O Homem Elefante[2][3](eminglês:The Elephant Man) é um filmebritano-estadunidense[3] de1980, do gênero drama histórico-biográfico, dirigido porDavid Lynch, com roteiro de Christopher De Vore, Eric Bergren e do próprio Lynch baseado nos livrosThe Elephant Man and Other Reminiscences, de Frederick Treves (médico que tratou de Merrick), eThe Elephant Man: A Study in Human Dignity, do antropólogoAshley Montagu, por sua vez inspirados na história real deJoseph Merrick (que no filme é chamado de John Merrick), cuja doença deformou 90% de seu corpo e que viveu no final doséculo XIX emLondres.
O filme foi estrelado porJohn Hurt,Anthony Hopkins,Anne Bancroft,John Gielgud,Wendy Hiller, Michael Elphick, Hannah Gordon e Freddie Jones. Foi produzido por Jonathan Sanger e Mel Brooks, sendo que o segundo foi intencionalmente deixado de fora dos créditos iniciais para se evitar que o público pensasse que o filme fosse uma comédia, uma vez que Brooks é mais conhecido por trabalhar nesse gênero.
Em Portugal, o filme estreou a 22 de maio de 1981 (sob distribuição da Sociedade Importadora de Filmes (SIF))[4]. No Brasil, o filme foi lançado a 28 de junho de 1981 (sob distribuição daCinema International Corporation (CIC))[5].
A sinopse deste artigo pode ser extensa demais ou muito detalhada. Por favorajude a melhorá-la removendo detalhes desnecessários e deixando-a mais concisa.(Dezembro de 2020)
Durante o final do século XIX em plenaera vitoriana, o Doutor Frederick Treves, cirurgião do Royal London Hospital, encontra John Merrick em umespetáculo de aberraçõescircense onde ele é apresentado como "O Homem-Elefante", sendo mantido pelo Sr. Bytes, um animador de circo alcoólico e sádico. Sua cabeça é mantida encapuzada e seu "dono", que o vê como deficiente intelectual, é pago por Treves para levá-lo ao hospital onde o médico trabalha para exibir Marrick em uma palestra no local. Treves apresenta Merrick aos seus colegas e destaca seu crânio monstruoso, que o força a dormir com a cabeça entre os joelhos, já que se ele se deitasse normalmente poderia morrerasfixiado. Em seu retorno para o beco de Bytes localizado noEast End em Londres, Merrick é violentamente espancado pelo seu ganancioso dono, forçando o sádico animador a contatar Treves novamente para socorrer medicamente a criatura. Treves, então, leva John Merrick de volta ao hospital.
John é cuidado pela Sra. Mothershead, a enfermeira-chefe do hospital e pelas suas ajudantes na enfermaria que, inicialmente, demonstram ter medo da aparência de Merrick. O diretor da clínica, Sr. Francis Carr-Gomm, é contra a internação de Merrick, já que o hospital não aceita "incuráveis". Para tentar provar que Merrick pode fazer progressos, Treves ensina-o a dizer algumas frases para uma posterior conversa com o diretor Carr-Gomm, mas durante esta o diretor percebe que Merrick não sabe dizer absolutamente nada e nota que Merrick apenas decorou algumas palavras ensinadas pelo Dr. Treves; Carr-Gomm presume que o pobre doente deve deixar o hospital, mas ao deixar o quarto Merrick começa a recitar oSalmo 23, continuando além da parte que Treves havia lhe ensinado previamente. Merrick então finalmente diz a Treves e a Carr-Gomm que, além de saber falar, também sabe ler e que já havia memorizado o Salmo 23 pois lia aBíblia todos os dias e diz que aquele é o seu versículo favorito. Carr-Gomm repensa suas considerações e permite que Merrick fique; Merrick passa seu tempo no hospital praticando bons modos com Treves e construindo uma réplica em maquete de uma catedral que ele vê de sua janela em seu quarto.
Merrick é convidado a tomar chá com Treves e sua mulher, ele fica tão impressionado com a gentileza do casal que mostra a foto de sua mãe a eles. Ele acredita que deve ter sido uma "decepção" para sua mãe, mas conclui que ela poderia se orgulhar de vê-lo com "amáveis amigos". Merrick começa a receber diversas visitas em seu quarto no hospital, incluindo a atriz Madge Kendal, que atua em uma peça sobreRomeu e Julieta deShakespeare. Merrick rapidamente se torna um objeto de curiosidade para a alta sociedade e a Sra. Mothershead manifesta preocupação de que ele ainda esteja sendo exibido como uma aberração. Treves começa a questionar a moralidade de suas ações. Enquanto isso, um vigia noturno do hospital chamado Jim começa a cobrar dinheiro para os moradores locais em troca de "visitas escondidas" para verem o "Homem-Elefante" à noite.
A questão da residência de Merrick é contestada em uma reunião do conselho do hospital, mas ele tem a garantia de internação permanente por ordem da própriaRainha Vitória do Reino Unido, que envia uma mensagem através de sua noraAlexandra que vai até a clínica notificar os dirigentes do local. No entanto, Merrick é logo sequestrado por Bytes durante uma das apresentações noturnas sorrateiras de Jim. Bytes deixa aInglaterra e leva Merrick consigo utilizando-o mais uma vez como um show de aberração. Uma testemunha relata Treves. Treves descobre as atividades maliciosas de Jim e o confronta numa briga no hospital questionando-o onde Merrick está, mas Jim diz não saber sobre o destino dele, Mothershead acaba demitindo o vigia.
Durante uma de suas apresentações forçadas em algum lugar naBélgica, John Merrick desmaia causando fúria em Bytes que lhe desfere diversos golpes, mesmo estando desacordado; posteriormente naquela noite Bytes embebeda-se e tranca John em uma gaiola para deixá-lo morrer, mas Merrick é solto por outras "criaturas" do show de horrores que se conscientizaram de sua deplorável situação. Merrick é levado por eles até um porto onde um navio irá partir para a Inglaterra e ele embarca para retornar ao seu país de origem. Chegando em Londres trajando seu capuz, John sofre ataques de crianças dentro da Estação de Liverpool-Street e derruba acidentalmente uma pequena menina causando revolta nos transeuntes; em meio à confusão seu capuz é retirado por um dos revoltosos, ele é perseguido pela multidão até ser encurralado dentro do banheiro masculino da estação. Acuado, Merrick grita: "Eu não sou um elefante! Eu não sou um animal! Eu sou um ser humano! Eu sou um homem!" antes de desmaiar; alguns policiais chegam e, ao reconhecerem Merrick, eles o levam de volta ao hospital onde é recebido por Treves.
Algum tempo depois John recupera parte de sua saúde, mas está cada vez mais sofrendo dedoença pulmonar obstrutiva crônica. Treves e Mothershead levam Merrick para ver um dos shows da Sra. Kendal no teatro com a atriz dedicando a performance da noite a Merrick, que é homenageado e ovacionado de pé pela plateia; de volta ao hospital, Merrick agradece Treves por tudo que ele fez e se despede dele. Sozinho em seu quarto, Merrick termina seu modelo de maquete da catedral que estava construindo; ele então se deita de costas na cama, imitando uma criança dormindo em uma foto na parede de seu quarto e falece durante o sono. O filme se encerra com Merrick tendo uma visão de sua mãe como se ela o estivesse consolando e recitando o poema "Nothing Will Die" ("Nada morrerá") do poetaAlfred Tennyson.
John Hurt comoJohn Merrick, um homem inteligente, amigável e de bom coração, mas que é temido pela maioria das pessoas da sociedade por causa de sua grave deformidade
Anthony Hopkins como Dr. Frederick "Freddie" Treves, o médico que tira John do show de horrores para ser cuidado no hospital
Anne Bancroft como Sra. Kendal, a renomada atriz de teatro que se encanta com a gentileza de John, transformando-se em uma grande amiga dele
John Gielgud como Sr. Francis Carr-Gomm, o diretor do Royal London Hospital
Wendy Hiller como Sra Mothershead, enfermeira-chefe do hospital
Freddie Jones como Sr. Bytes, o animador de circo responsável por apresentar John Merrick em seu show de horrores
Dexter Fletcher como o menino que ajuda o Sr. Bytes em suas apresentações
Michael Elphick como Jim, o vigia noturno do hospital que cobra dinheiro de pessoas para visitarem de forma escondida John Merrick durante seu expediente
Hannah Gordon como Ann Treves, esposa de Frederick Treves que recepciona John Merrick durante um chá da tarde em sua casa
Helen Ryan como a Princesa Alexandra da Dinamarca, responsável por comunicar a decisão da Rainha aos diretores do Royal London Hospital de que Merrick deve permanecer no local
John Standing como Dr. Fox, assistente cirúrgico de Treves
Lesley Dunlop como Nora, uma das enfermeiras assistentes de Mothershead e que tem medo da aparência de John
Morgan Sheppard como um dos homens que pede a Jim para ver "O Homem Elefante" no bar
Kenny Baker como o anão do show de horrores que solta John Merrick da gaiola e o leva para o porto onde Merrick regressa em um navio para a Inglaterra
Phoebe Nicholls como a mãe de John Merrick que aparece na pequena fotografia que ele carrega sempre consigo e no fim do filme recitando "Nothing Will Die"
Jonathan Sanger, produtor do filme, resolveu investir no roteiro dos escritores Christopher Devore e Eric Bergen depois de lê-lo. Sanger trabalhava como diretor-assistente deMel Brooks emHigh Anxiety. Sanger mostrou a Brooks o roteiro que, após ser lido por ele, foi financiado posteriormente através de sua nova produtora Brooksfilms. O assistente pessoal de Brooks, Stuart Cornfeld, sugeriu David Lynch para a direção a Jonathan Sanger.
Após se conhecerem, David Lynch e Jonathan Sanger compartilharam entre si os dois scripts em que eles estavam trabalhando (The Elephant Man de Sanger eRonnie Rocket de Lynch). Lynch disse a Sanger que ele adoraria dirigir o roteiro depois de lê-lo e Sanger concordou depois de conhecer melhor as ideias de David. No entanto, Brooks não tinha ouvido falar de David Lynch na época. Sanger e Cornfeld montaram uma exibição deEraserhead em uma sala de projeção na sede da20th Century Fox para Brooks assistir; após ver o filme Brooks aprovou-o e permitiu que Lynch dirigisseThe Elephant Man. O próprio Brooks pediu que seu nome não constasse nos créditos iniciais do filme para evitar que o público pensasse que o longa seria uma comédia.[carece de fontes?]
O orçamento total do filme foi de cinco milhões de dólares, sendo que quatro milhões foram bancados por Fred Silverman. A quantia restante veio da empresa inglesa EMI Films.[6] O longa foi filmado em preto e branco por decisão de Mel Brooks.
Para o seu segundo longa e primeiro filme de estúdio, embora financiado independentemente, David Lynch realizou também a direção musical. Lynch também tentou criar a maquiagem para o rosto de John Merrick, mas não teve o resultado esperado;[carece de fontes?] coube a Christopher Tucker realizar a função. A maquiagem da cabeça de Merrick foi projetada diretamente a partir de moldes do corpo do próprio John, que haviam sido mantidos guardados num setor privado do Royal London Hospital. A maquiagem levava de sete a oito horas para ser finalizada e colocada em John Hurt em cada gravação diária e duas horas para ser desfeita e retirada do ator de forma delicada. Por conta disso, John Hurt chegava no set às 5 da manhã e só gravava suas cenas apenas por volta do meio-dia até às 10 da noite. Certa vez, após suas primeiras atuações com a máscara que simulava a deformidade facial de John Merrick, Hurt chegou a reclamar com sua esposa dizendo: "Acho que eles finalmente conseguiram me fazer odiar o trabalho".
Por causa desse empecilho, Hurt teve que gravar em dias alternados.[carece de fontes?] Lynch originalmente queria queJack Nance interpretasse o personagem-título, "mas isso não estava no plano da equipe de produção", segundo o próprio Lynch; o papel foi para John Hurt depois que Brooks, Lynch e Sanger assistiram seu desempenho emThe Naked Civil Servant onde John atuou como Quentin Crisp.[7]
À seu próprio estilo, Lynch filmou o longa com sequências surrealistas centradas em torno da mãe de Merrick e sua morte. Lynch usou "Adagio for Strings", deSamuel Barber, para cenas no fim do filme (que mostram a morte de Merrick). O compositor datrilha sonora do filme, John Morris, argumentou contra o uso da música dizendo: "Esta canção será usada repetidas vezes no futuro... E toda vez que for usada em um filme, isso diminuirá o efeito da cena onde ela será tocada".[8]
O Homem Elefante foi recebido com aclamação da crítica. NoRotten Tomatoes, o filme tem uma classificação de 90%, com base em 42 avaliações e com uma pontuação média de 8,4/10. O consenso do site diz: "O segundo recurso relativamente direto de David Lynch encontra uma síntese admirável de compaixão e contenção no tratamento de seu tema e apresenta performances notáveis de John Hurt e Anthony Hopkins."[9]
Vincent Canby escreveu: "O Sr. Hurt é realmente notável. Não deve ter sido fácil atuar com uma máscara tão pesada... A produção física é linda, especialmente a fotografia em preto e branco de Freddie Francis".[10]
Um pequeno número de críticos foi menos receptivo ao filme.Roger Ebert deu-lhe 2 de 4 estrelas, escrevendo: "Fiquei me perguntando o que o filme estava realmente tentando dizer sobre a condição humana, como refletido por John Merrick [...]".[11] No livroThe Spectacle of Deformity: Freak Shows and Modern British Culture Nadja Durbach descreve o trabalho como "muito mais maçante e moralizante do que se esperaria do principal cineasta surrealista pós-moderno" e "vergonhosamente sentimental"; ela culpou essa indiferença pelo uso das memórias de Treves como material de origem para o enredo.
The Elephant Man desde então tem sido classificado como um dos melhores filmes da década de 1980 como numa eleição da revistaTime Out, onde ficou em 19º lugar,[12] e na revistaPaste, onde ficou em 56º.[13] A produção também recebeu cinco votos positivos na revistaSight & Sound em 2012.[14]
Alguns especialistas e críticos de cinema ficaram decepcionados com o fato do filme não ter sido premiado por sua maquiagem quando aAcademia anunciou suas indicações na época. Uma carta de protesto foi enviada ao Conselho de Governadores da Academia para pedir ao filme um prêmio honorário. A Academia recusou, mas em resposta às críticas, ela decidiu criar aos maquiadores sua própria categoria. Um ano depois, oOscar de melhor maquiagem e penteados foi introduzido na cerimônia comUm Lobisomem Americano em Londres sendo o primeiro premiado.[18]
Ganhou osPrêmios BAFTA demelhor filme,melhor ator (John Hurt) e melhor desenho de produção, além de ser indicado à outros prêmios na mesma cerimônia como melhor diretor, melhor roteiro, melhor cinematografia e melhor edição.
O filme também foi nomeado em 2005 peloAmerican Film Institute para entrar na listaAFI's 100 Years...100 Movie Quotes (que lista as 100 melhores citações em filmes americanos) com a frase "I am not an animal! I am a human being. I am a man." dita por John Merrick quando este é cercado pelos curiosos no banheiro masculino na estação de trem de Londres.[19]
Houve muitos lançamentos do filme emVHS,Betamax, CED, LaserDisc eDVD; a versão lançada em DVD possui bônus que incluem o trailer do filme, galeria de fotos, filmografias de David Lynch, Anthony Hopkins, John Hurt e Anne Bancroft, além de um pequeno documentário sobre a verdadeira história deJoseph Merrick chamadoThe Real Elephant Man (O Verdadeiro Homem Elefante), sendo lançada em 2006 pela Universal Home Entertainment eStudioCanal.[20][21]
A partitura musical deThe Elephant Man foi composta e conduzida por John Morris e foi tocada pela National Philharmonic Orchestra. Em 1980, a 20th Century Fox Records publicou a trilha sonora original deste filme nos formatos LP e cassete nos Estados Unidos. A capa do álbum apresenta o personagem John Merrick utilizando seu capuz assim como o cartaz teatral do filme.
Em 1994 a trilha sonora foi lançada emCD pela gravadora Milan Records, empresa especializada em álbuns detrilhas sonoras de filmes.[22]
Lista de faixas do lançamento em LP nos Estados Unidos
O ex-baixista da bandaThe Jam Bruce Foxton inspirou-se fortemente no filme e escreveu a cançãoFreak, com a capa do single fazendo referência ao filme.[23]
O atorBradley Cooper afirmou ter assistido o filme com seu pai quando era criança e que a produção teria lhe inspirado a ser ator. Cooper interpretou o personagem num show da Broadway em 2013.[24]
O apresentador de TV britânico Karl Pilkington costuma citarO Homem Elefante como seu filme favorito. O amor de Pilkington pelo filme trouxe muitos novos recursos para suas váriaspodcasts e seus programas de rádio.[25]