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Após-modernidade é um conceito dasociologia histórica que designa a condiçãosóciocultural eestética dominante após aqueda do Muro de Berlim (1989), ocolapso da União Soviética e a crise dasideologias nas sociedadesocidentais no final do século XX, com a dissolução da referência àrazão como uma garantia de possibilidade de compreensão do mundo através de esquemas totalizantes.[1][carece de fonte melhor] A ideia da condição pós-moderna é algumas vezes caracterizada como uma cultura despida de sua capacidade de funcionar em qualquer estado linear ou autônomo como isolacionismo regressivo, em oposição ao estado mental progressivo domodernismo.[2] Alguns comentaristas, comoUlrich Beck,Anthony Giddens eZygmunt Bauman, negam que a modernidade tenha terminado e consideram a era pós-Segunda Guerra Mundial uma continuação da modernidade, a que se referem comosegunda modernidade,modernidade líquida oumodernidade tardia.[3]
O uso do termo se tornou corrente embora haja controvérsias quanto ao seu significado e à sua pertinência. A pós-modernidade pode significar uma resposta pessoal a uma sociedade pós-moderna, as condições de uma sociedade que a tornam pós-moderna ou o estado de ser associado a uma sociedade pós-moderna, bem como a uma época histórica. Na maioria dos contextos, deve-se distinguir dopós-modernismo, a adoção de traços oufilosofias pós-modernas nas artes, cultura e sociedade. De fato, hoje, perspectivas históricas sobre os desenvolvimentos da arte pós-moderna (pós-modernismo) e da sociedade pós-moderna (pós-modernidade) podem ser melhor descritas como dois termos genéricos para processos envolvidos em um relacionamentodialético contínuo, tal como opós-pós-modernismo, cujo resultado é a cultura evoluindo do mundo contemporâneo.[4]
Algumas escolas de pensamento situam sua origem no alegado esgotamento doprojeto moderno, que dominou aestética e acultura até final do século XX. EmA Condição Pós-Moderna,François Lyotard caracteriza a pós-modernidade como uma decorrência da morte das "grandes narrativas" totalizantes, fundadas na crença noprogresso e nos ideaisiluministas de igualdade, liberdade e fraternidade.[5][6] Outros, porém, afirmam que a pós-modernidade seria apenas uma extensão da modernidade,[7] período em que, segundoBenjamin, ocorre a perda daaura do objeto artístico em razão da sua reprodução técnica, em múltiplas formas:cinema,fotografia,vídeo, etc.[8]
O conceito de pós-modernidade inclui, portanto, o que se designa comopós-modernismo em arte — especialmente na arquitetura. O crítico brasileiroMário Pedrosa foi um dos primeiros a utilizar este termo, em 1966.[9] Usou-o frequentemente para enfatizar o fim do modernismo, cujos preceitos se mostravam insuficientes para compreender as artes visuais do período, especialmente os desdobramentos do neoconcretismo e o surgimento dapop art.[10] Em importante artigo sobre a arte deHélio Oiticica, publicado noCorreio da Manhã de 26 de junho de 1966, Pedrosa afirmava:
| “ | Hoje, em que chegamos ao fim do que se chamou de arte moderna (…), os critérios de juízo para apreciação já não são os mesmos (...) fundados na experiência docubismo. Estamos agora em outro ciclo, que não é mais puramente artístico, mas cultural, radicalmente diferente do anterior e iniciado, digamos, pelapop art. A esse novo ciclo de vocação antiarte, chamaria dearte pós-moderna.[11] | ” |
Pós-modernidade é o estado ou condição de ser pós-moderno — depois ou em reação àquilo que é moderno, como na arte pós-moderna. A modernidade é definida como um período ou condição largamente identificado com aRevolução Industrial, a crença no progresso e nos ideais do Iluminismo. Em Filosofia e naTeoria Crítica, pós-modernidade refere-se ao estado ou condição da sociedade existir depois da modernidade — uma condição histórica que marca o fim da modernidade. Essa concepção é assumida pelos filósofosJean-François Lyotard eJean Baudrillard.
O projeto da modernidade, segundoHabermas, era a promoção do progresso mediante a incorporação de princípios de racionalidade e hierarquia na vida pública e da vida artística. Lyotard entendeu a modernidade como uma condição cultural caracterizada pela mudança constante na perseguição do progresso. Pós-modernidade, então, representa a culminação desse processo em que a mudança constante se tornou ostatus quo e a noção de progresso obsoleta.
Seguindo a crítica deLudwig Wittgenstein da possibilidade doabsoluto e oconhecimento total, Lyotard ainda argumentou que várias metanarrativas de progresso, tais como a ciênciapositivista, omarxismo e oestruturalismo foram extintos como métodos de alcançar progresso.[12]
O crítico literárioFredric Jameson e o geógrafoDavid Harvey identificaram a pós-modernidade como o "capitalismo tardio" ou a "acumulação flexível" — um estágio de capitalismo posterior aocapitalismo financeiro, caracterizado por trabalho e capital altamente móveis, e pelo que Harvey chamou de "compressão do tempo e espaço". Eles sugerem que isso coincide com a falência do sistema deBretton Woods, que redefiniu a ordem econômica mundial após aSegunda Guerra Mundial.
Aqueles que geralmente veem a modernidade como ultrapassada ou como um completo fracasso, uma falha na evolução da humanidade que produziu desastres comoAuschwitz eHiroshima, veem a pós-modernidade como um desenvolvimento positivo. Porém, vários filósofos, particularmente aqueles que enxergam a si mesmos dentro do projeto moderno, comoJürgen Habermas e outros, afirmam que a pós-modernidade representa um ressurgimento de ideiasanti-iluministas há muito existentes. Segundo ele o projeto moderno ficou inacabado, e a universalidade não pode ser tão facilmente descartada. A pós-modernidade, entendida como a consequência de manter ideias pós-modernas, geralmente é um termo negativo neste contexto.
A pós-modernidade é uma condição ou estado de ser associada a mudanças em instituições e criações[13] e a resultados e inovações sociais e políticas, globalmente, mas principalmente noOcidente desde a década de 1950, enquanto opós-modernismo refere-se principalmente a uma filosofia estética, literária, política ou social, o "fenômeno cultural e intelectual",[14] imerso na condição histórica da pós-modernidade, especialmente desde os novos movimentos da década de 1920 nas artes. Ambos os termos são usados por filósofos, cientistas sociais e críticos sociais para se referir a aspectos da cultura contemporânea, economia e sociedade que são o resultado de características da vida do final do século XX e início do século XXI, incluindo a fragmentação da autoridade e acomoditização do conhecimento (veja "Modernidade").
O relacionamento entre a pós-modernidade e a Teoria Crítica, a sociologia e a filosofia é ferozmente contestado, e os termos "pós-modernidade" e "pós-modernismo" são utilizados por alguns escritores de forma confusa e difíceis de distinguir, sendo o primeiro muitas vezes o resultado do posterior. O período tem tido diversas ramificações políticas: suas "ideias anti-ideológicas" parecem ter sido positivamente associadas com omovimento feminista, aos movimentos deigualdade racial ea favor dos direitos dos homossexuais, a maioria das formas doanarquismo do final doséculo XX, demovimentos pacifistas e vários híbridos destes com os atuais movimentosantiglobalização. Apesar de nenhuma dessas instituições abarcarem inteiramente todos aspectos do Movimento Pós-Moderno, todos eles refletiram ou pegaram emprestado alguma de suas ideias mais centrais.
Segundo o francêsJean-François Lyotard, na corrente filosófica dopós-estruturalismo a "condição pós-moderna" caracteriza-se pelo fim dasmetanarrativas. Os grandes esquemas explicativos teriam caído em descrédito e não haveria mais "garantias", posto que mesmo aciência já não poderia ser considerada como a fonte da verdade.
Para o críticomarxistanorte-americanoFredric Jameson, a Pós-Modernidade é a "lógica cultural docapitalismo tardio", correspondente à terceira fase docapitalismo, conforme o esquema proposto porErnest Mandel.
Outros autores preferem evitar o termo. O sociólogo polonêsZygmunt Bauman, um dos principais popularizadores do termo Pós-Modernidade no sentido de forma póstuma da modernidade, atualmente prefere usar a expressão "modernidade líquida" — uma realidade ambígua, multiforme, na qual, como na clássica expressão domanifesto comunista,tudo o que é sólido se desmancha no ar.
O filósofo francêsGilles Lipovetsky prefere o termo "hipermodernidade", por considerar não ter havido de fato uma ruptura com os tempos modernos — como o prefixo "pós" dá a entender. Segundo Lipovetsky, os tempos atuais são "modernos", com uma exacerbação de certas características das sociedades modernas, tais como oindividualismo, oconsumismo, aéticahedonista, a fragmentação do tempo e do espaço.
Já o filósofo alemãoJürgen Habermas relaciona o conceito de Pós-Modernidade a tendências políticas e culturais neoconservadoras, determinadas a combater os ideaisiluministas
A segunda metade doséculo XX assistiu a um processo sem precedentes de mudanças nahistória do pensamento e datécnica. Ao lado da aceleração avassaladora nas tecnologias decomunicação, deartes, de materiais e degenética, ocorreram mudanças paradigmáticas no modo de se pensar asociedade e suasinstituições.
De modo geral, as críticas apontam para as raízes da maioria dos conceitos sobre a humanidade e seus aspectos, constituídas noséculo XV e consolidadas noséculo XVIII. AModernidade surgida nesse período é criticada em seus pilares fundamentais, como a crença naVerdade, alcançável pelaRazão, e nalinearidade histórica rumo aoprogresso. Para substituir estes paradigmas, são propostos novos valores, menos fechados e categorizantes. Estes serviriam de base para o período que se tenta anunciar — no pensamento, naciência e natecnologia — de superação da Modernidade. Seria, então, o primeiro período histórico a já nascer batizado: a pós-modernidade.
Alguns autores, assim comoLyotard eBaudrillard, acreditam que a modernidade terminou no final do século XX e apesar de ter definido um período subsequente à modernidade, nomeado pós-modernidade, enquanto outros, tais como Bauman eGiddens, estenderiam a modernidade para cobrir o desenvolvimentos denotados pela pós-modernidade, outros ainda afirmam que a modernidade terminou com aEra Vitoriana em 1900.[15]
A pós-modernidade tem passado por duas fases relativamente distintas: a primeira começando em 1950 e terminando com aGuerra Fria (quando a mídia analógica com a banda limitada era monopolizada por grupos estatais de mídia autoritários) e a segunda começou no início do fim da Guerra Fria (marcado pela popularização da televisão a cabo e a "nova mídia" baseada em significados digitais de disseminação de informação e transmissão).
A segunda fase da pós-modernidade é definida pela "digitalidade" — o aumento do poder individual e a descentralização digital através dos meios de comunicação (máquinas de fax, modems, cabo e internet de alta velocidade) que alteraram a condição da pós-modernidade dramaticamente: produção digital de informação passa a permitir que indivíduos selecionem e manipulem virtualmente todo aspecto do ambiente da mídia. Isso tem levado produtores e consumidores a conflitos relacionados ao capital intelectual e vem permitindo a criação de uma nova economia defendida como sendo capaz de alterar fundamentalmente a sociedade devido à queda drástica dos custos gerados pela criação da informação.
Começou-se a discutir que a digitalidade ou o queEsther Dyson referiu-se ser como "ser digital" tem emergido como uma condição separada da pós-modernidade. Aqueles mantendo essa posição discutem que a habilidade de manipular itens da cultura popular, aWorld Wide Web (WWW), o uso de engenharias de busca para indexar conhecimento e telecomunicações foram produzindo uma "convergência" na qual seria marcada pelo surgimento da "cultura participatória" nas palavras de Henry Jenkins e o uso de aparelhos de mídia, tais como iPods da Apple.
Umponto de demarcação desta era é a liberalização da China no início da década de 1980 e ocolapso da União Soviética em 1991.Francis Fukuyama escreveu "O Fim da História" em 1989 na antecipação daqueda do Muro de Berlim. Ele previu que a questão político-filosófica tinha sido respondida, que guerras em larga escala sobre valores fundamentais não mais poderiam se erguer desde que "todas as contradições anteriores são resolvidas e todas as necessidades humanas satisfeitas.". Isso é um tipo de "finitismo" também adotado por Arthur Danto, que em 1964 proclamou que as caixas de Brillo deAndy Warhol fizeram a pergunta certa sobre a arte e, portanto, a arte havia terminado.[16]
EmA Identidade cultural na Pós-Modernidade (2003),Stuart Hall busca avaliar se estaria ocorrendo uma crise com a identidade cultural, em que consistiria tal crise e qual seria a direção da mesma na pós-modernidade. Para efetivar tal intento, analisa o processo de fragmentação do indivíduo moderno enfatizando o surgimento de novas identidades, sujeitas agora ao plano da história, da política, da representação e da diferença. A preocupação de Hall também se volta para o modo como haveria se alterado a percepção de como seria concebida a identidade cultural.
Todos esses aspectos constituem-se como fases de um procedimento analítico que intenta descrever o processo de deslocamento das estruturas tradicionais ocorrido nas sociedades modernas e pós-modernas, assim como o descentramento dos quadros de referências que ligavam o indivíduo ao seu mundo social e cultural. Tais mudanças teriam sido ocasionadas, na contemporaneidade, principalmente, pelo processo de globalização.
A globalização alteraria as noções de tempo e de espaço, desalojaria o sistema social e as estruturas fixas e possibilitaria o surgimento de uma pluralização dos centros de exercício do poder. Quanto ao descentramento dos sistemas de referências, Hall considera seus efeitos nas identidades modernas, enfatizando as identidades nacionais, observando o que gerou, quais as formas e quais as consequências da crise dos paradigmas do final do século XX.
Desde a década de 1980, desenvolve-se um processo de construção de umacultura em nível global. Não apenas acultura de massa, já desenvolvida e consolidada desde meados doséculo XX, mas um verdadeiro sistema-mundo cultural que acompanha o sistema-mundo político-econômico resultante daglobalização.
A Pós-Modernidade, que é o aspecto cultural dasociedade pós-industrial, inscreve-se neste contexto como conjunto de valores que norteiam a produção cultural subsequente. Entre estes, a multiplicidade, a fragmentação, a desreferencialização e aentropia — que, com a aceitação de todos os estilos e estéticas, pretende a inclusão de todas as culturas como mercados consumidores. No modelo pós-industrial de produção, que privilegia serviços einformação sobre a produção material, aComunicação e aIndústria Cultural ganham papéis fundamentais na difusão de valores e ideias do novo sistema.
As condições associadas à Pós-Modernidade são variadas e podem ser agrupadas em 5 categorias diferentes: Hiperrealidade, Fragmentação, Reversão de consumo e produção, Descentralização do sujeito e Justaposição paradoxal:[17]
Hiperrealidade
Esta categoria resume-se essencialmente em tornar real algo em que certa altura fora impossível ou simulação ou, efetivamente, apenas uma hipótese. ParaBaudrillard, as simulações não passam de representações de situações imaginárias ou, em alguns casos, de situações imaginárias do passado. Através de diferentes tipos de comunicação, os significados atribuídos podem ser destacados do conceito original e outros novos significados podem ser atribuídos. Um grande exemplo poderá ser uma simples pasta de dentes. Tirando o significado associado à mesma (pasta que serve para escovar os dentes), este termo pode adquirir outro novo significado simbólico como beleza, felicidade, atração, etc. Estes novos significados podem simular uma nova realidade através do poder da comunicação e são aceites como verdade. Na verdade, a comunidade consumista torna-se crente porque acaba por aceitar estes novos significados como verdadeiros, uma vez que ao utilizar a pasta dos dentes este sentir-se-á atrativo, bonito, feliz, etc. O fenómeno do marketing é imediatamente reconhecível nesta condição. Efetivamente, o marketing dá novo significado a um termo, palavra e marca, substituindo o preexistente.
Fragmentação
Esta categoria implica que em cada instante em que haja consumo, o consumidor compromete-se a fazer diferentes atos simultaneamente com diferentes propósitos. Um grande exemplo será a mulher que é vista como mãe, funcionária exemplar, uma parceira ideal para o cônjuge e uma excelente cozinheira. Cada um destes papéis representa uma diferente imagem, que requer diferentes personalidades e que são visíveis, geralmente, apenas numa só mulher. Outra exemplo, muitas vezes associado a esta condição são alguns centros comerciais. Estes optam, para além consumo associado a estes estabelecimentos, por outros tipos de entretenimento (outras atividades de marketing).Nordstrom’s trata-se de um centro comercial onde é possível comprar o que este oferece e, simultaneamente, estar na presença de um concerto ao vivo. O consumidor pode aqui experienciar diferentes experiências fragmentadas.
Além disso, a fragmentação transformou, sem sombra de dúvida, a habilidade para ler e descobrir conexões entre diferentes objetos na era Pós-modernista. Os slogans “Just do it”, “Heartbeat of America” e “Leva a amizade a sério” são associados imediatamente ao objeto em questão. A habilidade para associar imagens e associar significados é, efetivamente, o coração da cultura do marketing.
Reversão de consumo e produção
Um dos maiores mitos da era Modernista baseava-se essencialmente no papel antagonista da produção e do consumo. O valor era criado na produção e destruído no consumo. Na era da Pós-Modernidade, o consumo deixa de ser considerado profano e destrutivo e a produção deixa de ser definida como sagrada e valiosa. O consumo tem deixado de ser associado ao profano, a algo que não deve ser falado. Começa, efetivamente, a ser aceite. Este passa também a ser reforçado pelo marketing através de um processo no qual os indivíduos se definem a si próprios e definem o seu modo de vida na sociedade contemporânea. Efetivamente, as escolhas que o consumidor faz são determinadas pelas diferentes experiências obtidas por cada sujeito. Na produção, os produtores são os humanos e os produtos são as comodidades (objetos, alimentos, serviços, etc). No consumo, os produtores geralmente são as imagens (representadas nos produtos, comodidades, alimentos, etc) e os produtos são os humanos. Na era Pós-Modernista há, indubitavelmente, uma reversão da produção e do consumo.
Descentralização do sujeito
Na era Modernista, o humano era visto como o centro com habilidade para atuar independente e autonomamente na escolha e em alcançar os seus objetivos. Para os pós-modernistas, existe uma confusão entre o sujeito e o objeto, não se sabendo bem qual deles está, de facto, em controlo. Por exemplo, o sujeito segue as instruções do manual para usar o microondas ou máquina de lavar. As suas ações são determinadas pelas propriedades e estruturas dos produtos. Na verdade, o papel do ser humano passa apenas por permitir que os produtos efetuem as suas funções. A confusão existente é também aumentada pelo simples facto de o sujeito se considerar um item do marketing e ter tendência para ser representado como uma imagem. Isto é visível no aumento da procura da cirurgias plásticas para corresponder às expetativas culturais. Assim sendo, a moda torna-se a metáfora da cultura.
Justaposição paradoxal
Esta condição permite a justaposição de alguma coisa com outra, por mais contraditória que possa ser (exibir emoções opostas, por exemplo). Está presente quer a nível literário ou até mesmo na arte. A nível da comunicação social, esta condição está bastante patente. Um exemplo será um anúncio que é, simultaneamente, ironizado mas ao mesmo tempo promovido ou então um anúncio que ganha credibilidade através da negação da mesma. Outro exemplo comum são os restaurantes étnicos. Estes podem ser divididos em dois tipos: aqueles que servem imigrantes e aqueles que transformam as suas cozinhas para cativar os consumidores mais refinados. Os que optam pelo segundo tipo de restaurantes sabem que, efetivamente, as cozinhas foram modificadas para agradar os seus palatos, mas ao experienciarem a comida deste tipo de restaurantes, defendem a ideia que estão a vivenciar outra cultura étnica.Wilson defende a ideia que o Pós-Modernismo jamais recusa privilegiar apenas uma só perspetiva, mas sim reconhecer apenas diferenças, nunca desigualdade, reconhecer fragmentos e nunca conflito.
O que se denomina "Crise da Representação", que assombra aarte e aslinguagens no contexto pós-moderno, é um fenômeno diretamente ligado à destruição dos referenciais que vinham norteando o pensamento até bem recentemente. O registro do real (figurativismo) era o principal eixo dapintura até 1870, assim como de resto de toda a arte, até o pós-guerra. Dali em diante, valoriza-se aentropia; “tudo vale”, e todos osdiscursos são válidos. O resultado é que não há mais padrões limitados para representar a realidade, resultando numa crise ética e estética.
A justificativa para essa mudança pode ser mais objetiva: com aHistória apontando para a formação de umasociedade global (nível macro), nenhuma das visões de mundo preexistentes (nível micro) poderia ser descartada, sob pena de excluir interessantes mercados consumidores do sistema-mundo capitalista. O pós-moderno, assim, pelo seu caráter policultural, sua multiplicidade, sua hiperinformação, serve bem à constituição de uma rede inclusiva de consumidores. E dentro disso está inserida a dejeção dos referenciais de representação.
Osmeios audiovisuais, utilizando-se da sua capacidade de atingir mais sentidos humanos (visão eaudição, responsáveis por mais de ¾ das informações que chegam ao cérebro), têm um potencial mais rico e imediato para transmitir suamensagem e sua visão de realidade. Aliteratura, amúsica e apoesia dependem de um grau mais alto deabstração e interaçãológica com o intelecto. Não obstante, outrasartes “mais antigas” já tiveram seus momentos de mescla entreficção erealidade, como as pinturas rupestres das cavernas (que “eram” os próprios animais pintados, e não representações deles) ou aescultura das primeiras civilizações (que buscavam a própria forma do real). Hoje, entretanto, estão na esfera da arte, ou ficção. Pode ser que, num futuro incerto, o homem ria dovídeo, perguntando-se como pôde um dia acreditar numa imagem formada por circuitos eletrônicos. Mas, até lá, continuará em dúvida sobre sua validação ou não como parte da realidade.
A estética pós-moderna apresenta diferenças fundamentais em relação a tudo o que veio antes dela, incluindo todas as estéticas modernistas. Os próprios critérios-chave da estética moderna, do novo, da ruptura e davanguarda são desconsiderados pelo Pós-Moderno. Já não é preciso inovar nem ser original, e a repetição de formas passadas é não apenas tolerada como encorajada.
Entretanto, ainda que diversas obras estéticas, de diferentes categorias, apresentem características semelhantes e recorrentes, não parece correto nem possível falar de um “estilo pós-moderno”, muito menos de um “movimento pós-moderno”. Tais conceitos prescindiriam de um certo nível de organização, articulação ou mesmo intercâmbio que simplesmente não existe entre os produtores deestética. Se foi possível falar em movimento modernista, isso é devido ao fato de haver grupos relativamente próximos e em certa frequência de contato naEuropa do início doséculo XX. Na Pós-Modernidade' , entretanto, os artistas até têm maiores possibilidades de se comunicar, mas a quantidade incalculável de tendências e linguagens torna impossível alguma unicidade formal.
As similaridades estéticas entre os produtos provavelmente são consequência das condições de produção e de circulação, dado que um dos efeitos sabidos daGlobalização é a homogeneização das relações de produção e dos hábitos de consumo. Daí advém o neo-historismo (na verdade, um não-historismo, na medida em que desconsidera aHistória), que é a mistura de todos os estilos históricos em produtos sem período definido.
Aentropia que se prega no Pós-Moderno diz respeito ao fim da proibição, à admissão de todo e qualquer produto, pois, se regulamento caberá ao mercado, toda produção é consideradamercadoria.
O filósofoErnest Gellner debateu-se com o fenómeno do pós-modernismo, que ele viu como uma das principais orientações em debate na actualidade, no nível das grandes ideias, as outras sendo:
Em "Pós-modernismo, razão e religião", de 1992,Gellner refere-se ao pós-modernismo da seguinte forma:
Obviamente, esta nova "moda" não é compatível com oPositivismo, que Gellner define como: "…a crença na existência e disponibilidade de factos objectivos, e sobretudo da possibilidade de explicar os ditos factos por meio de uma teoria objectiva e testável, ela própria não essencialmente ligada a nenhuma cultura particular, observador ou estado de espírito".
José Guilherme Merquior viu nesta confrontação uma repetição da batalha entre oclassicismo e oromantismo — o primeiro, associado com a dominação pela Europa por uma corte francesa e suas maneiras e padrões; o último, com a reação pelas outras nações, afirmando os valores das suas próprias culturas populares.
Todavia, Gellner aponta uma diferença:
Gellner vê duas ou três grandes etapas na evolução do tipo de pensamento que culminaria no Pós-Modernismo. Para compreender o Pós-Modernismo há que compreender a evolução do marxismoː
No fundo, as linhas da árvore genealógica do Pós-Modernismo são traçadas ao longo da evolução do Marxismo, da teoria para a sua aplicação prática (e os sinais do seu fracasso). Comecemos pela raiz.
Segundo alguns estudiosos, o pós-modernismo teria origem no marxismo. Trata-se de uma posição polêmica, já que o marxismo é uma filosofia materialista segundo a qual as forças de produção são determinantes das estructuras sociais. Ainda por cima, o marxismo afirmava-se científico enquanto os intelectuais pós-modernos colocam em questão precisamente a possibilidade de se chegar a uma visão única.
No entanto, nesta fase, os marxistas acreditam ainda numa verdade única, que eles próprios detinham, como é óbvio. Os críticos falhavam em alcançá-la, por culpa própria.
Com o fim doEstalinismo, as reformas deKhrushchov e a crescente dúvida no empreendimento comunista, o panorama tinha evoluído num sentido ainda mais radical (e absurdo, para alguns).
As críticas à pós-modernidade podem, em geral, ser classificadas em quatro categorias:[carece de fontes?]