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Porfírio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, vejaPorfírio (desambiguação).
Porfírio de Tiro
Malco, ou Melech[1]
Porfírio sofista, em uma gravação francesa do século 16
Nascimento
c. 234 AD[2]

Morte
c. 305 AD

Escola/tradiçãoNeoplatonismo

Porfírio de Tiro (emgrego clássico:Πορφύριος,Porphyrios),c.234Roma,c.304[2]/309[3]) foi um filósofoneoplatônico conhecido por sua biografia dePlotino e seu papel na edição da obraEneadas.[4] Porfírio ajudou a popularizar e difundir o neoplatonismo em todo oImpério Romano; seu comentário sobre a obraCategorias deAristóteles, oIsagoge foi traduzido para olatim porBoécio e exerceu grande influência nalógica e na discussão sobre oproblema dos universais.[5]

Vida

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Porfírio nasceu emTiro, naFenícia (atualLíbano), provavelmente em 234.[6] SegundoCássio Longino, devemos a ele o nome "Porfírio" pelo qual o conhecemos, o nome verdadeiro de Porfírio era Malco, ou Melech ('Rei') ao que Longino sugeriu Porfírio — significando púrpura — como uma referência tanto ao seu nome quanto suas origens em Tiro.[1] Porfírio menciona que Longino o chamava de Basileu (emgrego: βασιλιάςvasiliás) de Tiro.[7]

Pouco se sabe ao certo sobre sua vida exceto o que pode adquir a partir de seu próprio relato sobre Plotino em sua obraA Vida de Plotino. Antes de vir para Roma estudar com Plotino de 263 até 268,[8] Porfírio estudou com o platônicoCássio Longino em Atenas, em Roma, ele permaneceu por cerca de cinco anos até se converter para a versão deplatonismo de Plotino.[9] Seguindo o conselho de Plotino, ele saiu de Roma para aSicília, a fim de se recuperar de uma crise dedepressão em 268,[10] onde supostamente ficou por algum tempo a frente da escola neoplatônica depois da morte de Plotino.[11] Jâmblico e Porfírio foram praticamente contemporâneos e associados, provavelmente em Roma, Jâmblico uniu-se a Porfírio que então contaria com quarenta anos, ou em último caso, Jâmblico interessou-se por seu trabalho por este ser um repositório dos textos e da doutrina de Plotino, claramente o platonista mais relevante da época.[12]

Na época em que Porfírio chegou em Roma em 263, Plotino tinha escrito vinte e uma das obras que foram reunidas por Porfírio na obraEnéadas, o restante das obras de Plotino foram produzidas depois nos oito anos seguintes de sua vida.[13] Casou-se tarde uma mulher mais velha a quem escreveuCarta a Marcela.[11][14]

Filosofia

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Porfírio retratado noLiber de herbis (s. XIV), de Monfredo de Monte Imperiali

Em sua obraIntroductio in Praedicamenta (também conhecida comoIsagoge, nome da tradução latina feita por Boécio), um comentário da obraCategorias, de Aristóteles, Porfírio descreve como as qualidades atribuídas às coisas podem ser classificadas, quebrando o conceito filosófico da substância como um genus/espécie do relacionamento. Com isso, Porfírio pôde incorporar a lógica aristotélica ao neoplatonismo, especialmente a doutrina das categorias do ser interpretada nos termos das entidades. Nesse mesmo livro, encontra-se a famosa "Árvore de Porfírio" (Arbol porphyriana), que ilustra sua classificação lógica da substância. Para Porfírio, os conceitos se subordinam, partindo dos mais gerais até chegar aos menos extensos. AArbol porphyriana deu início aonominalismo, que animou a filosofia medieval por dez séculos e é uma espécie de antecessora das modernas classificações taxonômicas.Grosso modo, ela pode ser assim esquematizada:

  • Substância - Pode sercorporal ouincorporal
    • Corpo - Pode seranimado ouinanimado
      • Vivente - Pode sersensível ouinsensível
        • Animal - Pode serracional ouirracional

Juntamente comPitágoras, ele também foi defensor dovegetarianismo. Estes dois filósofos, ao lado deApolônio de Tiana, são os vegetarianos mais famosos daAntiguidade Clássica. Sobre esse tema, escreveuDe abstinentia ab esum animalum (Da Abstinência do Alimento Animal) eDe non necandis ad epulandum animantibus (aproximadamente,Da Inadequação da Matança de Seres Vivos para Alimentação), sendo o primeiro livro citado até hoje como referência obrigatória para a literatura vegetariana.

Porfírio escreveu ainda sobreastrologia,religião eteoria musical. Além da biografia de Plotino, foi o autor de uma biografia de Pitágoras (Vita Pythagorae), que não deve ser confundida com o livro homônimo de Jâmblico.

Contra os Cristãos

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Assim como muitos filósofos doImpério Romano, Porfírio foi violento opositor doCristianismo e defensor doPaganismo. Porfírio reconheceuJesus Cristo apenas como um notável filósofo, mas chegou a escrever uma obra de nomeContra os Cristãos, dividida em 15 livros, dos quais só restam fragmentos.

No décimo segundo livro deContra os Cristãos, Porfírio criticou oLivro de Daniel, afirmando que este havia sido escrito por um judeu daJudeia durante o reinado deAntíoco IV Epifânio, sendo as partes que contam o passado anterior a Antíoco história (e não profecia) e mas o que se segue depois sendo ficção.[15] Diversos tratados foram escritos contra esta obra, destacando-se os deEusébio de Cesareia,Sidônio Apolinário,Metódio de Olímpo[15] eMacarius Magnes, mas nenhum deles sobreviveu integralmente.

Porfírio seguiu as obras históricas de Suctônio Calínico,Diodoro,Jerônimo,Políbio,Posidônio, Cláudio Téo e Andrônico Alípio.[15] Segundo Porfírio, as duas últimasbestas, identificadas porJerônimo de Estridão como aMacedônia eRoma, são identificadas por Porfírio como o império macedônico, sendo o leopardoAlexandre e a besta diferente de todas como osquatro sucessores de Alexandre.[15] Em seguida, Porfírio lista os dez reis sucessores de Alexandre, mas compondo a lista a partir de reis de vários reinos, como Macedônia, Egito e Síria.[15] A boca que fala profanidades é Antíoco Epifânio, e não oAnticristo, o pequeno chifre é igualmente Antíoco Epifânio, e os três chifres que surgiram dos dez chifres teriam sidoPtolemeu VI Filómetor,Ptolemeu Evérgeta eArtaxias I.[15] Os dois primeiros morreram antes de Antíoco, mas Artaxias lutou contra Antíoco, mantendo, porém o seu reino.[15] Porfírio também errou ao dizer queDario, que foi derrotado por Alexandre, era o quarto rei, pois era o décimo-quarto rei apósCiro, o Grande.[15]

Porfírio interpretou a profecia da ressurreição dos mortos como sendo o reaparecimento deMatatias eJudas Macabeu: eles haviam se escondido, com vários outros judeus, em cavernas e em buracos nas rochas, e emergiram depois da vitória dos judeus, sendo isto identificadometaforicamente como aressurreição dos mortos.[15]

Obras

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Amplamente considerado pelos antigos, bem como estudiosos atuais como um dos mais formidáveis críticos pagãos doCristianismo, muitas de suas obras foram em grande parte perdidas.[16][17]

  • Vida de Plotino, em latimVita Plotini, obra intacta,[18]
  • Vida de Pitágoras, em latimVita Pythagorae, obra intacta[18]
  • Carta à Marcela, em latimAd Marcellam, obra intacta[14][18]
  • Da abstinência de comer alimento de animais, em latimDe abstinentia ab esum animalum,[18] obra intacta
  • Contra os cristãos, em latimAdversus christianos, apenas fragmentos
  • Deliberações que conduzem ao inteligível, do latimSententiae ad intelligibilia ducentes), ou apenasSententiae, obra intacta[18]
  • Eisagoge[18]
  • Da caverna das ninfas, do latimDe antro nympharum, uma interpretação neoplatônica filosófica e alegórica deHomero[18]
  • Comentários sobre as obrasCategorias[17] deAristóteles eHarmônicas dePtolomeu
  • Filosofia dos oráculos, apenas fragmentos[18] ouDo retorno da alma, em latimDe regressu anima, apenas fragmentos,[18] obras consideradas as mesmas por alguns historiadores[19]
  • Indagações várias, apenas fragmentos[18]


Traduções para o português

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Isagoge: introdução às Categorias de Aristóteles. Lisboa: Guimarães Editores, 1994 (ISBN 972-665-385-1). Tradução, prefácio e notas de Pinharanda Gomes.

___________. São Paulo: Attar Editorial, 2002 (ISBN 85-85115-15-7). Tradução, introdução e comentários de Bento Silva Santos.

Ver também

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Ligações externas

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Referências

  1. abRoy MacLeod.The Library of Alexandria: Centre of Learning in the Ancient World. I.B.Tauris; 2004.ISBN 978-0-85771-438-1. p. 152.
  2. abCharles N. Baldwin; Henry Howland Crapo.A Universal Biographical Dictionary. 1825. p. 346.
  3. Károly Simonyi.A Cultural History of Physics. CRC Press; 2012.ISBN 978-1-56881-329-5. p. 612.
  4. Scott B. Noegel; Brannon M. Wheeler.Historical Dictionary of Prophets in Islam and Judaism. Scarecrow Press; 2002.ISBN 978-0-8108-6610-2. p. 256.
  5. Nicholas Bunnin; Jiyuan Yu.The Blackwell Dictionary of Western Philosophy. John Wiley & Sons; 2008.ISBN 978-0-470-99721-5. p. 539.
  6. Eyjólfur Emilsson (18 de fevereiro de 2005).«Porphyry».Stanford Encyclopedia of Philosophy (em inglês) 
  7. John Granger Cook.The Interpretation of the Old Testament in Greco-Roman Paganism. Mohr Siebeck; 2004.ISBN 978-3-16-148474-2. p. 192.
  8. Mary Louise Gill; Pierre Pellegrin.A Companion to Ancient Philosophy. John Wiley & Sons; 2009.ISBN 978-1-4051-8834-0. p. 578.
  9. Frank Northen Magill; Alison Aves.Dictionary of World Biography. Taylor & Francis; 1998.ISBN 978-1-57958-040-7. p. 900.
  10. "Em uma ocasião, quando Porfírio estava contemplando o suicídio, Plotino inesperadamente o visitou e disse que o desejo de morte tinha um motivo físico e não racional (isto é, "bile negra")", Kevin Corrigan.Reading Plotinus: A Practical Introduction to Neoplatonism. Purdue University Press; 2005.ISBN 978-1-55753-234-3. p. 2.
  11. ab"Eunápio relata que Porfírio retornou à Roma para assumir funções docentes", Aaron P. Johnson.Religion and Identity in Porphyry of Tyre: The Limits of Hellenism in Late Antiquity. Cambridge University Press; 2013.ISBN 978-1-107-01273-8. p. 156.
  12. Andrew Cain; Noel Emmanuel Lenski.The Power of Religion in Late Antiquity. Ashgate Publishing, Ltd.; 2009.ISBN 978-0-7546-6725-4. p. 82 – 83.
  13. Richard H. Popkin; Stephen F. Brown; David Carr.The Columbia History of Western Philosophy. Columbia University Press; 1999.ISBN 978-0-231-10129-5. p. 105.
  14. abKitty Ferguson.Pythagorus: His Lives and the Legacy of a Rational Universe. Icon Books, Limited; 2013.ISBN 978-1-84831-250-0. p. 96.
  15. abcdefghiPorfírio,Contra os Cristãos, Livro XII, citado porJerônimo de Estridão[em linha]
  16. Wayne Campbell Kannaday.Apologetic Discourse and the Scribal Tradition: Evidence of the Influence of Apologetic Interests on the Text of the Canonical Gospels. Society of Biblical Lit; 2004.ISBN 978-1-58983-101-8. p. 32.
  17. abAnneli Luhtala.Grammar and Philosophy in Late Antiquity: A study of Priscian's sources. John Benjamins Publishing Company; 2005.ISBN 978-90-272-7512-7. p. 35 – 36.
  18. abcdefghijAlgis Uždavinys.The Heart of Plotinus: The Essential Eneads Including Porphyry's On the Cave of the Nymphs. World Wisdom, Inc; 2009.ISBN 978-1-933316-69-7. p. 223 – 224.
  19. Brian Dobell.Augustine's Intellectual Conversion: The Journey from Platonism to Christianity. Cambridge University Press; 2009.ISBN 978-0-521-51339-5. p. 126.
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