Os Maias | |
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Cartaz original do filme. | |
![]() ![]() 2014 • cor • 139min | |
Género | drama romance |
Direção | João Botelho |
Produção | Alexandre Oliveira |
Roteiro | João Botelho |
Baseado em | Os Maias, deEça de Queirós |
Narração | Jorge Vaz de Carvalho |
Elenco | Graciano Dias Maria Flor João Perry Pedro Inês |
Cinematografia | João Ribeiro |
Edição | João Braz |
Companhia(s) produtora(s) | Ar de Filmes Raccord Produções |
Lançamento | 11 de setembro de 2014 |
Idioma | português |
Orçamento | 1 500 000 €[1] |
Receita | 1 359 392 €[2] |
Os Maias: Cenas da Vida Romântica (também conhecido apenas comoOs Maias) é umfilmeluso-brasileiro de génerodramaromântico de2014, escrito e realizado porJoão Botelho.[3] Baseada na obrahomónima deEça de Queirós[4], a longa-metragem é protagonizada por Graciano Dias eMaria Flor, interpretando respetivamenteCarlos da Maia, o último herdeiro da tradicional família Maia, eMaria Eduarda, o seu misterioso interesse romântico.
A produção, estreada nos cinemas portugueses a11 de setembro de2014 e noFestival do Rio (Brasil) a28 de setembro do mesmo ano[5], resultou para além de umCorte teatral, umCorte de realizador com mais 50 minutos de duração e também numaMinissérie de mesmo nome exibida pelaRTP1 a28 de dezembro de2015.
Portugal, finais doséculo XIX. Após uma longa viagem pela Europa, o médico aristocrata Carlos da Maia regressa a Lisboa, para grande alegria do avô, por quem foi criado.[6] Carlos, acompanhado pelo seu grande amigo João da Ega, leva uma vida ociosa e de pequenos prazeres, passando o tempo com amigos e amantes. Até que ele se apaixona por uma bela e misteriosa mulher, recém-chegada à capital, chamada Maria Eduarda. A paixão é correspondida e eles acabam por se envolver. Uns meses depois, Carlos descobre que Maria Eduarda é sua irmã, que ela fora levada pela mãe ainda criança quando esta fugiu do marido. Mesmo sabendo da verdade, ele mantém a relação. Tudo termina abruptamente quando o velho Afonso da Maia, seu avô, morre para expiar o seu terrível pecado. Carlos parte para o exterior. Dez anos mais tarde, Carlos da Maia e o velho amigo João da Ega voltam a encontrar-se em Lisboa.[7]
Ator | Papel |
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Graciano Dias | Carlos da Maia |
Maria Flor | Maria Eduarda |
João Perry | Afonso da Maia |
Pedro Inês | João da Ega |
Hugo Mestre Amaro | Dâmaso Salcede |
Maria João Pinho | Condessa de Gouvarinho |
Adriano Luz | Conde de Gouvarinho |
Filipe Vargas | Manuel Vilaça |
Dinarte Branco | Marquês de Souselas |
A história é narrada por Eça de Queirós, pela voz do barítono Jorge Vaz de Carvalho.[8]
Ator | Papel |
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Marcello Urgeghe | Craft |
Pedro Lacerda | Tomás de Alencar |
Rita Blanco | D. Maria da Cunha |
José Manuel Mendes | Sr. Guimarães |
André Gonçalves | Castro Gomes |
José Neto | Caetano da Maia |
Os Maias foi produzido por Alexandre Oliveira, da Ar de Filmes, com oBrasil como país coprodutor. A produção custou um milhão e meio de euros, dos quais 600 000 € vieram doInstituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), 170 000 € daCâmara Municipal de Lisboa, 120 000 € daAgência Nacional do Cinema (Ancine, o congénere brasileiro do ICA), e o restante do bancoMontepio Geral, bem como da compra pelaRTP dos direitos de exibição da minissérie.[10][11]
João Braz é o responsável pela montagem das três versões desta produção:
A rodagem do filme decorreu entre14 de outubro e22 de dezembro de 2013 e teve lugar emPonte de Lima,Celorico de Basto,Guimarães eLisboa.[4][10][12] A reconstituição dos exteriores da época do argument (o ano de1875) fez-se em estúdio, a partir de cenários de telas de grandes dimensões da autoria do artista plásticoJoão Queiroz, em particular para figurar a zona doChiado, em Lisboa. Para os interiores, foram utilizados palacetes de Lisboa, Ponte de Lima eCabeceiras de Basto.[13]
Os Maias | |
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EmPortugal: | Cenas da Vida Romântica |
Informações gerais | |
Formato | minissérie |
Género | Drama |
Criado por | João Botelho (baseado no romance deEça de Queiroz) |
Escrito por | João Botelho |
Dirigido por | João Botelho |
Elenco | Graciano Dias Maria Flor |
Narrado por | Jorge Vaz de Carvalhos |
País de origem | ![]() |
Idioma original | Português |
Temporadas | 1 |
Episódios | 4 |
Produção | |
Produtor | Alexandre Oliveira |
Duração | 46 min. (sem publicidade) |
Distribuição | RTP |
Formato | |
Formato de imagem | 1080i (HDTV) |
Formato de áudio | Estéreo |
Exibição original | |
Emissora | RTP1 RTP1 HD |
Transmissão | 28 de dezembro de2015 -29 de dezembro de2015 |
O filme conta também com uma versão mais longa para a televisão, no formato de minissérie com quatro episódios, que foi exibida naRTP1 nos dias 28 e 29 de Dezembro de 2015, a partir das 22h45m.[14]
Na página oficial da RTP pode ler-se a seguinte sinopse: «Os Maias, o filme que João Botelho realizou a partir da obra de Eça de Queiroz, chegam agora em versão alargada aos ecrãs da RTP1, uma minissérie de quatro episódios, com cenas inéditas e personagens mais desenvolvidas.»[15]
Episódios | Transmissão Original | Dia da Semana | Audiências | ||
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Estreia de Temp. | Final de Temp. | ||||
4 | 4,3% (share) 71 300 (espetadores) |
Abaixo, estão listados os episódios deOs Maias, exibidos entre 28 e 29 de dezembro de2015:
Título | Argumento | Realização | Transmissão Original | Rating |
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Episódio n.º 1[16] | João Botelho | João Botelho | 28 de dezembro de2015 | 1,5% |
No início dos anos 20 do século XIX, o velho Caetano da Maia expulsa de sua casa o filho Afonso, partidário da Revolução Francesa que varre a Europa. Pouco tempo depois, Afonso arrepende-se e com o perdão e o dinheiro do seu pai, casa com a pequena fidalga trigueira Dona Maria Runa e vai viver para Inglaterra. Juntos têm um filho, Pedro da Maia, onde vinte anos depois também se vai revoltar contra o seu pai, pelo seu casamento não consentido com Maria Monforte. Pedro e Maria fogem do país e passados alguns anos regressam a Portugal com a sua filha Maria, mais tarde nasce Carlos. Mas mesmo assim, Afonso recusa a reconciliação. A tragédia espreita. Pedro e o seu filho mais novo, Carlos, voltam para casa do pai Afonso, pois a sua mulher fugiu com o príncipe italiano Tancredo e levou a outra filha, Maria. Toda esta situação leva Pedro a cometer o suicídio. | ||||
Episódio n.º 2[17] | João Botelho | João Botelho | 28 de dezembro de2015 | 1,5% |
Entre Afonso da Maia e o seu neto Carlos, constrói-se o último laço forte da velha família Maia. A vida ociosa de Carlos, um médico aristocrata, invariavelmente acompanhado pelo seu amigo João da Ega, conduz a um comportamento sem muitas regras e muitas convicções. Até que se apaixona de verdade por uma mulher bela e cheia de mistérios. | ||||
Episódio n.º 3[18] | João Botelho | João Botelho | 29 de dezembro de2015 | 1,6% |
Esta obra literária escrita pelo genial Eça de Queiroz, grande, melodramático, divertido e melancólico, aponta um destino sem remédio, tanto para a família Maia como para Portugal. | ||||
Episódio n.º 4[19] | João Botelho | João Botelho | 29 de dezembro de2015 | 1,6% |
Mesmo sabendo que Maria Eduarda é a irmã, a paixão de Carlos não morre e vai ao limite. E depois termina abruptamente porque Afonso da Maia morre para expiar o pecado terrível do seu neto, neto que era a razão da sua existência. Carlos e Ega partem para uma longa viagem de ócio e de pequenos prazeres, mas dez anos depois, voltam a encontrar-se em Lisboa tão diferente e tão igual, a capital de um país a caminho da bancarrota. | ||||
Tal como no romancehomónimo deEça de Queirós, também o filme perpassa a sugestão de uma certa universalidade portuguesa através da abordagem aos temas da hipocrisia social, do culto das aparências e dacorrupção no interior da cena política. Críticos comentam como estes temas são tratados de modo a encontrar ressonâncias na sensibilidade do espetador de 2014.[13] De facto, o próprio realizador recusou a ideia de, comOs Maias, estar a produzir um filme de época: "O Portugal dos Maias é igual ao Portugal de hoje".[20] Filomena Antunes Sobral escreve que a transmutação cinematográfica proposta por João Botelho destaca a "atualidade" do romance.[21] A fieldade do argumento de Botelho não se verifica apenas a nível temático, uma vez que segue com detalhe as palavras de Queirós, sendo constituído por transcrições literais do livro.[22]
A adaptação cinematográfica tem sido comentada pelo seu caráter artificioso e operático-teatral. Em2011, noTeatro de São Carlos, Botelho encenou aóperaBanksters, deNuno Côrte-Real, com libreto deVasco Graça Moura[13] e a sua abordagem aOs Maias demonstra influência dessa experiência. Esta produção fílmica estilizada acolhe o artifício teatral, para criar o mundo dos personagens. O artificialismo não é somente assumido, mas realçado, com um propósito de emancipação artístico-autoral.[21]
Em Portugal, a produção, estreou comercialmente noTeatro Nacional São João a11 de setembro de2014.[23] No mesmo dia, estreou oCorte de realizador numa iniciativa exclusiva do Cinema Ideal (Lisboa). No Brasil, a estreia comercial do filme acorreu a12 de novembro de2015, em sete cidades:Recife,Salvador,Brasília,Belo Horizonte,São Paulo,Curitiba eRio de Janeiro.[24] A versãoMinissérie foi transmitida originalmente nos dias28 e29 de dezembro de2015, pelas 22:45, naRTP1.[25]
O dia25 de junho de 2015 marcaria o lançamento do DVD deOs Maias.[26] A versão integral do filme em DVD foi também distribuída pelaTVGuia a 15 de janeiro de 2016.[27]
Especificações | Conteúdos | Data de Lançamento |
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| Zona 2: |
Os Maias estreou no Brasil a propósito da edição de 2014 doFestival do Rio, a28 de setembro[5] e integrou a 37a Mostra Internacional de S. Paulo[28]. No mesmo ano, foi selecionado para ser exibido a23 de outubro noFestival Internacional de Cinema de Roma.
A longa-metragem foi exibida também a10 de maio de2016 no Bohemian National Hall (Nova Iorque), como parte do festival de cinema Panorama Europe[29], na edição de2018 doLisbon & Sintra Film Festival[9] e a12 de setembro de2019, no International Film Festival Cinematik (Eslováquia).
Os Maias, de João Botelho, foi o filme nacional mais visto de 2014, ultrapassando os 122 mil espectadores em sala.[15]
A sua transmissão na RTP1 encontrou uma audiência modesta, porque passou fora do horário nobre e sem promoção. Resultado desta politica do canal público para o cinema português o episódio de estreia deOs Maias foram o trigésimo primeiro programa mais visto do dia, com 1,5% de rating e 4,2% share.[30]
De maneira geral, a crítica aOs Maias: Cenas da Vida Romântica foi positiva, elogiada em particular por ser fiel à obra literária original. Acerca deste aspeto, Irene Fialho (Expresso) escreve que "o rigor sequencial manifesta-se pela primeira vez naanalepse, característica dos escritos doséculo XIX e essencial nos romances de Eça de Queirós, filmada a preto e branco para indicar um passado remoto, contrastando com as cenas do presente da história narrada, em cores vivas e brilhantes".[31]
A crítica especializada apontou algumas reservas quanto às interpretações dos protagonistas. Jorge Mourinha (Público) escreveu que a Graciano Dias e Maria Flor "falta na maior parte do tempo a febre apaixonada que propulsiona a sua história". Acrescenta que as suas performances empalidecem perante "Hugo Mestre Amaro comoDâmaso Salcede, perante a discrição deJoão Perry comoAfonso ou a presença física deMaria João Pinho naGouvarinho".[32] Muitos outros, tal como Leonardo Ralha (Correio da Manhã) destacaram a interpretação de Pedro Inês: "num filme com tantas interpretações magníficas é um milagre como Pedro Inês sobressai como João da Ega".[33]
Comparando oCorte teatral e oCorte de realizador, a segunda versão foi apontada como superior. João Lameira (À Pala de Walsh) comenta que na versão reduzida "Botelho parece mais apressado, até por pretender abarcar toda a pré-história da narrativa principal (apresentada a preto-e-branco), e a dinâmica de grupo (grupo de personagens, grupo de actores)".[34] Rui Alves de Sousa (Espalha Factos) defende que oCorte de realizador "desenvolve, com um maior interesse e inspiração, o rumo das personagens, os seus sentimentos e as suas posições na sociedade do seu tempo".[22]
Ano | Premiação | Categoria | Trabalho | Resultado | Ref. |
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2014 | Prémios Aquila | Cinema: Melhor atriz secundária | Rita Blanco | Venceu | |
2015 | Prémio Autores | Melhor ator | Pedro Inês | Indicado | [35] |
Melhor atriz | Maria João Pinho | Indicado | |||
Prémios Cinema Bloggers | Melhor filme português | Os Maias: Cenas da Vida Romântica, Alexandre Oliveira | Indicado | ||
Melhor realizador | João Botelho | Indicado | |||
Melhor ator | Pedro Inês | Venceu | |||
Melhor ator | Graciano Dias | Indicado | |||
Melhor atriz | Maria Flor | Indicado | |||
Melhor atriz | Ana Moreira | Indicado | |||
Melhor argumento | João Botelho | Indicado | |||
Prémios dos Críticos de Cinema Online Portugueses | Melhor filme português | Os Maias: Cenas da Vida Romântica, Alexandre Oliveira | Indicado | ||
Globos de ouro, SIC | Melhor filme | Os Maias: Cenas da Vida Romântica, Alexandre Oliveira | Venceu | [36] | |
Melhor ator | Graciano Dias | Indicado | |||
Melhor ator | Graciano Dias | Indicado | |||
Melhor atriz | Maria João Pinho | Indicado | |||
Prémios Sophia da Academia Portuguesa | Melhor filme | Os Maias: Cenas da Vida Romântica, Alexandre Oliveira | Indicado | [37] | |
Melhor realizador | João Botelho | Indicado | |||
Melhor ator | Graciano Dias | Indicado | |||
Melhor ator secundário | João Perry | Venceu | |||
Melhor ator secundário | Pedro Inês | Indicado | |||
Melhor atriz secundária | Maria João Pinho | Venceu | |||
Melhor cinematografia | João Ribeiro | Venceu | |||
Melhor direção artística | Silvia Grabowski | Venceu | |||
Melhor guarda-roupa | Silvia Grabowski | Venceu | |||
Melhor caracterização | Sano De Perpessac | Venceu | |||
Melhor caracterização / Efeitos especiais | Sano De Perpessac | Venceu | |||
Melhor edição | João Braz | Indicado | |||
Melhor som | Jorge Saldanha | Indicado | |||
Fundação Screen Actors GDA | Performance num papel secundário | Pedro Inês | Venceu |
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