Existem cerca de 10 mil religiões diferentes em todo o mundo,[8] embora quase todas tenham grupos de seguidores relativamente pequenos e regionais. Quatro religiões -cristianismo,islamismo,hinduísmo ebudismo - representam mais de 77% dapopulação mundial. Cerca de 92% da população global segue uma dasquatro religiões principais citadas ou se identifica comonão religiosa,[9] o que significa que as mais de 9 mil religiões restantes representam apenas 8% da população do planeta. O grupo demográfico sem filiação religiosa inclui aqueles que não se identificam com nenhuma religião específica, comoateus eagnósticos, embora muitos ainda tenham várias crenças religiosas.[10]
O termoreligião é derivado da palavralatinareligiō, que segundo o filósofo romanoCícero vem derelegere:re (que significa "de novo") +lego (que significa "ler", "examinar", "escolher"). Contrariamente, alguns estudiosos modernos como Tom Harpur eJoseph Campbell argumentaram quereligiō é derivado dereligare:re (que significa "de novo") +ligare ("ligar" ou "conectar"), o que foi destacado porSanto Agostinho seguindo a interpretação dada porLactâncio emDivinae institutiones, IV, 28.[12][13] O uso medieval do termo também alterna com a designação de comunidades vinculadas, como as dasordens monásticas: "ouvimos falar da 'religião' doVelocino de Ouro, de um cavaleiro 'dareligião de Avis'".[14]
Na antiguidade clássica,religiō significavaconsciência, senso de direito,obrigação moral oudever para com qualquer coisa.[15] No mundo antigo e medieval, a raiz etimológica latina do termo era entendida como uma virtude individual de adoração em contextos mundanos; nunca comodoutrina, prática ou fonte real deconhecimento.[16][17]Religiō era mais frequentemente usado pelosantigos romanos não no contexto de uma relação com os deuses, mas como uma série de emoções gerais que surgiram da atenção intensificada em qualquer contexto mundano, como hesitação, cautela,ansiedade oumedo, bem como sentimentos de limitação, restrição ou inibição.[18] O termo também estava intimamente relacionado a outras expressões, comoscrupulus (que significava "muito precisamente") esuperstitio (que significava muito medo, ansiedade ou vergonha).[18] O conceito compartimentado de religião, onde as coisas religiosas emundanas eram separadas, não foi usado até 1500,[19] quando o conceito contemporâneo de religião foi utilizado pela primeira vez para distinguir os domínios daIgreja Católica e dasautoridades civis; aPaz de Augsburgo marca esse exemplo,[19] que foi descrito por Christian Reus-Smit como "o primeiro passo no caminho para um sistema europeu deEstados soberanos".[20]
Não há consenso acadêmico sobre uma definição de religião. Existem, no entanto, dois sistemas de definição geral: o sociológico/funcional e o fenomenológico/filosófico.[21][22][23][24]
A religião é um conceito moderno[25] encontrado em textos do século XVII devido a eventos como a divisão dacristandade durante aReforma Protestante e aglobalização naEra das Explorações, que envolveu o contato com inúmeras culturas estrangeiras com línguas não-europeias.[16][17][26] Alguns argumentam que, independentemente da sua definição, não é apropriado aplicar o termo religião a culturas não-ocidentais,[27][28] enquanto alguns seguidores de várias religiões repreendem o uso da palavra para descrever o seu próprio sistema de crenças.[29]
O conceito de "religião antiga" deriva de interpretações modernas de uma série de práticas que estão em conformidade com um conceito moderno de religião, influenciado pelo discurso cristão do início da modernidade e do século XIX.[30] O conceito de religião foi formado nos séculos XVI e XVII,[31][32] apesar de antigos textos sagrados, como aBíblia, oAlcorão e outros, não terem uma palavra ou mesmo um conceito de religião nas línguas originais nem o fizeram os povos ou as culturas em que eles foram escritos.[33][34] Por exemplo, não existe um equivalente preciso de "religião" emhebraico e ojudaísmo não distingue claramente entre identidades religiosas, nacionais, raciais ou étnicas.[35][36] Um dos seus conceitos centrais éhalakha, cujo significado é "caminhada" ou "caminho" e às vezes traduzido como "lei", que orienta a prática e crença religiosa e muitos aspectos da vida diária.[37] Embora as crenças e tradições do judaísmo sejam encontradas no mundo antigo, os antigos judeus viam a sua identidade como sendo étnica ou nacional e não implicava um sistema de crenças obrigatório ou rituais regulamentados.[38] No século I,Josefo usou o termo gregoioudaismos (judaísmo) como um termo étnico que não estava ligado a conceitos abstratos modernos de religião ou a um conjunto de crenças.[3] O próprio conceito de "judaísmo" foi inventado pelaIgreja Cristã[39] e foi no século XIX que os judeus começaram a ver a sua cultura ancestral como uma religião análoga aocristianismo.[38] A palavra gregathreskeia, usada por escritores gregos comoHeródoto e Josefo, é encontrada noNovo Testamento e às vezes é traduzida como "religião" nas traduções atuais, mas o termo era entendido como "adoração" genérica até operíodo medieval.[3] No Alcorão, a palavraárabedin é frequentemente traduzida como "religião" nas traduções modernas, mas até meados de 1600 os tradutores expressavamdin como "lei".[3]
A palavrasânscritadharma, às vezes traduzida como "religião",[40] mas também significa lei. Em todo oSul da Ásia clássico, o estudo da lei consistia em conceitos como penitência através da piedade etradições, bem como práticas cerimoniais. O Japão medieval inicialmente tinha uma união semelhante entre a lei imperial e a lei universal (ou deBuda), mas estas mais tarde se tornaram fontes independentes de poder.[41][42] Quando navios de guerra estadunidenses apareceram na costa japonesa em 1853 e forçaram o governo local a assinar tratados exigindo, entre outras coisas coisas,liberdade religiosa, o país teve que lidar com este conceito.[43][44]
Embora tradições, textos sagrados e práticas tenham existido ao longo do tempo, a maioria das culturas não se alinhou com as concepções ocidentais de religião, uma vez que não separavam a vida quotidiana do sagrado. Osnativos americanos eram considerados como povos sem religiões e também não tinham uma palavra para "religião" em suas línguas nativas.[45][46] Ninguém se identificava como "hindu" ou "budista" ou outros termos semelhantes antes de 1800.[47] "Hindu" tem sido historicamente usado como identificador geográfico, cultural e, posteriormente, religioso para povos indígenas dosubcontinente indiano.[48][49]
A Enciclopédia de Religiões MacMillan afirma:
A própria tentativa de definir a religião, de encontrar alguma essência ou conjunto de qualidades distintivo ou possivelmente único que distinga o religioso do resto da vida humana, é principalmente uma preocupação ocidental. A tentativa é uma consequência natural da disposição especulativa, intelectualista e científica do Ocidente. É também o produto do modo religioso ocidental dominante, o que é chamado de tradição judaico-cristã ou, mais precisamente, a herança teísta do judaísmo, do cristianismo e do islamismo. A forma teísta de crença nesta tradição, mesmo quando rebaixada culturalmente, é formativa dadicotômica visão ocidental da religião. Ou seja, a estrutura básica do teísmo é essencialmente uma distinção entre uma divindade transcendente e tudo o mais, entre o criador e sua criação, entre Deus e o homem.[50]
Tradicionalmente, afé, além darazão, tem sido considerada fonte decrenças religiosas. A interação entre fé e razão, e a sua utilização como suporte para crenças religiosas, tem sido um assunto de interesse para filósofos e teólogos.[7] A origem da crença religiosa como tal é uma questão em aberto, com possíveis explicações incluindo a consciência da morte individual, um sentido de comunidade e sonhos.[51]
Uma história tradicional de eventos ostensivamente históricos que serve para revelar parte davisão de mundo de um povo ou explicar uma prática, crença ou fenômeno natural;
Uma pessoa ou coisa que tem apenas uma existência imaginária ou inverificável; ou
Uma metáfora para a potencialidade espiritual do ser humano.[52]
As antigas religiõespoliteístas, como as daGrécia,Roma eEscandinávia, são geralmente categorizadas sob o título de "mitologia". As religiões dos povos pré-industriais, ouculturas em desenvolvimento, são igualmente chamadas de "mitos" naantropologia da religião, um termo que pode ser usado pejorativamente tanto por pessoas religiosas quanto por não religiosas. Ao definir as histórias e crenças religiosas de outra pessoa como mitologia, implica-se que elas são menos reais ou verdadeiras do que as próprias histórias e crenças religiosas.Joseph Campbell observou: "A mitologia é frequentemente considerada como a religiãode outras pessoas, e a religião pode ser definida como mitologia mal interpretada."[53]
Nasociologia, entretanto, o termo "mito" tem um significado não pejorativo. Lá, o mito é definido como uma história que é importante para o grupo, seja ou não objetiva ou comprovadamente verdadeira.[54]
As religiões têm uma base social, quer como uma tradição viva que é levada a cabo por participantes leigos, quer com umclero organizado, e uma definição do que constitui adesão.[56][57]
O santuário Yazılıkaya naTurquia, com os doze deuses dosubmundo
A origem da religião é incerta. De acordo com osantropólogos John Monaghan e Peter Just, "Muitas das grandes religiões do mundo parecem ter começado como algum tipo de movimento de revitalização, à medida que a visão de um profeta carismático desperta a imaginação de pessoas que buscam uma resposta mais abrangente para seus problemas do que sentem de crenças cotidianas. Indivíduos carismáticos surgiram em muitos momentos e lugares no mundo. Parece que a chave para o sucesso a longo prazo - e muitos movimentos vêm e vão com pouco efeito a longo prazo - tem relativamente pouco a ver com o profetas, que aparecem com surpreendente regularidade, mas mais a ver com o desenvolvimento de um grupo de apoiadores que sejam capazes de institucionalizar o movimento."[60]
Odesenvolvimento da religião assumiu diferentes formas em diferentes culturas. Algumas religiões colocam ênfase na crença, enquanto outras enfatizam a prática. Algumas centram-se na experiência subjetiva do indivíduo religioso, enquanto outras consideram as atividades da comunidade religiosa as mais importantes. Algumas afirmam ser universais, acreditando que suasleis ecosmologia são obrigatórias para todos, enquanto outras se destinam a ser praticadas apenas por um grupo bem definido ou localizado. Em muitos lugares, a religião tem sido associada a instituições públicas comoeducação,hospitais,família,governo e hierarquiaspolíticas.[61]
Monoghan e Just também afirmam que "uma coisa que a religião ou crença nos ajuda a fazer é lidar com problemas da vida humana que são significativos, persistentes e intoleráveis. Uma maneira importante pela qual as crenças religiosas conseguem isso é fornecendo um conjunto de ideias sobre como e por que o mundo é construído, que permite às pessoas acomodar ansiedades e lidar com o infortúnios."[61]
Embora o conceito de religião seja difícil de definir, um modelo padrão de religião, usado em cursos deestudos religiosos, foi proposto porClifford Geertz, que simplesmente o chamou de “sistema cultural”.[62] Uma crítica do modelo de Geertz porTalal Asad categorizou a religião como "uma categoriaantropológica".[63] A classificação quíntupla de Richard Niebuhr (1894–1962) da relação entre Cristo e cultura, no entanto, indica que religião e cultura podem ser vistas como dois sistemas separados, embora com alguma interação.[64]
Uma teoria acadêmica moderna da religião, oconstrucionismo social, diz que a religião é um conceito moderno que sugere que toda prática e adoraçãoespiritual segue um modelo semelhante àsreligiões abraâmicas como um sistema de orientação que ajuda a interpretar a realidade e a definir os seres humanos.[65]
Alucinações e delírios relacionados a conteúdo religioso ocorrem em cerca de 60% das pessoas comesquizofrenia. Embora este número varie entre culturas, isto levou a teorias sobre uma série de fenômenos religiosos influentes e possível relação com perturbações psicóticas. Várias experiências proféticas são consistentes com sintomas psicóticos, embora diagnósticos retrospectivos sejam praticamente impossíveis.[67][68][69] Episódios esquizofrênicos também são vivenciados por pessoas que não acreditam em deuses.[70]
Areligião comparada é o ramo doestudo das religiões preocupado com a comparação sistemática das doutrinas e práticas das religiões do mundo. Em geral, o estudo comparativo da religião produz uma compreensão mais profunda das preocupações filosóficas fundamentais da religião, comoética,metafísica,natureza esalvação. O estudo desse material visa proporcionar uma compreensão mais rica e sofisticada das crenças e práticas humanas relativas aosagrado, aonuminoso, aoespiritual e aodivino.[74]
Nos séculos XIX e XX, a prática acadêmica dareligião comparada dividiu a crença religiosa em categorias filosoficamente definidas chamadas religiões mundiais. Alguns acadêmicosque estudam o assunto dividiram as religiões em três grandes categorias:
Religiões mundiais, termo que se refere a religiões transculturais e internacionais;
Religiões indígenas, que se referem a grupos religiosos menores, específicos de uma cultura ou de uma nação; e
Alguns estudiosos recentes argumentaram que nem todos os tipos de religião são necessariamente separados por filosofias mutuamente exclusivas e, além disso, que a utilidade de atribuir uma prática a uma determinada filosofia, ou mesmo chamar uma determinada prática de religiosa, em vez de cultural, política ou social, é limitada.[77][78][79]
Alguns estudiosos classificam as religiões comoreligiões universais que buscam aceitação mundial e procuram ativamente novos convertidos, como o cristianismo, o islamismo, o budismo e ojainismo, enquanto asreligiões étnicas são identificadas com um grupo étnico específico e não procuram convertidos.[80][81] Outros rejeitam a distinção, salientando que todas as práticas religiosas, qualquer que seja a sua origem filosófica, são étnicas porque provêm de uma cultura particular.[82][83][84]
Os cinco maiores grupos religiosos em termos de população mundial, estimados em 5,8 bilhões de pessoas e 84% da população, são ocristianismo, oislamismo, obudismo, ohinduísmo (com os números relativos ao budismo e hinduísmo dependentes da extensão dosincretismo) e religiões tradicionais.
Uma pesquisa global em 2012 pesquisou 57 países e relatou que 59% dapopulação mundial se identificou como religiosa, 23% comonão religiosa, 13% comoateus convictos e também uma diminuição de 9% na identificação como religiosa quando comparada com a média de 2005 de 39 países.[86] Uma pesquisa de acompanhamento em 2015 descobriu que 63% do mundo se identificava como religioso, 22% como não religioso e 11% como ateus convictos[87] Em média, as mulheres são mais religiosas que os homens.[88] Algumas pessoas seguem múltiplas religiões ou múltiplos princípios religiosos ao mesmo tempo, independentemente da permissão ou não dosincretismo.[89][90][91] Prevê-se que as populações sem religião diminuam, mesmo tendo em conta as taxas de desfiliação, devido às diferenças nas taxas de natalidade.[92][93]
Os estudiosos indicaram que a religiosidade global pode estar aumentando devido aos países religiosos terem taxas de natalidade mais altas em geral.[94]
As religiões abraâmicas se espalharam globalmente através doCristianismo sendo adotado peloImpério Romano noséculo IV e oislamismo pelos impérios islâmicos doséculo VII. As principais religiões abraâmicas em ordem cronológica de fundação são o judaísmo (a base das outras duas religiões) noséculo VII a.C.,cristianismo noséculo I e oislamismo noséculo VII.
Cristianismo,islamismo ejudaísmo são as religiões abraâmicas com o maior número de adeptos. Religiões abraâmicas com menos adeptos incluem aDrusa (às vezes considerada uma parte do islamismo), aBahá'í e aRastafári.
No início doséculo XXI havia 3,8 bilhões de seguidores das três principais religiões abraâmicas e estima-se que 54% dapopulação mundial se considere adepta de uma dessas religiões, cerca de 30% de outras religiões e 16% énão religiosa.[99][100]
{{Info/Religião| nome = Judaísmo| símbolo = Black_Star_of_David.svg| símbolo_tamanho = 100px| símbolo_legenda =Estrela de Davi| imagem = 16-03-30-Klagemauer Jerusalem RalfR-DSCF7689.jpg| imagem_tamanho = 280px| imagem_legenda = OMuro das Lamentações, emJerusalém,Israel, um dos lugares mais sagrados do judaísmo| divindade =Deus no judaísmo| fundador =Abraão| origem =Século V a.C.,Judeia,Canaã (hoje,Israel)| ramificações = {{Lista horizontal|
Os judeus são umgrupo etno-religioso[113] e incluem aqueles que nasceram judeus ou foram convertidos ao judaísmo. Em 2010, a população judaica mundial foi estimada em 13,4 milhões, ou aproximadamente 0,2% dapopulação mundial total. Cerca de 42% de todos os judeus residem emIsrael e cerca de 42% residem nosEstados Unidos eCanadá, com a maioria restante naEuropa.[101]
Os judeus podem ser divididos em 3 grupos. Ojudaísmo ortodoxo (judaísmo haredi e ojudaísmo ortodoxo moderno), o judaísmoconservador e ojudaísmo reformista. A principal diferença entre esses grupos é a sua abordagem em relação àlei judaica.[114] O ortodoxo sustenta que aTorá e a lei judaica são de origem divina, eterna e imutável, e que devem ser rigorosamente seguidas. Os conservadores e reformistas são mais liberais, com o judaísmo conservador, geralmente promovendo uma interpretação mais "tradicional" de requisitos do judaísmo do que o judaísmo reformista. A posição reformista típica é de que a lei judaica deve ser vista como um conjunto de diretrizes gerais e não como um conjunto de restrições e obrigações cujo respeito é exigido dos judeus.[115][116] Historicamente,tribunais especiais aplicaram alei judaica; hoje, estes tribunais ainda existem, mas a prática do judaísmo é voluntária.[117] A autoridade sobre assuntos teológicos e jurídicos não é investida em qualquer pessoa ou organização, mas nos textos sagrados e nosrabinos e estudiosos que interpretam esses textos.[118]
Os muçulmanos acreditam que o islamismo é a versão completa e universal de uma fé primordial que foi revelada muitas vezes por meio de profetas anteriores, comoAdão (que se acredita ser o primeiro homem),Abraão,Moisés eJesus, entre outros;[144][145] essas revelações anteriores são atribuídas aojudaísmo e aocristianismo, que são considerados no islamismo comoreligiões predecessoras espirituais.[146] Os muçulmanos consideram o Alcorão a palavra literal de Deus e a revelação final inalterada.[147] Juntamente com o Alcorão, os muçulmanos também acreditam nas revelações anteriores, como o Tawrat (Torá), o Zabur (Salmos) e oInjil (Evangelho). Eles também consideram Maomé como o principal e últimoprofeta islâmico, por meio de quem a religião foi completada. Os ensinamentos e exemplos normativos de Maomé, chamados desuna, documentados em relatos chamados dehádice, fornecem um modelo constitucional para os muçulmanos.[148] O islamismo ensina que Deus (Alá) éúnico e incomparável.[149] Afirma que haverá um "Julgamento Final" em que os justos serão recompensados noparaíso (Jannah) e os injustos serão punidos noinferno (Jahannam).[150] OsCinco Pilares - considerados atos obrigatórios deadoração - compreendem ojuramento ecredo islâmico (shahada); orações diárias (salah); esmola (zakat);jejum (sawm) no mês doRamadã; e umaperegrinação (haje) aMeca.[151] A lei islâmica, axaria, abrange praticamente todos os aspectos da vida, desde bancos, finanças e bem-estar até os papéis masculinos e femininos e o meio ambiente.[152][153][154] Festivais religiosos proeminentes incluem oEid al-Fitr e oEid al-Adha. Os três locais mais sagrados do islamismo em ordem decrescente sãoMasjid al-Haram emMeca,Al-Masjid an-Nabawi emMedina e aMesquita Al-Aqsa emJerusalém.[155]
Existem duas grandes denominações islâmicas:sunismo (85–90%)[161] exiismo (10–15%).[162][163] Enquanto as diferenças entre sunitas e xiitas surgiram inicialmente de divergências sobre a sucessão de Maomé, elas cresceram para cobrir uma dimensão mais ampla, tanto teológica quantojurídica.[164] Os muçulmanos constituem a maioria da população em49 países do planeta.[165][166] Aproximadamente 12% dos muçulmanos do mundo vivem naIndonésia, o país de maioria muçulmana mais populoso;[167] 31% vivem nosul da Ásia;[168] 20% vivem noOriente Médio–Norte da África; e 15% vivem naÁfrica subsaariana.[169] Comunidades muçulmanas consideráveis também estão presentes nasAméricas,China eEuropa.[170][171] Devido em grande parte a umataxa de fertilidade mais alta, o islamismo é o principal grupo religioso que mais cresce no mundo e, se as tendências atuais se mantiverem, ultrapassará ligeiramente o cristianismo como a maior religião do mundo até o final doséculo XXI.[172]
Todas essas tradições religiosas, mais ou menos, compartilham os principais conceitos chineses de espiritualidade, divindade e ordem mundial, incluindoTao, 道 ("Caminho", Pinyin dào, japonês tō ou dō e coreano do) eTian, 天 ("Céu" , ten japonês e cheon coreano').[181][182]
As primeiras filosofias chinesas definiram o Tao e defenderam o cultivo da "virtude" que surge desse conhecimento.[183] Algumas antigas escolas filosóficas chinesas se fundiram em tradições com nomes diferentes ou foram extintas, como omohismo (e muitas outras pertencentes às antigasCem Escolas de Pensamento Chinesas), que foi amplamente incorporada aotaoísmo. As religiões do Leste Asiático incluem muitas posturas teológicas, incluindopoliteísmo,não-teísmo,henoteísmo,monoteísmo,panteísmo,panenteísmo eagnosticismo.[184]
Otaoismo, também chamado daoismo e tauismo,[186][187] é uma tradiçãofilosófica e religiosa originária doLeste Asiático que enfatiza a vida em harmonia com o "Tao" (romanizado atualmente como "Dao")[188], a ordem geral do universo, queno chinês significa "caminho" ou "princípio" (encontrado também em outras filosofias/religiões chinesas), e no taoismo designa a "fonte" e a força motriz por trás de tudo existente. Robinet afirma que o taoismo é um "estilo de vida". Hansen afirma que a identificação desta tradição ocorreu pela primeira vez no início daDinastia Han, com a escoladao-jia.
É, basicamente, indefinível: "O Tao do qual se pode discorrer não é o eterno Tao."[189] A principal obra do taoismo é oTao Te Ching, um livro conciso e ambíguo que contém os ensinamentos atribuídos aLao Zi (chinês: 老子, pinyin:Lǎozi, Wade–Giles:Lao Tzu). Juntamente com os escritos deZhuangzi, estes textos formam os alicerces filosóficos dessa religião. Este taoismo filosófico, individualista por natureza, não foi institucionalizado.
Ao longo do tempo, no entanto, foram sendo criadas formas institucionalizadas do taoismo na forma de diferentes escolas que, frequentemente, misturaram crenças e práticas que antecediam até mesmo os textos-chave do taoismo — como, por exemplo, as teorias da Escola dos Naturalistas, que sintetizaram conceitos como o doyin-yang e o doscinco elementos. As escolas taoistas tradicionalmente reverenciam Lao Zi e os "imortais" ou "ancestrais" e possuem diversos rituais deadivinhação eexorcismo, além de práticas que visam a atingir oêxtase e obter maiorlongevidade ou mesmo aimortalidade.
As tradições e éticas taoistas variam de acordo com a escola, porém, no geral, enfatizam a serenidade,[190] a não ação (wu-wei), o vazio, a moderação dos desejos,[191] a simplicidade,[192] a espontaneidade, acontemplação danatureza[193] e osTrês Tesouros: compaixão, moderação e humildade.
Após Lao Zi e Zhuangzi, a literatura do taoismo cresceu com regularidade e passou a ser compilada na forma de umcânone, chamadoDaozang, por vezes publicado à mando doImperador da China. Ao longo da história chinesa, o taoismo foi, por diversas vezes, decretado areligião do Estado. A
Mas após o século XVII, no entanto, ele perdeu muita popularidade, sendo até reprimido nas primeiras décadas daRepública Popular da China e até mesmo perseguido durante aRevolução Cultural deMao Tsé-Tung (como todas as outras atividades religiosas). Porém continuou a ser praticado livremente emTaiwan. Hoje em dia, é uma dascinco religiões reconhecidas pela República Popular da China e, embora não costume ser compreendida com facilidade longe de suas raízes asiáticas, tem seguidores em diversas sociedades ao redor do mundo.[194]
A preocupação mundana do confucionismo repousa sobre a crença de que os sereshumanos são fundamentalmente bons,ensináveis eaperfeiçoáveis por meio de esforçospessoais ecomunitários, especialmenteautocultivo e autocriação. O pensamento confucionista se concentra no cultivo davirtude em um mundo moralmente organizado. Alguns dos conceitos e práticaséticas básicas confucionistas incluemrén,yì elǐ, ezhì.Rén (仁, 'benevolência' ou 'humanidade') é a essência do ser humano que se manifesta comocompaixão. É a forma-virtude do Céu.[206]Yì (chinês tradicional: 義, chinês simplificado: 义) é a defesa dajustiça e a disposição moral para fazer o bem.Lǐ (chinês tradicional: 禮, chinês simplificado: 礼) é um sistema de normas rituais e propriedade que determina como uma pessoa deve agir corretamente na vida cotidiana em harmonia com a lei do Céu.Zhì (智) é a capacidade de ver o que é certo e justo, ou o inverso, nos comportamentos exibidos pelos outros. O confucionismo despreza a pessoa, passiva ou ativamente, pelo fracasso em defender os valores morais cardinais derén eyì.
Tradicionalmente, culturas e países da esfera cultural do Leste Asiático são fortemente influenciados pelo confucionismo, incluindo China, Taiwan,Coreia,Japão eVietnã, bem como vários territórios colonizados predominantemente porchineseshan, comoSingapura. Hoje, foi creditado por moldar as sociedades do Leste Asiático e ascomunidades chinesas no exterior e, até certo ponto, outras partes daÁsia.[207][208] Nas últimas décadas tem havido conversas de um "revival confucionista" na comunidade acadêmica,[209][210] e houve uma proliferação popular de vários tipos deigrejas confucionistas.[211] No final de 2015, muitas personalidades confucionistas estabeleceram formalmente umaIgreja Nacional do Santo Confucionismo (chinês tradicional: 孔聖會, chinês simplificado: 孔圣会, pinyin:Kǒngshènghuì) na China para unificar as muitas congregações confucionistas e organizações dasociedade civil.
Asreligiões indianas são praticadas ou foram fundadas nosubcontinente indiano. Às vezes são classificadas como asreligiões dármicas, pois todas apresentam odharma, a lei específica da realidade e os deveres esperados de acordo com a religião.[212]
Enquanto o tradicionalItihasa-Purana e sua cronologia épico-purânica derivada apresentam o hinduísmo como uma tradição existente há milhares de anos, os estudiosos consideram o hinduísmo como uma fusão ou síntese[242] daortopraxia bramânica com várias culturas indianas, tendo raízes diversas e nenhum fundador específico.[243] Esta síntese hindu surgiu após o período védico, entrec. 500[244] a 200[245]a.C. e 300d.C.,[244] no período dasegunda urbanização e do início do período clássico do hinduísmo, quando os épicos e os primeirosPuranas foram compostos.[244][245] Floresceu no período medieval, com o declínio dobudismo na Índia.[246] Desde o século XIX, o hinduísmo moderno, influenciado pelacultura ocidental, adquiriu grande apelo noOcidente, refletido principalmente na popularização do ioga e de várias seitas, como ameditação transcendental e omovimento Hare Krishna.
Templos de Shatrunjay em Patana,Guzerate,Índia, um dos lugares mais sagrados do jainismo
Jainismo, também conhecido como Jain Dharma, é umareligião indiana que traça suas ideias espirituais e história através da sucessão de vinte e quatrotirthankaras (pregadores supremos doDharma). O jainismo é considerado um dharma eterno com os tirthankaras orientando cada ciclo temporal da cosmologia. Os três principais pilares do jainismo sãoahiṃsā (não-violência),anekāntavāda (não-absolutismo) eaparigraha (ascetismo).
Os monges jainistas, após se posicionarem no estado sublime de consciência da alma, fazem cinco votos principais:ahiṃsā (não-violência),satya (verdade),asteya (não roubar),brahmacharya (castidade) eaparigraha (não-possessividade). Esses princípios afetaram a cultura jainista de várias maneiras, como levando a um estilo de vida predominantementelactovegetariano.Parasparopagraho jīvānām (a função das almas é ajudar umas às outras) é o lema da fé e omantraṆamōkāra é a oração básica e mais comum dessa religião.
O jainismo é uma das religiões mais antigas do mundo em prática até hoje. Possui duas grandes subtradições antigas,digambara esvetambara, com diferentes visões sobre práticas ascéticas, gênero e os textos que podem ser considerados canônicos; ambos têm mendicantes apoiados por leigos (śrāvakas e śrāvikas). A tradição svetambara, por sua vez, tem três sub-tradições: mandirvāsī, deravasi e sthānakavasī.[247] A religião tem entre quatro e cinco milhões de seguidores, conhecidos como jainistas, que residem principalmente naÍndia, onde somam cerca de 4,5 milhões de acordo com o censo de 2011. Fora da Índia, algumas das maiores comunidades estão noCanadá,Europa eEstados Unidos, com oJapão hospedando uma comunidade crescente de convertidos.[248]
Obudismo é umareligião indiana baseada nosensinamentos deSidarta Gautama, conhecido comoo Buda. De caráterfilosófico,[249][250] é consideradonão teísta[250] porque o conceito budista de “Deus” é diferente do conceito ocidental onde um único ser supremo, divino, eterno, celestial e todo-poderoso é criador de todas as coisas.[250] Entre as suas maiores linhas de pensamento, o controle dos eventos da Terra e do universo está nas mãos deDevas, deBodisatvas, dos próprios humanos, de espíritos famintos e de seres dos infernos.[250] Surgiu naÍndia Antiga como uma tradição ascética entre os séculos VI e IV a.C. Atualmente é aquarta maior religião do mundo,[251] com mais de 520 milhões de seguidores (cerca de 7% a 8% da população global),[252] conhecidos como budistas. NoBrasil, segundo ocenso de 2010, residem aproximadamente 245 mil budistas.[253][254] EmPortugal, há cerca de 64 mil budistas.[255]
Como expresso nasQuatro Nobres Verdades do Buda, a meta do budismo é a superação do sofrimento (dukkha) causado pelodesejo e pelaignorância em relação à verdadeira natureza da realidade, formada pelaimpermanência e não existência de fenômenos condicionados (saṅkhāra) mentais permanentes, negando que eles tenham uma realidade substancial independente e que sejam umeu/self (anatta).[256][257][258]
O budismo abrange diversas tradições, crenças e práticas espirituais baseadas nos ensinamentos do Buda e em suas interpretações. Os dois maiores ramos do budismo são otheravāda ("Escola dos Anciões" empáli) e omahāyāna ("O Grande Veículo" emsânscrito).[259] A maioria das tradições budistas se concentram na superação doeu individual através da conquista donirvana ou da buscado caminho de Buda, o que leva ao fim dociclo de morte e renascimento.[260][261][262] Asescolas do budismo divergem em suas interpretações sobre a natureza exata do caminho para a libertação, a importância e acanonicidade dostextos budistas e, especialmente, seus ensinamentos e suas práticas.[263][264] Entretanto, as bases de todas as tradições e práticas são asTrês Joias: o Buda (o mestre), odharma (os ensinamentos baseados nas leis do universo) e asangha (a comunidade budista).[265] Encontrar refúgio espiritual nas Três Joias ou Três Tesouros é, em geral, o que distingue um budista de um não-budista.[266] Outras práticas incluem a renúncia à vida secular para se tornar um monge (bhikkhu) ou monja (bhikkhuni), ameditação e o cultivo dasparamitas.
O siquismo se desenvolveu a partir dos ensinamentos espirituais deGuru Nanak (1469–1539), o primeiroguru da fé,[283] e dos novegurus siques que o sucederam. O 10º guru,Gobind Singh (1666–1708), nomeou a escrituraGuru Granth Sahib como sua sucessora, encerrando a linhagem de gurus humanos e estabelecendo a escritura como o 11º e último guru eternamente vivo, um guia religioso e espiritual para os siques.[284][285][286]Guru Nanak ensinou que viver uma "vida ativa, criativa e prática" de "veracidade, fidelidade, autocontrole e pureza" está acima da verdademetafísica e que o homem ideal "estabelece união com Deus, conhece Sua Vontade e realiza essa Vontade".[287]Guru Har Gobind, o 6º guru sique (1606–1644), estabeleceu o conceito de coexistência mútua dos reinosmiri ('político'/'temporal') epiri ('espiritual').[288]
A escritura sique abre com oMul Mantar ou alternativamente soletrado "Mool Manta" (empanjabi: ਮੂਲ ਮੰਤਰ), oração fundamental sobreik onkar (empanjabi: ੴ, 'Um Deus').[289][290] As proposições e crenças centrais do siquismo, articuladas noGuru Granth Sahib, incluemfé emeditação em nome de um único criador; unidade divina e igualdade de toda a humanidade; engajamento emseva ('serviço altruísta'); luta por justiça para o benefício e prosperidade de todos; conduta honesta e obtenção de meios de subsistência se se vive a vida de um chefe de família.[291][292][293] Seguindo esse padrão, o siquismo rejeita as alegações de que qualquer tradição religiosa em particular tenha o monopólio da verdade absoluta.[294][295] O siquismo enfatiza osimran (empanjabi: ਸਿਮਰਨ, meditação e lembrança dos ensinamentos dos gurus),[296] que pode ser expresso musicalmente através dokirtan, ou internamente através donaam japna ('meditação em Seu nome'), como um meio de sentir a presença de Deus. Ensina os seguidores a transformar os "Cinco Ladrões" (ou seja,luxúria,raiva,ganância, apego eego).[297]
Religiões indígenas oureligiões folclóricas referem-se a uma ampla categoria de religiões tradicionais que podem ser caracterizadas peloxamanismo,animismo eculto aos ancestrais, onde tradicional significa "indígena, aquilo que é aborígine ou fundacional, transmitido de geração em geração...".[308] São religiões intimamente associadas a um determinado grupo de pessoas,etnia outribo; muitas vezes não têm credos formais ou textos sagrados.[309] Algumas religiões sãosincréticas, fundindo diversas crenças e práticas religiosas.[310]
Asreligiões tradicionais africanas, também referidas como religiões indígenas africanas, englobam manifestaçõesculturais, religiosas eespirituais originárias docontinente africano e que continuam sendo praticadas nesse continente nos dias atuais. Há uma multiplicidade de religiões dentro desta categoria. Religiões tradicionais africanas envolvem ensinamentos, práticas erituais, e visam a compreender odivino. Mesmo dentro de uma mesma comunidade, no entanto, podem haver pequenas diferenças quanto à percepção dosobrenatural. São religiões que não foram significativamente alteradas pelas religiões adotadas mais recentemente (cristianismo,budismo,islamismo,judaísmo e outras). Estima-se que estas religiões sejam seguidas atualmente por aproximadamente 100 milhões de pessoas em todo o territórioafricano.
Os africanos quase sempre reconhecem a existência de umDeus Supremo ouDemiurgo que criou oUniverso (Olodumarê,[311] ouOlorum,Mawu,Zambi etc). Muitas histórias tradicionais africanas falam que Deus, ou seu filho, uma vez viveu entre os homens, mas que, quando os homens fizeram algo que ofendeu aDeus, o divino retirou-se para os céus. Religiões tradicionais africanas são definidas em grande parte por linhagensétnicas etribais, como areligião iorubá.
Os textos mais importantes do zoroastrismo são aqueles contidos noAvestá, que inclui os escritos centrais pensados para serem compostos por Zoroastro conhecidos comoGatas, que definem os ensinamentos de Zoroastro e que são poemas dentro daliturgia de adoração, oIasna que serve como a base para a adoração. A filosofia religiosa de Zoroastro dividiu os primeiros deuses iranianos da tradição proto-indo-iraniana em emanações do mundo natural comoahuras[329] edaevas,[330] os últimos dos quais não eram considerados dignos de adoração. Zoroastro proclamou queAhura Mazda era o criador supremo, a força criativa e sustentadora do universo por meio daasha[318] e que osseres humanos têm a escolha entre apoiar Ahura Mazda ou não, tornando-os responsáveis por suas escolhas. EmboraAhura Mazda não tenha um oponente equivalente,Angra Mainyu (mentalidade/espírito destrutivo), cujas forças nascem deAka Manah (pensamento maligno), é considerada a principal força adversária da religião, posicionando-se contraSpenta Mainyu (espírito criativo/ mentalidade).[331] A literatura persa média desenvolveu Angra Mainyu ainda mais emAhriman, tornando-o mais próximo de ser o adversário direto de Ahura Mazda.[332]
Além disso, a força vital que se origina de Ahura Mazda, conhecida comoasha (verdade, ordem cósmica),[318][333] se opõe adruj (falsidade, engano).[334][335] Ahura Mazda é considerado totalmente bom[318] e trabalha emgētīg (o reino material visível) emēnōg (o reino espiritual e mental invisível)[336] através dos seteAmesa Espentas.[337]
Umnovo movimento religioso (NMR), também conhecido como uma nova religião ou espiritualidade alternativa, é um grupo religioso ouespiritual que tem origens modernas, mas é periférico à cultura religiosa dominante em sua sociedade. Os NMRs podem ter uma origem nova ou fazer parte de uma religião mais ampla, caso em que são distintos das denominações preexistentes. Alguns NMRs lidam com os desafios que o mundo moderno representa para eles abraçando oindividualismo, enquanto outros NMRs lidam com eles adotando meioscoletivos fortemente integrados.[339] Os estudiosos estimam que os NMRs agora chegam a dezenas de milhares em todo o mundo, com a maioria de seus membros vivendo naÁsia e naÁfrica. A maioria dos NMRs tem apenas alguns membros, alguns deles têm milhares de membros e alguns deles têm mais de um milhão de membros.[340]
Não existe um critério único e consensual para definir um "novo movimento religioso".[341] Há um debate sobre como o termo "novo" deve ser interpretado neste contexto.[342] Uma perspectiva é que deve designar uma religião que é mais recente em suas origens do que as religiões grandes e bem estabelecidas como ocristianismo, ojudaísmo, oislamismo, ohinduísmo e obudismo.[342] Uma perspectiva alternativa é que "novo" deveria significar que uma religião mais recente em sua formação.[342] Alguns estudiosos veem a década de 1950 ou o fim daSegunda Guerra Mundial em 1945 como o momento decisivo,[343] enquanto outros olham desde meados do século XIX,[344] como a fundação daIgreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em 1830[342][345] e doTenrikyo em 1838.[346]
As novas religiões frequentemente enfrentam uma recepção hostil de organizações religiosas estabelecidas e também de várias instituições seculares. Nasnações ocidentais, movimentos contra a propagação deseitas foram criados tanto por forças seculares quanto por cristãos e surgiram durante os anos 1970 e 1980 para se opor a esses grupos emergentes. Na década de 1970, um campo distinto de estudos das novas religiões desenvolveu-se dentro do estudo acadêmico da religião. Existem agora várias organizações acadêmicas e periódicos revisados por pares dedicados ao assunto, que contextualizam o surgimento dos NMRs na modernidade, relacionando-o como um produto e uma resposta aos processos modernos desecularização,globalização eindividualização.[339]
O estudo do direito e da religião é um campo relativamente novo, com vários milhares de estudiosos envolvidos em faculdades dedireito e departamentos acadêmicos, incluindo ciência política, religião e história, desde 1980.[347] Os estudiosos da área não se concentram apenas em questões estritamente legais sobreliberdade religiosa, mas também estudam as religiões à medida que são qualificadas por meio de discursos judiciais ou da compreensão jurídica dos fenômenos religiosos. Os expoentes analisam odireito canônico, odireito natural e o direito estatal, muitas vezes em uma perspectiva comparativa.[348][349] Os especialistas exploraram temas da história ocidental relacionados aocristianismo e àjustiça e àmisericórdia, ao governo e à equidade, e à disciplina e ao amor.[350] Tópicos de interesse comuns incluem ocasamento e afamília[351] e osdireitos humanos.[352] Fora do cristianismo, os estudiosos analisaram as ligações entre a lei e a religião no Oriente Médio muçulmano[353] e naRoma pagã.[354]
Os estudos concentraram-se nasecularização.[355][356] Em particular, a questão do uso de símbolos religiosos em público, como os lenços de cabeça islâmicos que são proibidos nas escolas francesas, tem recebido atenção acadêmica no contexto dos direitos humanos e dofeminismo.[357]
Aciência reconhece a razão e aevidência empírica; e as religiões incluemrevelação,fé esacralidade, ao mesmo tempo que reconhecem explicações filosóficas emetafísicas no que diz respeito ao estudo do universo. Tanto a ciência como a religião não são monolíticas, intemporais ou estáticas porque ambas são empreendimentos sociais e culturais complexos que mudaram ao longo do tempo através de línguas e culturas diferentes.[358]
Os conceitos de ciência e religião são uma invenção recente: o termo "religião" surgiu no século XVII em meio àcolonização eglobalização e àReforma Protestante.[3][16] O termo "ciência" surgiu no século XIX a partir dafilosofia natural em meio a tentativas de definir de forma restrita aqueles que estudavam a natureza (ciências naturais).[16][359][360] Foi no século XIX que surgiram pela primeira vez os termos budismo, hinduísmo, taoísmo e confucionismo.[16] No mundo antigo e medieval, as raízes etimológicas latinas da ciência (scientia) e da religião (religio) eram entendidas como qualidades internas do indivíduo ou virtudes, nunca como doutrinas, práticas ou fontes reais de conhecimento.[16]
Em geral, ométodo científico ganha conhecimento testando hipóteses para desenvolverteorias através da elucidação de fatos ou avaliação porexperimentos e assim só responde a questõescosmológicas sobre ouniverso que podem ser observadas e medidas. Desenvolveteorias do mundo que melhor se adaptam às evidências fisicamente observadas. Todo oconhecimento científico está sujeito a posterior refinamento, ou mesmo rejeição, face a evidências adicionais. As teorias científicas que têm uma esmagadora preponderância de evidências favoráveis são frequentemente tratadas como verdadesde facto na linguagem geral, como as teorias darelatividade geral eda seleção natural para explicar respectivamente os mecanismos dagravidade e daevolução.
A religião não tem um métodoper se, em parte porque as religiões emergem ao longo do tempo a partir de diversas culturas e é uma tentativa de encontrar significado no mundo e de explicar o lugar da humanidade nele e a relação com ele e com quaisquer entidades postas. Em termos deteologia cristã, as pessoas confiam na razão, na experiência, nas escrituras e na tradição para testar e avaliar o que vivenciam e em que deveriam acreditar. Além disso, os modelos religiosos, a compreensão e as metáforas também são passíveis de revisão, tal como os modelos científicos.[361]
Em relação à religião e à ciência,Albert Einstein afirma (1940): "Pois a ciência só pode determinar o que é, mas não o que deveria ser, e fora do seu domínio, julgamentos de valor de todos os tipos permanecem necessários.[362] A religião, por outro lado, lida apenas com avaliações do pensamento e da ação humana; não pode falar justificadamente de fatos e relações entre fatos[362] ... Agora, embora os domínios da religião e da ciência em si estejam claramente separados um do outro, ainda assim existe entre os dois fortes relações e dependências recíprocas. Embora a religião possa ser aquilo que determina os objetivos, ela aprendeu, no entanto, com a ciência, no sentido mais amplo, quais meios contribuirão para a consecução dos objetivos que estabeleceu.[363]
A religião teve um impacto significativo no sistema político de muitos países.[366] Notavelmente, a maioria dos países de maioria muçulmana adotam vários aspectos daxaria, a lei islâmica.[367] Alguns países até se definem em termos religiosos, como oIrã. A sharia afecta assim até 23% da população global, ou 1,57 bilhão de pessoas que sãomuçulmanas. Contudo, a religião também afeta as decisões políticas em muitos países ocidentais. Por exemplo, nosEstados Unidos, 51% dos eleitores teriam menos probabilidade de votar num candidato presidencial que não acreditasse em Deus.[368] Os cristãos representam 92% dos membros doCongresso dos Estados Unidos, em comparação com 71% do público em geral (em 2014). Ao mesmo tempo, embora 23% dos adultos norte-americanos não tenham filiação religiosa, apenas um membro do Congresso (Kyrsten Sinema, D-Arizona), ou 0,2% desse órgão, afirma não ter filiação religiosa.[369] Na maioria dos países europeus, contudo, a religião tem uma influência muito menor na política[370], embora costumava ser muito mais importante no passado. Por exemplo, ocasamento entre pessoas do mesmo sexo e oaborto eram ilegais em muitos países europeus até recentemente, seguindo a doutrina cristã (geralmentecatólica). Vários líderes europeus são ateus (por exemplo, o antigo presidente daFrança,François Hollande, ou o primeiro-ministro da Grécia,Alexis Tsipras). Na Ásia, o papel da religião difere amplamente entre os países. Por exemplo, aÍndia ainda é um dos países mais religiosos e a religião ainda tem um forte impacto na política, dado que osnacionalistas hindus têm como alvo minorias, como os muçulmanos e os cristãos, que historicamente pertenciam às castas inferiores.[371] Em contraste, países como aChina ou oJapão são em grande parte seculares e, portanto, a religião tem um impacto muito menor na política.
Asecularização é a transformação da política de uma sociedade, passando da estreita identificação com os valores e instituições de uma determinada religião para valores não religiosos e instituiçõesseculares. O objectivo disto é frequentemente a modernização ou proteção dadiversidade religiosa da população.
A renda média correlaciona-se negativamente com a religiosidade (autodefinida).[86]
Um estudo descobriu que existe uma correlação negativa entre a religiosidade e a riqueza das nações.[372] Por outras palavras, quanto mais rica é uma nação, menor é a probabilidade dos seus habitantes se autodenominarem religiosos, independentemente do que esta palavra signifique para eles (muitas pessoas identificam-se como parte de uma religião (nãoirreligião), mas não se identificam como religiosas).[372]
O sociólogo e economista políticoMax Weber argumentou que os países cristãos protestantes são mais ricos devido à suaética de trabalho protestante.[373] De acordo com um estudo de 2015, oscristãos detêm a maior riqueza (55% da riqueza total mundial), seguidos pelosmuçulmanos (5,8%),hindus (3,3%) ejudeus (1,1%). De acordo com o mesmo estudo, constatou-se que osirreligiosos ou adeptos de outras religiões detêm cerca de 34,8% da riqueza global total (embora representem apenas cerca de 20% da população mundial, ver secção sobre classificação).[374]
Os pesquisadores daClínica Mayo examinaram a associação entre envolvimento religioso e espiritualidade, e saúde física,saúde mental,qualidade de vida relacionada à saúde e outros resultados de saúde.[375] Os autores relataram que: "A maioria dos estudos mostrou que o envolvimento religioso e a espiritualidade estão associados a melhores resultados de saúde, incluindo maior longevidade, habilidades de enfrentamento e qualidade de vida relacionada à saúde (mesmo durante doenças terminais) e menosansiedade,depressão esuicídio".[376]
Os autores de um estudo subsequente concluíram que a influência da religião na saúde é amplamente benéfica, com base numa revisão da literatura relacionada.[377] De acordo com o acadêmico James W. Jones, vários estudos descobriram "correlações positivas entre crenças e práticas religiosas e saúde física e mental, além de longevidade".[378]
Uma análise dos dados do Inquérito Social Geral dos Estados Unidos de 1998, embora confirmando amplamente que a atividade religiosa estava associada a uma melhor saúde ebem-estar, também sugeriu que o papel das diferentes dimensões da espiritualidade/religiosidade na saúde é mais complexo. Os resultados sugeriram "que pode não ser apropriado generalizar as descobertas sobre a relação entre espiritualidade/religiosidade, entre denominações, ou assumir que os efeitos são uniformes para homens e mulheres."[379]
Acrítica da religião é ocriticismo às ideias, à verdade ou à prática da religião, incluindo as suas implicações políticas e sociais.[380] Autores como Hector Avalos,[381] Regina Schwartz,[382]Christopher Hitchens,[383] eRichard Dawkins[384] argumentaram que as religiões são inerentemente violentas e prejudiciais à sociedade, pois usam a violência para promover os seus objetivos, de formas que são endossadas e exploradas pelos seus líderes.
O antropólogo Jack David Eller afirma que a religião não é inerentemente violenta, argumentando que "religião e violência são claramente compatíveis, mas não são idênticas". Ele afirma que “a violência não é essencial nem exclusiva da religião” e que “virtualmente toda forma de violência religiosa tem seu corolário não religioso”.[385][386] Algumas religiões também praticamo sacrifício de animais, oritual de matança e oferenda de um animal para apaziguar ou manter o favor de umadivindade.[387]
Os termosateu (falta de crença em quaisquer deuses) eagnóstico (crença na incognoscibilidade daexistência de deuses), embora especificamente contrários aos ensinamentos religiososteístas (por exemplo, cristãos, judeus e muçulmanos), não significam, por definição, o oposto de religioso. Existem religiões (incluindo o budismo, o taoísmo e o hinduísmo), de fato, que classificam alguns de seus seguidores como agnósticos, ateus ounão-teístas. O verdadeiro oposto de religioso é a palavra irreligioso.A irreligião descreve a ausência de qualquer religião;antirreligião descreve uma oposição ativa ou aversão às religiões em geral.
Os pagãos gregos e romanos antigos, que viam as suas relações com os deuses em termos políticos e sociais, desprezavam o homem que tremia constantemente de medo ao pensar nos deuses (deisidaimonia), como um escravo poderia temer um senhor cruel e caprichoso. Os romanos chamavam esse medo dos deusesde superstitio.[388] O antigo historiador gregoPolíbio descreveu a superstição naRoma antiga como uminstrumentum regni, um instrumento de manutenção da coesão doImpério Romano.[389]
A superstição foi descrita como o estabelecimento não racional de causa e efeito.[390] A religião é mais complexa e muitas vezes composta por instituições sociais e tem um aspecto moral. Algumas religiões podem incluir superstições ou fazer uso dopensamento mágico. Os adeptos de uma religião às vezes pensam nas outras religiões como superstição.[391][392] Algunsateus,deístas ecéticos consideram a crença religiosa como uma superstição.
Cultura e religião costumam ser vistas como intimamente relacionadas.[40]Paul Tillich via a religião como a alma da cultura e a cultura como a forma ou estrutura da religião.[393] Em suas próprias palavras:
A religião, como preocupação última, é a substância que dá sentido à cultura, e a cultura é a totalidade das formas nas quais a preocupação básica da religião se expressa. Resumindo: a religião é a substância da cultura, a cultura é a forma da religião. Tal consideração impede definitivamente o estabelecimento de um dualismo entre a religião e a cultura. Todo ato religioso, não só na religião organizada, mas também no movimento mais íntimo da alma, é culturalmente formado.[394]
Ernst Troeltsch, da mesma forma, via a cultura como o solo da religião e pensava que, portanto, transplantar uma religião de sua cultura original para uma cultura estrangeira iria na verdade matá-la, da mesma maneira que transplantar uma planta morreria ao ser tirada do seu solo natural para um solo estranho.[395] No entanto, tem havido muitas tentativas na situação pluralista moderna de distinguir cultura de religião.[396] Domenic Marbaniang argumentou que os elementos baseados em crenças de natureza metafísica (religiosa) são distintos dos elementos baseados na natureza e no natural (cultural). Por exemplo, a língua (com a suagramática) é um elemento cultural, enquanto a sacralização da língua em que um determinado texto religioso é escrito é mais frequentemente uma prática religiosa. O mesmo se aplica à música e às artes.[397]
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↑(Adler 2014, p. 10): [...] Confucianism is basicallynon-theistic. While Heaven (tiān) has some characteristics that overlap the category of deity, it is primarily animpersonal absolute, likedao andBrahman. "Deity" (theos,deus), on the other hand connotes somethingpersonal (he or she, not it). (Adler 2014, p. 12): Confucianism deconstructs the sacred-profane dichotomy; it asserts that sacredness is to be foundin, not behind or beyond, the ordinary activities of human life—and especially in human relationships. Human relationships are sacred in Confucianism because they are the expression of our moral nature (性xìng), which has a transcendent anchorage in Heaven (tiān天). Herbert Fingarette captured this essential feature of Confucianism in the title of his 1972 book,Confucius: The Secular as Sacred. To assume a dualistic relationship between sacred and profane and to use this as a criterion of religion is to beg the question of whether Confucianism can count as a religious tradition.
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