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Oiampis Guarampis Wajãpi Wayapi | ||||||
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População total | ||||||
1.906 | ||||||
Regiões com população significativa | ||||||
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Línguas | ||||||
Língua oiampi | ||||||
Religiões | ||||||
Xamanismo | ||||||
Etnia | ||||||
Tupi-guarani |
Osoiampis,[2] também chamados deguarampis,Wajãpi,Wayãpi ouWaiãpi, são umpovo indígena do norte daAmérica do Sul cuja língua pertence àfamília linguísticatupi-guarani.[3]
No Brasil, estão distribuídos em mais de 90 pequenas aldeias situadas naTerra Indígena Waiãpi,[4], no centro-oeste doestado doAmapá, na região delimitada pelos riosOiapoque,Jari eAraguari junto aos limites doPará com oSuriname e aGuiana Francesa, entre os municípios dePedra Branca do Amapari,Laranjal do Jari eMazagão. Uma outra família habita o Parque Indígena do Tumucumaque, no estado doPará. Outros oiampis vivem na Guiana Francesa[5], onde a inexistência de políticas publicas que busquem resguardar os direitos dos indígenas têm causado sérios problemas aos índios. Há, ainda, relatos da existência de um outro grupo, isolado, vivendo nas regiões montanhosas do alto Jari.
Os oiampis são os mesmosguaiapis, mencionados na região do baixorio Xingu - sua área de origem desde oséculo XVII.[6] Mantêm contato com não-índios desde meados doséculo XVIII.
Os Oiampis residentes no estado brasileiro doAmapá possuem aarte kusiwa,[7] registrada como forma de expressão epatrimônio Cultural do Brasil[8] - aprovado peloInstituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) -[9] ao lado de manifestações como omarabaixo (Amapá), ocarimbó (Pará),maracatu (Pernanbuco), otambor de crioula (Maranhão).[7]
Nos últimos 25 anos, os oiampis têm tido um crescimento populacional constante, sendo que, depois de1973, quando se deu o contato com a Funai, ataxa de natalidade aumentou significativamente. Na época do contato, havia, no Brasil, 151 indivíduos. Quinze anos depois, somavam 310 indivíduos. No início dosanos 1990, eram 498 indivíduos no Brasil (censo de 1994) e 412 naGuiana Francesa (censo de 1992), totalizando uma população de aproximadamente 910 pessoas. Em 2009, eram cerca de 956 pessoas, segundo aFunasa.[10] Hoje, segundo os próprios índios, são cerca de 1.300 pessoas.
Os oiampis destacam-se pela beleza de suas festas: a festa do milho (no inverno), a festa do mel, as danças dos peixes e, principalmente, as festas coletivas que são feitas para agradar o herói civilizador Ianejar, que, segundo suas crenças, ameaça destruir a humanidade.[11][12][13]
Aarte gráfica dos oiampis do Amapá[14][15] foi declarada obra-prima doPatrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pelaUnesco: os índios desenvolveram aarte kusiwa, "que sintetiza seu modo particular de conhecer e agir sobre o mundo". Eles a utilizam como adorno para o corpo e decoração de artefatos.[16][17][18]
Os oiampis desenvolveram uma linguagem única, que une a forma verbal àarte gráfica e à pintura e através da qual transmitem conhecimentos e significados culturais, estéticos e religiosos. Seus ornamentos, designados pelo termoKusiwa, são aplicados com tinturas vegetais em cuja composição estão presentes sementes deurucum, gordura de macaco, suco dejenipapo verde e resinas perfumadas.
A arteKusiwa compreende um repertório de códigos que têm como motivos mais frequentes os animais - pássaros, peixes, borboletas, cobras, jacarés, jabutis, etc. Segundo a tradição oral dos oiampis, a origem das cores e dos padrões gráficos remonta aos tempos primevos, quando surgiram os ancestrais da humanidade. Antes disso, não havia cores nem formas distintas entre oshabitantes do mundo: todos eram fisicamente iguais, sem diferenças nas suas linguagens. Mas tinham cantos e danças diferentes. Foi durante uma grande festa que coube aodemiurgo Janejar promover a separação entre homens e animais, destinando a cada um o seu espaço, organizando-se, assim, a vida em sociedade. Os futuros homens e animais exibiram seus cantos e suas danças. Uma parte desses primeiros seres, que dançavam à beira do primeiro rio, caíram na água e se transformaram em peixes. Desde então, passaram a servir de alimento para os humanos. No fundo das águas, entretanto, peixes e cobras aquáticas continuam vivendo e festejando. Somente osxamãs podem penetrar nesse domínio sem perigo.[19]
As expressões orais e gráficas dos oiampis foram registradas peloIPHAN comopatrimônio cultural imaterial do Brasil e incluídas pelaUNESCO na Lista Representativa doPatrimônio Imaterial da Humanidade.
Os oiampis só conseguiram demarcar suas terras legalmente em 1996, graças ao apoio de pesquisadores e instituições internacionais. Atualmente, distribuem-se por uma área de 607.017ha (cerca de 6.000km²), dentro do Estado do Amapá. Apesar da demarcação dasterras, os oiampis são constantemente acossados pormadeireiros egarimpeiros ilegais. Diante disso, decidiram descentralizar suas aldeias, como estratégia de defesa de suas fronteiras."Decidimos há muito tempo ocupar os limites da Terra Indígena Wajãpi porque assim podemos proteger nossa terra das invasões dos não índios. Fica fácil fazer a vigilância se moramos junto dos limites. E ali temos muita caça e lugares bons para abrir nossas roças. Nós já sabemos há muito tempo que a mudança de aldeias melhora nossa saúde, porque os lugares novos têm muita fartura e nossas famílias vão se alimentar bem."[20]
Mas, recentemente o governo brasileiro extinguiu a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca),[21] uma área de aproximadamente 46.450 km²[22] onde está incluída metade da reserva Oiampi. Isso deixou os índios furiosos. O decreto governamental acabou tendo seus efeitos suspensos, pelo menos até o final de 2017, mas o Governo ainda espera que a medida seja acatada, de modo que possa franquear àsmineradoras o acesso à floresta. Os oiampis não querem nem ouvir falar do assunto, mesmo com a promessa de que suas terras serão preservadas.[23]
A Reserva Nacional do Cobre foi criada em 1984, no final dogoverno militar, dentro de uma estratégianacionalista de proteger a área contra incursões de estrangeiros - sem que se pretendesse realmente de desenvolver amineração na região. Dentro da Renca existem atualmente cerca de dez reservas ambientais e terras indígenas, como a dos oiampis e a comunidade de São Francisco de Iraitapuru, que vive da extração decastanha. De fato, nenhuma mineradora teve acesso à área desde então, embora haja cerca de mil garimpeiros ilegais atuando ali, além de pistas de pouso clandestinas. Segundo oImazon, somente uma pequena parte (10%) da área da Renca, que não é constituída deunidades de conservação euso sustentável, poderia, eventualmente, ser explorada.[23]
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