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Oncocercose

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Oncocercose
Oncocercose
Ciclo daOnchocerca volvulus (em inglês).
EspecialidadeInfectologia
CausasOnchocerca volvulus disseminada pelamosca preta[1]
PrevençãoEvitar picadas (repelente de insetos, vestuário apropriado)[2]
MedicaçãoIvermectina,doxiciclina[3][4]
Classificação e recursos externos
CID-111F6A
CID-10B73
CID-9125.3
DiseasesDB9218
eMedicine224309,1204593
MeSHD009855
A Wikipédia não é um consultório médico. Leia o aviso médico 

Aoncocercose, também conhecida como"cegueira dos rios" ou"mal do garimpeiro", é uma doença causada por infecção peloverme parasitaOnchocerca volvulus. Sintomas incluem coceira, caroços sob a pele e cegueira.[1] Ela é a segunda causa mais comum de cegueira devido a uma infecção, depois datracoma.[5]

O verme parasita é transmitido pela picada damosca preta do tipoSimulium.[1] Geralmente, são necessárias muitas mordidas antes que da infecção ocorrer.[6] Estas moscas vivem perto de rios, daí o nome comum da doença.[5] Uma vez dentro de uma pessoa, os vermes criamlarvas que fazem o seu caminho para fora da pele, onde podem infectar a próxima mosca preta que pica a pessoa.[1] Existem diversas maneiras de se fazer o diagnóstico, incluindo: a colocação de umabiópsia de pele emsolução salina normal e assistir a larva para sair, olhar no olho para larvas de peixes, e olhando dentro dos caroços sob a pele para vermes adultos.[7]

Não existevacina contra a doença.[1] A prevenção é evitar ser mordido por moscas. Isto pode incluir o uso derepelente de insetos e vestuário apropriado.[2] Outros esforços incluem aqueles para diminuição da população de moscas pela pulverização deinseticidas. Os esforços para erradicar a doença através do tratamento de grupos inteiros de pessoas, duas vezes por ano, estão em andamento em diversas áreas do mundo. O tratamento dos infectados é com o medicamentoIvermectina a cada seis a doze meses.[1][3] Este tratamento mata as larvas, mas não os vermes adultos. O antibióticodoxiciclina enfraquece os vermes ao matar um associado bactéria chamadaWolbachia, e também é recomendado.[4] Os nódulos sob a pele também pode ser removido por cirurgia.[3]

Cerca de 15,5 milhões de pessoas são infectadas com cegueira do rio.[8] Cerca de 0,8 milhões tem alguma perda de visão a partir da infecção.[6][4] A maioria das infecções ocorrem naÁfrica Subsaariana, embora os casos também foram relatados noIêmen e áreas isoladas daCentral eAmérica do Sul.[1] Em 1915, o médicoRodolfo Robles foi o primeiro a ligar o verme a doença ocular.[9] Está classificada pelaOrganização Mundial de Saúde comodoenças tropicais negligenciadas.[10]

Ciclo de Vida

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As formas adultas parasitam o ser humano, alojando-se em nódulos notecido conjuntivo, por baixo dapele ou notecido adiposo formando o oncocercoma. No local eles se reproduzem sexuadamente e durante até quinze anos gerando inúmeras larvas minúsculas ou microfilárias, quase invisíveis aolho nu. Estas disseminam-se aparecendo por todo o corpo: por baixo da pele, dentro dosolhos, nalinfa,urina,saliva e liquído céfalo-raquidiano. Algumas surgem nosangue. Algumas maturam-se dentro do corpo em novas localizações produzindo novos nódulos, mas a maioria acaba por morrer devido à ação dosistema imunológico. Contudo a sua produção continua significa que os parasitas existem de forma continua. Quando oborrachudo pica(contém coagulante,e vasodilatadores) os hospedeiros, causam microlesões na pele, devido a temperatura da pele faz com que haja o rompimento da probóscide(musculo do aparelho picador do inseto que contém as microfilárias) e as microfilárias entram em contato com o corpo devido as microlesões causadas pelo inseto. Aí elas maturam-se em formas infecciosas e são injetadas nacorrente sanguínea de outra pessoa picada pelo mosquito. As formas adultas então alojam-se nos tecidos do novo hospedeiro e produzem mais microfiliárias.

Epidemiologia

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Há 18 milhões de infectados no mundo e 99% localizam-se naÁfrica. Existe nospaíses tropicais daÁfrica, na península daArábia, e em menor dimensão naAmérica de clima tropical incluindo muito do territóriobrasileiro.

O principal vetor é a espécie de moscasSimulium damnosum, que se reproduzem principalmente emrios, pois as suaspupas agüentam as águas móveis. Por esse motivo a doença é também conhecida como cegueira dos rios. Só afeta o ser humano. Nas áreas endêmicas daÁfrica antes dos programas de contenção, a infecção repetida levava a que mais de 50% dos homens ficarem cegos antes dos 50 anos, e as crianças eram educadas a considerar esse resultado como o seu futuro normal de todo o mundo.

No Brasil, afetava apenas osYanomami nos estados doAmazonas eRoraima, na fronteira daVenezuela. Não houve diagnóstico de novos casos de cegueira entre 2000 e 2012.[11]

Progressão e Sintomas

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Após cerca de um ano da infecção, surgem os sintomas relativos à reação contra as formas adultas. O seu alojamento debaixo da pele leva à sua encaspulação reativa do organismo, gerando nódulos palpáveis, com cerca de alguns centímetros dediâmetro, mais facilmente detectados contra ossos superficiais, como a crista ilíaca (zona da bacia), escalpe oucostelas. Não há usualmente outros sintomas excepto o possível efeito inestético de alguns nódulos.

O inicio da produção das microfilárias leva ao surgimento de sintomas mais graves. A reação por vezes eficaz dosistema imunológico à sua disseminação pelosangue elinfa leva ao surgimento deprurido eexantemas (vermelhidão)cutâneas, com perda de elasticidade dapele e surgimento de pápulos, zonas despigmentadas eadenopatias (inchaço dos gânglios linfáticos), além de febre. Se as filárias migrarem para oolho (o que mais tarde ou mais cedo acontece), aí causam reações decicatrização(fibrose) e acumulação de complexos deanticorpos, que levam primeiro àconjuntivite comfotofobia (sensibilidade exagerada à luz) e eventualmente à perda de visão e finalmente cegueira absoluta, freqüentemente em ambos os olhos. Mas raramente pode ocorrerelefantíase (inchaço extremo) doescroto e membros inferiores se houver nódulos que obstruam os canais linfáticos provenientes dessa região.

Diagnóstico

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Os nódulos de parasitas adultos são identificados por técnicas de imagiologia (Tomografia computadorizada ouecografia) ou por análisemicroscópica de amostra debiópsia. As microfilárias são detectadas embiópsias dapele, assim como freqüentemente vistas diretamente pela observação do fundo doolho com umoftalmoscópio. Existe ainda uma técnica de detecção doDNA do parasita porPCR.

Tratamento

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O tratamento é feito comivermectina contra asmicrofilárias, porém é pouco eficaz contra o verme adulto. Utiliza-se remoção cirúrgica dos nódulos dos adultos. As microfilárias eram antigamente tratadas comAntiparasitários, que ainda são usados na prevenção em zonas endêmicas. Contudo a descoberta de que as microfilárias são dependentes debactériasrickettsias endossimbiontes existentes dentro dos seus corpos, levou ao desenvolvimento da terapia com oantibióticodoxiciclina, que é hoje preferível pelos seus menores efeitos secundários.[12]

Prevenção

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O uso de roupas que cobrem a maior parte dapele é aconselhado, assim como repelentes deinsetos e redes. Contudo a erradicação dos mosquitos com inseticidas é a única medida a longo prazo, e tem sido praticada em programas daOMS em locais endêmicos, assim como a administração em massa de fármacos antiparasíticos às populações, com bons resultados. Até há alguns anos, os governos tentavam aconselhar as pessoas a terem cuidado com osmosquitos do rio, mas essa campanha levou muitos a abandonar as terras férteis irrigadas e procurar outras menos produtivas onde muitas vezes passavam fome.[12]

Referências

  1. abcdefg«Onchocerciasis Fact sheet N°374».World Health Organization. Março de 2014. Consultado em 20 de março de 2014.Cópia arquivada em 16 de março de 2014 
  2. ab«Onchocerciasis (also known as River Blindness) Prevention & Control».Parasites. CDC. 21 de maio de 2013. Consultado em 20 de março de 2014.Cópia arquivada em 19 de abril de 2014 
  3. abcMurray, Patrick (2013).Medical microbiology 7th ed. Philadelphia: Elsevier Saunders. p. 792.ISBN 9780323086929.Cópia arquivada em 8 de setembro de 2017 
  4. abcBrunette, Gary W. (2011).CDC Health Information for International Travel 2012 : The Yellow Book. [S.l.]: Oxford University Press. p. 258.ISBN 9780199830367.Cópia arquivada em 8 de setembro de 2017 
  5. ab«Onchocerciasis (also known as River Blindness)».Parasites. CDC. 21 de maio de 2013. Consultado em 20 de março de 2014.Cópia arquivada em 26 de fevereiro de 2014 
  6. ab«Parasites – Onchocerciasis (also known as River Blindness) Epidemiology & Risk Factors».CDC. 21 de maio de 2013. Consultado em 20 de março de 2014.Cópia arquivada em 19 de abril de 2014 
  7. «Onchocerciasis (also known as River Blindness) Diagnosis».Parasites. CDC. 21 de maio de 2013. Consultado em 20 de março de 2014.Cópia arquivada em 19 de abril de 2014 
  8. GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence, Collaborators. (8 de outubro de 2016).«Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.».Lancet.388 (10053): 1545–1602.PMC 5055577Acessível livremente.PMID 27733282.doi:10.1016/S0140-6736(16)31678-6 
  9. Lok, James B.; Walker, Edward D.; Scoles, Glen A. (2004). «9. Filariasis». In: Eldridge, Bruce F.; Edman, John D.; Edman, J.Medical entomology Revised ed. Dordrecht: Kluwer Academic. p. 301.ISBN 9781402017940.Cópia arquivada em 8 de setembro de 2017 
  10. Reddy M, Gill SS, Kalkar SR, Wu W, Anderson PJ, Rochon PA (outubro de 2007).«Oral drug therapy for multiple neglected tropical diseases: a systematic review».JAMA.298 (16): 1911–24.PMID 17954542.doi:10.1001/jama.298.16.1911 
  11. http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/oncocercose
  12. ab«Site do INPA: artigo sobre a Oncocercose». Consultado em 13 de julho de 2005. Arquivado dooriginal em 8 de fevereiro de 2005 
Platyhelminthes
Trematoda
Trematódeos sanguíneos
Trematódeos hepáticos
Trematódeos pulmonares
Trematódeos intestinais
Cestoda
Cyclophyllidea
Pseudophyllidea
Nematoda
Secernentea
Spirurida
Camallanina
Spirurina
Filarioidea
(Filarioses)
Thelazioidea
Spiruroidea
Strongylida
Ascaridida
Rhabditida
Oxyurida
Adenophorea
Pálpebra,sistema lacrimal
eglobo ocular
Conjuntiva
Esclera ecórnea
Íris ecorpo ciliar
Cristalino
Coroide eretina
Nervo óptico evias ópticas
Músculos oculares,
movimento binocular,
acomodação erefração
Distúrbios visuais ecegueira
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Doençasinfecciosas
Outras
Ver tambémcongênitas
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