Movatterモバイル変換


[0]ホーム

URL:


Ir para o conteúdo
Wikipédia
Busca

Peixe

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, vejaPeixe (desambiguação).
Peixe
Ocorrência: Cambriano Médio–Recente
Peixes de várias espécies
Peixes de várias espécies
Classificação científica
Reino:Animalia
Filo:Chordata
Subfilo:Vertebrata
Superclasse:Peixes
(sem classif.)Craniata
Grupos incluídos
Grupos excluídos

Ospeixes sãoanimaisvertebrados,aquáticos, tipicamenteectotérmicos, que possuem ocorpofusiforme, osmembros transformados embarbatanas ou nadadeiras (ausentes em alguns grupos) sustentadas porraiosósseos oucartilaginosos, guelras oubrânquias com querespiram ooxigénio dissolvido naágua (embora osdipnoicos usempulmões) e, na sua maior parte, o corpo coberto deescamas.[1][2]

Os peixes são recursos importantes, principalmente como alimento, mas também são capturados porpescadores recreativos, mantidos como animais de estimação, criados poraquaristas, e expostos emaquários públicos. Os peixes tiveram um papel importante na cultura através dos tempos, servindo como divindades, símbolos religiosos (verichthys), e como temas de arte, livros e filmes.[3]

Uma vez que o "peixe" é definido negativamente, e exclui ostetrápodes (ou seja, osanfíbios,répteis,aves emamíferos) que são descendentes da mesma origem, é um agrupamentoparafilético, não considerado adequado na biologia sistemática. A classePisces, deLineu é considerada tipológica, mas nãofilogenética.[3]

Os primeiros organismos que podem ser classificados como peixes eramcordados de corpo mole que apareceram pela primeira vez durante o períodoCambriano.[4] Embora eles não tivessem uma verdadeira espinha dorsal, possuíamnotocórdio, que lhes permitiu serem mais ágeis do que osinvertebrados marinhos. Os peixes continuaram a evoluir durante oPaleozoico, diversificando-se em uma grande variedade de formas.[3]

Classificação

[editar |editar código]
Técnica de diafanização - espécime esclarecido para a visualização de estruturas anatômicas em exposição noMAV/USP

No uso comum, o termo peixe tem sido frequentemente utilizado para descrever umvertebrado aquático combrânquias,membros, se presentes, na forma de nadadeiras, e normalmente com escamas de origem dérmica notegumento. Sendo este conceito do termo "peixe" utilizado por conveniência,[5] e não por unidadetaxonômica, porque os peixes não compõem um grupomonofilético, já que eles não possuem um ancestral comum exclusivo. Para que se tornasse um grupo monofilético, os peixes deveriam juntar osTetrápodes.[6]

Os peixes são tradicionalmente divididos nos seguintes grupos:

Em vista desta diversidade, oszoólogos não mais aceitam a antigaclassePisces em queLineu os agrupou, como se pode ver na classificação dosVertebrados.Abaixo apresentam-se detalhes da classificação atualmente aceita.[4]

Importância dos peixes

[editar |editar código]
Peixes de água salgada

Por vezes, usa-se a palavra peixe para designar vários animais aquáticos (por exemplo na palavrapeixe-mulher para designar odugongo). Mas a maior parte dos organismos aquáticos muitas vezes designados por "peixe", incluindo asmedusas (águas-vivas), osmoluscos ecrustáceos e mesmomamíferos muito parecidos com os peixes como osgolfinhos, não são peixes.[7]

Os peixes encontram-se em praticamente todos osecossistemas aquáticos, tanto emágua doce como emágua salgada, desde a água da praia até às grandes profundezas dosoceanos (verbiologia marinha). Mas há alguns lagos hipersalinos, como oGrande Lago Salgado, nosEstados Unidos daAmérica do Norte onde não vivem peixes.[8]

Os peixes têm uma grande importância para a humanidade e desde tempos imemoriais forampescados para a sua alimentação. Muitas espécies de peixes são criadas em condições artificiais (veraquacultura), não só para alimentação humana, mas também para outros fins, como osaquários.[9]

Há algumasespécies perigosas para ohomem, como ospeixes-escorpião que têm espinhos venenosos e algumas espécies detubarão, que podem atacar pessoas nas praias. Muitas espécies de peixes encontram-se ameaçadas deextinção, quer porpesca excessiva, quer por deterioração dos seushabitats.[10]

O ramo dazoologia que estuda os peixes do ponto de vista da sua posiçãosistemática é aictiologia. No entanto, os peixes são igualmente estudados no âmbito daecologia, dabiologia pesqueira, dafisiologia e doutros ramos dabiologia.[10]

Ecologia dos peixes

[editar |editar código]

Classificação ecológica

[editar |editar código]
Arenque,Clupea harengus - esta espécie já foi considerada peloGuinness Book of Records como a mais numerosa entre os peixes; com a pesca excessiva, este peixe do norte doOceano Atlântico já não tem os níveis populacionais de outrora

Uma forma de classificar os peixes é segundo o seucomportamento relativamente à região das águas onde vivem; este comportamento determina o papel de cada grupo noambiente aquático:[10]

  • pelágicos (do latimpelagos, que significa o "mar aberto") – os peixes que vivem geralmente emcardumes, nadando livremente na coluna de água; fazem parte deste grupo as sardinhas, as anchovas, os atuns e muitostubarões.[11]
  • demersais – os que vivem a maior parte do tempo em associação com o substrato, quer em fundos arenosos como oslinguados, ou em fundos rochosos, como asgaroupas. Muitas espécies demersais têm hábitos territoriais e defendem o seuterritório activamente – um exemplo são asmoreias, que se comportam como verdadeirasserpentes aquáticas, atacando qualquer animal que se aproxime do seuesconderijo.[12]
  • batipelágicos – os peixes que nadam livremente em águas de grandes profundidades (zona batial).
  • mesopelágicos – espécies que fazem grandesmigrações verticais diárias, aproximando-se da superfície à noite e vivendo em águas profundas durante o dia. Exemplo deste grupo são os peixes-lanterna.[12]

Hábitos alimentares

[editar |editar código]
Órgãos: 1. Fígado, 2. Bexiga de gás, 3. Ovas, 4. Cecos pilóricos, 5. Estômago, 6. intestino

Os peixespelágicos de pequenas dimensões como assardinhas são geralmenteplanctonófagos, ou seja,alimentam-se quase passivamente doplâncton disperso na água,[13] quefiltram à medida que "respiram", com a ajuda debranquispinhas, que são excrescênciasósseas dosarcos branquiais (a estrutura que segura as brânquias ou guelras).[3]

Algumas espécies de maiores dimensões têm também este hábito alimentar, incluindo algumasbaleias (que não são peixes, masmamíferos) e algunstubarões como os zorros (géneroAlopias).[13] Mas a maioria dos grandes peixes pelágicos sãopredadores ativos, ou seja, procuram e capturam as suas presas, que são tambémorganismospelágicos, não só peixes, mas tambémcefalópodes (principalmentelulas),crustáceos ou outros.[14]

Os peixesdemersais podem ser predadores, mas também podem serherbívoros, que se alimentam de plantas aquáticas,detritívoros, ou seja, que se alimentam dos restos de animais e plantas que se encontram no substrato, ou seremcomensais de outros organismos, como arémora que se fixa a umatum ou tubarão através dum disco adesivo no topo da cabeça e se alimenta dos restos de comida que caem da boca do seu hospedeiro (normalmente um grande predador), ou mesmoparasitas de outros organismos.[13]

Alguns peixesabissais e também algunsneríticos, como osdiabos (famíliaLophiidae) apresentam excrescências, geralmente na cabeça,[15] que servem para atrair as suas presas; essas espécies costumam ter uma boca de grandes dimensões, que lhes permitem comer animais maiores que eles próprios. Numa destas espécies, omacho é parasita dafêmea, fixando-se pela boca a umtentáculo da sua cabeça.[16]

Hábitos de reprodução

[editar |editar código]
Ovário de peixe (Corumbatá). Em exposição noMAV/USP

A maioria dos peixes édióica,ovípara, fertiliza osóvulos externamente e não desenvolvecuidados parentais. Nas espécies que vivem emcardumes, as fêmeasdesovam nas próprias águas onde os cardumes vivem e,[17] ao mesmo tempo, osmachos libertam oesperma na água, promovendo afertilização. Em alguns peixespelágicos, osovos flutuam livremente na água – e podem ser comidos por outros organismos, querplanctónicos, quernectónicos; por essa razão, nessas espécies é normal cadafêmea libertar um enorme número de óvulos.[17] Noutras espécies, os ovos afundam e o seu desenvolvimento realiza-se junto ao fundo – nestes casos, os óvulos podem não ser tão numerosos, uma vez que são menos vulneráveis aospredadores.[3]

No entanto, existem excepções a todas estas características e neste artigo referem-se apenas algumas. Abaixo, na secçãoMigrações encontram-se os casos deespécies que sereproduzem naágua doce, mas crescem naágua salgada e vice-versa.[17]

Em termos de separação dossexos, existem também (ex.: famíliaSparidae, ospargos) casos dehermafroditismo e casos de mudança de sexo - peixes que são fêmeas durante as primeiras fases de maturação sexual e depois se transformam em machos (protoginia) e o inverso (protandria).[18]

Oscuidados parentais, quando existem, apresentam casos curiosos. Noscavalos-marinhos (géneroHypocampus), por exemplo, o macho recolhe os ovosfecundados eincuba-os numa bolsamarsupial. Muitosciclídeos (de que faz parte atilápia) e algumas espécies deaquárioendémicas doLago Niassa (também conhecido por Lago Malawi, na fronteira entreMoçambique e oMalawi) guardam os filhotes na boca, quer do macho, quer da fêmea, ou alternadamente, para os protegerem dos predadores.[17]

Refere-se acima que a maioria dos peixes éovípara, mas existem também espéciesvivíparas eovovivíparas, ou seja, em que oembrião se desenvolve dentro doútero materno. Nestes casos, pode haver fertilização interna - embora os machos não tenham um verdadeiropênis, mas possuem uma estrutura para introduzir o esperma dentro da fêmea. Muitos destes casos encontram-se nospeixes cartilagíneos (tubarões e raias), mas também em muitos peixes de água doce e mesmo deaquário.

A idade e o tamanho a partir dos quais os peixes começam a se reproduzir variam segundo as espécies e dentro de cadaespécie, conforme as condições em que vivem. Nos locais frios (Europa), aCarpa-comum não começa a reproduzir-se senão aos três anos. Em locais quentes obtém-se areprodução com apenas um ano. Certas espécies só põem ovos uma vez por ano, e caso atemperatura esteja muito baixa, algumas espécies não desovam, absorvem os ovos comoalimento.[19]

Hábitos de repouso

[editar |editar código]

Os peixes não dormem. Eles apenas alternam estados devigília e repouso. O período de repouso consiste num aparente estado de imobilidade, em que os peixes mantêm o equilíbrio por meio de movimentos bem lentos.

Como não têmpálpebras, seus olhos ficam sempre abertos. Algumas espécies se deitam no fundo domar ou norio, enquanto os menores se escondem em buracos para não serem comidos enquanto descansam.[3]

Migrações

[editar |editar código]

Muitas espécies de peixes (principalmente ospelágicos) realizammigrações regularmente, desde migrações diárias (normalmente verticais, entre a superfície e águas mais profundas),[20] até anuais, percorrendo distâncias que podem variar de apenas alguns metros até várias centenas de quilómetros e mesmo plurianuais, como as migrações dasenguias.[21]

Tubarão-serra

Na maior parte das vezes, estas migrações estão relacionadas ou com a reprodução ou com aalimentação (procura de locais com mais alimento).[22] Algumas espécies deatuns migram anualmente entre o norte e o sul dooceano, seguindomassas de água com atemperatura ideal para eles.[23]

Os peixes migratórios classificam-se da seguinte forma:[24][25]

Os peixes anádromos mais estudados são ossalmões (ordem Salmoniformes), que desovam nas partes altas dos rios, se desenvolvem no curso do rio e, a certa altura migram para o oceano onde se desenvolvem e depois voltamao mesmo rio onde nasceram para se reproduzirem.[26] Muitas espécies de salmões têm um grande valor económico e cultural, de forma que muitos rios onde estes peixes se desenvolvem têm barragens com passagens para peixes (chamadas em inglês "fish ladders" ou "escadas para peixes"), que lhes permitem passar para montante dabarragem.[27]

O exemplo mais bem estudado de catadromia é o caso daenguia europeia que migra cerca de 6 000 km até aoMar dos Sargaços (na parte central e ocidental doOceano Atlântico) para desovar, sofrendo grandes metamorfoses durante a viagem; aslarvas, por seu lado, migram no sentido inverso, para se desenvolverem nos rios da Europa.[28]

Camuflagem e outras formas de proteção

[editar |editar código]

Alguns peixes se camuflam para fugirem de certospredadores, outros para melhor apanharem as suas presas.[29] Algumas espécies de arraia, por outro lado, se escondem naareia e podem mudar o tom dapele, para suas presas não notarem sua presença noambiente.[30]

Anatomia dos peixes

[editar |editar código]
A - Nadadeira dorsal;B - Raios da nadadeira;C - Linha Lateral;D - Rim;E - Bexiga;F - Aparelho de Weber;G - Ouvido interno;H - Cérebro;I - Narinas;L - Olhos;M - GuelraN - Coração;O - Estômago;P - Vesícula Biliar;Q - Baço;R - Órgãos sexuais internos;S - Nadadeira ventral;T - Coluna;U - Nadadeira anal;V - Nadadeira caudal

Anatomia interna

[editar |editar código]

Bexiga natatória

[editar |editar código]

Abexiga natatória é umórgão que auxilia o peixe a manter-se a determinada profundidade através do controle da suadensidade relativamente à da água. É um saco de paredes flexíveis, derivado do intestino que pode expandir-se ou contrair de acordo com apressão; tem muito poucos vasossanguíneos, mas as paredes estão forradas com cristais deguanina, que a fazem impermeáveis aos gases.[31]

A bexiga natatória possui umaglândula que permite a introdução de gases, principalmenteoxigénio, na bexiga, para aumentar o seu volume.[32] Noutra região da bexiga, esta encontra-se em contacto com o sangue através doutra estrutura conhecida por "janela oval", através da qual o oxigénio pode voltar para a corrente sanguínea, baixando assim a pressão dentro da bexiga natatória e diminuindo o seu tamanho.[31]

Modelo didático do coração de peixe

Nem todos os peixes possuem este órgão: ostubarões controlam a sua posição na água apenas com alocomoção e com o controle de densidade de seus corpos, através da quantidade de óleo em seu fígado; outros peixes têm reservas detecido adiposo para essa finalidade.[31]

A presença de bexiga natatória traz uma desvantagem para o seu portador: ela proíbe a subida rápida do animal dentro da coluna de água, sob o risco daquele órgão rebentar.[32]

A denominação bexiga natatória foi substituída porvesícula gasosa.[32]

Anatomia externa

[editar |editar código]

Para além de mostrar diferentes adaptaçõesevolutivas dos peixes ao meio aquático,[33] as características externas destes animais (e algumas internas, tais como o número devértebras) são muito importantes para a sua classificaçãosistemática.[34]

Forma do corpo

[editar |editar código]

A forma do corpo dos peixes "típicos" – basicamentefusiforme – é uma das suas melhores adaptações à locomoção dentro de água.[35] A maioria dos peixespelágicos (ver acima), principalmente os que formamcardumes activos, como osatuns, apresentam esta forma "típica".[36]

No entanto, há bastantes variações a esta forma típica, principalmente entre osdemersais e nos peixesabissais (que vivem nas regiões mais profundas dos oceanos).[36] Nestes últimos, o corpo pode sergloboso e apresentar excrescências que servem para atrair as suaspresas.[22]

A variação mais dramática do corpo dos peixes encontra-se nosPleuronectiformes, ordem a que pertencem oslinguados e assolhas.[37] Nestes animais, adaptados a viverem escondidos em fundos deareia, o corpo sofremetamorfoses durante o seu desenvolvimentolarvar, de forma que os doisolhos ficam do mesmo lado do corpo – direito ou esquerdo, de acordo com afamília.[36]

Muitos outros peixesdemersais têm o corpo achatadodorsiventralmente para melhor se confundirem com o fundo. Alguns, como osgóbios, que são peixes muito pequenos que vivem emestuários, têm inclusivamente asnadadeirasventrais transformadas numbotão adesivo, para evitarem ser arrastados pelas correntes demaré.[36]

OsAnguilliformes (enguias, congros emoreias) têm o corpo "anguiliforme", ou seja, em forma deserpente, assim como algumas outrasordens de peixes.[38]

Nadadeiras

[editar |editar código]
As diversas estruturas da nadadeira

Asbarbatanas ounadadeiras são osórgãos delocomoção dos peixes.[38] São extensões daderme (a camada profunda dapele) suportadas porlepidotríquias, que sãoescamas modificadas e funcionam como osraios das rodas debicicleta.[39] Por essa razão, chamam-seraios os que são flexíveis, muitas vezessegmentados e |ramificados, ouespinhos, quando são rígidos e podem ser ocos e possuir um canal para a emissão deveneno.[40]

Os números de espinhos e raios nas nadadeiras dos peixes são importantes caracteres para a sua classificação, havendo mesmochaves dicotómicas para a sua identificação em que este é um dos principais factores.[38]

Tipicamente, os peixes apresentam os seguintes tipos de nadadeiras:

  • uma nadadeira dorsal;[41]
  • uma nadadeira anal;[41]
  • uma nadadeira caudal;[41]
  • um par de nadadeiras ventrais (ou nadadeiras pélvicas);[41]
  • um par de nadadeiras peitorais.[41]

Apenas as nadadeiras pares têm relaçãoevolutiva com os membros dos restantesvertebrados.[38]

Algumas ou todas estas nadadeiras podem faltar ou estar unidas - já foi referida a transformação das nadadeiras peitorais dos góbios num disco adesivo – mas as uniões mais comuns são entre as nadadeiras ímpares, como a dorsal com a caudal e anal com caudal (caso de algumas espécies delinguados).[42]

As nadadeiras têm formas e cores típicas em alguns grupos de peixes.[38]

Para além da coloração do corpo, a forma e cor das nadadeiras são decisivas para osaquaristas, de tal forma que chegam a ser produzidas variedades deespécies com nadadeiras espectaculares, como o famosocauda-de-véu, uma variedade dopeixinho-dourado (Carassius auratus).[43][44]

Alguns grupos de peixes, para além da nadadeira dorsal com espinhos e raios (que podem estar separadas), possuem umanadadeiraadiposa, normalmente perto da caudal. É o caso dossalmões e dos peixes da família dobacalhau (Gadídeos).

Escamas ou placas

[editar |editar código]

Apele dos peixes é fundamentalmente semelhante à dos outrosvertebrados, mas possui algumas características específicas dos animais aquáticos. O corpo dos peixes está normalmente coberto demuco que, por um lado diminui a resistência da água ao movimento e, por outro, os protege dos inimigos.[45] Embora haja muitos grupos de peixes com pele nua, como asenguias, a maior parte dos peixes tem-na coberta deescamas que, ao contrário dosrépteis, têm origem na própriaderme.[46]

Os peixes apresentam quatro tipos básicos de escamas:

  • ciclóides, as mais comuns, normalmente finas, subcirculares e com a margem lisa ou finamente serrilhada;[47]
  • ctenóides, também sub-circulares, mas normalmente rugosas e com a margem serrilhada ou mesmo espinhosa;[48]
  • ganóides, de forma sub-romboidal e que podem ser bastante grossas como as dosesturjões; e salmões;[47]
  • placóides, normalmente duras com um ou mais espinhos, de formas variadas.[48]

Alguns grupos de peixes têm o corpo coberto de placas ou mesmo uma armadura rígida, como opeixe-cofre e os cavalos-marinhos. Esta armadura pode estar ornamentada com cristas e espinhos e apresenta fendas por onde saem asnadadeiras.

Linha lateral

[editar |editar código]

Umórgão sensorial específico dos peixes é alinha lateral, normalmente formada por uma fiada longitudinal de escamas perfuradas através das quais corre um canal que tem ligação com osistema nervoso; aparentemente, este órgão tem funções relacionadas com aorientação, uma espécie de sentido doolfacto através do qual os peixes reconhecem as características dasmassas de água (temperatura,salinidade e outras).[46]

Sistema nervoso e órgãos dos sentidos

[editar |editar código]

Peixes têmsistemas nervosos complexos e seucérebro é dividido em diferentes partes. O mais anterior, ou frontal, contém asglândulasolfativas. Diferente da maioria dos vertebrados, o cérebro do peixe primeiro processa o senso do olfato antes de todas as ações voluntárias.[49]

Os lobos óticos processam informações dosolhos. Ocerebelo coordena os movimentos do corpo enquanto amedula controla as funções dos órgãos internos.[50]

Aproximadamente todos os peixesdiurnos possuem olhos bem desenvolvidos comvisãocolorida. Muitos peixes possuem tambémcélulas especializadas conhecidas como quimioreceptores, que são responsáveis pelossentidos degosto echeiro.[51]

A maioria dos peixes têm receptores sensitivos que formam osistema linear lateral, que permite aos peixes detectar correntes e vibrações, bem como o movimento de outros peixes e presas por perto (ver acima).

Em 2003, alguns cientistasescoceses daUniversidade de Edimburgo descobriram que os peixes podem sentirdor.[46] Um estudo prévio peloprofessor James D. Rose daUniversidade de Wyoming dizia que os peixes não podiam sentir dor porque eles não possuíam a parteneocortexal do cérebro, responsável por tal sensação. Peixes como ospeixes-gato etubarões possuem órgãos que detectam pequenascorrentes elétricas. Outros peixes, como aenguiaelétrica, podem produzir sua própriaeletricidade.[52]

Dor

[editar |editar código]

Um estudo sugere que os peixes sentem dor, com uma semelhança como a experimentada pormamíferos, incluindoseres humanos.[53]

Idade de um peixe

[editar |editar código]

É possível saber a idade de um peixe através do exame dos seus "ouvidos". Todos os peixes, com exceção dos tubarões e das arraias, escondem nos ouvidos três pares deotólitos, que são concreções de carbonato de cálcio que servem para a audição e para manter o equilíbrio no meio líquido. O crescimento desses otólitos se faz por depósitos concêntricos sucessivos, cuja espessura e a composição química variam segundo omeio ambiente e aalimentação. Trata-se de um verdadeiro "álbum" que retrata a vida do peixe.

Preservação

[editar |editar código]
Ver artigo principal:Lista Vermelha da IUCN, Declínio das populações de peixes marinhos

A destruição do habitat

[editar |editar código]

ALista Vermelha da IUCN em 2006 nomeou 1 173 espécies de peixes que estão ameaçadas deextinção. Incluem-se espécies como oBacalhau-do-atlântico, Diabo Hole,Celacantos, e grandesTubarões-brancos.[54] Porque os peixes vivem debaixo d'água são mais difíceis de estudar do que os animais terrestres e plantas, e informações sobre as populações de peixes é muitas vezes inexistente. No entanto, peixes de água doce parecem particularmente ameaçados, porque eles vivem muitas vezes em corpos d'água relativamente pequenos. Por exemplo, o Buraco do Demônio tem apenas 6 metros (10 por 20 pés) para a piscina.[35][55]

A chave do estresse sobre osecossistemas de água doce é adegradação dohabitat, incluindo a poluição da água, a construção debarragens, a remoção de água para uso por seres humanos,[56] e a introdução de espécies exóticas. Um exemplo de um peixe que se tornou em perigo por causa da mudança de habitat é o esturjão pálido, um peixe norte-americano de água doce que vive nos rios deteriorados pela ação humana.[57]

Pesca excessiva

[editar |editar código]

A pesca excessiva é uma grande ameaça para peixes comestíveis, como obacalhau e oatum. A pesca excessiva, eventualmente, provoca colapso da população (conhecido como estoque), pois os sobreviventes não conseguem produzir o suficiente para substituir aqueles removidos. Extinção comercial Tal não significa que a espécie está extinta, mas apenas que ele não pode mais sustentar uma pescaria.[40]

Um exemplo bem estudado de um colapso da pesca é asardinha doPacífico Sadinops pescada ao largo da costa daCalifórnia. De um pico de 790 000 toneladas em 1937 a captura declinou para apenas 24 000 toneladas em 1968, após o qual a pesca já não era economicamente viável.[42]

A principal tensão entre a ciência da pesca e da indústria de pesca é que os dois grupos têm opiniões diferentes sobre aresiliência da pesca para a pesca intensiva. Em lugares como aEscócia,Terra Nova, eAlasca a indústria da pesca é um grande empregador, assim, os governos estão predispostos a apoiá-lo.[58] Por outro lado, cientistas e conservacionistas querem uma proteção rigorosa, alertando que a pesca nos padrões atuais poderia dizimar as espécies pescadas dentro de cinquenta anos.[59]

As espécies exóticas

[editar |editar código]

Introdução de espécies não-nativas ocorreu em muitos habitats. Um dos melhores exemplos estudados é aintrodução da perca-do-nilo no Lago Vitória, nadécada de 1960.[60] A perca-do-nilo gradualmente exterminou do lago cerca de 500espécies endémicas deciclídeos. Alguns deles sobrevivem agora em programas de reprodução em cativeiro, mas outros estão provavelmente extintos.Carp, snakeheads, tilápia, poleiro-europeu, truta, truta-arco-íris, elampreias-marinhas são outros exemplos de peixes que têm causado problemas ao serem introduzidos em ambientes considerados alienígenas.[61]

Classificação sistemática

[editar |editar código]

A classificação simplificada no topo desta página é a mais próxima da utilizada porLineu, mas esconde algumas características importantes que fazem deste grupo dos "Peixes", um agregado deespécies com diferentes aspectosevolutivos. Por essa razão, as classificações mais recentes abandonaram algunstaxa tradicionais:

A partir deste ponto, os estudosevolutivos mostraram divergências:

Otaxonclasse tem sido usado (e, na Wikipédia em inglês, encontramos vários exemplos) para váriosclades diferentes. Por essa razão, e até ostaxonomistas acordarem numa forma declassificação científica consensual, devemos abster-nos de utilizar esse taxon. Os peixes, tanto espécies existentes comofósseis, dividem-se pelos seguintes clades:

Dentro dosvertebrados, consideram-se os clades

e mais sete grupos fósseis.

Dentro dosGnathostomata, são aceites os seguintes clades:

Dentro dosTeleostomi

Dentro dosOsteichthyes

Dentro desta classificação, os tradicionais taxaAgnatha (peixes sem maxilas), Ostracodermi (formas fósseis sem maxilas) eCyclostomata (peixes sem maxilas, como as mixinas elampréias) não devem ser utilizados, uma vez que não sãomonofiléticos.[62]

Ver também

[editar |editar código]
Outros projetosWikimedia também contêm material sobre este tema:
WikiquoteCitações noWikiquote
CommonsImagens emedia noCommons
WikispeciesDiretório noWikispecies

Referências

  1. Goldman, K.J. (1997).«Regulation of body temperature in the white shark,Carcharodon carcharias».Journal of Comparative Physiology. B Biochemical Systemic and Environmental Physiology.167 6 ed. pp. 423–429.ISSN 0174-1578.doi:10.1007/s003600050092. Consultado em 12 de Outubro de 2011 
  2. Lawson, K.D.; Carey, F.G. (1 de janeiro de 1973). «Temperature regulation in free-swimming bluefin tuna».Comparative Biochemistry and Physiology Part A: Physiology.44 2 ed. p. 375–392.doi:10.1016/0300-9629(73)90490-8  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  3. abcdef«Mas como eles se distribuem pelo planeta?». Consultado em 18 de abril de 2012 
  4. abc«Características, respiração, vida na água, espécies, reprodução, alimentação». Consultado em 18 de abril de 2012 
  5. «Os Peixes - Classificação e Características». Consultado em 18 de abril de 2012. Arquivado dooriginal em 22 de novembro de 2010 
  6. Hickman, Roberts e Larson. Princípios Integrados de Zoologia.Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 2004.
  7. «A importância dos peixes como dispersores de sementes». Consultado em 18 de abril de 2012 
  8. «Pesquisa mostra a importância dos peixes para florestas». Consultado em 18 de abril de 2012 [ligação inativa]
  9. «Peixes ornamentais são boa fonte de renda para criadores de MG». Consultado em 18 de abril de 2012 
  10. abc«Peixes». Consultado em 17 de abril de 2012 
  11. Nelson 2006, p. 2
  12. abHelfman, Collette & Facey 1997, p. 3
  13. abc«ALIMENTAÇÃO DOS PEIXES». Consultado em 18 de abril de 2012 
  14. «Alimentação». Consultado em 18 de abril de 2012. Arquivado dooriginal em 1 de janeiro de 2012 
  15. «Como cuidar do meu Aquário - Iniciantes». Consultado em 18 de abril de 2012. Arquivado dooriginal em 19 de abril de 2012 
  16. «CRIAÇÃO RACIONAL DE PEIXES». Consultado em 18 de abril de 2012 
  17. abcd«Reprodução dos Peixes». Consultado em 18 de abril de 2012 
  18. «Tipos de PEIXES e sua reprodução». Consultado em 18 de abril de 2012 
  19. Lima, Ricardo Cunha (1978).Introdução à aquicultura. Bahia: [s.n.] pp. 16 e 17 |acessodata= requer|url= (ajuda)
  20. Dunayer, Joan, "Fish: Sensitivity Beyond the Captor's Grasp," The Animals' Agenda, July/August 1991, pp. 12–18
  21. Kirby, Alex (30 de abril de 2003).«Fish do feel pain, scientists say».BBC News. Consultado em 18 de abril de 2012 
  22. abAlbert, J.S., and W.G.R. Crampton. 2005. Electroreception and electrogenesis. pp. 431–472 in The Physiology of Fishes, 3rd Edition. D.H. Evans and J.B. Claiborne (eds.). CRC Press.
  23. Johnson, Catherine; Temple, Grandin (2005).Animals in Translation. [S.l.]: Scribner. p. 183–184.ISBN 0743247698 
  24. E. Bond, Carl (1996).Biology of Fishes 2 ed. [S.l.: s.n.] p. 599–605. 
  25. abcdefMichael Blumm.«Sacrificing the Salmon: A Legal and Policy History of the Decline of Columbia Basin Salmon,». 19 de abril de 2012 
  26. Block BA and Finnerty JR (1993).«"Endothermy in fishes: a phylogenetic analysis of constraints, predispositions, and selection pressures"»(PDF) 3 ed. pp. 283–302.doi:10.1007/BF00002518 
  27. Santos, José E. dos; Santos, Gilmar B. (Julho de 2005). «Gonadal structure and gametogenesis ofLoricaria lentiginosa Isbrücker (Pisces, Teleostei, Siluriformes)».Rev. Bras. Zool.22. p. 556–564.ISSN 0101-8175.doi:10.1590/S0101-81752005000300005  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  28. Carl E. Bonds, Biology of Fishes, 2nd ed. (Saunders, 1996), pp. 599-605.
  29. Brito, M.F.G. (2003).«Reproduction of the surubim catfish (Pisces, Pimelodidae) in the São Francisco River, Pirapora Region, Minas Gerais, Brazil».Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia.55 5 ed. pp. 624–633.ISSN 0102-0935.doi:10.1590/S0102-09352003000500018 
  30. J.D. Hansen and A.G. Zapata.Lymphocyte development in fish and amphibians. Immunological Reviews, Volume 166, 1998, pp. 199–220.
  31. abc«Modifications of the Digestive Tract for Holding Air in Loricariid and Scoloplacid Catfishes»(PDF).Copeia 3 ed. 1998. p. 663–675. Consultado em 25 de junho de 2009 
  32. abcSetaro, John F. (1999).Circulatory System. [S.l.]: Microsoft Encarta 99 
  33. Helfman, Collette & Facey 1997, p. 380
  34. Richard L. Wyman and Jack A. Ward (1972). A Cleaning Symbiosis between the Cichlid Fishes Etroplus maculatus and Etroplus suratensis. I. Description and Possible Evolution. Copeia, Vol. 1972, No. 4, pp. 834–838.
  35. abHelfman, Collette & Facey 1997, pp. 449–450
  36. abcdOrr, James (1999).Fish. [S.l.]: Microsoft Encarta 99.ISBN 0811423468 
  37. Journal of Undergraduate Life Sciences.«Appropriate maze methodology to study learning in fish»(PDF). Consultado em 28 de maio de 2009. Arquivado dooriginal(PDF) em 25 de junho de 2009 
  38. abcde«Anatomia externa dos peixes ósseos». Consultado em 18 de abril de 2012. Arquivado dooriginal em 1 de maio de 2009 
  39. «Call to halt cod 'over-fishing'».BBC News. 5 de Janeiro de 2007 
  40. ab«Tuna groups tackle overfishing».BBC News. 26 de janeiro de 2007. Consultado em 18 de janeiro de 2006 
  41. abcde«nadadeiras peixes ósseos». Consultado em 18 de abril de 2012 
  42. abHelfman, Collette & Facey 1997, p. 462
  43. «UK 'must shield fishing industry'».BBC News. 3 de novembro de 2006. Consultado em 18 de janeiro de 2006 
  44. «EU fish quota deal hammered out».BBC News. Consultado em 18 de janeiro de 2006 
  45. «Threatened and Endangered Species: Pallid SturgeonScaphirhynchus Fact Sheet». Consultado em 18 de janeiro de 2006. Arquivado dooriginal em 26 de novembro de 2005 
  46. abcSpinney, Laura (4 de agosto de 2006).«The little fish fight back».The Guardian. Consultado em 18 de janeiro de 2006 
  47. ab«Osteictes: Os Peixes Ósseos». Consultado em 18 de abril de 2012 
  48. ab«Anatomia externa dos peixes ósseos». Consultado em 18 de abril de 2012 
  49. «Sistema nervoso e órgãos dos sentidos». Consultado em 18 de abril de 2012 
  50. «SISTEMA NERVOSO DOS PEIXES». Consultado em 18 de abril de 2012 
  51. «Sistema nervoso». Consultado em 18 de abril de 2012 
  52. Jaffrey, M.: A Taste of India, Atheneum, p 148, 1988,ISBN 0-689-70726-6
  53. «Do fish feel pain?».Tech Explorist (em inglês). 7 de outubro de 2019. Consultado em 7 de outubro de 2019 
  54. «Table 1: Numbers of threatened species by major groups of organisms (1996–2004)». iucnredlist.org. Consultado em 18 de abril de 2012 
  55. «Carcharodon carcharias (Great White Shark)». Iucnredlist.org. Consultado em 18 de abril de 2012 
  56. Helfman, Collette & Facey 1997, p. 463
  57. «Threatened and Endangered Species: Pallid SturgeonScaphirhynchus Fact Sheet». Consultado em 18 de janeiro de 2006. Arquivado dooriginal em 26 de novembro de 2005 
  58. «Atlantic bluefin tuna could soon be commercially extinct». Consultado em 18 de janeiro de 2006 
  59. «Ocean study predicts the collapse of all seafood fisheries by 2050». Consultado em 13 de janeiro de 2006 
  60. «The little fish fight back».The Guardian. 4 de agosto de 2005. Consultado em 18 de janeiro de 2006 
  61. «Stop That Fish!».The Washington Post. 3 de julho de 2002. Consultado em 26 de agosto de 2007 
  62. [projecto Tree of Life, de Philippe Janvier (1997) e de David R. Maddison (1995)]

Ligações externas

[editar |editar código]
Classes viventes deCordados
Cephalochordata
Urochordata
(tunicados)
Craniata
(Vertebrados +Myxini)
(peixes + Tetrápodes)
Cyclostomata¹
Gnathostomata
(vertebrados
com mandíbula)
Osteichthyes
(peixes ósseos)
Sarcopterygii
(peixes com
nadadeiras carnosas)
T
e
t
r
a
p
o
d
a
A
m
n
i
o
t
a
Synapsida
Sauropsida
(incluiDiapsida)
Lepidosauria
Archelosauria
Archosauria
Controle de autoridade
Identificadores taxonómicos
Identificadores
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Peixe&oldid=71066863"
Categoria:
Categorias ocultas:

[8]ページ先頭

©2009-2025 Movatter.jp