Os distúrbios rapidamente se intensificaram, levando à deposição de Yanukovytch e à instalação, alguns dias mais tarde, de um governo interino, apoiado por grupos decentro-direita,direita,centro-esquerda e até deextrema-direita, todos mais ou menosanticomunistas, unidos contra o poder russo.[21][23]
O presidente deposto refugiou-se naRússia,[26] e passou a ser procurado na Ucrânia, sob a acusação de ser responsável pela morte de manifestantes.[27]
Desde adissolução da União Soviética, a Ucrânia estava atolada por anos decorrupção, má gestão, falta decrescimento econômico, desvalorização da moeda, e uma incapacidade para assegurar o financiamento de mercados públicos.[30] A partir de 2004, a Ucrânia buscou estabelecer relações mais estreitas com aUnião Europeia (UE) e a Rússia.[31][32] Entre estas medidas estava um acordo de associação com a União Europeia, o que proporcionaria à Ucrânia recursos condicionais em reformas.[33] Yanukovych por fim, se recusou a assinar o acordo, a pedido da Rússia.[34] Depois disso, Yanukovych assinou um tratado e um empréstimo de bilhões de dólares com a Rússia em vez disso, o que provocou uma agitação civil em Kiev que levou a confrontos violentos com as forças policiais que reprimiu os manifestantes.[35]
No dia 20 de fevereiro, três ministros das Relações Exteriores da União Europeia,Radosław Sikorski daPolônia,Laurent Fabius daFrança eFrank-Walter Steinmeier daAlemanha, chegaram a Kiev para tentar neutralizar a espiral de violência. Os três chanceleres se reuniram com o presidente Yanukovytch.[36] Na manhã do dia 21 de fevereiro, a presidência da Ucrânia anunciou que havia chegado a um acordo com a oposição após a mediação da União Europeia. O acordo incluiria a formação de um governo de coalizão, eleições antecipadas e retorno da Constituição de 2004.[37][38]
No entanto, na manhã de22 de fevereiro, opositores tomaram conta do país e ocuparam as principais instituições estabelecidas em Kiev. O presidente Viktor Yanukovych havia viajado para um congresso de deputados e governadores daUcrânia Oriental e daCrimeia, que estava previsto para acontecer emKharkiv;[39][40] a oposição acusou Yanukovich de ter fugido de Kiev e querer abandonar seu cargo como presidente, e através de umimpeachment, oVerkhovna Rada depôs oficialmente o presidente por "negligência de suas funções",[41] com o voto favorável de 328 dos 450 deputados, mais de dois terços que a Constituição exige para destituição, no entanto, não foi criada uma comissão de inquérito, passo requerido pela Constituição para investigar as razões pela qual se pretendia destitui-lo, o que faz deste ponto de vista constitucional, a "destituição" do presidente seja mais do que questionável;[6] em Kharkiv, Yanukovych denunciou umgolpe de Estado.[42] Enquanto isso, o Verkhovna Rada assumiu o controle do país eOleksandr Turchynov assumiu a coordenação do governo e presidente do parlamento.[43] Turchinov acusou Yanukovych de querer fugir para a Rússia e afirmou que os guardas de fronteira o interceptaram.[39]
Também nesse dia, foi libertada a opositoraYulia Tymoshenko, primeira-ministra após a conclusão daRevolução Laranja em janeiro de2005 até aseleições presidenciais na Ucrânia em2010, tendo passado dois anos sobprisão domiciliar em uma clínica por "abuso de poder" na assinatura de contratos gasíferos com a Rússia.[6][41] Tymoshenko anunciou naquela noite em uma cadeira de rodas na Praça da Independência que seria candidata presidencial.[41]
Após a remoção de Yanukovych do poder pela segunda vez em nove anos (a primeira vez como primeiro-ministro), o Congresso dos Deputados e governadores regionais do leste e do sul da Ucrânia apelaram à resistência e acusaram a oposição de não cumprir o acordo de paz firmado em 21 de fevereiro com o presidente deposto.[44] Enquanto isso, o Verkhovna Rada aboliu a lei sobre as línguas minoritárias, que estabelecia que emraions onde um determinado idioma fosse falado por pelo menos 10% da população, essa língua pode adquirir o estatuto de língua oficial; a revogação da lei aprovada em 2012 prejudica os falantes de russo (co-oficial em toda a Ucrânia oriental e meridional,[nb 1] também alguns raions emKirovogrado,Chernigov,Sumi eJitomir), húngaro (co-oficial em alguns raions daTranscarpátia) e romeno (co-oficial em alguns raions da Transcarpátia,Chernivtsi eOdessa).[45]
Na manhã de24 de fevereiro, Vladimir Kurennoy, deputado da Aliança Democrática Ucraniana pela Reforma (UDAR, por sua sigla em ucraniano) afirmou que Yanukovich teria sido preso na Crimeia e estava sendo transferido para Kiev.[46] No entanto, mais tarde naquele dia, o Ministério do Interior emitiu um mandado de prisão contra Yanukovych sob a acusação de "assassinato em massa" durante a rebelião em Kiev.[47]
Em26 de fevereiro, o Verkhovna Rada emitiu um mandado de captura internacional contra o ex-presidente Yanukovych e ex-ministro do Interior,Vitaliy Zakharchenko.[50] O parlamento ucraniano adiou para o dia seguinte à eleição do governo interino que irá controlar a situação até a eleição de 25 de maio;[51] o seu presidente Oleksandr Turchynov, por decreto assumiu o cargo de Comandante Supremo das Forças Armadas ucranianas.[51] Além disso, o governo russo reiterou que não reconhece o novo governo em Kiev uma vez que considera Viktor Yanukovich "o único poder legítimo na Ucrânia" e argumenta que "todas as decisões tomadas pelo Rada nos últimos dias levantam sérias dúvidas", pois na Ucrânia "o presidente legítimo foi derrubado por um golpe de Estado".[51]
Em 24 de fevereiro, o Parlamento decidiu libertar todos os presos políticos, incluindo a família Pavlichenko,[52] e encerrou os poderes de cinco juízes doTribunal Constitucional da Ucrânia, nomeados a partir da cota do Parlamento e por indicação presidencial, por violarem seu juramento.[53]
Em 27 de fevereiro, Yanukovych foi acusado de ter roubado US $ 70 bilhões do orçamento do estado.[54]
A Rússia recusou-se a reconhecer o novo governo interino, chamando a revolução de um "golpe de Estado"[55] e iniciou umainvasão encoberta da península da Crimeia.[56][57] O recém-nomeado governo interino da Ucrânia assinou o acordo de associação UE e se comprometeu na adoção de reformas em seu sistema judiciário e sistema político, bem como em suas políticas financeiras e econômicas. Os investimentos estrangeiros vieram doFundo Monetário Internacional, sob a forma de empréstimos no valor de mais de $18 bilhões dependendo das reformas adotadas pela Ucrânia.[58]
O monumento ao marechal de campo russoMikhail Kutuzov foi demolido na cidade deBrody, no oeste da Ucrânia.[66] Além disso, uma estátua em homenagem aos soldados soviéticos foi removida da cidade deStryi no oeste da Ucrânia.[67]
Em 28 de fevereiro, um monumento dedicado àsforças soviéticas que lutaram naSegunda Guerra Mundial e outro dedicado aos soldados soviéticos que lutaram no Afeganistão, ambos na cidade deDnipropetrovsk, foram vandalizados e pintados com slogansultranacionalistas e fascistas(como wolfsangel).[68] Em sua conta no Twitter em inglês, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia descreveu o ataque a monumentos construídos pela Rússia e pela União Soviética como "vandalismorussofóbico" e um "ultraje" e exigiu que fosse interrompido.[69]
Uma pesquisa de dezembro de 2016 com 2.040 ucranianos realizada pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev descobriu que 56 por cento dos entrevistados em toda a Ucrânia consideraram os acontecimentos como uma "revolução popular", enquanto 34 por cento os viram como um "golpe armado ilegal".[70]
O Primeiro Governo deYatsenyuk assinou em 21 de março de 2014 o Acordo de Associação União Europeia-Ucrânia[71] com a DCFTA e foi assinado após as eleições presidenciais de maio de 2014.[72]
Depois doEuromaidan, descobriu-se que oito ex-funcionários ligados ao Partido das Regiões de Ianukoviche cometeram suicídio.[73] QuandoaNewsweek, no verão de 2015, abordou oGabinete do Procurador-Geral sobre as mortes, o gabinete inicialmente respondeu que todas as informações sobre elas eram segredo de Estado.[73] A promotoria disse mais tarde que quatro das mortes estavam sendo investigadas como assassinatos; um suspeito também foi acusado de homicídio num quinto caso, a morte do promotor Sergei Melnichuk.[73]
Um memorial no Maidan aos mortos, 24 de fevereiro de 2014
Ao todo, 108 manifestantes civis e 13 policiais foram mortos.[74] A maioria das mortes ocorreu de 18 a 20 de fevereiro, e a maioria das vítimas eram manifestantes e ativistas antigovernamentais mortos por franco-atiradores da polícia nas proximidades da rua Instytutska, em Kiev.[74] Até junho de 2016, 55 pessoas foram acusadas em relação aos assassinatos, incluindo 29 ex-membros da força policial especial de Berkut, deztitushky e dez ex-funcionários do governo.[74] A Procuradoria-Geral afirmou que os esforços para levar os perpetradores à justiça foram prejudicados porque muitos suspeitos fugiram do país e as provas foram perdidas ou destruídas.[74]
Os civis mortos na revolução são conhecidos na Ucrânia como os 'Cem Celestiais' ou 'Companhia Celestial' (emucraniano: Небесна сотня,transl.Nebesna sotnya). Eles são comemorados todos os anos em 20 de fevereiro, que é o 'Dia dos Cem Heróis Celestiais'.[75]
↑«Yanukóvich está en Járkov y va a firmar las leyes aprobadas por el Parlamento». Kiev: RIA Novosti. 22 de fevereiro de 2014.La asesora del presidente ucraniano, Anna Guerman, declaró hoy que Víctor Yanukóvich se encuentra en Járkov, en el este del país, y que tiene la intención de promulgar las leyes aprobadas ayer por la Rada Suprema. “El presidente se encuentra en un viaje de trabajo en Járkov adonde llegó ayer. Hoy se reunirá con electores y se dirigirá a la nación con un mensaje televisado”, anunció Guerman citada por la agencia ucraniana UNN.
Máscaras da Revolução - versão legendada do documentário "Ukraine : les masques de la révolution" (2016) 52 min -Documentário dirigido por Paul Moreira que aborda a participação de grupos de extrema direita doEuromaidan[1].