Movatterモバイル変換


[0]ホーム

URL:


Ir para o conteúdo
Wikipédia
Busca

Poesia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, vejaPoesia (desambiguação).
Literatura
Gêneros
Subgêneros e formas
Mídia
Técnicas
Histórias e listas
Discussão
 Portal da literatura

Apoesia é umgênero literário e uma forma delinguagem, geralmente expressa empoemas ecanções, utilizandoversos,estrofes,metáforas erimas.[1][2] Seu conceito é tema de debate recorrente nafilosofia,[3] na teoria daarte e na teorialiterária,[4] sendo o termo empregado tanto para designar uma forma de linguagem quanto uma atividadeestética.[5]

A poesia surgiu antes da escrita,[6] e deixou seu primeiro registro escrito naEpopeia de Gilgamesh.[7] Ao longo da história, assumiu diferentes formas e funções, geralmente para expressar sentimentos, ideias ou narrar histórias.[8] Algunspoetas se tornaram influentes na cultura de seus países, comoHomero,[9]Virgílio,[10]Horácio[11],Camões,[12]Shakespeare,[13]Gonçalves Dias,[14]Olavo Bilac[15] eFernando Pessoa,[16] muitos dos quais permanecem influentes na cultura até hoje.[17]

História

[editar |editar código]
Ver artigo principal:História da poesia

A poesia é a forma literária mais antiga, antecedendo a própria escrita. Suas origens remontam às sociedades orais daAntiguidade, onde os versos eram usados para transmitirmemórias, ensinamentos e valores culturais. Exemplos marcantes incluem aEpopeia de Gilgamesh naMesopotâmia e os poemashoméricos naGrécia, que narravam feitos heroicos e serviam como registros históricos emitológicos.[18]

NaAntiguidade clássica, a poesia assumiu diferentes funções:hinos religiosos,poemas líricos,elegias esátiras eram formas de expressão amplamente difundidas.[19] Poetas como Homero e Virgílio estabeleceram padrões demétrica,ritmo e temática que influenciaram toda a tradição literáriaocidental.[20][21]

Rosto de Homero
Homero

Durante aIdade Média, a poesia se diversificou segundo contextos culturais e linguísticos. Surgiram cantigas líricas e épicas, muitas vezes ligadas à religião, àcorte ou à vida popular, transmitidas oralmente ou em manuscritos iluminados. NoRenascimento, a poesia valorizou ohumanismo, amusicalidade dos versos e aexpressão individual, destacando-se autores comoLuís de Camões emPortugal eShakespeare naInglaterra.[22]

Noséculo XIX, movimentos literários como oRomantismo e oRealismo trouxeram à poesia uma exploração maior dos sentimentos individuais, da natureza e dacrítica social. Poetas buscavam expressar emoções pessoais e reflexões sobre a sociedade, expandindo os limites formais e temáticos da tradição anterior.[23]

Noséculo XX, oModernismo e as vanguardas romperam com convenções clássicas, experimentando novas formas, linguagens e estruturas. Apoesia contemporânea continua essa trajetória de inovação, incorporando múltiplas vozes, técnicas e temas, do lírico ao performativo, e mantendo seu papel central na expressão artística e cultural.[24]

Conceito

[editar |editar código]

No século IV a.C.,Aristóteles classificou a atividade humana em três modalidades distintas: atheoria, voltada à busca do conhecimento verdadeiro; apráxis, relacionada à ação prática para a solução de problemas; e apoiesis, expressão do impulso humano de criar, guiado pela imaginação e pelos sentimentos.[25] Do ponto de vista de Aristóteles, a poesia é considerada uma das formas de manifestação da alma humana.[26]

Nesse sentido, a poesia seria a tendência humana para criar algo a partir da imaginação, relacionando-se diretamente ao processo demimese.[27] Com o passar do tempo, porém, o termo perdeu esse sentido e se concentrou especificamente em uma atividade de expressão artística feita a partir da língua. Atualmente, os estudiosos que trabalham esse conceito pensam na poesia ora como uma forma de linguagem ora como um gênero literário. Há ainda alguns, como o filósofoJean-Luc Nancy, que definem a poesia como uma forma de discurso em geral.[28]

Forma de linguagem

[editar |editar código]

Nos tempos modernos, osemiólogo elinguistaRoman Jakobson, um dos principais expoentes doformalismo russo, caracterizou a poesia como "a linguagem em sua função estética".[29] Segundo ele, esse processo se concretiza pelo emprego dafunção poética, que "consiste na projeção do eixo da seleção sobre o eixo da combinação dos elementos linguísticos",[30] ou seja, ocorre quando, em um texto, tantos os significantes (fonemas,morfemas epalavras) quantos os significados adquirem fundamental importância para a comunicação. De acordo comViktor Chklovsky, outro grande expoente doformalismo russo, a linguagem poética aumenta o esforço perceptivo, implica estranhamento e caracteriza aliterariedade, de maneira que a poesia seria, assim, o meio pelo qual se produzarte eliteratura a partir da língua.[31]

Elementos

[editar |editar código]

Há uma série de artifícios que podem ser empregados para poetizar a linguagem, comoritmo prosódico,rimas etropos. Segundo o poeta e crítico literárioEzra Pound, em seu livroABC da Literatura, esse processo de poetização — que, em suas palavras, tem o objetivo de "carregar a linguagem de significado até o máximo grau possível" — dispõe de três meios principais: amelopeia, que consiste na produção de "correlações emocionais por intermédio do som e do ritmo da fala"; afanopeia, que consiste na projeção de imagens na imaginação visual do leitor; e alogopeia, que consiste no estímulo de "associações (intelectuais ou emocionais)" a partir das "palavras ou grupos de palavras efetivamente empregados".[32][33]

Ritmo prosódico

[editar |editar código]
Ver artigo principal:Prosódia

Oritmo prosódico consiste, segundo Plínio A. Barbosa, na "conjugação da percepção de regularidade silábica e de alternância de sílabas fortes e fracas" e contribui para amelopeia. A regularidade silábica decorre doisossilabismo, popularmente conhecido comométrica, que se baseia na produção de versos ou frases com o mesmo número de sílabas prosódicas. Quando os enunciados não são isossilábicos, eles recebem o nome deverso livre.[34]

Já a alternância silábica, também chamada decadência ou apenas deritmo, decorre da divisão dos versos ou frases empés métricos, que são conjuntos binários ou ternários de sílabas dominados por uma sílaba forte. Caso os pés métricos sejam os mesmos ao longo do enunciado, o ritmo éregular, caso contrário, éirregular.

Por exemplo, o crítico literárioAntonio Candido observa que o poemaMeu sonho, deÁlvares de Azevedo, apresenta, em cada verso, trêsanapestos (pé métrico formado por duas sílabas fracas e uma forte), de maneira a simular o cavalgar de um cavalo, em referência ao tema do poema.[35]

123456789-
Cavaleirodasarmasescuras
Ondevaispelastrevasimpuras
Coma espadasangrentanamão-

Figuras de sonoridade

[editar |editar código]

O emprego de figuras de sonoridade ao longo do texto - particularmente aaliteração, aassonância e arima - contribui para amelopeia. "Os sons da língua", segundo Ana Maria Wendler e Márcia Zan Vieira, "podem provocar-nos uma sensação de agrado ou desagrado e ainda sugerir ideias, impressões".[36] Essas figuras, ainda, podem servir para estruturar o texto. Por exemplo, "as rimas", segundoEzra Pound, "podem ser usadas para distribuir os sons por zonas", como acontece no sonetoÚltimo credo, deAugusto dos Anjos, onde, segundo Renira Lisboa de Moura Lima, asrimas marcam o início e o fim de cada estrofe: nos quartetos, as rimas femininas orais indicam o começo e o término e abraçam as rimas masculinas nasais; e, nos tercetos, as rimas femininas nasais marcam o início e as rimas masculinas orais marcam o fim, em uma transformação que indica a transição do esquema de estrofes.[37]

Tropos

[editar |editar código]
Ver artigo principal:Tropo

Os tropos, segundoFiorin, sãofiguras de linguagem onde "um sentido literal de um termo é substituído por um sentido figurado", a exemplo dametáfora, dametonímia e dahipérbole, e contribuem para afanopeia. Por exemplo, no poemaTodas as vidas, deCora Coralina, Kênia Cristina Borges Dias observa que a autora emprega diversas metáforas para caracterizar cada vivência que teve, como ao afirmar que é "casca-grossa", comparando-se a uma árvore para indicar a firmeza de sua identidade.[38]

Figuras de sintaxe

[editar |editar código]
Ver artigo principal:Figura de construção

Figuras de linguagem que envolvem alterações na estrutura sintática dos enunciados também podem contribuir para afanopeia. Por exemplo,Fiorin observa que inversões sintáticas como anástrofes, hipérbatos e sínquises produzem "uma intensificação do sentido, pois um termo é alçado a uma posição de proeminência", como acontece noHino Nacional Brasileiro, onde "o sintagmapovo heroico ganha destaque em relação abrado retumbante" e "Ipiranga é realçado em relação amargens plácidas".[39]

Figuras de pensamento

[editar |editar código]

Figuras de linguagem que envolvem o jogo de ideias podem contribuir para alogopeia. Por exemplo,Fiorin observa que, na cançãoQuereres, deCaetano Veloso, "explicita-se", por meio daantítese, "um brilhante jogo de oposições, de contradições, de contraposições, para mostrar as inadequações do amor real, onde nem tudo é métrica e rima, mas também dor".[40]

Ver também

[editar |editar código]

Referências

  1. «Poetry | Meaning, Examples, Definition, Types, Terms, & Facts | Britannica».www.britannica.com (em inglês). 24 de julho de 2025. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  2. Fernandes, Márcia.«O que é Poesia?».Toda Matéria. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  3. Firmino Santana, Genildo.«Poesia em aula de filosofia: o sabor no saber».ANPOF. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  4. Polastrini, Leandro.Teoria Literária I(PDF). Línguas, Artes e Literaturas. [S.l.]: Unemat. p. 38.ISBN 978-65-00-25193-7 
  5. Tatarkiewicz, Władysław; Kasparek, Christopher.«The Concept of Poetry»Subscrição paga é requerida.Dialectics and Humanism.2: 13-24.doi:10.5840/dialecticshumanism19752238 
  6. Luis, Rodrigo.«História da literatura (em ordem cronológica)».Toda Matéria. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  7. Tavares, Braulio.«O primeiro poema escrito | EDITORAS.COM». Consultado em 13 de setembro de 2025 
  8. Souza, Rafaela (6 de novembro de 2023).«Entenda a Evolução da Poesia ao Longo das Eras - Vlibras». Consultado em 13 de setembro de 2025 
  9. «Homero: quem foi, obras, importância, resumo».Mundo Educação. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  10. «Virgil».The Poetry Foundation. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  11. Hasegawa, Alexandre Pinheiro (18 de julho de 2018).«Horácio, o poeta (não apenas) do 'carpe diem'».Estado da Arte. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  12. «Luís Vaz de Camões: vida, obras, características».Brasil Escola. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  13. «400 anos sem Shakespeare: autor revolucionou o teatro, a linguagem e a literatura».vestibular.uol.com.br. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  14. «Bicentenário do poeta: "A ideia com a paixão – Gonçalves Dias pela crítica contemporânea" - Literatura Brasileira no XXI».lbxxi.org.br. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  15. «Olavo Bilac».Academia Brasileira de Letras. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  16. mackenzie (10 de novembro de 2020).«Por que o poeta Fernando Pessoa é tão estudado?».Blog Mackenzie. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  17. «O poeta no coração da sociedade».Unesco. 31 de julho de 2017. Consultado em 12 de setembro de 2025 
  18. «Establishing a secure connection ...».www.scielo.br. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  19. «Origens da poesia oral e da épica».Graecia Antiqua. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  20. Redação (7 de abril de 2024).«Marco da cultura ocidental, a Ilíada e a Odisseia, de Homero, influenciaram de Camões a Joyce».Jornal Opção. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  21. «A Eneida de Virgílio: A Epopeia que Moldou a Cultura Romana e o Ocidente - Portal Feedobem». 10 de julho de 2025. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  22. Diana, Daniela.«Literatura Medieval».Toda Matéria. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  23. Souza, Warley.«Estilos de época: quais são todos eles?».Brasil Escola. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  24. «Modernism».The Poetry Foundation. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  25. «Praxis».The Decision Lab (em inglês). Consultado em 13 de setembro de 2025 
  26. Macedo, Gabriel Nocchi (14 de abril de 2017).«Algumas notas sobre Aristóteles e a definição de poesia».Estado da Arte. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  27. «Poesia».Origem do Conceito. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  28. Coelho, Carlos Cardozo (2018).«Por outra escrita filosófica: metafísica, poesia e excrita – a partir de Jean-Luc Nancy».Griot: Revista de Filosofia (2): 362–374. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  29. Literatura e sociedade. São Paulo: USP/ FFLCH/ DTLLC. 2018.ISSN 1413-2982 
  30. Vários autores (2022).Manual de linguística. São Paulo: Contexto. p. 34.ISBN 9788572443869 
  31. MAMBROL, Nasrullah (19 de outubro de 2020).«Russian Formalism - Literary Theory and Criticism».Literary Theory and Criticism. Consultado em 8 de maio de 2025 
  32. Ezra Pound, Ezra (1968).Literary essays. [S.l.]: New Directions Publishing. p. 25 
  33. «MELOPEIA, FANOPEIA E LOGOPEIA | cceia».edtl.fcsh.unl.pt. Consultado em 13 de setembro de 2025.Cópia arquivada em 16 de abril de 2024 
  34. BARBOSA, Plínio A. (2019).Prosódia. São Paulo: Parábola. p. 49.ISBN 9788579341632 
  35. CANDIDO, Antônio (2000).Na sala de aula. Caderno de análise literária. São Paulo: Ática. pp. 42–43.ISBN 9788508012725 
  36. WENDLER, Ana Maria; VIEIRA, Márcia Zan (24 de dezembro de 2025).«Expressividade fônica na poética ponta-grossense».Revista Uniletras: 194. Consultado em 8 de maio de 2025 
  37. LIMA, Renira Lisboa de Moura.«Papel estruturante das rimas em sonetos».A lírica em verso e em prosa (34): 21. Consultado em 8 de maio de 2025 
  38. DIAS, Kênia Cristina Borges.«A metáfora no texto poético: uma investigação sobre a teoria e uma aplicação em poesia de Cora Coralina».Revell (14): 83-84. Consultado em 8 de maio de 2025 
  39. «Figuras de Sintaxe: o que são e exemplos».Toda Matéria. Consultado em 13 de setembro de 2025 
  40. «Figuras de pensamento: o que são, tipos, exemplos».Mundo Educação. Consultado em 13 de setembro de 2025 

Bibliografia

  • COUTINHO, Afrânio.Notas de teoria literária. Petrópolis: Vozes, 2015.ISBN 9788532637475.
  • CUNHA, Celso.Nova gramática do português contemporâneo. Lexicon: Rio de Janeiro, 2016.ISBN 9788583000266.
  • FIORIN, José Luiz.Figuras de retórica. Contexto: São Paulo, 2023.ISBN 9788572448239.
  • MOISÉS, Massaud.A criação literária: poesia e prosa. São Paulo: Cultrix, 2012.ISBN 9788531611810.
  • POUND, Ezra.ABC da Literatura. São Paulo: Cultrix, 2013.ISBN 9788531612497.
Períodos
Elementos estruturais
Movimentos
Gêneros
Poema
Épico
Lírico
Dramático
Outros
Teorias
Conceitos
Pensadores
Relacionados
Controle de autoridade
Identificadores
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Poesia&oldid=70871468"
Categorias:
Categorias ocultas:

[8]ページ先頭

©2009-2025 Movatter.jp