Júlio II(emlatim: Iulius II),O.F.M., nascidoGiuliano della Rovere; (Albisola Superiore,5 de dezembro de1443 —Roma,21 de fevereiro de1513) foi umsacerdote católicoitaliano que serviu como o216.ºPapa daIgreja Católica eSoberano dosEstados Papais de suaeleição em1 de novembro de1503 até a data de sua morte. Foi alcunhado por seus contemporâneos como"O Papa Guerreiro"(il Papa guerriero) devido sua habilidade em negociações políticas e formação de alianças militares em meio aos conflitos continentais com outras potências regionais da época.[1][2] Paralelamente, Júlio II tornou-se um dos mais influentes e poderosos líderes católicos romanos deseu período, sendo frequentemente citado como uma das figuras proeminentes doAlto Renascimento.[3][4] Como resultado de suas políticas durante asGuerras Italianas, osEstados Papais aumentaram seu poder e centralização e o cargo de papado continuou a ser crucial, diplomaticamente e politicamente, durante todo o século XVI na Itália e na Europa.[5]
Oriundo daCasa de Della Rovere, uma importante família ducal daLigúria, Júlio II foi responsável por modernizar o aparato militar dos Estados Papais, como a formalização daGuarda Suíça, ampliando consideravelmente os territórios dentro daPenínsula Itálica sob controle direto doPapado.[3] No aspecto político, seu pontificado foi caracterizado principalmente pelo aprimoramento das relações diplomáticas doVaticano com o restante daCristandade, em especial com asmonarquias católicas europeias.[4][6][7] Paralelamente, Júlio II destacou-se como ummecenas de artistas renomados do período e seus esforços em patrocinar a arte e educação como formas de propagar afé católica resultaram em uma grande concentração de coleções de arte depositadas no Vaticano até os dias atuais.[3][4] Júlio II é o fundador dosMuseus Vaticanos, o mediador dos acordos que resultaram na assinatura doTratado de Tordesilhas e o incentivador do projeto de reforma em larga escala que remodelou completamente aBasílica de São Pedro.[3][4][8]
Giuliano della Rovere nasceu emAlbisola, perto deSavona, naRepública de Gênova. Ele era de uma família nobre mas empobrecida, o filho de Raffaelo della Rovere e Theodora Manerola, uma senhora de ascendência grega. Ele tinha três irmãos: Bartolomeo, um frade franciscano que se tornou bispo deFerrara (1474-1494); Leonardo; e Giovanni, prefeito da cidade de Roma (1475-1501) e Príncipe de Sorea e Senigallia. Ele também teve uma irmã, Lucina (mais tarde a mãe do cardealSisto Gara della Rovere). Giuliano foi educado por seu tio, pe.Francesco della Rovere, O.F.M. entre os franciscanos, que o levaram sob sua responsabilidade especial. Mais tarde, foi enviado por este mesmo tio (que na época se tornaraMinistro Geral dos Franciscanos (1464-1469)), ao convento franciscano em Perugia, onde estudou as ciências na Universidade.
Della Rovere, quando jovem, mostrava traços de ser rude, grosseiro e mal-educado. Durante o final da década de 1490, ele conheceu mais de perto o cardeal Medici e o sobrinho (ambos parentes), e as duas dinastias tornaram-se aliadas desconfortáveis no contexto da política papal. Ambas as casas desejavam o fim da ocupação das terras italianas pelosexércitos da França. Ele parecia menos entusiasmado pela teologia; antes, Strathern argumenta que seus heróis imaginários eram líderes militares como Frederic Colonna.
Era sobrinho do papaSisto IV, que o tomou a seu especial cuidado, sendo educado pelosFranciscanos e mais tarde enviado para um convento emLa Pérouse para se formar emciências. Não se crê, no entanto que se tenha juntado à ordem fundada porSão Francisco de Assis. Pouco depois de o seu tio ser eleitoPapa, foi nomeadobispo deCarpentras, emFrança. No mesmo ano, em um ato de literal nepotismo, é promovido acardeal emSan Pietro in Vincole,Roma, a mesma igreja ocupada por seu tio. Culpado desimonia e pluralismo (ser titular de mais de uma "beneficiência"), deteve vários cargos poderosos simultaneamente: graças ao tio, obteve grande influência, sendo nomeadoarcebispo de Avinhão e outras oitodioceses. Como legado papal foi enviado aFrança em 1480, onde ficou quatro anos. A sua influência cresceu ainda mais durante o pontificado deInocêncio VIII.
Existia rivalidade entre ele eRodrigo Borgia. Quando o papaInocêncio morreu em 1492,Rodrigo Bórgia eAscanio Sforza fizeram um acordo secreto ficando o primeiro como papa (Alexandre VI) e conseguindo a eleição com grande maioria noconclave. Giuliano della Rovere refugiou-se na costa italiana, emOstia, e regressou pouco depois aParis, onde incitou o reiCarlos VIII de França a enveredar pela conquista deNápoles. Acompanhando o rei francês na campanha, entrou com ele emRoma, e moveu forças para promover a convocação de umconcílio para investigar a conduta do papaAlexandre VI. Este último, porém, tinha um dos ministros do rei (Briçonnet) como aliado e evitou a convocação. Quando o papa morreu em 1503, Giuliano della Rovere apoiou a eleição docardeal Piccolomini deMilão, que seria o papaPio III, mas este morreu em pouco mais de um mês devido a doença incurável. Della Rovere usou então as suas capacidades diplomáticas para obter o apoio deCésar Bórgia e foi eleito com o voto unânime doscardeais.
Enquanto Papa Júlio II conseguiu ter rara determinação e coragem para se livrar dos diversos poderes sob os quais se encontrava a autoridade papal existente. Por estratagemas astutos tornou impossível a permanência dos Borgia nosEstados papais. Usou a sua influência para reconciliar as casas dosOrsini e dosColonna.
Recebeu, em 1513, mais uma monumental embaixada deD. Manuel, chefiada por Tristão da Cunha, para impressionar o Papa com as riquezas acumuladas. Uma das inúmeras novidades que encantaram os espíritos curiosos das cortes europeias da época terá sido sem dúvida o elefante trazido das Índias, que assumiu, então, um papel preponderante na arte italiana.
Júlio II, comandando exércitos - contrariando as regras da própria Igreja[9] que proibiam o papa de participar de campanhas militares pessoalmente -, conquistou territórios para osEstados Pontifícios, anexando as regiões deParma,Ferrara eMódena.
Ele vendia indulgências (Diminuição da Pena temporal no Purgatório)[10] aos cristãos para financiar a construção de uma novabasílica de São Pedro, era amigo e mentor dos famosos pintoresBramante,Rafael eMichelangelo. Foi durante o seu papado, inclusive, que Michelangelo pintou o icônico teto daCapela Sistina.
Em seus nove anos de papado, teve várias amantes, comprovadamente uma filha.
Foi o responsável pela expulsão dafamília Bórgia, de quem era adversário, dos Estados Papais.
↑Albury, W.R. (June 2011). «Castiglione's 'Francescopaedia': Pope Julius II and Francesco Maria Della Rovere in 'The Book of the Courtier'».Sixteenth Century Journal.42 (2): 323–347.JSTOR23076786.doi:10.1086/SCJ23076786Verifique data em:|data= (ajuda)