A história da Cristandade na região daGrande Rússia tradicionalmente começa ainda no período apostólico, quandoSanto André teria chegado onde hoje éQuieve e profetizado a construção de uma grande cidade cristã. Onde ele teria erigido uma cruz seria hoje a Igreja de Santo André.[9][10]
Na mesma época,Cirilo eMetódio traduziram aBíblia para oeslavo eclesiástico, facilitando a conversão deeslavos. Já havia uma comunidade cristã na nobreza local em meados doséculo X, notavelmente com a conversão deSanta Olga. Olga, no entanto, não conseguiu converter seu filhoEsvetoslau I, deixando a tarefa de cristianização do povo local para o filho deste,Vladimir I, em episódio conhecido comoBatismo de Quieve. É eleito o primeiro metropolita, Miguel I, escolhido peloPatriarca Ecumênico de Constantinopla. Em 1299, com a perda da influência de Quieve, aarquidiocese mudou-se paraVladimir. Em 1325, mudou-se finalmente paraMoscovo.
A história da Igreja Ortodoxa sob aRússia Czarista é conturbada, como em 1569, quandoIvan, o Terrível ordenou o assassinato do Metropolita Filipe II. Em 1589, com o crescimento da importância da Igreja, o PatriarcaJeremias II de Constantinopla reconhece suaautocefalia[13] e proclama seu Metropolita como Patriarca. Em 1666, houve o primeiro grande sinal de intrusão do Estado na Igreja, comAleixo I provocando a deposição do Patriarca Nikon (conhecido pela elaboração das reformas que levaram ao cisma dosvelhos crentes). Em 1721,Pedro I aboliu o Patriarcado e transformou a Igreja em uma instituição estatal, o que só foi interrompido em 1917 com aRevolução de Outubro.
O ressurgimento do Patriarcado, no entanto, não duraria muito, sendo extinto pelogoverno comunista após a morte do PatriarcaTicônio, que apoiara abertamente oMovimento Branco, em 1925. Em 1943, no entanto, o Patriarcado foi reinstituído pelo governo deStalin no contexto daSegunda Guerra Mundial. Ainda houve perseguições sobKhrushchev, que chegou a fechar 12 mil igrejas. Menos de 7 mil permaneciam ativas à altura de 1982.[14] A censura e a perseguição a membros do clero permearam a relação entre oEstado soviético e a Igreja Ortodoxa durante toda sua existência até 1988, quando, no aniversário de mil anos do Batismo de Quieve, o Estado executou celebrações, reabriu igrejas e monastérios e passou a permitir propaganda religiosa na televisão.
Aleixo II ascendeu ao trono patriarcal em 1990 e presidiu ao regresso parcial do cristianismo ortodoxo à sociedade russa após 70 anos de repressão, transformando a Igreja Ortodoxa Russa em algo semelhante à sua forma pré-comunista; cerca de 15.000 igrejas tinham sido reabertas ou construídas no final do seu mandato, e o processo de recuperação e reconstrução continuou sob o seu sucessor, o PatriarcaCirilo I. Segundo números oficiais, em 2016 a Igreja Ortodoxa tinha 174 dioceses, 361 bispos, e 34 764 paróquias servidas por 39 800 clérigos. Havia 926 mosteiros e 30 escolas teológicas.[15][16]
A 5 de Dezembro de 2008, o dia da morte do Patriarca Alexy, escreveu oFinancial Times: "Embora a igreja tivesse sido uma força de reforma liberal sob a União Soviética, cedo se tornou um centro de força para os conservadores e nacionalistas na era pós-comunista. A morte de Aleixo II poderá resultar numa igreja ainda mais conservadora".[15]
A 27 de Janeiro de 2009, o Conselho Local das Igreja elegeu Cirilo I Patriarca de Moscovo e Toda a Rússia por 508 votos de um total de 700.[17]
Sob o Patriarca Cirilo, a Igreja Ortodoxa Russa continuou a manter laços estreitos com o Kremlin, gozando do patrocínio do presidente Putin, que procurou mobilizar a ortodoxia russa tanto dentro como fora da Rússia.[18] O Patriarca Cirilo apoiou a eleição de Putin em 2012, e referiu-se, em Fevereiro desse ano, ao mandato de Putin nos anos 2000 como "o milagre de Deus".[19][20] Contudo, fontes internas russas foram citadas no Outono de 2017 como dizendo que a relação de Putin com o Patriarca Cirilo tinha vindo a deteriorar-se desde 2014 devido ao facto de a administração presidencial ter sido enganada pelo Patriarcado de Moscovo quanto ao grau de apoio à revolta pró-russa na Ucrânia oriental.[21]
A 6 de Março de 2022 (feriado de Domingo do Perdão), durante a liturgia na Igreja de Cristo Salvador, o Patriarca Cirilo justificou o ataque da Rússia à Ucrânia, afirmando que era necessário tomar o partido de Donbass, onde disse que há um "genocídio" contínuo de oito anos por parte da Ucrânia e onde, na visão de Cirilo, a Ucrânia quer impor eventos deorgulho gay à população local. Apesar do feriado ser dedicado ao conceito de perdão, Cirilo afirma que haver perdão sem primeiro fazer "justiça", é capitulação e fraqueza.[22] Cirilo vê as paradas de orgulho gay como parte da razão por detrás da guerra russa contra a Ucrânia. Diz ele: "a guerra não é fisicamente, mas sim metafisicamente, importante".[23][24]
A Igreja Ortodoxa Russa é organizada numa estrutura hierárquica, formada por Igrejas autônomas e autogovernadas, exarcados, áreas metropolitanas, metrópoles, dioceses (eparquias), vicariatos, instituições sinodais, decanatos, paróquias, mosteiros, irmandades, irmandades, instituições educacionais teológicas, missões, representações emetóquios, denominadas unidades canônicas.[7] O nível mais baixo da organização, normalmente consiste de um único edifício (umaigreja) e seus fiéis, chefiados por umsacerdote que age comopadre superior (настоятель, transl.nastoyatel), constituindo uma paróquia (приход, transl.prihod). A Igreja tem cerca de 28 000 paróquias, a maioria naFederação Russa,Ucrânia eBielorrússia, e soma mais de 135 milhões de adeptos ao redor do mundo - o que faz dela a maior dasIgrejas Ortodoxas em número de fiéis, e a segunda, depois daIgreja Católica, dentre asigrejas cristãs.
Todas as paróquias dentro de determinada região geográfica pertencem a umaeparquia (епархия, transl.eparhiya — equivalente a umadiocese ocidental). As eparquias são governadas pelosbispos (епископ, transl.episkop, ou архиерей,arhierey) ou eparcas. Existem cerca de 130 Igrejas Ortodoxas Russas ao redor do mundo.
As eparquias menores são governadas por um único bispo, enquanto as maiores, bem como as igrejas autônomas, são governadas por umarcebispo metropolitano, e às vezes por um ou mais bispos que lhes são designados.[29]
O Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa é composto por um Presidente - o Patriarca (oulugar-tenente), nove membros permanentes e cinco temporários - bispos diocesanos.[32] Os seguintes hierarcas são membros permanentes do Santo Sínodo (por departamento ou posição):
Metropolita de Kiev e Toda a Ucrânia;
Metropolita de Minsque e Zaslavl, Exarca Patriarcal de Toda a Bielorrússia;
A estrutura da Igreja Ortodoxa Russa inclui asdioceses de subordinação direta naRússia, no exterior, naAmérica e naEuropa, a Igreja Ortodoxa Ucraniana autônoma com direitos de ampla autonomia, as Igrejas Ortodoxas autônomas chinesa e japonesa, as Igrejas Ortodoxas autogovernadas da Moldávia, Letônia, Estônia e Russa no Exterior, exarcados na Bielorrússia, Europa Ocidental, Sudeste Asiático e África, distritos metropolitanos do Cazaquistão e da Ásia Central, metrópoles, bem como paróquias patriarcais noCanadá,Noruega,EUA,Finlândia eSuécia.
Em 2011, começou uma reforma da estrutura diocesana da Igreja Ortodoxa Russa, que resultou noPatriarcado de Moscou, assim como algumas outras Igrejas Locais, construindo um sistema de organização diocesana em três níveis: Patriarcado, Metrópole e Diocese.[33]
“As mencionadas decisões do Santo Sínodo visam aproximar os bispos governantes da vida paroquial, do clero e do povo, para melhor ver e compreender os problemas da vida paroquial. O menor tamanho das dioceses deve permitir ao arcepastor utilizar mais profundamente as potencialidades paroquiais para o desenvolvimento da vida diocesana, incluindo a formação do clero, a organização de atividades missionárias, sociais e educativas, a melhoria da vida dos mosteiros, e o fortalecimento das relações com as autoridades locais e organizações públicas. O objetivo dessas transformações é o desenvolvimento e fortalecimento do trabalho pastoral para que a pregação do evangelho de Cristo chegue a um número cada vez maior de pessoas ... ”, - foi dito em uma reunião do Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa, realizada de 5 a 6 de outubro de 2011.[34]
↑«Протоиерей Анатолий Топала».Русская Православная Церковь в Южной Америке Iglesia Ortodoxa Rusa da Argentina e América do Sul (em russo). 20 de julho de 2016. Consultado em 3 de novembro de 2020
↑«Eparquia da Argentina e América do Sul».Русская Православная Церковь в Южной Америке Iglesia Ortodoxa Rusa da Argentina e América do Sul (em russo). Consultado em 17 de janeiro de 2020
↑«Архипастырь».Русская Православная Церковь в Южной Америке Iglesia Ortodoxa Rusa da Argentina e América do Sul (em russo). 14 de julho de 2016. Consultado em 15 de janeiro de 2020
↑«Приходы».Русская Православная Церковь в Южной Америке Iglesia Ortodoxa Rusa da Argentina e América do Sul (em russo). 14 de julho de 2016. Consultado em 15 de janeiro de 2020
↑«Mais uma Paróquia da nossa Diocese no Brasil».Русская Православная Церковь в Южной Америке Iglesia Ortodoxa Rusa da Argentina e América do Sul (em russo). 22 de junho de 2019. Consultado em 9 de agosto de 2020