Ocupou duas vezes a cadeira de Filosofia daUniversidade Monash, onde inaugurou um centro deBioética humana. Em 1996, candidatou-se aoSenado australiano pelo Partido Verde Australiano, mas não conseguiu ser eleito. Em1999 foi nomeado Professor Ira W. DeCamp de Bioética do Centro de Valores Humanos de Princeton e se mudou para os Estados Unidos. Em 2004, ele foi reconhecido como o Humanista Australiano do Ano pelo Conselho das Sociedades Humanistas Australianas. Fora da academia, Singer é mais conhecido por seu livroLibertação Animal, obra considerada fundadora dosDireitos dos animais. Suas posições sobre questões bioéticas desenvolvidas emRepensando a vida e a morte: o colapso de nossa ética tradicional eQuestões Éticas Práticas foram consideradas controversas, particularmente nos Estados Unidos e na Alemanha. Singer é um defensor doAltruísmo eficaz descrito em sua obraA Vida Que Podemos Salvar.
Seu livroLibertação Animal (publicado originalmente em1975) foi de uma importante influência formativa no movimento deLibertação Animal. Singer é um grande defensor dos animais, apoiando plenamente a causa da libertação animal, um dos muitos motivos que o fez recomendar o veganismo, apesar dele mesmo não ser vegano.[1]
Nessa obra, argumenta-se contra o "especismo": adiscriminação contra certos seres é baseada apenas no fato de eles pertencerem a uma dadaespécie. O pensador considera que todos os seres que são capazes de sofrer devem ter seus interesses considerados de forma igualitária e conclui que o uso de animais - nos moldes atuais - para alimentação é injustificável, já que causa sofrimento dos bois.
Assim sendo, ele considera que ovegetarianismo é a única dieta aceitável. Singer condena também avivissecção, apesar de acreditar que algumas experiências com animais poderão ser realizadas se o benefício (por exemplo, avanços em tratamentos médicos, etc.) for maior que o mal causado aos animais em causa. Segundo Singer, "o maior obstáculo é que é conveniente para nós tratarmos animais como se eles não tivessem créditos morais sobre o homem. Nós os utilizamos de diversas maneiras - como entretenimento, como ferramentas para pesquisa e como alimento, podendo ir além desses três. Levar a sério os direitos dos animais ameaçaria nossa habilidade em utilizá-los dessa maneira; então, encontramos desculpas e racionalizações para continuar com as práticas atuais".[2]
Palavras de Singer: “Este livro é sobre a tirania dos animais humanos sobre os não-humanos. Tal tirania provocou e provoca ainda hoje dor e sofrimento só comparáveis àqueles resultantes de séculos de tirania dos humanos brancos sobre os humanos negros. A luta contra essa tirania é uma luta tão importante como qualquer das causas morais e sociais que foram defendidas em anos recentes.”[3]
O seu trabalho mais abrangente,Practical Ethics (1979, com segunda edição em1993) - em português, Ética Prática -, analisa detalhadamente por que e como os interesses dos seres devem ser avaliados. Peter Singer afirma que os interesses de um ser devem sempre ser avaliados de acordo com suas propriedades concretas e não de acordo com o fato de ele pertencer a um grupo abstrato.[4][falta página]
Consistente com sua teoria geral de ética, Singer sustenta que o direito à integridade física está fundamentalmente ligado à qualidade de vida.
Considerando que bebês em gestação e pessoas em estado vegetativo não têm uma qualidade de vida mensurável, Singer afirma que oaborto e aeutanásia podem ser justificados em diversas circunstâncias.[5]
Singer critica os Estados Unidos da América por receberem petróleo de países dirigidos por ditadores (e aponta como um bom exemplo disso aGuiné Equatorial) e ficando com a maior parte dos ganhos financeiros, o que, portanto, mantém as pessoas na pobreza. Singer acredita que a riqueza desses países deveria pertencer a seus habitantes e não a seu governo, alegando que ao pagar os ditadores pelo petróleo "estaremos efetivamente comprando bens roubados e ajudando a manter as pessoas na pobreza". Singer também sustenta que a América "deveria estar fazendo mais para ajudar as pessoas em pobreza extrema", apresentando sua decepção com a política de ajuda externa dos EUA considerando-a "uma proporção muito pequena do nossoPIB, menos de um quarto de outras nações ricas". Além disso, Singer sustenta que pouca filantropia privada dos EUA está realmente "direcionada a ajudar pessoas em extrema pobreza, embora haja algumas exceções como aFundação Gates".[7]
Singer descreve-se como alguém que não é contrário ao capitalismo. Em uma entrevista de 2010 ao New Left Project, afirmou que "O capitalismo está longe de ser um sistema perfeito, mas até o momento não encontramos algo que claramente faça um trabalho melhor em atender às necessidades humanas do que uma economia capitalista regulamentada, combinada com um sistema de bem-estar e saúde que atenda às necessidades básicas daqueles que não prosperam na economia capitalista."[8]
↑Peruzzo Júnior, Léo (2017).O que pensam os filósofos contemporâneos? Um diálogo com Singer, Dennett, Searle, Putnam e Bauman. Curitiba: PUCPRESS. pp. 28–29