Umparterre oucanteiro é uma componente de um "jardim formal", plantado numa superfície plana e consistindo em canteiros de flores ou outras plantas, delimitados por sebes baixas ou muretes de pedra de proteção dos leitos florais interiores, rodeados de alamedas de passeio, normalmente pavimentadas com gravilha e dispostas simetricamente. Os parterres podem ser exclusivamente desenhados com plantas e arbustos, sem incluir flores. A palavra "parterre" teve origem nofrancês com significado de "na terra".[1]
Os parterres franceses surgiram noséculo XVI, a partir dosjardins de nós ingleses, e alcançaram o seu expoente máximo noPalácio de Versalhes e nos seus muitos imitadores europeus, tais como los jardins do Palácio deKensington emInglaterra.
O grande impulsionador dos parterre em França foiClaude Mollet, fundador de uma dinastia deviveiristas desenhadores de jardim que sobreviveu até aoséculo XVIII. A sua inspiração foi o pintorEtienne du Pérac, com quem trabalhou emAnet depois do regresso deste deItália. Molet decidiu modificar os "compartimentos" com entrelaçados simples que já existiam noséculo XVI, formados por sebes, por vezes abertos e pavimentados com areia, outras vezes abertos e cobertos com leitos florais. Por volta de1595, Mollet introduziu os parterres nos jardins deSaint-Germain-en-Laye e deFontainebleau; o desenho desenvolvido como umbordado "parterre en broderie" aparece pela primeira vez numagravura deAlexandre Francini contendo os planos revistos para as plantações dos jardins de Fontainebleau e de Saint-Germain-en-Laye em1614.[2]
As sebes debuxos recortadas, utilizadas nos parterre, foram muito contestados pelos patronos dos jardins pelo seu "odor malicioso", tal como descrito pelo herbalistaGervase Markham. Antes de1638,Jacques Boyceau descreve a gama completa de desenhos em caixa que o jardineiro pode utilizar:
“ | Os parterre são os adornos baixos dos jardins, que possuem um grande encanto, especialmente quando se observam de uma posição elevada: as bordaduras podem fazer-se com vários arbustos principais e arbustos secundários de várias cores, formados de diversas maneiras, com compartimentos, folhagem, bordados (passements),arabescos,grotescos, guilloches, rosetas, glorietas (gloires) | ” |
—Traité du iardinage selon les raisons de la nature et de l’art, pp 81–82, Jacques Boyceau. |
Em1630, surgiram osparterre de broderie naWilton House, que causaram tanta sensação que foram motivo de gravuras— o único testemunho que resta dos mesmos actualmente.Parterre de pelouse ouparterre de gazon são os parterre feitos com plantas baixas como acamomila.
O estilo dejardinagem que se centrava no parterre caiu em desuso, inicialmente em Inglaterra, com o desenvolvimento do estilo naturalista dojardim inglês, a partir de1720. A sua reintrodução em Inglaterra coincidiu con oNeo-Renascimento, noséculo XIX, onde se retomou a plantação compacta de leitos florais com espécies anuais, com cuidadosa selecção de cores e de época de floração para proporcionar os blocos de cor componentes do desenho. O parterre era plantado, como originalmente, em superfícies planas, devendo existir um ponto de observação elevado, como um terraço, para permitir apreciar o desenho.
NoPalácio de Kensington, então nos subúrbios deLondres, as plantações dos parterre deveram-se aHenry Wise, cujo viveiro se situava perto deBrompton. Na gravura de 1707/08, (ilustração à direita), os desenhosbarrocos de cada secção dispõem-se simetricamente ao redor de um centro, com sebes baixas realçados por árvores cónicas nas esquinas.
NoReino Unido existem actualmente parterre modernos em Trereife Park,[3] Penzance (Cornwall),Castelo de Birr naIrlanda, noCastelo de Drumlanrig, Dumfriesshire, e emBodysgallen Hall, perto de Llandudno.
Alguns "jardins de nós" antigos foram cobertos de relva ou outros elementos paisagistas, mas os seus traçados originais ainda são visíveis como ondulações nos jardins actuais. Um exemplo deste fenómeno é o jardim doCastelo de Muchalls naEscócia, de inícios doséculo XVII .