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Vitória do Reino Unido

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(Redirecionado deRainha Vitória)
Vitória
Rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda
Imperatriz da Índia
Vitória do Reino Unido
Retrato por Alexander Bassano, 1882
Rainha do Reino Unido
Reinado20 de junho de1837
a22 de janeiro de1901
Coroação28 de junho de1838
Antecessor(a)Guilherme IV
Sucessor(a)Eduardo VII
Imperatriz da Índia
Reinado1 de maio de1876
a22 de janeiro de1901
Delhi Durbar1 de janeiro de1877
Sucessor(a)Eduardo VII
Dados pessoais
Nascimento24 de maio de1819
Palácio de Kensington,Londres,Reino Unido
Morte22 de janeiro de1901 (81 anos)
Osborne House,Ilha de Wight, Reino Unido
Sepultado em4 de fevereiro de1901
Mausoléu Real, Frogmore,Windsor,Berkshire,Reino Unido
Nome completo 
  • pt: Alexandrina Vitória
  • en: Alexandrina Victoria
MaridoAlberto de Saxe-Coburgo-Gota
DescendênciaVitória, Princesa Real do Reino Unido
Eduardo VII do Reino Unido
Alice do Reino Unido
Alfredo, Duque de Saxe-Coburgo-Gota
Helena do Reino Unido
Luísa do Reino Unido
Artur, Duque de Connaught e Strathearn
Leopoldo, Duque de Albany
Beatriz do Reino Unido
CasaHanôver
PaiEduardo, Duque de Kent e Strathearn
MãeVitória de Saxe-Coburgo
ReligiãoAnglicanismo
AssinaturaAssinatura de Vitória
Brasão

Vitória (nome completo eminglês:Alexandrina Victoria;Londres,24 de maio de1819East Cowes,22 de janeiro de1901) foiRainha do Reino Unido de 20 de junho de 1837 até sua morte em 1901 e tambémImperatriz da Índia a partir de 1876. Seu reinado de 63 anos e 216 dias foi mais longo do que o de todos os monarcas que a antecederam, período esse conhecido como aera Vitoriana. Vitória foi a primeira rainha reinante daCasa de Hanôver, além de ser o último membro desta dinastia. Ela era a única filha do príncipeEduardo, Duque de Kent e Strathearn, e sua esposa, a princesaVitória de Saxe-Coburgo. Ela ascendeu ao trono após a morte de seu tio, o reiGuilherme IV.

Eduardo era o quarto filho do reiJorge III. Tanto o Duque de Kent como o rei morreram em 1820, fazendo com que Vitória fosse criada sob a supervisão da sua mãe germânica. Ela herdou o trono aos dezoito anos, depois de os três tios paternos terem morrido sem descendência legítima. O Reino Unido era já umamonarquia constitucional estabelecida, na qual o soberano tinha relativamente poucos poderes políticos diretos. Em privado, Vitória tentou influenciar o governo e a nomeação de ministros. Em público, tornou-se um ícone nacional e a figura que encarnava o modelo de valores rigorosos e moral pessoal.

Casou-se com o seu primo direto, o príncipeAlberto de Saxe-Coburgo-Gota, em 1840. Os seus nove filhos, e vinte e seis dos seus quarenta e dois netos casaram-se com outros membros da realeza e famílias nobres por todo o continente europeu, unindo-as entre si, o que lhe valeu o apelido de"aavó da Europa". Após a morte de Alberto em 1861, Vitória entrou num período de luto profundo durante o qual evitou aparecer em público. Como resultado do seu isolamento, o republicanismo ganhou força durante algum tempo, mas na segunda metade do seu reinado, a popularidade da rainha voltou a aumentar. Os seus jubileus de ouro e diamante foram muito celebrados pelo público.

O seu reinado de 63 anos e sete meses é o segundo mais longo da história doReino Unido e ficou conhecido como aEra Vitoriana. Foi um período de mudança industrial, cultural, política, científica e militar no Reino Unido e ficou marcado pela expansão do Império Britânico. Como a última monarca da casa de Hanôver, o seu filho e sucessor, o reiEduardo VII, pertencia à novacasa de Saxe-Coburgo-Gota, oriunda de seu pai Alberto.

Antecedentes

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Carlota de Gales.

Em 1817, a princesaCarlota de Gales morreu ao dar à luz um natimorto, causando uma crise de sucessão noReino Unido.[1] Carlota era a única filha do Príncipe Regente (futuroJorge IV, filho mais velho deJorge III, que agia como regente devido à doença do pai) e da esposa renegada,Carolina de Brunsvique.[2] O nascimento fora tido como milagroso visto que alegadamente os pais não tiveram relações sexuais mais de três vezes durante o casamento, daí que o nascimento de um eventual outro filho do príncipe Jorge fosse, no mínimo, improvável.[3]

Assim, a linha direta de sucessão ao trono britânico foi subitamente extinta. Jorge III tinha 12 filhos, mas nenhum neto legítimo que pudesse herdar a coroa. As cinco filhas eram solteiras ou estéreis e nenhum dos filhos era casado, à exceção do segundo,Frederico, Duque de Iorque e Albany, que também não tinha filhos.[4]

Este acontecimento provocou uma "corrida" ao casamento por parte dos príncipes solteiros.[5] O terceiro filho,Guilherme, Duque de Clarence casou com a princesaAdelaide de Saxe-Meiningen. Deste matrimónio resultaram duas filhas, Carlota eIsabel, ambas mortas antes de completarem um ano,[6] e vários abortos espontâneos, o último degémeos em 1821, depois do qual se tornou óbvio que não teriam mais filhos.[7]

O quarto filho do Jorge III,Eduardo, Duque de Kent e Strathearn casou por sua vez comVitória de Saxe-Coburgo, viúva do Duque de Leiningen e mãe de dois filhos Carlos, eFeodora, que era também irmã deLeopoldo de Saxe-Coburgo-Gota, viúvo da princesa Carlota Augusta. Deste casamento nasceu em 1819 uma menina, batizada Alexandrina Vitória. Depois das sucessivas mortes das primas Clarence, do pai apenas alguns meses depois e já em 1830 deJorge IV, Vitória tornou-se herdeira presumível do trono britânico.[5]

Nascimento e família

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Vitória aos quatro anos de idade.

Em 30 de maio de 1818, teve lugar o casamento dos futuros pais de Vitória, príncipeEduardo, Duque de Kent e Strathearn e princesaVitória de Saxe-Coburgo, noPalácio de Ehrenburg, emCoburgo. Para que não houvesse dúvidas sobre a validade deste casamento, foi realizada uma segunda cerimónia, em Inglaterra, noPalácio de Kew, no dia 11 de junho do mesmo ano, no mesmo dia em que o irmão mais velho, o príncipeGuilherme, Duque de Clarence e St. Andrews, se casou com a princesaAdelaide de Saxe-Meiningen.[5]

O pai da futura rainha já estava bastante endividado antes do casamento, mas depois a sua situação económica começou a agravar-se ainda mais. Como Eduardo discordava das visões políticas do seu irmão,Jorge, Príncipe de Gales, este recusou-se a ajudá-lo e, por isso, os pais de Vitória tiveram de deixar a Inglaterra e passaram a viver na Alemanha.[5] Poucas semanas depois, Vitória soube que estava grávida e o duque percebeu imediatamente a importância que tinha o facto de a criança nascer em Inglaterra, por isso, com a ajuda de alguns amigos, conseguiu juntar dinheiro suficiente para a viagem quando a duquesa já estava grávida de sete meses. Chegaram ao seu destino no dia 24 de abril de 1819 e instalaram-se noPalácio de Kensington.[5] Foi aí que a futura rainha Vitória nasceu, um mês depois, no dia 24 de maio, às quatro e um quarto da manhã.[8]

Foi batizada numa cerimónia privada no dia 24 de julho peloarcebispo da Cantuária, Charles Manners-Sutton, no salão da cúpula no Palácio de Kensington. Os seus padrinhos foram o imperadorAlexandre I da Rússia (representado na cerimónia pelo seu tio, oDuque de Iorque), o seu tio o Príncipe de Gales, a sua tiaCarlota, Princesa Real (representada pela princesaAugusta) e a avó materna de Vitória, aDuquesa-viúva de Saxe-Coburgo (representada pela princesaMaria, Duquesa de Gloucester e Edimburgo). Os seus pais quiseram chamá-la Vitória Jorgina Alexandrina Carlota Augusta, mas o irmão mais velho do duque, o príncipe-regente, insistiu que três dos nomes desaparecessem. Então acabou por ser batizada apenas de Alexandrina Vitória, em honra de Alexandre e da sua mãe.[9]

Vitória estava no quinto lugar de sucessão ao trono, a seguir ao seu pai e aos seus três irmãos mais velhos.[10] O príncipe-regente estava separado da sua esposa e a esposa do Duque de Iorque, a princesaFrederica Carlota da Prússia, tinha cinquenta e dois anos, por isso não havia muitas possibilidades de os filhos mais velhos do rei terem herdeiros. Ambas as filhas nascidas ao Duque de Clarence (em 1819 e 1820) tinham morrido antes dos dois anos de idade. O avô e o pai de Vitória morreram em 1820, com apenas uma semana de diferença e o Duque de Iorque morreu em 1827. Após a morte do reiJorge IV em 1830, Vitória tornou-se herdeira presumível do seu tioGuilherme IV do Reino Unido. O Acto de Regência de 1830 incluía uma cláusula especial que tornava a duquesa de Kent, mãe de Vitória, regente caso Guilherme morresse antes de a princesa atingir a maioridade.[11] O rei Guilherme desconfiava da capacidade da duquesa em ser regente e, em 1836, declarou na sua presença que queria viver até ao 18.º aniversário de Vitória para que fosse evitada uma regência.[12]

Herdeira ao trono

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Vitória em 1838.

Mais tarde, Vitória viria a descrever a sua infância como"bastante melancólica".[13] A sua mãe era muito protetora e, por isso, Vitória teve uma educação isolada, longe de outras crianças da sua idade, seguindo o chamado "Sistema Kensington", um conjunto de regras e protocolos elaborados desenvolvido pela Duquesa e o seu mordomo ambicioso e dominador, SirJohn Conroy, que, segundo alguns rumores, possivelmente falsos, era amante da Duquesa.[14] O sistema impedia-a de se encontrar com pessoas que a sua mãe e Conroy considerassem indesejáveis (um grupo que incluía grande parte da família do seu pai), e estava direcionado no sentido de a tornar fraca e dependente deles.[15] A Duquesa evitava a corte pois chocava-se com o facto de esta ser frequentada pelos filhos ilegítimos do rei,[16] e talvez para mostrar a moralidade de Vitória insistindo que a sua filha evitasse qualquer forma de indecência sexual.[17] Vitória partilhava o quarto com a sua mãe, estudava com tutores privados seguindo um horário regular e passava as suas horas de lazer a brincar com as suas bonecas e um cãozinho da raçaking charles spaniel, chamado Dash.[18] Aprendeu francês, alemão, italiano e latim,[19] mas falava inglês em casa.[20]

Em 1830, a Duquesa de Kent e Conroy levaram Vitória até ao centro de Inglaterra para visitar Malvern Hills, parando em várias aldeias e grandes casas de campo pelo caminho.[21] Em 1832, 1833, 1834 e 1835 foram feitas viagens semelhantes. Para grande irritação do rei Guilherme, Vitória foi recebida com muito entusiasmo em todas as paragens.[22] Guilherme considerou que estas digressões refletiam uma ambição de realeza e temia que as pessoas começassem a ver Vitória como sua rival em vez de a verem como sua herdeira.[23] Vitória não gostava dessas viagens. A ronda constante de aparições públicas deixava-a cansada e doente e tinha pouco tempo para descansar.[24] A princesa acabaria por se opor a elas, argumentando que não agradavam ao Rei, mas a sua mãe ignorou as suas queixas por ciúmes e forçou a filha a continuar.[25] Enquanto estava em Ramsgate, em outubro de 1835, Vitória apanhou uma febre grave, mas Conroy ignorou-a, afirmando que as suas queixas não passavam de fingimentos infantis.[26] Enquanto Vitória estava doente, Conroy e a Duquesa tentaram fazer com que ela nomeasse Conroy como seu secretário privado, mas a Princesa recusou.[27] Enquanto adolescente, Vitória resistiu a muitas tentativas persistentes por parte da sua mãe e Conroy para nomeá-lo para seu funcionário.[28] Quando se tornou rainha, acabou por bani-lo da sua presença, mas Conroy manteve-se na casa da sua mãe.[29]

A Rainha Vitória enquanto jovem.

Em 1836, o irmão da Duquesa,Leopoldo, que se tinha tornado rei dos belgas em 1831, começou a fazer planos para casar a sua sobrinha Vitória com o seu sobrinhoAlberto de Saxe-Coburgo-Gota.[30] Leopoldo, a mãe de Vitória e o pai de Alberto (o duqueErnesto I de Saxe-Coburgo-Gota) eram irmãos. Leopoldo convenceu a sua irmã a convidar os seus parentes de Coburgo para a visitarem em maio de 1836, com o objetivo de apresentar Vitória a Alberto.[31] Contudo, Guilherme IV não aprovava nenhum tipo de união de membros da sua família com os Coburgos e teria preferido ver a sua sobrinha casada com o príncipeAlexandre dos Países Baixos, segundo filho dopríncipe de Orange.[32] Vitória sabia dos vários planos de casamento e dava a sua opinião sobre a parada de príncipes elegíveis que lhe iam sendo apresentados.[33] Segundo o seu diário, Vitória sempre gostou da companhia de Alberto. No fim da visita, escreveu:"[Alberto] é extremamente bonito, o seu cabelo é da mesma cor do meu, os seus olhos são grandes e azuis e tem um lindo nariz e uma boca muito doce com bons dentes. Mas o charme do seu rosto é a sua expressão, que é muito agradável."[34] Por outro lado, achava Alexandre"muito simples".[35]

Vitória escreveu ao seu tio Leopoldo, que sempre considerou o seu"melhor e mais gentil conselheiro",[36] para lhe agradecer pela"expectativa de grande felicidade para a qual contribuiu na pessoa do querido Alberto (...) ele tem todas as qualidades que seriam desejáveis para me deixar perfeitamente feliz. É tão sensível, tão gentil, e tão bom e amoroso. Além do mais tem o exterior mais agradável e encantador que se pode ter."[37] Contudo, aos dezassete anos, apesar de estar interessada em Alberto, Vitória não estava pronta para se casar. Os dois lados não avançaram com um noivado formal, mas assumiram que a união iria acontecer a seu tempo.[38]

Primeiros anos de reinado

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Vitória recebe a notícia da sua ascensão ao trono.

Vitória fez dezoito anos a 24 de maio de 1837, evitando-se assim uma regência. No dia 20 de junho de 1837,Guilherme IV morreu aos 71 anos de idade e Vitória tornou-se rainha do Reino Unido. No seu diário escreveu:

"A mamã acordou-me às seis da manhã e disse-me que o Arcebispo da Cantuária e Lorde Conyngham estavam aqui e queriam ver-me. Saí da cama e fui até à minha salinha-de-espera (vestida só com a minha camisa de dormir), sozinha, e vi-os. Lorde Conyngham informou-me depois que o meu pobre tio, o rei, já não existia, e tinha dado o seu último fôlego doze minutos depois das duas da manhã e, assim, sou rainha".[39]

Documentos oficiais do seu primeiro dia de reinado referiram-se a ela como Alexandrina Vitória, mas o primeiro nome foi retirado a pedido da rainha e não voltou a ser usado.[40]

Desde 1714 que o soberano da Grã-Bretanha tinha também partilhado o trono com o reino deHanôver, na Alemanha, mas como este tinha em vigor umalei sálica que impedia a sucessão de mulheres ao trono, Vitória não o pôde herdar, passando para o irmão mais novo do seu pai, o seu tio malvisto, o Duque de Cumberland e Teviotdale, que se tornou no reiErnesto Augusto I. Foi também ele o seu herdeiro presumível até ela se casar e ter um filho.[41]

Vitória na sua coroação.

Na altura em que sucedeu ao trono, o governo era liderado por um primeiro-ministro liberal,Lorde Melbourne, que se tornou numa forte influência para Vitória que não tinha experiência política e contava com ele para pedir conselhos.[42] Charles Greville achava que o viúvo Melbourne, que nunca tinha tido filhos,"gostava muito dela, como gostaria de uma filha se tivesse tido alguma", e é provável que Vitória também o visse como uma figura paternal.[43] A sua coroação aconteceu no dia 28 de junho de 1838 e Vitória tornou-se na primeira soberana a residir noPalácio de Buckingham.[44] Herdou as propriedades dos ducados deLencastre eCornualha e passou a receber 385 millibras por ano. Sendo financeiramente prudente, conseguiu pagar as dívidas de seu pai.[45]

No início do seu reinado, Vitória foi popular,[46] mas a sua reputação sofreu um duro golpe durante uma intriga da corte em 1839 quando a barriga de uma das damas-de-companhia da sua mãe, Lady Flora Hastings, começou a crescer anormalmente, causando rumores de que esta tinha engravidado, fora do casamento, de Sir John Conroy.[47] Vitória acreditou nos rumores.[48] Odiava Conroy e desprezava"aquela odiosa Lady Flora",[49] uma vez que esta tinha conspirado com Conroy e a Duquesa de Kent no sistema Kensington.[50] A princípio, Lady Flora recusou submeter-se a um exame médico nua, mas em meados defevereiro finalmente cedeu e descobriu-se que ela ainda era virgem.[51] Conroy, a família Hastings e os conservadores organizaram uma campanha na imprensa afirmando que a rainha tinha ajudado a espalhar rumores falsos sobre Lady Flora.[52] Quando Lady Flora morreu emjulho, a autópsia revelou que ela tinha um grande tumor no fígado que causou o crescimento da barriga.[53] Em aparições públicas, Vitória era assobiada e chamada de "Sra. Melbourne".[54]

Em 1839, Melbourne demitiu-se quando os radicais e os conservadores (Vitória odiava ambos os partidos) votaram contra uma lei que suspendia a constituição daJamaica. A lei retirava poder político aos donos de plantações que estavam a resistir à abolição da escravatura.[55] A rainha deu ordens a um conservador, SirRobert Peel, para formar um novo governo. Nessa altura era normal o primeiro-ministro nomear membros da casa real, que eram normalmente os seus aliados políticos e patrocinadores. Muitas das damas-de-quarto da rainha eram esposas de liberais e Peel esperava conseguir substitui-las por esposas de conservadores. Durante aquela que ficou conhecida como a crise do quarto, Vitória, aconselhada por Melbourne, foi contra a sua substituição. Peel recusou-se a governar com as restrições impostas pela Rainha e acabou por se demitir, deixado que Melbourne voltasse ao seu antigo cargo.[56]

Casamento

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Ver artigos principais:Casamento de Vitória do Reino Unido e Alberto de Saxe-Coburgo-Gota eVestido de casamento de Vitória do Reino Unido
Vitória por Sir Francis Grant.
Casamento da rainha Vitória com o príncipe Alberto.

Apesar de ser rainha, pelo facto de ser solteira Vitória tinha de continuar a viver com a sua mãe, com quem não se dava bem por causa do sistema Kensington e da sua dependência contínua em Conroy.[57] A sua mãe vivia em aposentos afastados no Palácio de Buckingham e Vitória recusava-se a vê-la muitas vezes.[58] Quando a rainha se queixou a Melbourne, dizendo-lhe que a proximidade da mãe lhe tinha causado "tormento durante muitos anos", o primeiro-ministro simpatizou com ela, mas disse que tal podia ser evitado com um casamento, algo a que Vitória chamou de "uma alternativa chocante".[59] Estava interessada na educação que Alberto estava a receber para o preparar para o seu futuro papel como seu marido, mas resistiu a apressar o casamento.[60]

Vitória continuou a elogiar Alberto após a sua segunda visita à Inglaterra em outubro de 1839. Alberto e Vitória gostavam um do outro e a rainha pediu-o em casamento no dia 15 de outubro de 1839, apenas cinco dias depois da sua chegada a Windsor.[61] Casaram-se a 10 de Fevereiro de 1840, na Capela Real doPalácio de St. James, em Londres. Vitória estava completamente apaixonada. Passou a primeira noite de casamento de cama com uma dor de cabeça, mas escreveu no seu diário:

"NUNCA, NUNCA passei uma noite assim!!! O MEU QUERIDO, QUERIDO, QUERIDO Alberto (...) o seu grande amor e afecto fizeram-me sentir num paraíso de amor e felicidade que nunca pensei alguma vez sentir! Segurou-me nos seus braços e beijamo-nos uma e outra e outra vez! A sua beleza, a sua doçura e gentileza - como posso agradecer vezes suficientes ter um marido assim! (...) ser chamada por nomes ternurentos, que nunca me chamaram antes - foi uma bênção inacreditável! Oh! Este foi o dia mais feliz da minha vida!"[62]

Alberto tornou-se um conselheiro político importante, bem como o companheiro da rainha, substituindo Lorde Melbourne como a figura dominante e influente na primeira metade da sua vida.[63] A mãe de Vitória foi despejada do palácio e enviada para Ingestre House em Belgrave Square. Após a morte da princesaAugusta em 1840, a mãe de Vitória recebeu as casas deClarence eFrogmore.[64] Com a ajuda de Alberto, a relação entre mãe e filha começou a melhorar aos poucos.[65]

Durante a primeira gravidez de Vitória em 1840, nos primeiros meses de casamento,Edward Oxford, então com dezoito anos, tentou assassiná-la quando estava numa carruagem com o príncipe Alberto a caminho da casa da mãe. Oxford disparou duas vezes, mas ambas as balas falharam o alvo. Foi julgado por alta traição e considerado culpado, mas foi depois libertado por se considerar que estava louco.[66] Depois do incidente, a popularidade de Vitória aumentou, fazendo com que a crise do quarto fosse esquecida.[67] A sua primeira filha, que também recebeu o nomeVitória, nasceu no dia 21 de novembro de 1840. A rainha detestava estar grávida,[68] achava que a amamentação era repugnante,[69] e achava que os recém-nascidos eram feios.[70] Mesmo assim ainda viria a ter mais oito filhos com Alberto.

A casa de Vitória era maioritariamente governada por aquela que tinha sido a sua governanta durante a sua infância, a baronesaLouise Lehzen. Lehzen tinha tido uma grande influência em Vitória,[71] e tinha-a apoiado contra o sistema Kensington.[72] Contudo, Alberto achava que Lehzen era incompetente e que o seu desgoverno ameaçava a saúde da sua filha. Após uma zanga entre Vitória e Alberto por causa deste assunto, Lehzen foi reformada e a sua relação próxima com Vitória acabou.[73]

Hemofilia

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Um dos filhos de Vitória, o segundo mais novo,Leopoldo, foi o primeiro descendente de Vitória a sofrer dehemofilia B e duas das suas cinco filhas,Alice eBeatriz, descobriram, depois de ter filhos, que eram portadoras do gene defeituoso. Os descendentes reais que sofriam da doença incluíam os seus bisnetos, o czarevichAlexei da Rússia,Afonso, Príncipe das Astúrias, e o infanteGonçalo de Espanha.[74] A presença da doença nos descentes da rainha, mas não nos seus antepassados, levou a especulações nos dias de hoje, afirmando que o verdadeiro pai de Vitória não era o Duque de Kent, mas sim um hemofílico.[75] Não existe nenhuma prova documentada sobre a presença de hemofílicos na família da mãe de Vitória e como os homens apenas sofrem a doença, mas não a podem transmitir, essa teoria foi desvalorizada.[76] É mais provável que tenha havido uma mutação espontânea, visto que o pai de Vitória era já bastante velho quando a concebeu e a hemofilia aparece mais frequentemente em crianças nascidas de pais mais velhos.[77] Cerca de 30% dos casos de hemofilia aparecem por mutações espontâneas.[78]

1842-1860

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Vitória em 1842.

No dia 29 de maio de 1842 Vitória estava a andar de carruagem na zona deThe Mall, em Londres, quando John Francis lhe apontou uma pistola, mas não disparou. No dia seguinte, Vitória foi pelo mesmo caminho, mas mais depressa e com mais segurança numa tentativa premeditada de provocar Francis a tentar disparar novamente e, assim, ser apanhado em flagrante. Tal como era esperado, Francis disparou, mas foi travado por um policial vestido à paisana e condenado por alta traição. Em3 de julho, dois dias depois da sentença de morte de Francis ser mudada para transporte para uma das colónias inglesas para o resto da vida, outro homem, John William Bean, também apontou uma pistola à rainha, mas esta estava apenas carregada com papel e tabaco.[79] Oxford achou que essas tentativas tinham sido inspiradas pela sua experiência em 1840. Bean foi condenado a dezoito meses de prisão.[80] Em 1849 houve um ataque semelhante, dessa vez executado pelo irlandês William Hamilton que disparou uma pistola carregada com pólvora contra a carruagem de Vitória quando esta passava porConstitution Hill, em Londres.[81] Em 1850 a rainha chegou mesmo a ser ferida quando foi atacada por Robert Pate, um antigo oficial do exército, possivelmente louco. Enquanto Vitória estava a andar de carruagem, Pate atingiu-a com a sua bengala, destruindo-lhe o chapéu e deixando-lhe negras na cara. Tanto Hamilton como Pate foram condenados a um transporte de sete anos para as colónias.[82]

O apoio que Melbourne tinha no parlamento enfraqueceu ao longo dos anos do reinado de Vitória e, nas eleições de 1841, os liberais saíram derrotados.Robert Peel tornou-se primeiro-ministro e as damas-de-quarto que estavam associadas a liberais foram substituídas.[83]

Em 1845 a Irlanda sofreu uma praga nas plantações de batatas.[84] Nos quatro anos que se seguiram, mais de um milhão de irlandeses morreram e outro milhão emigrou num período que ficou conhecido como "A Grande Fome".[85] Na Irlanda, Vitória passou a ser chamada de "Rainha da Fome".[86] Vitória doou £ 2 000 para ajudar a aliviar a fome, uma quantia superior a qualquer outra doação feita na época por um só indivíduo,[87] e também apoiou o empréstimo Maynooth a um seminário católico na Irlanda, apesar da oposição por parte dos protestantes.[88] A história de que ela teria dado apenas £ 5 para ajudar os irlandeses e de que no mesmo dia tinha dado a mesma quantia a um abrigo para cães foi um mito que se gerou no final do século XIX.[89]

A primeira fotografia conhecida da rainha Vitória, tirada em 1844 com a sua filha mais velha.

Em 1846, o governo de Peel enfrentou uma crise que envolvia a revogação dasleis dos grãos. Muitos conservadores opuseram-se à revogação, mas Peel e outros conservadores, a maioria dos liberais e a rainha apoiaram-na. Peel demitiu-se em 1846, após a revogação ter passado com maioria absoluta e foi substituído por LordeJohn Russell.[90]

A nível internacional, Vitória centrou as suas atenções na melhoria das relações entre a França e o Reino Unido.[91] Visitou e recebeu muitas vezes a família real francesa, osOrleães, alguns dos quais eram parentes dos Coburgos por casamento. Em 1843 e 1845, Vitória e Alberto ficaram noCastelo d'Eu com o reiLuís Filipe I. Vitória foi a primeira monarca britânica a visitar um monarca francês desde o encontro nocampo do pano de ouro em 1520.[92] Quando Luís Filipe retribuiu a visita em 1844, tornou-se no primeiro soberano francês a visitar um soberano britânico.[93] Luís Filipe foi deposto pelasrevoluções de 1848 e foi para o exílio em Inglaterra.[94] No ponto mais alto da vaga revolucionária no Reino Unido em abril de 1848, Vitória e a família trocaram Londres pela segurança deOsborne House,[95] uma propriedade privada naIlha de Wight que a rainha tinha comprado em 1845 e renovado.[96] As manifestações por parte doscartistas e dos nacionalistas irlandeses não conseguiram encontrar apoio a nível nacional e as perturbações morreram sem grandes problemas.[97] A primeira visita da rainha à Irlanda em 1849 foi um sucesso, mas não teve nenhum impacto duradouro no crescimento do nacionalismo irlandês.[98]

O governo de Russell, apesar de ser liberal, não agradava à rainha.[99] Ofendia-se particularmente com o secretário dos assuntos estrangeiros, Lorde Palmerston, que agia muitas vezes sem consultar o governo, o primeiro-ministro ou a rainha.[100] Vitória queixou-se a Russel de quePalmerston tinha enviado despachos oficiais para líderes estrangeiros sem o seu conhecimento, mas Palmerston ficou com o seu posto e continuou a agir por sua própria iniciativa, apesar das repetidas chamadas de atenção da rainha. Só viria a ser despedido em 1851, quando anunciou que o governo britânico apoiava o golpe de estado do presidenteLuís-Napoleão Bonaparte na França sem consultar o primeiro-ministro.[101] No ano seguinte, Bonaparte foi declarado Imperador Napoleão III, numa altura em que a administração de Russell tinha já sido substituída pelo governo minoritário de curta duração liderado porLorde Derby.

Em 1853, Vitória deu à luz o seu oitavo filho,Leopoldo, com a ajuda de um novo anestésico, oclorofórmio. Vitória ficou tão impressionada com o alívio que lhe deu da dor do parto que o voltou a usar em 1857, na altura do nascimento da sua última filha,Beatriz, apesar de membros do clero se terem oposto por considerarem que ia contra os ensinamentos da bíblia, assim como membros da classe médica que achavam o medicamento perigoso.[102] Vitória pode ter sofrido dedepressão pós-parto depois de muitas das suas gravidezes.[103] Existem cartas escritas por Alberto para Vitória onde este se queixava da sua falta de autocontrolo. Por exemplo, cerca de um mês depois do nascimento de Leopoldo, Alberto queixou-se numa carta sobre a sua"histeria contínua" por causa de"um assunto sem importância".[104]

Vitória em 1860.

No inicio de 1855 o governo deLorde Aberdeen, que tinha substituído o de Derby, foi criticado devido ao mau uso de tropas britânicas durante aGuerra da Crimeia e caiu. Vitória falou com Derby e Russell no sentido de formar um novo governo, mas nenhum dos dois teve apoio suficiente e Vitória foi forçada a nomear Palmerston como o seu novo primeiro-ministro.[105]

Napoleão III, que desde a Guerra da Crimeia se tinha tornado no maior aliado britânico,[106] visitou Londres em abril de 1855 e, de 17 a 28 de agosto do mesmo ano, Vitória e Alberto retribuíram a visita.[107] Napoleão encontrou-se com o casal emDunquerque e acompanhou-os atéParis. Visitaram aExposição Universal (uma sucessora daGrande Exposição organizada pelo príncipe Alberto em Londres em 1851) e a sepultura deNapoleão I emLes Invalides (na qual os seus restos mortais só tinham sido restituídos em 1840), e foram os convidados de honra de um baile com mil e duzentos convidados noPalácio de Versalhes.[108]

No dia 14 de janeiro de 1858 um refugiado italiano que vivia naGrã-Bretanha tentou assassinar Napoleão III com uma bomba feita em Inglaterra.[109] Isto causou uma crise diplomática que desestabilizou o governo e fez com que Palmerston se demitisse. Derby regressou a este posto.[110] Vitória e Alberto estiveram presentes na abertura de uma nova base no porto militar francês de Cherbourg no dia 5 de agosto de 1858, numa tentativa por parte de Napoleão III de assegurar à Grã-Bretanha que as suas preparações militares estavam direcionadas para outro lugar. Quando regressou a Inglaterra, Vitória escreveu a Derby, reprimindo-o pelo fraco estado da marinha real em comparação com a francesa.[111]

Onze dias depois da tentativa de assassinato em França, a filha mais velha de Vitória casou-se com o príncipeFrederico Guilherme da Prússia em Londres. Os dois eram noivos desde 1855, quando a princesa real Vitória tinha apenas catorze anos. O casamento foi atrasado pela rainha e pelo príncipe Alberto até a noiva completar dezassete anos.[112] A rainha e o príncipe Alberto esperavam que a sua filha e genro fossem responsáveis pela liberalização do crescentereino prussiano.[113] Vitória sentiu "o coração doente" por ver a sua filha deixar Inglaterra para passar a viver na Alemanha. "Faz-me arrepiar", escreveu ela à filha numa das suas frequentes cartas, "quando olho para todas as tuas doces, felizes e inocentes irmãs e penso que vou ter de as deixar também - uma à uma".[114] Quase um ano depois, a princesa Vitória deu à luz o primeiro neto da rainha Vitória, o futurokaiserGuilherme II da Alemanha.

Viuvez de Vitória

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Vitória e Alberto em 1861, poucos meses antes da morte do príncipe-consorte.

Em março de 1861 a mãe de Vitória morreu a seu lado. Quando leu os documentos deixados por ela, ela compreendeu que a sua mãe a tinha amado profundamente;[115] ficou destroçada e culpou Conroy e Lehzen por a terem afastado "maldosamente" da sua mãe.[116] Para distrair a esposa durante este período de sofrimento intenso,[117] Alberto substitui-a em grande parte dos seus deveres, apesar dele próprio estar doente com problemas crónicos no estômago.[118] Em agosto, Vitória e Alberto visitaram o seu filho, o príncipe Eduardo de Gales, que estava a participar em manobras do exército emDublin e passaram alguns dias emKillarney. Em novembro, Alberto ficou a saber de rumores de que Eduardo teria dormido com uma atriz na Irlanda.[119] Horrorizado, Alberto foi atéCambridge, onde o seu filho estava a estudar, e confrontou-o.[120] Emdezembro, Alberto estava muito mal.[121] William Jenner diagnosticou-o com febre tifoide e o príncipe morreu no dia 14 de dezembro de 1861. Vitória ficou devastada.[122] Culpou o seu filho pela morte do marido. Disse que Alberto tinha sido"morto por causa daquele assunto horrível".[123] Entrou em luto e usou roupa preta pelo resto da vida. Evitou aparições públicas e raramente foi a Londres nos anos que se seguiram.[124] O seu isolamento fez com que passasse a ser chamada de "viúva de Windsor".[125]

O isolamento autoimposto por Vitória do público fez com que a sua popularidade diminuísse e encorajou o crescimento do movimento republicano.[126] A rainha tratava dos seus assuntos de governo oficiais, mas escolheu ficar nas suas residências noCastelo de Windsor,Osborne House e a propriedade privada na Escócia, oCastelo de Balmoral, que tinha comprado com Alberto em 1847. Em março de 1864, um protestante colocou um cartaz nas grades doPalácio de Buckingham que dizia:"esta propriedade está à venda em consequência da falência do negócio do seu antigo ocupante".[127] O seu tio Leopoldo escreveu-lhe para a aconselhar a aparecer em público. A rainha concordou em aparecer nos jardins da sociedade real de horticultura em Kensington e dar um passeio numa carruagem aberta por Londres.[128]

Ao longo da década de 1860 Vitória começou a depender de um criado escocês,John Brown.[129] Começaram a surgir rumores caluniosos de que os dois tinham uma relação e até de que se tinham casado em segredo e os jornais começaram a chamar a rainha de Mrs. Brown.[130] A história da sua relação foi o tema principal do filmeMrs. Brown, de 1997, onde a rainha foi interpretada porJudi Dench. Existe também um quadro de Edwin Landseer que mostra a rainha e Brown e se encontra em exposição naRoyal Academy e Vitória publicou um livro, "Leaves from the Journal of Our Life in the Highlands", que fala muito de Brown e no qual a rainha elogiou muito o seu criado.[131]

Palmerston morreu em 1865 e, depois de um breve governo liderado porRussell,Derby voltou ao poder.[132] Em 1866, Vitória esteve presente na abertura do parlamento pela primeira vez desde a morte de Alberto.[133] No ano seguinte apoiou a aprovação da lei de reforma de 1867 que duplicava o número do eleitorado, estendendo o direito de voto a vários trabalhadores urbanos,[134] embora a rainha fosse contra o direito de voto para mulheres.[135] Derby demitiu-se em 1868, para ser substituído porBenjamin Disraeli que encantou a rainha."Toda a gente gosta de elogios," disse ele,"e quando uma pessoa entra em contacto com a realeza, deve aplicá-los com uma pinça".[136] Cumprimentava-a sempre com a frase"we authors, Ma'am", e elogiava-a.[137] O governo de Disraeli durou apenas alguns meses e, no final do ano, o seu rival liberal,William Ewart Gladstone, foi nomeado primeiro-ministro. Vitória gostava muito menos dele e chegou-se mesmo a queixar que ele falava com ela como se fosse"uma reunião politica em vez de uma mulher".[138]

Em 1870 o sentimento republicano britânico teve um ponto alto, alimentado pelo isolamento de Vitória e pela criação daTerceira República Francesa.[139] Foi realizado um comício republicano emTrafalgar Square onde foi exigida a retirada de Vitória e vários membros radicais do governo discursaram contra ela.[140] Em agosto e setembro de 1871, a rainha esteve gravemente doente com um abcesso no braço, queJoseph Lister conseguiu tratar com sucesso graças ao seu novo spray de ácido carbólicoantisséptico.[141] Em finais de novembro de 1871, no ponto mais alto do movimento republicano, opríncipe de Gales contraiu febre tifoide, a doença que tinha matado o seu pai, e Vitória temeu que o seu filho fosse morrer.[142] À medida que se aproximava o décimo aniversário da morte do seu marido, a saúde de Eduardo parecia não dar sinais de melhoria e a preocupação de Vitória continuou.[143] Para alegria de todos, Eduardo conseguiu sobreviver.[144] Mãe e filho estiveram presentes numa parada pública em Londres e um grande serviço de ação de graças na Catedral de São Paulo no dia 27 de fevereiro de 1872 e o sentimento republicano começou a esmorecer.[145]

No último dia de fevereiro de 1872, dois dias depois do serviço de ação de graças, Arthur O'Connor (sobrinho-neto de um deputado irlandês) apontou uma pistola sem balas à carruagem aberta de Vitória quando esta estava a atravessar os portões do Palácio de Buckingham. Brown, que estava ao lado da rainha, agarrou-o e o rapaz foi condenado a doze meses de prisão.[146] Graças a este incidente, a popularidade da rainha aumentou ainda mais.[147]

Imperatriz da Índia

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Vitória em 1897.

Após arevolta dos sipais, em 1857, aCompanhia Britânica das Índias Orientais, que tinha vindo a governar grande parte da Índia, foi dissolvida e as possessões e protetorados britânicos no país foram incorporados formalmente noImpério Britânico. A rainha tinha uma visão relativamente balançada sobre o conflito e condenou as atrocidades cometidas por ambos os lados.[148] Escreveu sobre o seu"sentimento de horror e arrependimento pelo resultado desta guerra civil sangrenta",[149] e insistiu, incentivada por Alberto, que devia ser anunciada uma proclamação oficial afirmando que a transferência de poder da companhia para o estado"devia mostrar um sentimento de generosidade, benevolência e tolerância religiosa".[150] Por ordem da rainha uma referência que ameaçava a "diminuição de religiões nativas e costumes" foi substituída por uma passagem que garantia a liberdade religiosa.[150]

Nas eleições de 1874,Disraeli voltou ao poder e o seu governo passou uma lei de regulação de culto público em 1874 que retirava os rituaiscatólicos da liturgiaanglicana, algo que Vitória apoiou.[151] A rainha preferia missas curtas e simples e gostava mais da doutrina da igreja presbiteriana escocesa do que inglesa. Também foi este primeiro-ministro que fez passar a lei que deu o título deImperatriz da Índia a Vitória no dia 1 de maio de 1876.[152] O novo título foi proclamado noDelhi Durbar no dia 1 de janeiro de 1877.[153]

Em 14 de dezembro de 1878, aniversário da morte de Alberto, a segunda filha de Vitória, a princesaAlice, que se tinha casado com o grão-duqueLuís IV de Hesse, morreu dedifteria emDarmstadt. Vitória achou que a coincidência das datas era"quase incrível e muito misteriosa".[154] Em maio de 1879, tornou-se bisavó pela primeira vez aquando do nascimento da princesaTeodora de Saxe-Meiningen, filha da sua netaCarlota da Prússia, e completou o seu"pobre e triste 60.º aniversário". Sentia-se"velha" pela"perda da minha querida filha".[155]

Entre abril de 1877 e fevereiro de 1878, Vitória ameaçou que ia abdicar do trono cinco vezes quando estava a pressionar Disraeli a condenar aRússia pelas suas ações naGuerra Russo-Turca, mas as suas ameaças não tiveram qualquer impacto nem acabaram com oCongresso de Berlim.[156] A política estrangeira expansionista de Disraeli, que Vitória apoiava, levou a conflitos como aGuerra Anglo-Zulu e aSegunda Guerra Anglo-Afegã."Se quisermos manter a nossa posição como uma grande potência", escreveu a rainha,"temos de estar preparados para ataques e guerras, num lugar ou outro, CONTINUAMENTE".[155] Vitória via a expansão do Império Britânico como civilizacional e beneficial, protegendo os povos nativos das potências mais agressivas ou de governantes cruéis:"Não é nosso costume anexar países," disse ela,"a não ser que sejamos obrigados e forçados a fazê-lo".[157] Para desalento de Vitória, Disraeli perdeu as eleições de 1880 eGladstone voltou ao poder como primeiro-ministro.[158] Quando Disraeli morreu no ano seguinte, Vitória chorou e mandou erguer uma placa na sua sepultura dizendo:"colocada pela sua muito grata soberana e amiga, Vitória R.I.".[159]

Últimos anos

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Vitória a cavalo com o seu criado John Brown.

No dia 2 de março de 1882Roderick Maclean, um poeta reconhecido que teria ficado ofendido por Vitória se ter recusado a receber um dos seus poemas,[160] disparou contra a rainha quando a sua carruagem estava a deixar a estação de comboios de Windsor. Dois estudantes deEton College bateram-lhe com os seus guarda-chuvas até o poeta ser detido pela polícia.[161] Vitória ficou furiosa quando Maclean foi ilibado por insanidade,[162] mas ficou tão feliz com as demonstrações de lealdade depois do ataque que disse que"valeu a pena ser alvejada só para ver como uma pessoa é amada".[163]

Em 17 de março de 1883 Vitória caiu alguns degraus em Windsor, o que a deixou presa a uma cadeira-de-rodas até julho. A rainha nunca recuperou completamente desta queda e sofreu dereumatismo até ao fim da sua vida.[164] John Brown morreu dez dias depois do acidente e, para consternação do seu secretário privado, Sir Henry Ponsonby, a rainha começou a trabalhar numa biografia laudatória do seu fiel criado.[165] Ponsonby e Randall Davidson, decano de Windsor, que tinham visto os primeiros esboços, aconselharam Vitória a não publicar o trabalho, afirmando que iria causar rumores de que os dois tinham tido um caso amoroso.[166] O manuscrito foi destruído.[167] No início de 1884 Vitória publicou o livro"More Leaves from a Journal of a Life in the Highlands", uma sequela do seu primeiro livro, que dedicou ao seu"criado pessoal devoto e fiel amigo, John Brown".[168] Um dia depois do primeiro aniversário da morte de Brown, Vitória soube através de um telegrama que o seu filho mais novo,Leopoldo, tinha morrido em Cannes, vitima de um ataque dehemofilia. Vitória lamentou a morte daquele que era"o mais querido dos meus filhos".[169] No mês seguinte, a filha mais nova de Vitória,Beatriz, conheceu e apaixonou-se pelo príncipeHenrique de Battenberg no casamento da sua sobrinha, a princesaVitória de Hesse e do Reno, com o irmão mais velho de Henrique,Luís de Battenberg. Beatriz e Henrique queriam casar-se, mas a princípio Vitória foi contra a união, uma vez que queria manter Beatriz em casa para lhe fazer companhia. Um ano depois acabou por ser derrotada e Henrique e Beatriz prometeram que continuariam a viver por perto e a fazer-lhe companhia.[170]

Vitória ficou feliz quandoGladstone se demitiu em 1885, depois do seu orçamento ser derrotado.[171] A rainha achava que o seu governo tinha sido"o pior que alguma vez tive", e culpava o antigo primeiro-ministro pela morte do generalGordon emCartum.[172] Gladstone foi substituído porLorde Salisbury. No entanto, o governo deste durou apenas alguns meses e Vitória foi obrigada a chamar novamente Gladstone a quem se referia como sendo"meio maluco e, na verdade, não passa de um homenzinho ridículo de muitas maneiras".[173] Gladstone tentou fazer passar uma lei que dava à Irlanda um governo próprio, mas, para alegria de Vitória, esta foi reprovada.[174] Nas eleições seguintes, o governo de Gladstone perdeu para o de Salisbury e o poder voltou a mudar de mãos.[175]

Jubileu de ouro

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Vitória no seu Jubileu de Ouro.

Em 1887 oImpério Britânico celebrou o Jubileu de Ouro do reinado de Vitória. A rainha marcou o 50.º aniversário da sua subida ao trono no dia 20 de junho com um banquete no qual estiveram presentes cinquenta reis e príncipes. No dia seguinte participou numa procissão que, nas palavras deMark Twain,"se estendia além do limite da visão de ambos os lados" e esteve presente numa missa de acção de graças naAbadia de Westminster.[176] Nesta altura, Vitória era novamente extremamente popular.[177] Dois dias depois, no dia23 de junho,[178] contratou dois indianos muçulmanos para serem seus criados. Um deles,Abdul Karim, foi promovido pouco depois a "Munshi": ensinou à rainha Hindi-Urdu e agiu como seu escriturário.[179] A família e os criados da rainha ficaram horrorizados, acusando Abdul Karim de ser um espião da Liga Patriótica Muçulmana e tentaram colocar a rainha contra hindus.[180] Equerry Frederick Ponsonby (filho de Sir Henry, o secretário da rainha), descobriu que Karim tinha mentido sobre os seus pais e disse a Lorde Elgin, vice-rei da Índia,"o indiano ocupa a mesma posição que ocupava John Brown".[181] Vitória ignorou as queixas, considerando que não passavam de racismo.[182] Abdul Karim ficou com a rainha até à sua morte, sendo depois enviado de volta para a Índia com uma pensão.[183]

A filha mais velha de Vitória tornou-se imperatriz-consorte da Alemanha em 1888, mas ficou viúva menos de três meses depois e o seu neto, Guilherme, tornou-se imperador da Alemanha com o nomeGuilherme II. Com o reinado de Guilherme, as esperanças de Vitória e Alberto para a liberalização da Alemanha não foram cumpridas, visto que este acreditava na autocracia. Vitória achava que o seu neto tinha"pouco coração ou Zartgefühl (tacto) e (...) a sua consciência e inteligência foram completamente deformadas".[184]

Gladstone regressou ao poder, com mais de oitenta e dois anos de idade, após as eleições de 1892. Vitória foi contra a decisão deste de nomear o deputado radical Henry Labouchere para o governo e, por isso, Gladstone não o fez.[185] Em 1894, Gladstone reformou-se e, sem consultar o primeiro-ministro de saída, Vitória nomeouLorde Rosebery como seu substituto.[186] O seu governo foi fraco e no ano seguinte foi substituído porLorde Salisbury. Salisbury foi o seu último primeiro-ministro e manteve-se em funções até à morte desta.[187]

Jubileu de diamante

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Restabelecimento das relações entrePortugal e oBrasil. A Rainha Vitória é a figura ao centro.

No dia 23 de setembro de 1896, Vitória ultrapassou o seu avô,Jorge III, como o monarca que reinara por mais tempo na história do Reino Unido. A rainha pediu que as celebrações fossem adiadas até 1897 para coincidirem com o seu Jubileu de Diamante,[188] para o qual foi feito um festival do Império Britânico, uma sugestão dada pelo secretário colonialJoseph Chamberlain.[189]

Todos os primeiros-ministros de todas as colónias com governo próprio foram convidados e a procissão do Jubileu de Diamante que percorreu Londres incluiu tropas de todo o império. A parada fez uma pausa para uma missa ao ar-livre de ação de graças que aconteceu junto àCatedral de São Paulo, durante o qual Vitória ficou sentada na sua carruagem aberta. A celebração ficou marcada por grandes demonstrações de afeto à rainha septuagenária.[190]

Vitória visitava o continente muitas vezes para as suas férias. Em 1889, quando estava emBiarritz, na França, tornou-se na primeira rainha reinante do Reino Unido a visitar aEspanha quando atravessou a fronteira para uma breve visita.[191] Em abril de 1900, aSegunda Guerra dos Bôeres estava a ser tão mal-recebida pelo continente europeu que a sua viagem anual a França foi desaconselhada. Em vez disso, Vitória foi até a Irlanda pela primeira vez desde 1861, em parte para agradecer a contribuição dos regimentos irlandeses naÁfrica do Sul.[192] Em julho, o seu segundo filho,Alfredo, morreu:"Meu Deus! O meu querido e pobre Affie também morreu", escreveu ela no seu diário."É um ano horrível, não acontece mais nada a não ser tristeza e horrores de uma maneira ou de outra".[193]

Morte e sucessão

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Vitória por Heinrich von Angeli.

Seguindo um costume que manteve ao longo de sua viuvez, Vitória passou o Natal de 1900 naOsborne House, naIlha de Wight. O reumatismo nas suas pernas impedia-a de andar e a sua visão estava muito afetada por cataratas.[194] Ao longo do início de janeiro, sentia-se"fraca e mal",[195] e em meados do mês escreveu no seu diário para dizer que se sentia"sonolenta (...) tonta [e] confusa".[196] Morreu lá, devido à degradação da sua saúde, na terça-feira, dia 22 de janeiro de 1901, às seis e meia da noite, com 81 anos de idade. No leito da sua morte, ela estava acompanhada do filho, o futuro reiEduardo VII, e seu neto mais velho, o imperadorGuilherme II.[197]

Em 1897, Vitória tinha escrito as instruções para o seu funeral, que queria que fosse militar, já que ela era filha de um soldado e chefe do exército,[198] e a cor dominante seria o branco e não o preto.[199] No dia25 de janeiro, o reiEduardo VII, okaiserGuilherme II e o príncipeArtur, Duque de Connaught e Strathearn, ajudaram a levar o caixão.[200] A rainha estava vestida de branco e com o seu véu de casamento.[201] A seu pedido foram também colocadas várias fotografias e objetos da sua numerosa família e criados no caixão pelo médico e pelas criadas que a vestiram. Uma das camisas de dormir de Alberto foi colocada a seu lado, juntamente com um molde de gesso da sua mão e uma fotografia e madeixa de cabelo de John Brown foram escondidos do lado esquerdo, debaixo de um ramo de flores.[202] Várias joias foram enterradas com Vitória, incluindo a aliança da mãe de John Brown que este lhe tinha dado em 1883.[198] O seu funeral realizou-se no Sábado, dia2 de Fevereiro de 1901, naCapela de São Jorge, noCastelo de Windsor e, depois de dois dias de velório, foi enterrada junto de Alberto noMausoléu de Frogmore, no Grande Parque de Windsor.[203] No momento do enterro, começou a nevar.[204]

Vitória já reinava há 63 anos, sete meses e dois dias, o mais longo reinado de uma monarca britânico até então, tendo ultrapassado o seu avô,Jorge III. A morte de Vitória pôs fim ao poder daCasa de Hanôver no Reino Unido. Como o marido dela pertencia àCasa de Saxe-Coburgo-Gota, seu filho e herdeiroEduardo VII foi o primeiro monarca britânico desta nova casa.[205]

Legado

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Victoria Memorial em Londres.

Segundo seu biógrafo Giles St. Aubyn, Vitória escreveu uma média de 2500 palavras por dia durante sua vida adulta.[206] Desde julho de 1832 até pouco antes da sua morte, escreveu em diários frequentemente, reunindo um total de 122 volumes.[207] Depois da morte de Vitória, sua filha Beatriz foi nomeada sua executora literária. A filha mais nova da rainha transcreveu e editou os diários a partir da sua ascensão ao trono e queimou os originais no processo.[208] Apesar desta destruição, muitos dos diários ainda existem. Além da cópia editada de Beatriz, Lorde Esher transcreveu dois volumes de 1832 a 1861 antes de Beatriz os destruir.[209] Parte da extensa correspondência de Vitória foi publicada em vários volumes de diferentes autores.[210]

Vitória era fisicamente desproporcional - era corpulenta, deselegante e não tinha mais de metro e meio, mas teve sucesso em projetar uma grande imagem.[211] Foi pouco popular durante os primeiros anos da sua viuvez, mas foi muito amada durante as décadas de 1880 e 1890, quando representou em si a figura do império como uma figura matriarcal benevolente.[212] Só depois dos seus diários e cartas serem revelados ao público é que a sua verdadeira influência política foi conhecida.[213] Biografias da rainha escritas antes deste material ser revelado, tal como a deLytton Strachey, de 1921, são consideradas ultrapassadas.[214] As muitas biografias publicadas até hoje concluem que Vitória era emocional, obstinada, honesta e frontal.[215]

Ao longo do reinado de Vitória, o estabelecimento gradual de uma monarquia constitucional moderna na Grã-Bretanha continuou. As reformas no sistema de votos aumentou o poder do parlamento, prejudicando nobres e a monarquia.[216] Em 1867,Walter Bagehot escreveu que o monarca apenas mantinha"o direito de ser consultado, o direito de encorajar e o direito de avisar".[217] À medida que a monarquia de Vitória se tornava mais simbólica que política, começou a dar cada vez mais importância à moralidade e aos valores familiares, ao contrário dos escândalos sexuais, financeiros e pessoais que tinham sido associados com os membros anteriores da Casa de Hanôver, que tinham desacreditado a monarquia. O conceito de "monarquia familiar", com o qual as classes médias se podiam identificar, foi fortalecido.[218]

Os laços que Vitória tinha com as famílias reais europeias valeram-lhe a alcunha de "aavó da Europa".[219] Vitória e Alberto tiveram quarenta e dois netos. Os seus descendentes incluem a rainhaIsabel II, o príncipeFilipe, o reiHaroldo V da Noruega, o reiCarlos XVI Gustavo da Suécia, a rainhaMargarida II da Dinamarca e a sua irmã, a princesaAna Maria, ex-Rainha da Grécia, o reieméritoJuan Carlos de Espanha e a sua esposa, a rainhaeméritaSofia da Espanha (e o filho destes, o reiFilipe VI da Espanha), o ex-Rei daGrécia,Constantino II e o ex-Rei daRomênia,Miguel I.

Cultura popular

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A rainha Vitória foi já retratada em vários filmes, livros, revistas e outras publicações. O primeiro filme de sucesso sobre Vitória foiVictoria, the Great, realizado e produzido por Herbert Wilcox, tinha como atriz principal a britânica Anna Neagle. O filme estreou em 1937, ano de coroação do bisneto de Vitória, o reiJorge VI, e serviu para comemorar o centenário da coroação da rainha em 1837. Teve tanto sucesso que, no ano seguinte, estreou a sua sequela, intituladaSixty Glorious Years.[220]

Outro filme de grande sucesso sobre a vida de Vitória estreou em 1950,The Mudlark, tinhaIrene Dunne como protagonista e era uma versão alternativa aos anos de luto da rainha.[221] Em 1997,Judi Dench eBilly Connolly protagonizaram o filmeMrs. Brown sobre a relação da rainha com o seu criado escocês, John Brown. O filme foi muito aclamado pela crítica e valeu uma nomeação para oÓscar de Melhor Atriz a Dench.[222] Em 2001 aBBC estreou uma série de dois episódios intituladaVictoria & Albert, protagonizada por Victoria Hamilton e Jonathan Firth (irmão do actorColin Firth) que retratava a vida de Vitória desde a sua infância até à morte de Alberto em 1861.[223]

Em 2009,Emily Blunt eRupert Friend protagonizaram o filmeThe Young Victoria, uma versão romantizada da vida do casal real que foi bem recebida pela crítica e recebeu várias nomeações para os Óscares e para osGlobos de Ouro, incluindo Melhor Actriz Dramática (nos Globos de Ouro) para Emily Blunt, Melhor Direcção Artística, Maquilhagem e Guarda-roupa, conquistando o Óscar nesta categoria.[224]

Em 2016, o canal ITV começou a exibir a sérieVictoria, ondeJenna Coleman interpreta Victoria.

O grupo de humor britânico,Monty Python, utilizou a figura da rainha Vitória em vários dos seus sketches, incluindoThe Queen Victoria Sketch, no qual a rainha e o seu primeiro-ministro,Lorde Gladstone pregam várias partidas um ao outro numa espécie de filme mudo,Queen Victoria Handicap, uma corrida de cães em que estes são substituídos por rainhas vitórias ouThe Queen, ondeMichael Palin interpreta uma rainha que fala com sotaque alemão, tem dificuldades em expressar-se em inglês e leva o caixão do marido para todo o lado. A rainha também foi utilizada pelo atorRowan Atkinson no especial de Natal da série "Blackadder", intitulado "Blackadder's Christmas Carol", transmitido a 23 de dezembro de 1988. Neste episódio, inspirado no livro "Um Conto de Natal" deCharles Dickens, Vitória, interpretada porMiriam Margolyes, e o príncipeAlberto, interpretado porJim Broadbent, tentam recompensar Blackadder pelas suas boas ações.[225]

Rainha Vitória.

Televisão

AnoTítuloAtrizNotas
2016-presenteVictoriaJenna Coleman
2006Doctor WhoPauline Collins
2001Victoria & AlbertVictoria Hamilton

Cinema

AnoTítuloAtrizDireção
2017Victoria & AbdulJudi DenchStephen Frears
2012Piratas PiradosImelda StauntonPeter Lord
2009The Young VictoriaEmily BluntJean-Marc Vallée
2004A volta ao mundo em 80 dias uma aposta muito loucaKathy BathesFrank Coraci
2003Bater ou correr em LondresGemma JonesDavid Dobkin
1997Mrs BrownJudi DenchJohn Madden
1954Os Jovens Anos de uma RainhaRomy SchneiderErnst Marischka
1950The MudlarkIrene DunneJean Negulesco
1938Sixty Glorious YearsAnna NeagleHerbert Wilcox
1937Victoria, the GreatAnna NeagleHerbert Wilcox

Títulos, estilos, honras e brasões

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Estilo imperial e real de tratamento de
Vitória do Reino Unido

Monograma real de Vitória

Estilo imperialSua Majestade Imperial
Estilo realSua Majestade
Estilo alternativoSua Majestade Britânica

Títulos e estilos

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  • 24 de maio de 1819 – 20 de junho de 1837: "Sua Alteza Real, a Princesa Alexandrina Vitória de Kent"
  • 20 de junho de 1837 – 22 de janeiro de 1901: "Sua Majestade, a Rainha"

Ao final de seu reinado, seu título e estilo completo como rainha era: "Vitória, pela Graça de Deus, do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, Rainha, Defensora da Fé, Imperatriz da Índia".[226]

Honras

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Britânicas

Estrangeiras

Brasões

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Como princesa, Vitória não tinha nenhum brasão. Como soberana, usava obrasão real de armas do Reino Unido: esquatrelado, I e IV goles, três leões passant guardantor empala (pela Inglaterra); II or, um leão rampant dentro de um treassure flory-contra-flory goles (pela Escócia); III Azure, uma harpa or com cordasargento (pela Irlanda). Na Escócia, os quarteis I e IV eram ocupados pelo leão escocês, e o quartel II pelos leões ingleses. Os timbres, lemas e suportes também eram diferentes na Escócia.[251]

Brasão de Vitória como Rainha do Reino Unido
Brasão de Vitória na Escócia

Descendência

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A família de Vitória e Alberto em 1846 porFranz Xaver Winterhalter.Da esquerda para a direita: o príncipeAlfredo e oPríncipe de Gales; a rainha Vitória e o príncipeAlberto; as princesasAlice,Helena e aPrincesa Real.
 NomeNascimentoMorteConsorte(datas de nascimento e morte)filhos[252]
Vitória, Princesa Real182021 de novembro de 184019015 de agosto de 1901Casada em 25 de janeiro de 1858,
Frederico III da Alemanha,
com descendência
(Guilherme II da Alemanha,Carlota,Henrique,Segismundo,Vitória,Waldemar,Sofia eMargarida)
Eduardo VII do Reino Unido18419 de novembro de 184119106 de maio de 1910Casado em 10 de março de 1863,
Alexandra da Dinamarca;
com descendência
(Alberto Vitor,Jorge V,Luísa,Vitória Alexandra,Maud e Alexandre João)
Alice do Reino Unido184325 de abril de 1843187814 de dezembro de 1878Casada em 1º de julho de 1862,
Luís IV, Grão-Duque de Hesse e Reno;
com descendência
(Vitória,Isabel,Irene,Ernesto Luís,Frederico,Alice eMaria)
Alfredo, Duque de Saxe-Coburgo-Gota18446 de agosto de 1844190031 de julho de 1900Casado em 23 de janeiro de 1874,
Maria Alexandrovna da Rússia;
com descendência
(Alfredo,Maria,Vitória Melita,Alexandra eBeatriz)
Helena do Reino Unido184625 de maio de 184619239 de junho de 1923Casada em 5 de julho de 1866,
Cristiano de Eslésvico-Holsácia;
com descendência
(Cristiano Vitor,Alberto,Helena Vitória,Maria Luísa e Haroldo)
Luísa do Reino Unido184818 de março de 184819393 de dezembro de 1939Casada em 21 de março de 1871,
John Campbell, 9.º Duque de Argyll;
sem descendência
Artur, Duque de Connaught e Strathearn18501 de maio de 1850194216 de janeiro de 1942Casado em 13 de março de 1879,
Luísa Margarida da Prússia (1860–1917);
com descendência
(Margarida,Artur ePatrícia).
Leopoldo, Duque de Albany18537 de abril de 1853188428 de março 1884Casado em 27 de abril de 1882,
Helena de Waldeck-Pyrmont;
com descendência
(Alice eCarlos Eduardo).
Beatriz do Reino Unido185714 de abril de 18571944 26 de outubro de 1944Casada em 23 de julho de 1885,
Henrique de Battenberg;
com descendência
(Alexandre,Vitória Eugênia,Leopoldo eMaurício).

Ancestrais

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Ancestrais de Vitória do Reino Unido[253]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jorge II da Grã-Bretanha
 
 
 
 
 
 
 
Frederico, Príncipe de Gales
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carolina de Ansbach
 
 
 
 
 
 
 
Jorge III do Reino Unido
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Frederico II, Duque de Saxe-Gota-Altemburgo
 
 
 
 
 
 
 
Augusta de Saxe-Gota
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Madalena Augusta de Anhalt-Zerbst
 
 
 
 
 
 
 
Eduardo, Duque de Kent e Strathearn
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adolfo Frederico II, Duque de Mecklemburgo-Strelitz
 
 
 
 
 
 
 
Carlos Luís Frederico de Meclemburgo-Strelitz
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cristiana Emília de Schwarzburg-Sondershausen
 
 
 
 
 
 
 
Carlota de Meclemburgo-Strelitz
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ernesto Frederico I, Duque de Saxe-Hildburghausen
 
 
 
 
 
 
 
Isabel Albertina de Saxe-Hildburghausen
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sofia Albertina de Erbach-Erbach
 
 
 
 
 
 
 
Vitória do Reino Unido
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Francisco Josias, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld
 
 
 
 
 
 
 
Ernesto Frederico, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ana Sofia de Schwarzburg-Rudolstadt
 
 
 
 
 
 
 
Francisco, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fernando Alberto II, Duque de Brunsvique-Volfembutel
 
 
 
 
 
 
 
Sofia Antonieta de Brunsvique-Volfembutel
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antonieta Amália de Brunsvique-Volfembutel
 
 
 
 
 
 
 
Vitória de Saxe-Coburgo-Saalfeld
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Henrique XXIX, Conde de Reuss-Ebersdorf
 
 
 
 
 
 
 
Henrique XXIV, Conde de Reuss-Ebersdorf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sofia Teodora de Castell-Remlingen
 
 
 
 
 
 
 
Augusta de Reuss-Ebersdorf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jorge Augusto, Conde de Erbach-Schönberg
 
 
 
 
 
 
 
Carolina Ernestina de Erbach-Schönberg
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fernanda Henriqueta de Stolberg-Gedern
 
 
 
 
 
 

Ver também

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Notas e referências

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  11. Hibbert, p. 31; St Aubyn, p. 26; Woodham-Smith, p. 81
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Bibliografia

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  • Woodham-Smith, Cecil (1972)Queen Victoria: Her Life and Times 1819–1861, Londres: Hamish Hamilton,ISBN 0-241-02200-2

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