Especificamente,Urartu é um termo assírio para uma região geográfica, enquanto que ‘’Reino de Urartu’’ ou as ‘’terras de Biainili" designam oestado da Idade do Ferro que surgiu naquela região. As razões pelas quais a distinção entre aregião geográfica e a entidade política foram assinaladas por König (1955).[5]A região corresponde ao planalto montanhoso entre aÁsia Menor, aMesopotâmia e oCáucaso, conhecida atualmente como planalto Armênio.
O nome Urartu vem de fontesassírias: o rei assírioSalmaneser II(r. 1263–1234 a.C.) registrou uma campanha na qual ele subjugou todo o território de "Uruatri".[6][7] O texto de Salmaneser usa o nome Urartu para se referir a uma região geográfica, não um reino, e lista oito terras contidas em Urartu (que à época da conquista estavam ainda desunidas). O nome nativo do reino era Biainili, também grafado Biaineli, (do qual deriva o topônimoarmênioՎան,"Van"),[8] mas pelo final do século IX eles também designavam o seu reino agora unificado de "Nairi".[9] Alguns acadêmicos[10] acreditam que Urartu é uma variação acadiana do Ararate daBíblia Hebraica. De fato, oMonte Ararate é localizado no antigo território urartiano, a aproximadamente 120 km ao norte de sua antiga capital,Tuspa. Além disso, Ararate também aparece como nome de um reino emJeremias 51:27, mencionado junto deMinni eAsquenaz.
Acadêmicos como Carl Friedrich Lehmann-Haupt (1910) acreditam que o povo de Urartu autodesignava-se Caldini, por causa de seu deusCaldi.[11] OsNairi, um povo da Idade do Ferro da região de Vã, são às vezes considerados relacionados ou mesmo idênticos a Urartu.[12]
Xubria era parte da confederação de Urartu. Mais tarde, há referência a um distrito nessa area chamado Arme ou Urme, que alguns acadêmicos relacionaram aonome Armênia.[14][15]
Inspirado pelos escritos do historiador medievalMoisés de Corene, que descreveu obras urartianas em Vã e as atribuiu à lendária rainhaSemíramis), o estudioso francês Jean Saint-Martin sugeriu que o governo de seu país enviasse Friedrich Eduard Schulz, um professor alemão, para a áreas de Vã em 1827 representando a Sociedade Oriental.[17] Schulz descobriu e copiou inúmeras inscriçõescuneiformes, parte em assírio, parte em uma língua até então desconhecida. Schulze também re-descobriu aEstela de Kelishin, que apresenta uma inscrição bilíngue assírio-urartiana no passo de Kelishin na atual fronteiraIrã-Iraque. Uma descrição sumária dos seus achados iniciais foi publicada em 1828. Schulz e quatro de seus ajudantes foram assassinados porcurdos em 1829 perto de Bascale. Suas notas foram mais tarde recuperadas e publicadas emParis em 1840. Em 1828, o assiriólogo britânicoHenry Creswicke Rawlinson tentou copiar a inscrição na estela de Kelishin, mas não conseguiu devido ao gelo na parte frontal da estela. O estudioso alemão R. Rosch fez outra tentativa alguns anos depois, mas ele e seus ajudantes foram atacados e mortos.
No fim dos anos 1840, sirAusten Henry Layard examinou e descreveu astumbas cavadas na pedra daFortaleza de Vã, inclusive a câmara mortuária deArguisti I. Desde os anos 1870, residentes locais começaram a escavar as ruínas deToprakkale, vendendo seus artefatos a colecionadores europeus. Nos anos 1880 esse sítio foi submetido a uma não muito bem executada escavação organizada por Hormuzd Rassam a mando doMuseu Britânico. Quase nada foi devidamente documentado.
A primeira coleção sistemática de inscrições urartianas, assim dando início a urartologia como um campo especializado, data dos anos 1870s, com a campanha de SirArchibald Henry Sayce. O engenheiro alemão Karl Sester, descobriu oMonte Ninrode e coletou mais inscrições em 1890/1.
Um caldeirão urartiano
Waldemar Belck visitou a área em 1891, descobrindo aEstela de Rusa. Uma expedição posterior planejada para 1893 foi impedida por hostilidadesturco-armênias. Belck, juntamente com Lehmann-Haupt, visitou a área novamente em 1898/9, escavando Toprakkale. Nessa expedição, Belck alcançou a Estela de Kelishin, mas foi atacado por curdos e quase não escapa com vida. Belck e Lehmann-Haupt alcançaram a estela novamente numa segunda tentativa, mas foram novamente impedidos de copiar as inscrições devido ao mau tempo. Outro ataque a Belck resultou numa intervenção diplomática deGuilherme II da Alemanha, e osultãoAbdulamide II concordou em pagar a Belck 80 milmarcos de ouro alemães em reparação. Durante aPrimeira Guerra Mundial, a região do lago de Vã caiu brevemente sob o controle russo. Em 1916, os estudiosos russosNikolay Yakovlevich Marr eIosif Abgarovich Orbeli, escavaram a Fortaleza de Vã e desenterraram uma estela quadri-facetada carregando os anais deSarduri II. Em 1939,Boris Borisovich Piotrovsky escavouKarmir-Blur, descobrindoTeišebai, a cidade do deus da guerra,Teišeba. Em 1938-40, escavações conduzidas pelos arqueólogos americanosKirsopp e Silva Lake foram interrompidas pelaSegunda Guerra Mundial e a maioria dos seus achados e anotações de campo foram perdidos quando um submarino alemão torpedeou seu navio, oSS Athenia. Os documentos sobreviventes foram publicados porManfred Korfmann em 1977.
Uma nova fase de escavações começou depois da guerra. As escavações em um primeiro momento estavam restritas àArmênia Soviética. A fortaleza de Karmir Blur, que data do reinado deRusa II, foi escavada por uma equipe encabeçada porBoris Piotrovsky, e pela primeira vez escavadores de Urartu publicaram seus resultados sistematicamente. A partir de 1956, Charles Burney identificou e passou em revista muitos sítios urartianos na área do lago de Vã e, a partir 1959, uma expedição turca chefiada porTahsin Özgüç escavouAltintepe e Arif Erzen.
No fim dos anos 1960, sítios urartianos no noroeste do Irã foram escavados. Em 1976, uma equipe italiana chefiada por Mirjo Salvini finalmente alcançou a estela de Kelishin, acompanhados de uma pesada escolta militar. AGuerra Irã-Iraque então fechou esses sítios à pesquisaarqueológica. Oktay Belli continuous as escavações em território turco: em 1989 Ayanis,uma Fortaleza doséculo VII a.C. construída porRusa II, foi descoberta 35 km ao norte de Vã. Apesar das escavações, somente entre um terço e metade dos sítios urartianos conhecidos na Turquia, Irã, Iraque e Armênia foram examinados por arqueólogos (Wartke 1993). Sem proteção, muitos sítios tem sido depredados pela população local a procura de tesouros e antiguidades que possam ser vendidas.
Referências
↑Paul Zimansky,Urartian material culture as state assemblage, Bulletin of the American Association of Oriental Research 299, 1995, 105.
↑Diakonoff, Igor M (1992). «First Evidence of the Proto-Armenian Language in Eastern Anatolia».Annual of Armenian Linguistics.13: 51-54.ISSN0271-9800
↑Eberhard Schrader,The Cuneiform inscriptions and the Old Testament (1885), p. 65.
↑F.W. König,Handbuch der chaldischen Inschriften (1955).
↑Abram Rigg Jr, Horace. "A Note on the Names Armânum and Urartu".Journal of the American Oriental Society, Vol. 57, No. 4 (Dec., 1937), pp. 416-418.
↑Zimansky, Paul E.Ancient Ararat: A Handbook of Urartian Studies. Delmar, N.Y.: Caravan Books, 1998, p. 28.ISBN 0-8820-6091-0.
↑I. M. Diakonoff, "Hurro-Urartian Borrowings in Old Armenian."Journal of the American Oriental Society, Vol. 105, No. 4 (Oct. - Dec., 1985), pp. 597-603
↑Chahin, MackThe Kingdom of Armenia. London: RoutledgeCurzon, 2001, pp. 71ff.ISBN 0-7007-1452-9.