Nota: "Domingo de Páscoa" redireciona para este artigo. Para o filme com Jo Koy, vejaEaster Sunday. Para outros significados, vejaPáscoa (desambiguação).
Ressurreição de Cristo, porRafael Sanzio (1499–1502). A Páscoa é a comemoração do fundamento da fé cristã — a crença de que Jesus morreu e ressuscitou no terceiro dia.
A Páscoa é umafesta móvel, o que significa que sua data não é fixa em relação aocalendário civil. OPrimeiro Concílio de Niceia (325) estabeleceu a data da Páscoa como sendo o primeiro domingo depois dalua cheia após o início doequinócio vernal (a chamadalua cheia pascal).[12] Do ponto de vista eclesiástico, o equinócio vernal acontece em21 de março (embora ocorra no dia 20 de março na maioria dos anos do ponto de vista astronômico) e a "lua cheia" não ocorre necessariamente na data correta astronômica. Por isso, a data da Páscoa varia desde 22 de março até 25 de abril. Oscristãos orientais baseiam seus cálculos nocalendário juliano, cuja data de 21 de março corresponde, no século XXI, ao dia 3 de abril nocalendário gregoriano utilizado no ocidente. Por conseguinte, a Páscoa no oriente varia entre 4 de abril e 8 de maio, inclusive.
Ao contrário doinglês, que tem duas palavras distintas para as duas festas (Easter ePassover respectivamente), emportuguês e em muitas outras línguas as duas são chamadas pelo mesmo nome ou nomes muito similares.[13] Oscostumes pascais variam bastante entre os cristãos do mundo inteiro e incluemmissas matinais, a troca documprimento pascal e deovos de Páscoa, que eram, originalmente, um símbolo dotúmulo vazio.[14][15][16] Muitos outros costumes passaram a ser associados à Páscoa e são observados por cristãos e não cristãos, como osovos de Páscoa e ocoelho da Páscoa.[17][18][19] Há também uma grande quantidade de pratos típicos ligados à Pascoa e que variam de região para região.
A Páscoa cristã está ligada àPáscoa judaica pela data (segundo a Bíblia, aÚltima Ceia era originalmente um jantar de Páscoa judaica)[20][21] e também por muitos dos seus simbolismos centrais.
A travessia doMar Vermelho, em ilustração do século XIX.
APesach — a Páscoa judaica — a celebração da saída dos hebreus do Egito, graças aMoisés, constitui-se de dois ritos: a imolação do cordeiro e opão ázimo.[5]
A palavrahebraicapesach significa 'passar adiante', 'deixar de fora', e deriva da narrativa dadécima praga, segundo a qual Deus ordenou aos hebreus que assinalassem, com o sangue do cordeiro, as portas das casas de Israel, permitindo, aoanjo exterminador, que passasse adiante, atingindo somente as casas dos egípcios e, de modo particular, os primogênitos dos egípcios, inclusive o filho dofaraó (Êxodo, 12,21–34).[24] APesach indica portanto a libertação do povo de Israel do domínio egípcio e o início do seu percurso em direção àterra prometida.
Com o advento do cristianismo, a Páscoa adquiriu um novo significado, indicando a passagem da morte à vida por Jesus e a passagem a uma vida nova para os cristãos, libertados do pecado, graças ao sacrifício de Jesus.[5] Por isso, a Páscoa cristã é dita Páscoa da ressurreição, enquanto a Páscoa judaica é a Páscoa da libertação.
Já nos primeiros anos da década de 50 do século I,Paulo, escrevendo deÉfeso aos cristãos deCorinto,[25] utilizou o termo para fazer referência a Cristo e é improvável que osefésios ecoríntios tenham sido os primeiros a ouvir o Êxodo 12 interpretado como uma referência àmorte de Jesus e não a um ritual de passagem judaico.[26] Quase todos os países falantes de línguas não inglesas utilizam nomes derivados dePascha para a festa.[7][27]
OEvangelho ensina que a ressurreição de Jesus, celebrada pela Páscoa, é o fundamento da fé cristã.[28] A ressurreição estabeleceu Jesus como sendoFilho de Deus[29] e é citada como prova de que Deus irá julgar o mundo com justiça.[30][31] Deus«regenerou os cristãos para uma viva esperança pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos» (I Pedro 1:3). Estes, pela fé na obra de Deus, são espiritualmente ressuscitados com Jesus para que possam seguir para uma nova vida eterna.[31][32]
A Páscoa cristã está ligada àPáscoa judaica e aoÊxodo, relatado noAntigo Testamento, através daÚltima Ceia e a crucificação que precederam a ressurreição.[27] De acordo com o Novo Testamento, Jesus deu à última ceia, originalmente um jantar da Páscoa judaica, um novo significado, pois ele preparava a si e aos seus discípulos para a morte durante a ceia nocenáculo.[27] Ele identificou o pão (matzah judaico) e o vinho como sendoseu corpo, que logo seria sacrificado, eseu sangue, que seria derramado (vejainstituição da Eucaristia). DizPaulo,"Purificai o velho fermento, para que sejais uma nova massa, assim como sois sem fermento. Pois, na verdade, Cristo, que é nossaPáscoa, foi imolado.",[33] fazendo referências aos requisitos judaicos de que não haja fermento na casa e do sacrifício docordeiro pascal (korban),alegoricamente identificado como Jesus.[34]
Uma interpretação doEvangelho de João é que Jesus, como cordeiro pascal, foi crucificado,grosso modo, no mesmo horário em que os cordeiros estavam sendo sacrificados noTemplo, a tarde de14 Nisan. As instruções naBíblia especificam que ele deve ser imolado«a tardinha» (Êxodo 12:6), ou seja, nocrepúsculo. No período romano, porém, os sacrifícios eram realizados no meio da tarde.[35]
Esta interpretação, porém, é inconsistente com acronologia nosevangelhos sinóticos. Ela assume que o texto deJoão 19:14 ("Era aparasceve e cerca da hora sexta"), literalmente traduzido, é obrigatoriamente uma referência ao 14 de Nisan (o dia de preparação para a Páscoa judaica) e não aoYom Shishi (a sexta-feira seguinte, dia de preparação para osabá da semana do festival da Páscoa judaica),[36] e que o desejo dos sacerdotes de estarem puros para«...poderem comer a páscoa» (João 18:28) era uma referência obrigatória à refeição do cordeiro de Páscoa e não às demais feitas durante as oferendas públicas do festival da Páscoa (chamado também de "Festival do Pão sem Fermento"), como comandaLevítico 23:8.
AÚltima Ceia, celebrada porJesus e seus discípulos, era uma "sêder de Pessach" ("ceia de Páscoa"). Os primeiros cristãos também celebravam esta refeição para comemorar a morte e ressurreição de Jesus.Cordeiro Pascal, uma das refeições tradicionais judaicas durante aPáscoa. Ao reinterpretar o significado desta celebração, os cristãos identificaram Jesus como sendo o cordeiro imolado, criando o símbolo doCordeiro de Deus. 1660–1670. Pela artista portuguesaJosefa de Óbidos, atualmente noMuseu de Évora, emPortugal.
Osprimeiros cristãos,judeus cristãos egentios certamente conheciam ocalendário hebraico[37] e não existem evidências diretas de que eles celebrassem nenhum tipo específico de festival anual cristão.[38] A Páscoa era provavelmente um aspecto da Páscoa judaica na qual os judeu-cristãos, os primeiros a comemorarem-na, celebravam a ressurreição de Jesus.[22]
Evidências diretas começaram a aparecer na metade do século II. Talvez a mais antiga fonte primária sobrevivente a fazer referência à Páscoa seja umahomilia pascal do meio do século II atribuída aMelito de Sardis, que apresenta o evento como uma festa já consolidada (e não uma "novidade").[38] Evidências de um outro tipo de festival anual cristão, a comemoração dosmártires, começam a aparecer mais ou menos na mesma época.[39]
Enquanto os dias reservados aos mártires (em geral as datas de seus respectivos martírios) eram celebrados em datas fixas utilizando ocalendário solar local, a data da Páscoa era determinada através docalendário lunissolar judaico, o que é consistente com o fato de a festa da Páscoa ter sido incorporada ao cristianismo durante seus primeiros anos, o chamadoperíodo judaico, mas mesmo assim a questão não está livre de controvérsias.[40]
Ohistoriador eclesiásticoSócrates Escolástico atribui a observância da Páscoa pela igreja à perpetuação de seu costume,"da mesma forma que outros costumes foram criados", afirmando que nem Jesus e nem seusapóstolos desejavam manter este ou qualquer outro festival. Embora ele descreva em detalhes a celebração da Páscoa como sendo derivada de costumes locais, ele insiste, por outro lado, que a festa era de fato universalmente observada.[41]
Muitas igrejas começam a celebrar a Páscoa no fim da noite do Sábado de Aleluia na chamadaVigília Pascal. Em alguns países, a Páscoa dura dois dias, com a adição da chamada "Segunda-Feira de Páscoa".
A semana começando com o Domingo de Páscoa é chamada deSemana de Páscoa (ouOitava da Páscoa) e cada dia é sucedido pelo sufixo "pascal" (ou "da Páscoa"). OSábado de Páscoa é, portanto, o sábadodepois do Domingo de Páscoa (e não o Sábado de Aleluia, antes dele). O Tempo Pascal começa no domingo e vai até aoDomingo de Pentecostes, sete semanas depois.
Norito bizantino, a preparação espiritual para a Páscoa começa com aGrande Quaresma, que começa naSegunda-Feira Limpa e dura quarenta dias seguidos (inclusive os domingos). A última semana da Grande Quaresma (depois do quinto domingo da Grande Quaresma) é chamada Semana de Ramos e termina com oSábado de Lázaro. Asvésperas deste dia encerram oficialmente a Grande Quaresma, embora o jejum continue ainda na semana seguinte. Depois vêm oDomingo de Ramos, aSemana Santa e, finalmente, a Páscoa. O período de jejuns se encerra imediatamente depois daDivina Liturgia da Páscoa.
AVigília Pascal começa com oServiço da Meia-Noite, que é o último doTriódion da Quaresma e é sincronizado para acabar pouco antes da meia-noite doSábado de Aleluia. Quando o relógio marca a meia-noite, a celebração da Páscoa começa, que abrange asmatinas pascais, ashoras pascais e a Divina Liturgia Pascal.[43] Este sincronismo garante que a liturgia da Páscoa ocorrerá mais cedo que qualquer outra liturgia matinal no ano litúrgico, garantindo assim sua preeminência entre asFestas das Festas.
A época litúrgica que vai da Páscoa até ao domingo deTodos os Santos (o domingo depois doPentecostes) é conhecido comoPentecostarion (os "cinquenta dias"). A semana que começa no Domingo de Páscoa é chamadaSemana Brilhante, durante a qual não se jejua (mesmo às quartas e sextas-feiras).
Uma tradição ocidental de origem não religiosa, oCoelho da Páscoa, assim como oPapai Noel, representa a tradição de trocar presentes em datas festivas. Para algumasdenominações, é o retrato da secularização e comercialização da festa da Páscoa.[44] Cartão postal de 1915.
O festival da Páscoa é observado de diferentes formas entre os cristãos ocidentais. A observância litúrgica tradicional, praticada porcatólicos,luteranos e algunsanglicanos, começa na noite doSábado de Aleluia com aVigília Pascal. Esta, considerada a mais importante liturgia do ano, começa numa escuridão total com o fogo pascal e o acendimento doCírio Pascal (símbolo do Cristo ressuscitado) e o canto doExultet, uma proclamação de Páscoa atribuída aSanto Ambrósio.
Depois deste serviço de luz, seguem-se diversas leituras doAntigo Testamento. Elas contam as histórias dacriação, osacrifício de Isaque, atravessia do Mar Vermelho e a profecia da vinda doMessias. Esta parte do serviço litúrgico, culmina com o canto doGloria, doAleluia e finalmente com a proclamação da "boa nova" (euangelion) da ressurreição. Neste ponto, as luzes são novamente acesas e os sinos bradam (de acordo com os costumes locais).
O foco, então, se volta dopúlpito para apia batismal. Nos tempos antigos, a Páscoa era considerada o período ideal para que os convertidos recebessem obatismo e esta prática continua entre oscatólicos romanos e naComunhão Anglicana. Havendo ou não batismos neste momento, é tradicional que a congregação renove seus votos batismais, um ato que é geralmente selado com a aspersão daágua benta da fonte. Osacramento daConfirmação é também celebrado durante a Vigília.
A Vigília de Páscoa termina com aEucaristia (do grego"ações de graças", conhecida também como "Comunhão" em algumas tradições).
Algumas igrejas preferem realizar a vigília bem cedo no domingo em vez de na noite de sábado para refletir o relato evangélico dasmulheres chegando ao túmulo na manhã do primeiro dia da semana (o domingo). Estes serviços, conhecidos como "Serviços do Amanhecer", geralmente ocorrem ao ar livre (o cemitério, jardim ou estacionamento da igreja em geral). O primeiro deles ocorreu em 1732 entre os irmãos singulares daIgreja Morávia emHerrnhut,Saxônia. O costume foi depois exportado por missionários para diversas cidades no mundo.
Culto de Páscoa na Trinity Fellowship Church emAmarillo, Texas, EUA.
Outras celebrações ocorrem também no próprio Domingo de Páscoa. Tipicamente, estes serviços seguem a ordem de um domingo normal de cada congregação, incorporando elementos mais festivos. A música, em particular, geralmente é mais alegre; a incorporaçãodos metais na orquestra para incrementar os instrumentos habituais dos músicos da congregação é bastante comum. Além disso, é bastante corrente que toda a igreja seja decorada com faixas e flores.
Para os cristãos orientais, todas as demais festas do calendário são secundárias em relação à Páscoa, inclusive oNatal, o que se reflete na gama de costumes pascais na cultura de países tradicionalmente de maioria ortodoxa. Oscatólicos orientais também enfatizam a Páscoa em seu calendário e têm costumes muitos similares.
Isto não quer dizer que os demais elementos do ano litúrgico cristão sejam ignorados, mas que, em vez disso, eles são vistos não apenas como sendo preliminares mas também como sendo iluminados pelo clímax da ressurreição, um evento que realiza e frutifica tudo o que veio antes. A Páscoa é o ato primário que completa o objetivo doministério de Jesus na Terra — derrotar a Morte com sua morte e exaltar e purificar a humanidade assumindo voluntariamente suas fragilidades e depois superando-as. Este credo é resumido peloTropário Pascal, cantado repetidamente durante a Páscoa até aApodósis da Páscoa, que é a véspera do dia daAscensão.
A preparação para a Páscoa começa com aGrande Quaresma. Além dos jejuns, da distribuição de esmolas e da oração, os cristãos ortodoxos se privam de toda forma de entretenimento e atividades mundanas não essenciais, gradualmente eliminando-as até àGrande e Santa Sexta-Feira, o mais austero dia do ano. Tradicionalmente, na noite doGrande e Santo Sábado celebra-se o oOfício da Meia-Noite (videVigília Pascal).
Quando ele termina, todas as luzes da igreja são apagadas e todos esperam no escuro e em silêncio a chegada da meia-noite. Então, uma nova chama é acesa no altar (ou o sacerdote acende sua vela a partir dalâmpada perpétua que fica acesa lá) e acende as velas acesas pelosdiáconos e outros assistentes, que então acendem as velas trazidas pelos fiéis (uma prática que se originou no antigo ritual do recebimento doFogo Sagrado naIgreja do Santo Sepulcro emJerusalém). Então, o padre e a congregação seguem emprocissão com a cruz circundando (por fora) a igreja, segurando as velas e cantando. Ela tem por objetivo simbolizar o trajeto dasPortadoras de mirra ao túmulo de Jesus«muito cedo» (Lucas 24:1). Depois de rodear o templo de uma a três vezes, a procissão para em frente às portas fechadas. Na tradição grega, o padre faz uma leitura dos evangelhos (Marcos 16:1–8). Nas demais tradições e depois da leitura na grega, ele faz osinal da cruz com oturíbulo ali (as portas fechadas simbolizam o túmulo ainda fechado).
Logo depois dadispensa, o padre geralmente abençoa cestos eovos de Páscoa trazidos pelos fiéis e que geralmente contêm alimentos que não podiam comer durante o jejum da Grande Quaresma. Logo depois da liturgia, é tradicional em algumas regiões que a congregação faça uma refeição coletiva, essencialmente uma forma deÁgape, apesar de ocorrer às duas da manhã ou ainda mais tarde.
Na manhã seguinte, o Domingo de Páscoa, não há Divina Liturgia, uma vez que já foi celebrada durante a madrugada. Em vez disso, à tarde, é geralmente o costume celebrar-se um "Ágape Vespertino". Neste serviço, vem tornando-se tradicional nos últimos séculos que o padre e alguns membros da congregação leiam uma parte do Evangelho de João (João 20:19–25 e, em alguns lugares, tambémJoão 20:26–31) no maior número de línguas que os fiéis conseguirem, um símbolo da universalidade da ressurreição.
Durante o resto da semana, conhecida como "Semana Brilhante", é proibido jejuar e o habitualcumprimento pascal é"Cristo ressuscitou!", para o qual a resposta é"Verdadeiramente Ele ressuscitou!". Os serviços litúrgicos nesta semana são idênticos aos da Páscoa, exceto que ocorrem nos horários normais e não à meia-noite. As procissões ocorrem ou depois das matinas ou depois da Divina Liturgia.
Cruzes simples (e nãocrucifixos) são preferidas pelos protestantesnão conformistas para representar o milagre da ressurreição.
Juntamente com as comemorações doNatal e doAdvento, muitas tradições pascais foram alteradas ou até mesmo abandonadas completamente pelas diversasdenominações surgidas no decorrer daReforma Protestante, geralmente sob o argumento de serem "pagãs" ou "papistas" (e, portanto, maculadas) por muitos movimentospuritanos.[48] Porém, algumas das igrejas e movimentos da Reforma (luteranos,metodistas eanglicanos, por exemplo) preferiram manter grande parte das observâncias do já estabelecido ano litúrgico juntamente com diversas tradições associadas. Nas igrejas luteranas, por exemplo, não apenas as datas da Semana Santa são observadas, mas também o Natal, a Páscoa e o Pentecostes são comemorados com festivais de três dias (o próprio e os dois seguintes).
Entre muitas outras tradições reformistas e contrarreformistas, porém, a situação foi bastante diferente, resultando quequacres e puritanoscongregacionistas epresbiterianos rejeitaram certas tradições pascais.[49] A rejeição puritana das tradições pascais está fundamentada parcialmente na interpretação deII Coríntios 6:14–16 e parcialmente na crença de que se uma prática ou festa religiosa não está diretamente naBíblia, então ela deve ser um desenvolvimento posterior e não deve ser considerada parte da prática cristã autêntica, sendo desnecessária no mínimo e pecadora no limite.
Alguns grupos cristãos rejeitam a celebração da Páscoa por causa de suas alegadas raízes pagãs (reais ou percebidas) e ligações históricas com as práticas e autorizações derivadas daIgreja Católica "Romana".[50] Finalmente, vários grupos cristãosnão conformistas que ainda celebram o evento preferem chamá-lo de "Dia da Ressurreição" (ou "Domingo da Ressurreição") pelos mesmos motivos e também como uma forma de rejeitar os aspectos seculares e comerciais que o feriado adquiriu nos séculos XX e XXI.[44]
AsTestemunhas de Jeová defendem um ponto de vista similar, realizando um serviço anual comemorando aÚltima Ceia e a subsequente execução de Cristo na noite do 14 de Nissã (vejaQuartodecimanismo).[51] As Testemunhas de Jeová acreditam queversículos comoLucas 22:19–20 eI Coríntios 11:26 são mandamentos para que se relembre a morte de Cristo e não a sua ressurreição,[51] o que eles fazem anualmente.
Osquacres, como parte de seu histórico"testemunho contra o tempo e as épocas", não celebram a Páscoa e nem nenhum outro feriado cristão, acreditando em vez disso que"todos os dias são dias do Senhor".[52] Mais do que isso, eles acreditam que a elevação de um dia acima dos outros sugere que atitudes não cristãs sejam aceitáveis nos demais dias.[53] Nos séculos XVII e XVIII, eles foram perseguidos justamente por isso.[54]
Alguns grupos cristãos acreditam que a Páscoa seja um evento a ser comemorado com grande alegria, mas dando menos ênfase ao dia propriamente dito, e mais à lembrança da alegria no evento que ela comemora. Neste contexto, estes movimentos ensinam que todos os dias e todos ossabás devem ser santificados de acordo com os ensinamentos de Jesus. Judeus cristãos,membros do Nome Sagrado earmstrongistas (como aIgreja Viva de Deus) geralmente rejeitam a Páscoa em prol da observância do 14 de Nisan e a celebração da chamadaPessach cristã. Isto é especialmente verdadeiro para grupos que celebram alua nova ou osaltos sabás anuais além doSabá no sétimo dia. Eles defendem estes costumes textualmente fazendo uma referência ao trecho«Ninguém, portanto, vos julgue pelo comer, nem pelo beber, nem a respeito de um dia de festa, ou de lua nova ou de sábado, as quais coisas são sombras das cousas vindouras, mas o corpo é de Cristo.» (Colossenses 2:16–17) deColossenses.
Caça aos ovos numa gravura de 1889. Diversas tradições não cristãs sobre a Páscoa foram adotadas por cristãos durante os séculos, inclusive as caçadas, a história docoelho da Páscoa e os ovos de chocolate.
Em países onde o cristianismo é umareligião estatal ou onde há uma grande população cristã, a Páscoa é geralmente umferiado nacional. Como ela cai sempre num domingo, muitos países também fazem da segunda-feira seguinte um feriado também. Algumas lojas,shopping centers e restaurantes também fecham neste dia. ASexta-Feira Santa, que ocorre dois dias antes do Domingo de Páscoa, é também um feriado em muitos países. É também feriado em doze estados norte-americanos e, naqueles onde não é, muitas instituições financeiras, as bolsas de valores e as escolas públicas fecham. Os poucos bancos nos Estados Unidos que normalmente abrem aos domingos não funcionam na Páscoa. A data é comemorada em muitos lugares com paradas e procissões, sendo a Parada de Nova Iorque a mais conhecida.[55]
NaEscandinávia, a Sexta-Feira Santa, o Domingo e a Segunda de Páscoa são feriados,[56] e os dois primeiros são tambémferiados bancários.[57] Para a maior parte do comércio, são dias de folga também, exceção feita apenas aosshopping centers, que geralmente abrem por meio período. Muitos empresários dão aos funcionários quase uma semana de folga, a chamada "Folga de Páscoa".[58]
Nos países daComunidade das Nações, a Páscoa raramente é considerada um feriado, assim como todas as demais celebrações que caem num domingo. NoReino Unido, tanto a sexta quanto a segunda-feira são feriados bancários.[59] Contudo, noCanadá, o Domingo de Páscoa é feriado, assim como a segunda-feira seguinte. Na província deQuebec, tanto a sexta quanto a segunda-feira são feriados facultativos, mas a maior parte das empresas concede os dois dias aos funcionários.
Ovos de Páscoa são ovos especialmente decorados e trocados como presentes para celebrar o feriado da Páscoa. A tradição mais antiga consiste em utilizar ovos de galinha tingidos e depois pintados, mas o costume moderno consiste em trocar ovos de chocolate.
[a]^ Veja por exemplo o termoEastre doinglês antigo, o nome da deusa do amanhecer e correspondente à deusa romanaAurora e gregaEōs.[61]"O exemplo mais simples da deusa do amanhecer acabando ligada a um único festival, o da primavera, é da deusa Eostre anglo-saxônica e sua suposta contraparte germânica Ôstara, que deram-nos [os anglófonos] "Easter" e "Ostertage". Nossa fontes não ligam Eostre com o amanhecer, mas é sem dúvida este o significado de seu nome".[62] Finalmente, material comparativo, como o inglês antigoEostre"nos permitem propor um termoPIE para a ... 'deusa do amanhecer', caracterizada como a que traz a luz de forma 'relutante', um ato pelo qual ela é punida. Em três grupos [linguísticos] indo-europeus, báltico, grego e indo-iraniano, a existência de um termo PIE para 'deusa do amanhecer' tem ainda mais apoio linguístico por neles ela ser designada como 'filha do céu'. Todos [os termos correspondentes em lituano, grego e hindu antigo] derivados de um termo PIE ...'filha docéu'. O correspondente 'filho do céu' é impossível de ser reconstruído lexicamente, mas é, semântica e mitologicamente, associado com os 'Gêmeos Divinos'".[63]
Referências
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↑Para a Igreja Católica, conforme oCatechismo della Chiesa Cattolica§ 1169:"Por isso, a Páscoa não é semplesmente uma festa entre outras: é a « festa das festas », a « solenidade das solenidades », como aeucaristia é osacramento dos sacramentos (o grande sacramento).Santo Atanásio a chama « o grande domingo », como a Semana Santa no Oriente é chamada « a grande Semana »".
↑Nelson, Thomas (28 de fevereiro de 2008).The Orthodox Study Bible: Ancient Christianity Speaks to Today's World (em inglês). [S.l.]: Thomas Nelson Inc. p. 1408.ISBN9781418576363|acessodata= requer|url= (ajuda)
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↑Ephrem (Archimandrite) (25 de janeiro de 2007).«On the Holy and Great Sunday of Pascha». Monastery of Saint Andrew the First Called, Manchester, England. Consultado em 27 de março de 2007. Arquivado dooriginal em 9 de abril de 2007