadores portugueses em 1742. Em 1801, acabaram os conflitos pela reconquista das terras, entrePortugal eEspanha. Nessa época, os próprios gaúchos tomaram posse dos Sete Povos das Missões, anexando essa região ao seu território. Em 19 de setembro de 1807, a região foi promovida à condição deCapitania de São Pedro do Rio Grande do Sul. Na primeira metade da década de 1820, transforma-se emprovíncia do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, que começaria a se converter no atual estado do Rio Grande do Sul, após adeclaração da república. Desde 1824, começaram a vir grupos de colonizadores daAlemanha e daItália. Asociedadeestancieira começou então a conviver com a pequena fazenda, ampliando a variedade de sua produção. No decorrer do século XIX, o Rio Grande do Sul foi cenário de revoluções republicanas, como aGuerra dos Farrapos (1835–45). E envolveu-se na luta contraRosas (1852) e naGuerra do Paraguai (1864–70). As lutas políticas locais foram intensas nocomeço da República e somente na gestão deGetúlio Vargas (1928-1930) o estado foi apaziguado.[9]
ConformeAntenor Nascentes, autor doDicionário etimológico da língua portuguesa, é a tradicional designação da foz doRio Grande, o escoadouro dalagoa dos Patos, e estado brasileiro.Capitania colonial em 1760,província imperial em 1822 eunidade federativa em 1889. A denominação se origina docanal que conecta a laguna dos Patos com ooceano Atlântico (Henrique Martins, autor deCorografia do Brasil, 17). Em 1737, o denominado continente de São Pedro (que possuía o núcleo de povoamento deRio Grande) se transformou em umaComandância Militar subalterna do Rio de Janeiro. E proclamou sua autonomia pelo decreto de 19 de setembro de 1807.[21][22][23]
Os habitantes naturais do Rio Grande do Sul são denominadosgaúchos,rio-grandenses-do-sul ousul-rio-grandenses.[24] O gentílico no masculino do singular égaúcho e no feminino,gaúcha.[25] É uma palavra oriunda docastelhanogaucho,[nota 1] um adjetivo que, aplicado às pessoas pode significar “nobre, valente e generosa” ou “camponês experimentado em pecuária tradicional”, ou ainda “velhaco, astuto, dissimulado ou ardiloso experiente”,[27] mas também podendo ter o sentido de “vagabundo, contrabandista, desregrado e desprivilegiado”.[28]
Os primeiros humanos (paleoíndios) chegaram ao que é hoje o território gaúcho há 12 mil anos, conforme indicam os vestígios arqueológicos encontrados em várias partes do estado, sobretudo naCampanha Gaúcha.[29] Na época dachegada dos primeiros europeus ao Brasil, o que é hoje o Rio Grande do Sul era habitado pelos indígenasminuanos,charruas exoclengues. Os indígenas sul-rio-grandenses eram excelentes produtores de cerâmica e, na caça, utilizavam as boleadeiras, até os dias atuais uma das ferramentas do peão gaúcho.[30]
PeloTratado de Tordesilhas (1494), o atual território do Rio Grande do Sul era pertencente àEspanha. Por séculos, essa região fez parte doImpério Espanhol, inicialmente aoGoverno da Nova Andaluzia e, posteriormente, àGovernação do Rio da Prata. A partir de 1627, osespanhóis começaram a penetrar na margem esquerda do Rio Uruguai, em terras gaúchas, por meio dosjesuítas, vindos doParaguai, que fundarammissões jesuíticas paracatequizar os indígenas. Inicialmente, as missões surgiram no oeste rio-grandense e foram surgindo outras nas nascentes dos riosIbicuí eJacuí (como São Tomé, São Miguel e São Cosme e Damião) e na bacia do Jacuí (como Jesus Maria José, Santa Teresa e Santa Ana), chegando, inclusive, próxima à atualPorto Alegre.[30][31][32][33][34] Logo em seguida, vieram osbandeirantes vindos deSão Paulo, comoRaposo Tavares, que invadiam as missões jesuíticas do atual Rio Grande do Sul para capturar indígenas para escravizar. Como resultado dos ataques às missões, o seu gado se dispersou pelos campos rio-grandenses. Mesmo com a derrota dos paulistas naBatalha de M’Bororé (1641), isso não foi suficiente para a fixação das missões, pois já havia um grande êxodo indígena desde o ataque de Raposo Tavares em 1637, se dirigindo para a região que hoje é chamada deMesopotâmia Argentina.[33][34]
A expansão daAmérica Portuguesa para o sul começou nas décadas de 1640 e 1650, quando ospaulistas fundaramParanaguá,Curitiba eSão Francisco. Um pouco mais tarde, surgiramDesterro eLaguna.[33] A região do atual Rio Grande do Sul voltaria a ser alvo de cobiça dos reinos ibéricos a partir de 1680, quando osportugueses fundaram, nas margens doRio da Prata, no atualUruguai, aColônia do Sacramento. Nos dez anos seguintes, os espanhóis voltaram a atenção para o território rio-grandense, ali fundando missões jesuíticas conhecidas comoSete Povos das Missões (São Francisco de Borja, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista, São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo Custódio). Nessa época, o gado dos campos começou a ser explorado por portugueses e espanhóis e, mais tarde, por gente de São Paulo e de Laguna.[34]
OTratado de Madrid (1750) cedeu a região do atual Rio Grande do Sul aPortugal, mas os jesuítas espanhóis e indígenas aldeados da região se recusaram a deixar as missões, deflagrando aGuerra Guaranítica. Nos anos seguintes a esse tratado, para povoar olitoral do Rio Grande do Sul e garantir o domínio português sob a região, migraram para a região portugueses vindos dosAçores. Açorianos e seus descendentes, em seguida, avançaram pelos vales dos rios Jacuí,Sinos eTaquari. Dentre os núcleos fundados por esses ilhéus, destaca-se Porto dos Casais (atual Porto Alegre).[33][34][35]
Em 1761, oTratado de El Pardo anulou o de Madrid, ocasionando umnovo conflito entre portugueses e espanhóis no ano seguinte, quando a tropa liderada porPedro de Cevallos, governador de Buenos Aires, invadiu a vila de Rio Grande e, com isso, a capital da Capitania foi transferida para Porto dos Casais. Em 1776, após 13 anos de ocupação espanhola, Rio Grande voltou para o domínio português e, no ano seguinte, após mais uma guerra luso-espanhola, foi assinado oTratado de Santo Ildefonso, que deixava grande parte do território gaúcho sob mãos de Portugal e a Colônia do Sacramento, sob domínio da Espanha. Em 1801, peloTratado de Badajoz, os Sete Povos das Missões passaram para a América Portuguesa. O príncipe regenteDom João elevou o território à capitania-geral, com a denominação deSão Pedro do Rio Grande, em 1807. Tal região não mais integraria a Capitania do Rio de Janeiro.[33][34] Com uma seca noCeará, importante região produtora de carne bovina, em 1777, o extremo sul da América Portuguesa, o que é hoje o Rio Grande do Sul, se consolidou como uma região produtora decharque. Além da pecuária, o cultivo de trigo era uma importante atividade econômica regional. Isso permitiu a integração da região ao restante do país.[33]
Em 1821, por meio de ordens daCorte de Lisboa, a Capitania de São Pedro do Rio Grande foi elevada à categoria de província, com o nome deSão Pedro do Rio Grande do Sul. Foi nomeado presidente da província o brigadeiroJoão Carlos de Saldanha Daun, mas os eleitores paroquiais não seguiram as ordens de subordinação aLisboa. O vice-presidente da província, o marechal-de-campoJoão de Deus Mena Barreto, desconfiando da lealdade de Saldanha a Lisboa, criou as condições para o bloqueio do presidente, que se retirou para o Rio de Janeiro em dezembro de 1822, com o Rio Grande do Sul já parte da nação brasileira.[33]
A concorrência do charque sul-rio-grandense com o uruguaio e argentino e as taxações impostas a esse produto gaúcho pelo governo brasileiro, na época controlado por umaregência, levaram ao início daGuerra dos Farrapos, em 19 de setembro de 1835, tendo como um dos líderesBento Gonçalves da Silva. ARepública de Piratini, nomunicípio homônimo no sul da província, foi proclamada pelos revolucionários em 11 de setembro de 1836. Em 9 de novembro de 1842, o imperadorPedro II indicouLuís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, para a presidência da província e este entrou em confronto com os revoltosos no ano seguinte. As tropas imperiais venceram a Guerra dos Farrapos, sendo a paz assinada em 1° de março de 1845, terminando a mais longa das revoltas regenciais.[33][34]
AGuerra do Prata (1851 a 1852) e ado Paraguai (1864 a 1870), nas quais o Brasil se envolveu, o Rio Grande do Sul esteve presente com enorme quantidade de recrutas. Malgrado as mortes e as dominações, o fluxo demográfico desenvolveu a província. Esta, para guarnecer as forças, trouxe progresso para a agricultura e a criação de gado.[34] Posteriormente, com a limitação de braços na estância, a mão-de-obra excedente (incluindo antigos escravizados) foi abandonada, sem se adaptar às zonas agrícolas nem recebendo terras.[33]
Em 1875, iniciou-se a imigraçãoitaliana para o Rio Grande do Sul e esses imigrantes expandiram as atividades de curtume e têxteis e trouxeram a produção de vinho. Até 1889, chegaram à província 60 mil italianos e mais chegariam durante a República. Os italianos viriam a se fixar sobretudo na região serrana.[33][34]
Nos três primeiros anos deRepública, a situação política gaúcha era instável, com 15 governadores nesse período. Em 1891, foi promulgada a primeira constituição estadual, de caráterautocrático. Em 1893, assumiu a presidência do estado Júlio de Castilhos, que conseguiu esmagar a oposição após a guerra civil conhecida comoRevolução Federalista (1893 a 1895). Foi sucedido porAntônio Augusto Borges de Medeiros, que governou o estado até 1928, com breve hiato de 5 anos.[33]
Em 1923, a luta que ocorreu na Revolução Federalista voltou, naRevolução de 1923, chegando ao seu fim, em novembro do mesmo ano. Em 1924, as unidades revoltosas daBrigada Militar, chefiadas pelo capitãoLuís Carlos Prestes, deram apoio aotenentismo paulista. O movimento não teve sucesso e os revoltosos deixaram os municípios que haviam ocupado, dando início à marcha daColuna Prestes, que percorreu o Brasil por anos.Getúlio Vargas, que, em 1928, se elegeu presidente do estado, resolveu as lutas políticas do estado, que finalmente viria a ser pacificado durante apresidência de Vargas.[33][34]
Durante a Era Vargas, o Rio Grande do Sul superou o isolacionismo econômico e político. A indústria e agricultura ganharam destaque, confrontando com a estância. Foi criado oBanco doEstado do Rio Grande do Sul, para incentivar as atividades agrícolas e pecuárias gaúchas. Após 1930, houve um grande aumento das rodovias e estradas de ferro no estado.[33]
De abril a maio de 2024, em várias cidades do estado chovera entre 500 e 700 mm, equivalendo a um terço da média histórica de índice de chuvas para todo um ano, e em diversas outras, a pluviosidade permanece de 300 a 400 mm.[49] A precipitação exorbitante atingiu mais de 67% do território estadual,[50] e conforme a Defesa Civil, até as 9 horas de 11 de maio, 444 municípios registraram danos, sendo reportados 136 mortos, 125 desaparecidos e 756 feridos. Aproximadamente 1,95 milhão de pessoas foram atingidas e cerca de 411 mil precisaram partir de suas residências.[51] Centenas de milhares de indivíduos permaneceram sem água, energia elétrica ou comunicações.[52] A Confederação Nacional de Municípios calculou prejuízos na quantia de R$ 4,6 bilhões, especialmente no setor imobiliário.[53] Em 5 de maio o governo da União declarou estado de calamidade pública.[54] O governo gaúcho especificou a condição como “a maior catástrofe climática” da história do estado.[55] O evento extremo teve reflexos na mídia mundial, sobressaindo sua ligação com asmudanças climáticas.[56]
Abaixada litorânea segue todo o litoral do estado. É formado por um cinturão de terrenos arenosos, de comprimento variável. Ao norte do estado, eleva-se oplanaltobasáltico. Em sua parte oriental, forma uma escarpa abrupta, com elevações além de 1 200 metros. Constitui a região mais alta do estado. A oeste diminui levemente, atingindo 670 metros na zona dePasso Fundo e somente 250 metros emSanta Rosa. Aencosta do Planalto abrange dois trechos diferentes. São eles: a leste, umacuesta escarpada que compõe aserra Geral. A oeste, uma geomorfologia montanhosa, atravessada por uma enorme quantidade de rios, dentre eles oJacuí,Caí,Taquari eIbicuí. Vai diminuindo de altitude à proporção que se aproxima dovale dorio Uruguai.[57][58][59]
Adepressão central está situada novale do rio Jacuí, dividindo o estado em duas partes, na direção leste-oeste. Suas altitudes médias são pouco elevadas, não ultrapassando os cem metros. Oplanalto dissecado de sudeste abrange essa região do estado. Ele é constituído por ondulação de terras, com altitudes oscilando por volta de 500 m. Recebe os nomes locais de serras doErval, doCanguçu, dosTapes e das Encantadas. Aplanície da Campanha está localizada a oeste doplanalto dissecado de sudeste. Possui, em sua extensão total, enormes vales e inúmerascoxilhas (reduzidas e sucessivas elevações, em formato de bola).[57][58][59]
O território gaúcho abrange dois tipos climáticos. Oclima subtropical, com chuvas bem divididas ao longo do ano e verões cálidos (Cfa naclassificação de Köppen), aparece em boa parte do estado. Marcatemperaturas médias de 18 °C anuais e uma pluviosidade de 1 500 mm. O climaCfb,subtropical, apresenta chuvas anuais bem divididas everões suaves. Aparece nas partes mais altas do território do Rio Grande do Sul. Ou seja, na parte mais elevada doplanalto basáltico eplanalto dissecado de sudeste. Bate temperatura média de 16 °C anuais e pluviosidade de 1 100 mm por ano. Dosventos que assopram no estado, ambos possuem nomes regionais: opampeiro, vento morno, que vem dos pampas platinos; e ominuano, frio, de origemandina.[63][62]
No que diz respeito às chuvas, a zona mais úmida do estado é o planalto, com precipitações pluviométricas em torno de 1 900 mm. Enquanto isso, a porção com o menor regime pluviométrico do estado é o extremo sul. Este possui quantidade anual de chuvas por volta de 1 100 mm no município deSanta Vitória do Palmar.[63][62] Os municípios deUruguaiana,Lajeado eCampo Bom são reconhecidos por registrarem temperaturas elevadas durante o período estival, atingindo, em algumas ocasiões, marcas próximas a 40 °C. Além disso, o estado experimenta, nas estações outonal e invernal, a ocorrência do fenômeno climático denominadoveranico, caracterizado por uma sequência de dias com temperaturas extremamente elevadas para a época do ano.[63]
A menor temperatura oficialmente documentada no estado foi de -9,8°C, observada na localidade deBom Jesus em 1º de agosto de 1955.[64] Registros não oficiais indicam a ocorrência de -11 °C emSão José dos Ausentes, aferida pelo termômetro da subprefeitura em 2 de agosto de 1991,[65] quando essa localidade ainda integrava o município de Bom Jesus. Em contraposição, o recorde absoluto de temperatura máxima foi constatado no município deQuaraí, nafronteira com oUruguai, onde os termômetros marcaram 43,8 °C na tarde do dia 4 de fevereiro de 2025, superando o recorde anterior de 42,9 °C, registrado em Uruguaiana no dia 27 de fevereiro de 2022.[66][67]
Araucárias, típica dos gelados Planaltos Rio-Grandense
Dois gêneros devegetação aparecem no Rio Grande do Sul:campos eflorestas. Os campos dominam mais de 66% da área do estado. Em geral, revestem as regiões de relevo médio, aplainadas ou levemente onduladas, quer dizer, adepressão central e boa parte do planalto basáltico.[68][62]
Asflorestas revestem 29% das terras do estado. Ocorrem naencosta e nas partes mais altas do planalto basáltico, no planalto dissecado de sudeste. Aparecem, ainda, no formato dematas ciliares ecapões, espalhados pelos campos que envolvem o restante do estado. Nas regiões mais elevadas, com altitude superior a 400 m, ocupa a denominadafloresta de araucária, que mistura aslatifoliadas comconíferas.[68][62]
Em dois gêneros de mata, existe aerva-mate, motivo de extração econômica a partir do começo da colonização do estado. Em mais de 5% das terras do estado, aparece avegetação litorânea, desenvolvida nasareias dolitoral.[68][62]
Nocenso demográfico de 2010, a população era de 10 693 929 habitantes. Conforme este mesmo censo demográfico, 85,10% dos habitantes moravam nazona urbana e os 14,90% remanescentes narural.[74]
Densidade demográfica dos municípios do Rio Grande do Sul (em hab./km²)
Dos 496 municípios gaúchos, apenas um tinha população acima dos quinhentos mil. Outros 17 tinham entre 100 001 e 500 000. 18 com mais de 100 000, 24 de 50 001 a 100 000. 58 de 20 001 a 50 000, 65 de 10 001 a 20 000. 104 de 5 001 a 10 000. 193 de 2 001 a 5 000 e 34 até 2 000.[78]Porto Alegre, sozinha, abrigava 13,2% do total de habitantes.[79] Além disso, possuía a quarta maior densidade demográfica, três vezes menor queEsteio, em relação aos demais municípios (2 690,50 hab./km²),[80] enquantoPedras Altas, no sul, detinha a mais baixa (1,50 hab./km²).[81]
AGrande Porto Alegre, criada pela lei complementar federal n.º 14, de 1973, foi a mais antigaRM do Rio Grande do Sul a ser instituída, inicialmente com catorze municípios, até chegar aos 34 atuais.[83] Tem ainda a maior população do estado, com cerca de 4,3 milhões de moradores, e a quinta maior do Brasil.[84] Em 29 de agosto de 2013, por intermédio de lei complementar estadual, foi fundada aRegião Metropolitana da Serra Gaúcha, a primeira já criada no interior do estado.[85]
Do ponto de vista religioso, o Rio Grande do Sul é diverso. Dos dez municípios com maiores percentuais de católicos no Brasil, nove estão no estado, incluindo o mais católico do país,Montauri (98,3%). Dos dez municípios mais evangélicos do país percentualmente, seis são gaúchos, incluindo o com maior percentual,Arroio do Padre (88,7%). O estado possui o maior percentual de praticantes de umbanda e candomblé entre as unidades da federação e nove das dez municipalidades com mais praticantes dessas religiões são gaúchas.[97]
O Rio Grande do Sul também possui os mais diversos credos protestantes ou reformados. São aIgreja Universal do Reino de Deus, acongregação cristã, abatista e aAssembleia de Deus as maiores denominações. Como mencionado, 18,32% da população gaúcha se declararam evangélicos, sendo que 15,76% pertenciam às igrejas de origem pentecostal, 8,43% às evangélicas não determinadas e 5,70% às de missão.[99]
Composição étnica, migração, povos indígenas e racismo
Casa de pedra e madeira do fim doséculo XIX, um exemplar típico da arquitetura italiana da zona rural deCaxias do Sul
Segundo pesquisa de autodeclaração do censo de 2022, 78,42% dos habitantes do estado se reconheceram comobrancos, 14,67%pardos, 6,52%pretos, 0,07amarelos e 0,31%indígenas.[100] Em 2010, 99,77% erambrasileiros (99,68% natos e 0,09% naturalizados) e 0,23% estrangeiros.[101] Dentre os brasileiros, 98,32% naturais do Sul (96,18% do próprio estado) e 1,1% em demais regiões. 0,59% são doSudeste, 0,29% doNordeste, 0,15% doCentro-Oeste e 0,07% doNorte.[102] Entre os estados de origem dos imigrantes,Santa Catarina possuía o maior percentual de residentes (1,46%). Esta é acompanhada porParaná (0,68%),São Paulo (0,31),Rio de Janeiro (0,17),Minas Gerais (0,09) eCeará (0,07).[103]
Segundo uma dissertação de mestrado daUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) de 2007, o Rio Grande do Sul pode ser decomposto em quatro regiões culturais, nas quais eram, em sua maioria, etnias distintas. Estas, desde o binômio sociedade-natureza e por intermédio de sistemas simbólicos materializados na paisagem via códigos culturais, constituíram zonas com aspectos próprios. A região cultural 1, constituída pela presença indígena, portuguesa, espanhola, africana e açoriana, abrange o litoral do estado, a Campanha Gaúcha e a região em torno da Lagoa dos Patos, regiões caracterizadas pelo bioma dePampa, abrangendo municípios comoAlegrete,Bagé,Esteio,Pelotas,São Borja eUruguaiana. A região cultural 2, no centro-leste do estado, em áreas daDepressão Periférica daBacia do Paraná, se expandido para o nordeste sem ultrapassar as maiores altitudes do rebordo do planalto e do Planalto da Bacia do Paraná, é de colonização predominantemente alemã e nela se situamCanela,Gramado,Nova Petrópolis,Novo Hamburgo,Santo Ângelo eSão Leopoldo. A região cultural 3, no nordeste do rebordo da Bacia do Paraná e no Planalto da Bacia do Paraná, o que inclui a Serra Gaúcha, é de colonização predominantemente italiana e nela se inseremBento Gonçalves,Caxias do Sul,Farroupilha,Garibaldi eSilveira Martins. A região cultural 4, de influências mistas italianas, alemãs e polonesas, inclui municípios comoErechim,Ijuí,Santa Maria eVacaria. A capital,Porto Alegre, é uma confluência de todas as etnias formadoras do povo gaúcho.[104]
Originalmente colonizada porespanhóis, o atual Rio Grande do Sul foi ocupado no século XVIII porportugueses, vindos sobretudo dosAçores, e brasileiros vindos deSanta Catarina,São Paulo eRio de Janeiro. A migração de açorianos para o litoral sul-rio-grandense, em meados do século XVII, teve grandes impactos na demografia da região. Também foram importantes na formação do povo e da cultura desse estado os indígenas, primeiros habitantes da região, e os africanos escravizados, trazidos para as estâncias e plantações de trigo.[33][105][106]
Hoje residem no Rio Grande do Sul, segundo o IBGE, pouco mais de 32 mil indígenas; 43,55% da população (15.724) reside em terras indígenas e 56,45% (20.378) vive fora de terras indígenas, de acordo com ocenso demográfico de 2022.[109][110] Estes se distribuem em quatro grupos, que abrangem área de 112 925,67hectares de extensão.[111] Destes, merece destaque o mais extenso, a reserva indígenaGuarita, localizada entre os municípios deRedentora,Tenente Portela eErval Seco.[111]
As denúncias de ocorrências deracismo mais do que aumentaram noBrasil de 2022 a 2023, e o Rio Grande do Sul é o estado que denunciou os maiores índices. Segundo a pesquisa, esses registros cresceram 127%, ultrapassando de 5,1 mil em 2022 para 11,6 mil em 2023. As ocorrências de racismo igualmente subiram: foram 12,2 mil casos em 2022 e 13,8 mil em 2023, aumento de 13,5% em um ano.[112]
Dentre todos osestados, o Rio Grande do Sul foi o que denunciou o maior índice absoluto de ocorrências de racismo: 2.857, crescimento de 13,2% em relação aos 2.523 casos de 2022. Ademais, o estado apresentou o maior índice de ocorrências pormoradores: 26,3 a cada 100 mil residentes; a média nacional foi de 5,7. O estado ainda teve crescimento de 10,5% nas ocorrências de racismo, excedendo de 162 casos em 2022 para 179 em 2023.[112]
Opoder executivo gaúcho é desempenhado pelogovernador do Rio Grande do Sul. Este é escolhido pela população gaúcha para ummandato de quatro anos, com direito à reeleição para mais um período de governo, visando administrar o Rio Grande do Sul. O chefe do poder executivo gaúcho é sucedido, em seus impedimentos, pelovice-governador do Rio Grande do Sul, e assessorado pelossecretários estaduais.[113] A matriz do poder executivo do estado, oPalácio Piratini, começou a ser construída pelo arquiteto francês Maurice Gras em 1896 e teve sua construção reiniciada em 1909, para suceder o antigoPalácio de Barro. Foi, depois doForte Apache, ocupado pelo governo estadual em 17 de maio de 1921 e inaugurado nadécada de 1970. Sofreu profundas alterações em sua estrutura.[115][116][117]
A partir do início da república, tomou posse pela primeira vez do governo do estado omarechalJosé Antônio Correia da Câmara. Este se encontrava no poder de 15 de novembro de 1889 a 10 de fevereiro de 1890. Foi somente no ano de 1947 quando foi empossado o primeiro governador eleito pela população,Walter Jobim.[118]
O Rio Grande do Sul fornece quase 90% da uva e vinho do Brasil e 70% do arroz do país. Produz boa parte do tabaco, o qual é quase totalmente exportado. É o 3.º plantador de soja com 16% do que é produzido em território nacional; 3.º maior produtor de milho; e 3.º plantador de tangerina. É um dos maiores plantadores de trigo, aveia e erva-mate, junto do Paraná. Um dos maiores plantadores de maçã, junto de Santa Catarina;[131] constitui o 4.º maior fornecedor de mandioca;[132] o 5.º mais importante na produção de laranja.[133] Além disso, é um produtor de quantidades expressivas de pêssego, figo, caqui e morango, dentre outros.[134][135]
Com uma ampliação rápida de sua lavoura nosanos 1970, asoja (15,7 milhões de toneladas),[136] se transformou no mais importante produto agrícola gaúcho. A área de produção está espalhada por todo o quadrante norte-ocidental do estado e abriga determinadas partes dadepressão central e principalmente doplanaltobasáltico. Otrigo (1,7 milhões de toneladas),[137] plantado em condições ecológicas bem diversas, é cultivado seja em áreascampestres, seja em zonas deflorestas. Nas primeiras, apresenta a característica demonocultura extensiva e mecanizada. Nas áreas florestais, aparece como pequena lavoura incorporada no sistema derotação de cultura, a que se dedicam pequenos agricultores. A mais importante região produtora constitui o planalto basáltico, especialmente sua parte oeste.[138]
Oarroz (8,7 milhões de toneladas)[139] constitui cultivo característico das regiões mais baixas do estado. Constitui plantio frequentemente irrigado e na planície litorânea, como seus solos arenosos são inférteis, adquire significativa utilização defertilizantes químicos. Omilho (5,5 milhões de toneladas)[140] representa cultura extremamente disseminada nas regiões de terrenos que abrigavam florestas. Está habitualmente ligado àsuinocultura, para o qual colabora como ração. Amandioca (1,2 milhão de toneladas)[141] está distribuída geograficamente da mesma forma que o milho. Além de ser usada na nutrição da população do campo, costuma ser utilizada comoforragem por suinocultores e bovinicultores.[138]
O plantio dotabaco (300,8 mil toneladas)[142] está concentrado na região do sopé baixo daserra Geral, nas zonas doTaquari e doPardo. Outra cultura principal do estado constitui-se na da uva (500,7 mil toneladas),[143] concentrada na região do sopé superior da serra Geral, nas zonas do Taquari e doCaí.[138]
O Rio Grande do Sul merece destaque por seu setoragropecuário. A criação degado bovino (12,5 milhões de cabeças)[144] na região do planalto é destinada mormente à fabricação deleite. Ao invés disso, a pecuária no sul do estado, nas enormes fazendas situadas na região da Campanha, ouestâncias, é destinada ao corte. Aovinocultura (3,7 milhões de cabeças)[145] está concentrada especialmente na parte mais ao sul da Campanha. Em contrapartida, a desuínos (5,7 milhões de cabeças),[146] consome parcela considerável do fornecimento de milho e mandioca, sendo característica das áreas das florestas.[138] Em 2012, o Rio Grande do Sul foi também o maior criador brasileiro decoelhos, com um efetivo de 83 796 rebanhos, superandoSanta Catarina.[147]
Constitui o 3.º maior produtor decarne suína (15% de participação),carne de frango (11% de participação) eleite de vaca (participa com 13%) do país. Constitui o maior produtor demel no Brasil, com 15,2% do que é produzido no país.[148][149] Em 2017, a Região Sul era a 2.ª maior criadora do país, com 4,2 milhões de cabeças. O Rio Grande do Sul possuía 94,1% do fornecimento delã no Brasil. As municipalidades deSantana do Livramento,Alegrete eQuaraí estavam no topo da atividade.[150] Hoje, o fornecimento de carne passou a ser a mais importante função da produção estadual de ovinos. Isso devido ao aumento dos preços pagos ao produtor que o transformaram na fonte de renda mais acolhedora e lucrativa.[151]
Destacam-se os pastos orgânicos da campanha gaúcha, em sua maior parte usados em pastoreio continuado e, de modo geral, em pastos demasiadamente extensos. Isso faz permitir a ampliação das atividades pecuárias, de grande resultado na economia da região.[138]
Osetor terciário constitui o segundo mais relevante da economia gaúcha ao nível nacional. Em 2013, os serviços respondiam só por 6,1% do valor adicionado bruto em relação à economia do Brasil.[130] Contrata 777.301 trabalhadores. Os mais importantes setores fabris constituem: construção (17%), alimentos (14,6%), Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (10,5%), Máquinas e Equipamentos (6,8%) e Químicos (6,7%). Estes 5 setores centralizam 55,6% da indústria do estado. Outros setores principais constituem-se os de veículos automotores (5,7%), derivados de petróleo e biocombustíveis (5,5%), Couros e calçados (4,8%), Produtos de metal (4,5%) e Celulose e papel (4,0%).[152]
Porto Alegre, capital e um dos maiores polos industriais do estado.
No setormetalúrgico, o estado possui uma das empresas mais conhecidas do país, aTramontina. Esta é responsável por cerca de 8,5 mil empregos com carteira assinada e dispõe de 10 unidades industriais. Outras empresas conhecidas no estado constituem aMarcopolo e aRandon. A Marcopolo é uma companhia que fabrica carrocerias de ônibus.[154] Possuía umvalor de mercado de R$ 2,782 bilhões em 2015.[155] ARandon é um grupo de 9 empresas especializadas em soluções para o transporte. Agrega fabricantes de veículos, autopeças, e implementos rodoviários. É responsável por mais de 11 mil empregos com carteira assinada. Contou com um faturamento bruto em 2017 de R$ 4,2 bilhões.[156][157][158]
A indústria decalçados e artefatos decouro merece destaque principalmente emSão Leopoldo eNovo Hamburgo.[138] No ramo coureiro-calçadista (Indústria do calçado), em 2019 o Brasil fabricou 972 milhões de pares. Eram exportados em torno de 10%, atingindo cerca de 125 milhões de pares. O Brasil se encontra no 4.º lugar da produção mundial, perdendo apenas para a China, Índia e Vietnã, e na 11.ª posição entre os maiores exportadores. O maior polo industrial do Brasil está localizado no Rio Grande do Sul, na região doVale dos Sinos, em 25 cidades em torno deNovo Hamburgo. É o maior exportador brasileiro do produto: em 2019 foi responsável pela exportação de US$ 448,35 milhões. Boa parte do produto é exportada para osEstados Unidos,Argentina eFrança.[159][160]
A indústria mecânica e metalúrgica também é consideravelmente expressiva, especialmente emPorto Alegre, Novo Hamburgo e São Leopoldo. A esses centros, incorpora-seCharqueadas, que comporta duas usinas siderúrgicas como a Gerdau Aços Finos Piratini e a Riograndense. Estas fabricam 2% do aço do Brasil, especialmente para satisfazer as necessidades daindústria automotiva daGM no estado.[161][162][138]
Os remanescentes dearaucárias do norte do estado, embora já diminuídos devido à grande extração, são um dos mais importantes produtos doextrativismo vegetal. Oservais, em considerável dimensão, também favorecem extrativismo vegetal para satisfazer o enorme consumo regional. Plantas que contémtanino, como, exemplificando, aacácia-negra, apesar de serem pouco produzidos, estão dentre os mais importantes recursos da região.[138]
Osetor terciário constitui o menos relevante e menor da economia gaúcha ao nível nacional. Em 2013, os serviços respondiam só por 5,9% do valor adicionado bruto em relação à economia do Brasil.[130]
A economia do Rio Grande do Sul tem uma alta capacidade produtiva, e a grande população espalhada pelo estado influencia significativamente as atividades comerciais, que apresentam números bastante elevados.[163] O estado mantém um amplo intercâmbio comercial com outras unidades federativas do país e também com nações estrangeiras, comoChina (22%),Estados Unidos (9,7%),Argentina (4,9%),Vietnã (3,6%) eBélgica (3,6%), o que resulta em saldos positivos para o estado. No âmbito do comércio exterior, em 2023, o Rio Grande do Sul realizou exportações de produtos no valor de 22 307,9 milhões de dólares e importou bens na quantia de 13 762,2 milhões de dólares. No comércio de cabotagem, asexportações atingiram 1,82 bilhão de dólares, ao passo que asimportações totalizaram 852 milhões de dólares.[129][163]
Na costa incluem-se algumas praias famosas. O mais importante é a deTorres, com as praias Grande, daGuarita, da Cal e a Prainha. EmCapão da Canoa, estão situadas as praias de Araçá, Arco-Íris. Guarani, Zona Nova, Noiva do Mar. Rainha do Mar e Capão Novo (Tramandaí). As praias Jardim Atlântico, Oásis do Sul e Jardim do Éden.[164]
Vista aérea do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
As situações deatendimento médico-hospitalar do estado são tidas como satisfatórias. Asiniciativas públicas se somaram às privadas que regularmente contribuíram para a dispersão uniforme dos bens assistenciais pelo interior.[165] Em 2009, o estado possuía uma rede hospitalar formada por 5 705instituições. Estas compreendem 31 055leitos, atendidos por 59 598médicos, 8 671enfermeiros e 14 377auxiliares de enfermagem.[166][167] As instituições federais desaúde pública colaboraram por intermédio das seguintes atividades. São elas: "Departamento de Endemias Rurais" (educação sanitária, campanha de vacinação, campanha contra aancilostomose,doença de chagas,febre-amarela,filariose etracoma). Serviço Nacional de Doenças Mentais. Serviço Nacional de Lepra e Serviço Nacional de Saúde.[165]
De todos os 497 municípios do estado, em 2000, 78,9% da população contavam com serviços deabastecimento de água e 26,3% deesgotos sanitários.[166]
Conforme uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2019, 78,4% dos gaúchos realizavamconsulta médica periodicamente. 55,6% dos habitantes consultavam odentista regularmente e 6,9% estiveram internados em leito hospitalar nos últimos doze meses. Apenas 36,9% tinhamplano de saúde. Outro dado significante é o fato de 51,2% terem declarado necessitar sempre doPrograma Unidade de Saúde da Família — PUSF.[168]
Em 2018, foram registradas matrículas de 1 298 736 discentes. Estes estavam nas 5 926instituições educacionais deensino fundamental do Estado do Rio Grande do Sul. Destas, 5 166 eram domunicípio, 4 135 doestado, 4 daUnião e 1 019 dainiciativa privada. No que diz respeito aocorpo docente, era também formado por 73 770 professores. Destes, 44 018 ensinavam nas instituições de ensino do município, 31 433 nas do Estado, 143 nas da União e 12 960 nas da iniciativa privada. Oensino médio, em 2018, era lecionado em 1 503 estabelecimentos com 338 065 discentes registrados por matrícula, atendidos por 27 771 docentes.[169]
O conjuntoferroviário passa ao redor do eixo central constituído pela linha. Esta sai dePorto Alegre, se desloca em direção ao oeste por intermédio dadepressão central. Vai atingir o limite com aArgentina, emUruguaiana. Desse ramo longitudinal se deslocam vários ramos. De grande relevância para o estado, constituem as ferrovias que o conectam com o restante do país. Uma delas sai deSanta Maria, no tronco longitudinal, anda para o norte e corta os estados deSanta Catarina eParaná. Mais para leste, passa outra estrada de ferro na direção norte-sul, cortandoMontenegro,Bento Gonçalves eVacaria, atravessando depois o leste de Santa Catarina e Paraná.[183][138]
A rede derodovias do estado é pouco desenvolvida nas regiões mais ao sul e oeste, e mais abrangente próximo à capital Porto Alegre e às maiores cidades. Com poucas rodovias duplicadas e muitas cidades ainda sem acesso asfáltico, em 2025 o Rio Grande do Sul ainda possuía estradas de capacidade e qualidade defasadas perante o resto do país, porém, em processo de evolução, tendo concedido várias rodovias à inciativa privada e investindo para sua modernização e readequação.[184][185][186][187][188] Entre as mais importantes e movimentadas, estão aBR-101, que passa no decorrer do litoral norte, duplicada, a qual, saindo deOsório, vai atéNatal–RN;[189] também para o norte vai aBR-116, duplicada deGuaíba aNovo Hamburgo, que a caminho deCuritiba cortaCaxias do Sul eVacaria. Para o noroeste, aBR-386, em processo de duplicação entreLajeado eCarazinho, termina emIraí se conectando àBR-158.[190] Cortando o estado ao meio no sentido leste-oeste, duas rodovias se destacam: aBR-287 e aBR-290, ambas em processo de duplicação, ligam Porto Alegre à Argentina passando por importantes cidades.[191][192] Também se destaca aBR-285 que liga o norte do estado à Argentina e ao litoral catarinense, e que já vem demandando obras de duplicação.[193] Por último, para o sul, se desenvolve a conexão Porto Alegre-Pelotas-Chuí (BR-116 eBR-471), ligando ao Porto de Rio Grande e ao Uruguai.[183][138]
O abastecimento de energia elétrica está sob a responsabilidade daCompanhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).[201][202][199] Em 2016, O Rio Grande do Sul consumiu 29 428 GWh e possuía cerca de 4,5 milhões de consumidores.[203][199] Em 317 dos 497 municípios gaúchos, o fornecimento de água está a cargo daCompanhia Riograndense de Saneamento (Corsan).[204] Os serviços de abastecimento e venda de gás canalizado estão a encargo da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás).[205]
A qualidade de vida da população está intrinsecamente associada à adoção de medidas preventivas contra enfermidades e à oferta de tratamento médico confiável. No estado do Rio Grande do Sul, a cobertura da coleta de esgoto atinge 30%, dos quais 80,97% passam por algum tipo de tratamento, conforme informações do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). No entanto, a maior problemática relacionada ao saneamento básico no estado reside na insuficiência da coleta e do tratamento adequado dos efluentes domésticos. Estima-se que aproximadamente 50% do esgoto produzido seja coletado, enquanto somente cerca de 13% recebe o devido tratamento. Os municípios de Canoas e Gravataí figuram entre os 20 piores do Brasil no ranking nacional de saneamento, que avalia as condições dos 100 municípios mais populosos do país.[211]
Na cidade de Porto Alegre, segundo os dados do SNIS referentes ao ano-base de 2017, estima-se que somente 50,37% dos efluentes sanitários sejam efetivamente tratados. A capital do estado apresentou avanços nos indicadores de saneamento a partir da implementação do Programa Integrado Socioambiental (PISA), desenvolvido ao longo das últimas duas décadas. Esse programa contou com financiamento parcial do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e possibilitou a execução de obras significativas, como a construção do dique do Arroio Cavalhada, além da ampliação das redes de esgotamento sanitário e das estações de tratamento. Dados fornecidos pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) indicam que, com a implantação do PISA e a construção das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) Serraria e Sarandi, a capacidade instalada para o tratamento de esgoto na cidade aumentou de 20% para 80%. Entretanto, a resolução completa da questão ainda não foi alcançada. Na prática, apenas 55% do esgoto gerado na capital é tratado. A discrepância de 25% entre a capacidade instalada e o volume efetivamente tratado decorre de dois fatores principais: a necessidade de ampliação da infraestrutura, com a construção de aproximadamente 2 mil quilômetros adicionais de redes de canalização, e a exigência de conexões adequadas para viabilizar o escoamento do esgoto até as estações de tratamento.[212]
Conforme dados do “Mapa da Violência 2012”, publicado peloMinistério da Justiça, a taxa de homicídios por 100.000 habitantes, que era de 8,1 em 1980, subiu para 20,7 em 2009 (ficando abaixo da média nacional, que era de 27,0). Entre 2000 e 2010, o número dehomicídios subiu de 1662 para 2061. Em geral, o Rio Grande do Sul subiu cinco posições na classificação nacional das unidades federativas por taxa de homicídios, passando da décima-oitava para a vigésima-terceira posição em 2010. A região metropolitana de Porto Alegre possuía taxas duas vezes maiores do que a do estado (353,8). Enquanto isso, no interior, o mesmo era oito vezes menor que a média estadual (48,7).[222]
De 2000 a 2010, decrescem os municípios sem homicídios registrados — a quantidade diminui de 312 para 279. Principalmente, aumenta duas vezes a quantidade de municípios com taxas superiores à média nacional — mais de 25 homicídios em 100 mil habitantes. Geralmente, o tamanho do município continua imensamente ligado à possibilidade de homicídio.[222][223]
Acultura gaúcha teve origem em estilos diversos. No entanto, com uma imensa predominânciaportuguesa, foi por meio da miscigenação racial lusitana,indígena,castelhana,germânica eitaliana. Que a cultura gaúcha teve sua atenção dirigida para o meio rural em consequência da enorme predominância da criação de gado, merecendo destaque apecuária bovina.[225]
Os principais museus do estado constituem oJúlio de Castilhos, o Museu de Armas General Osório, oMuseu de Arte do Rio Grande do Sul, o Museu de Arte Sacra, o Museu Rio-Grandense de Ciências Naturais, na capital, o Museu do Centro de Tradições Gaúchas Rincão da Lealdade, de produtos, trajes e objetos regionais (Caxias do Sul), o Museu Antropológico de Ijuí, o Museu Histórico de Pelotas, oMuseu Oceanográfico de Rio Grande, o Museu Histórico Vítor Bersani (Santa Maria), o Museu Barão do Santo Ângelo (Rio Pardo), oMuseu Farroupilha (Triunfo), estabelecido no antigo Palácio do Governo Farroupilha e o Museu Colonial Visconde de São Leopoldo.[164]
A região gaúcha possui estilo próprio, distinguindo-se das demais regiões doBrasil. Os ritmos musicais são complementados por meio de instrumento típico dessa região. Sobressaem músicas e danças comoChimarrita (procedênciaaçoriana), pezinho (procedência portuguesa),chula (procedência portuguesa).Xote (procedência europeia), Anu e Tatu (originárias dosfandangos).Vanerão, também conhecido como limpa-banco (origemalemã com influênciacubana), dentre outros.[225]
Apilcha, roupa tradicional do gaúcho, transformou-se em traje de honra e de uso preferencial no Rio Grande do Sul. Isso se deu por intermédio de uma lei estadual de 10 de janeiro de 1989.[240]
Conforme a lei, será tida como “Pilcha Gaúcha” apenas a vestimenta que, de maneira autêntica, retrate com galhardia a humildade daindumentária tradicional. Isso vai segundo os cânones e as regras determinadas peloMovimento Tradicionalista Gaúcho.[240]
O traje histórico feminino, fabricado com tecidos estampados e/ou lisos, é constituído porsaia eblusa ou saia ecasaquinho ouvestido, saia de armação,bombachinha,meias esapatos. Amaquiagem da prenda é modesta, ao passo que oscabelos devem estar semipresos ou emtranças, ornamentados comflores naturais ou artificiais, sem brilhos.[240]
Também na capital, são realizadas exposições anuais de animais e produtos derivados (agosto). ASemana Farroupilha (14 a 20 de setembro) e a exposição estadual de orquídeas (de 1º a 8 de dezembro). EmSantana do Livramento eSão Borja são promovidas exposições agropecuárias (outubro). EmCaxias do Sul, a conhecidaFesta da Uva (fevereiro). E emGramado, a Festa das Hortênsias (bienal) e a Feira Nacional de Artesanato (anual). Em todas as cidades da campanha gaúcha são realizados rodeios (reuniões de gado para contagem, cura ou venda).[164]
Danças típicas do estado constituem o bambaquerê (espécie de quadrilha), acongada (auto popular), achimarrita (fandango). Ajardineira (dança representada em figura e executada em forma de canto, de pares desgarrados) e a quebra-mana (dança sapateada e valsada). Nas regiões deimigração alemã, são realizados oskerbs (bailes populares que perduram geralmente três dias).[164]
Aculinária típica possui como prato principal ochurrasco (porção decarne fatiada em tira longa e lançada ao braseiro do fogão). A bebida geralmente utilizada e mais ingerida constitui ochimarrão (chá deerva-mate quente e amargo sugado por intermédio de umabomba). Ovinho e oconhaque de maçã constituem outras das bebidas favoritas dos gaúchos.[164]
Raul Bopp é frequentemente citado entre os líderes modernistas, mas de fato sua obra foi produzida fora do estado e sua temática também não se relaciona com a realidade gaúcha.[242] Nesta época aLivraria do Globo deixava a área didática e publicava literatura de alta qualidade nacional e estrangeira, revelava talentos locais, e tornava-se um importante centro cultural em torno do qual gravitavam muitos escritores, tradutores e ilustradores de relevo.[243] Em 1956 aparecia o segundo grande marco da historiografia literária,História da literatura do Rio Grande do Sul (1737–1902), de Guilhermino César.[244]
Membro da segunda geração modernista,Érico Veríssimo é por muitos considerado o maior escritor gaúcho de todos os tempos, apreciado internacionalmente, autor da celebrada trilogiaO Tempo e o Vento e vários outros trabalhos no conto, no romance e na literatura infanto-juvenil.[241][245][246]
Ele é um dos expoentes do novo romance de temática urbana, que, paraRegina Zilberman “focaliza de maneira renovadora o cenário social não porque introduz Porto Alegre na literatura, mas porque desvela e questiona as contradições existentes. Através dos romances de Érico Veríssimo, Dyonélio Machado,De Souza Júnior eReynaldo Moura, a literatura do Rio Grande do Sul afina-se ao movimento da prosa nacional, acompanhando sua trajetória rumo à investigação do lugar do homem na sociedade e na estrutura econômica”.[247]
No Rio Grande do Sul, há um único feriado estadual, o dia 20 de setembro, data magna do estado, em homenagem àRevolução Farroupilha. Este feriado foi oficializado pelo parágrafo único do artigo 6.º daconstituição estadual,[113] pelo decreto n.º 36.180, de 18 de setembro de 1995.[279]
↑A procedência do vocábulo na língua espanhola é especulativa. Há, ainda, uma versão estabelecendo a adoção de um vocábulo originário dos povos indígenas, que significa “itinerante” ou “errante”.[26]
↑Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Pnud Brasil, Ipea e FJP.«Atlas Brasil: Ranking». Consultado em 27 de março de 2023
↑abcd«Rio Grande do Sul».www.brasil.gov.br. 31 de janeiro de 1998. Consultado em 21 de fevereiro de 2024. Arquivado dooriginal em 31 de janeiro de 1998
↑abUruguay. Ministerio de Defensa Nacional. Servicio Geográfico Militar (2013).Atlas cartográfico del Uruguay (em espanhol). Montevideo: Contexto. 168 páginas
↑abMarín, Daniel (1998).Atlas geográfico de la República Argentina (em espanhol) 1ª ed. Buenos Aires: Betina
↑Osório, Helen. "A organização territorial em um espaço de fronteira com o império espanhol e seu vocabulário. Notas de pesquisa". In:Claves. Revista de Historia, 2015 (1)
↑Del Vas Mingo, Marta Milagros (1986).Las Capitulaciones de Indias en el siglo XVI. Edición Cultura Hispánica del Instituto de Cooperación Iberoamericana por la conmemoración del V centenario del descubrimiento de América. Madrid.
↑abcdefghijklmnopqrstGrande Enciclopédia Barsa. São Paulo: Barsa Planeta Internacional Ltda. 2004. pp. 379–392
↑abSturza, Eliana.«Espanhol no Brasil». Enciclópedia das Línguas do Brasil. Consultado em 9 de janeiro de 2017. Arquivado dooriginal em 12 de agosto de 2017
↑Bolognini, Carmen Zink.«Alemão». Enciclópedia das Línguas do Brasil. Consultado em 9 de janeiro de 2017. Arquivado dooriginal em 13 de janeiro de 2017
↑Payer, Maria Onice (12 de agosto de 2017).«Italiano».www.labeurb.unicamp.br. Consultado em 26 de setembro de 2023. Arquivado dooriginal em 12 de agosto de 2017
↑«Européias». Enciclópedia das Línguas do Brasil. Consultado em 9 de janeiro de 2017. Arquivado dooriginal em 17 de junho de 2017
↑«Asiáticas». Enciclópedia das Línguas do Brasil. Consultado em 9 de janeiro de 2017. Arquivado dooriginal em 17 de junho de 2017
↑Governo do Rio Grande do Sul (5 de outubro de 2016).«Soja». Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão.Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Consultado em 17 de janeiro de 2021.Cópia arquivada em 21 de outubro de 2020
↑Governo do Rio Grande do Sul (julho de 2020).«Trigo».Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão. Consultado em 17 de janeiro de 2021.Cópia arquivada em 4 de novembro de 2020
↑Governo do Rio Grande do Sul (julho de 2020).«Arroz». Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão.Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Consultado em 17 de janeiro de 2021.Cópia arquivada em 2 de novembro de 2020
↑Governo do Rio Grande do Sul (5 de outubro de 2016).«Milho». Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão.Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Consultado em 17 de janeiro de 2021.Cópia arquivada em 22 de setembro de 2020
↑Governo do Rio Grande do Sul (julho de 2020).«Fumo».Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão. Consultado em 17 de janeiro de 2021.Cópia arquivada em 26 de novembro de 2020
↑Governo do Rio Grande do Sul (julho de 2020).«Uva e Maçã».Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão. Consultado em 17 de janeiro de 2021.Cópia arquivada em 4 de agosto de 2020
↑Governo do Rio Grande do Sul (julho de 2020).«Bovinos».Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão. Consultado em 17 de janeiro de 2021.Cópia arquivada em 20 de setembro de 2020
↑Governo do Rio Grande do Sul (julho de 2020).«Ovinos».Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão. Consultado em 17 de janeiro de 2021.Cópia arquivada em 30 de outubro de 2020
↑Governo do Rio Grande do Sul (julho de 2020).«Suínos».Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão. Consultado em 17 de janeiro de 2021.Cópia arquivada em 20 de setembro de 2020
↑Feijó, Thais Nunes. "Tecendo uma rede de sociabilidades: visibilidade ao Fundo Documental Guilhermino César da Silva no IHGRGS". In:1º Colóquio Internacional de História Cultural da Cidade Sandra Jatahy Pesavento. Porto Alegre, 09-11/03/2015
Arruda, Ana (1988). «Rio Grande do Sul».Enciclopédia Delta Universal.13. Rio de Janeiro: Delta
Benton, William; Silva, Guilhermino Cesar da (1973). «Rio Grande do Sul».Enciclopédia Barsa.12. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações Ltda
Bueno, Eduardo (2003).Brasil, uma história: a incrível saga de um país. 2ª ed. São Paulo: Ática
Camargo, José Eduardo (2013).Guia Quatro Rodas Rodoviário. São Paulo: Abril
Civita, Roberto (1997).Almanaque Abril. São Paulo: Abril
Civita, Roberto (1998).Almanaque Abril. São Paulo: Abril
Civita Neto, Victor (2014).Almanaque Abril. São Paulo: Abril
Frias Filho, Otávio (1996). «Rio Grande do Sul».Nova Enciclopédia Ilustrada Folha.2. São Paulo: Folha da Manhã
Garschagen, Donaldson M. (1998a). «Rio Grande do Sul».Nova Enciclopédia Barsa: Macropédia.12. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Garschagen, Donaldson M. (1998b). «Rio Grande do Sul».Nova Enciclopédia Barsa: Datapédia.1. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Houaiss, Antônio; Faoro, Raimundo; Barbosa, Francisco de Assis (1993). «Rio Grande do Sul».Enciclopédia Mirador Internacional.18. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações Ltda
Mascarenhas, Maria Amélia; Biasi, Mauro De; Coltrinari, Lylian; Moraes, Antônio Carlos de Robert de (1998). «Rio Grande do Sul».Grande Enciclopédia Larousse Cultural.21. São Paulo: Nova Cultural
Simielli, Maria Elena Ramos (2000).Geoatlas. São Paulo: Ática