Esta páginacita fontes, mas quenão cobrem todo o conteúdo. Ajude ainserir referências (Encontre fontes:Google (N • L • A • I • WP refs) • ABW • CAPES). |
Nova Holanda Nederlands-Brazilië (Brasil Holandês) | |||||||||||||||||||||
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| |||||||||||||||||||||
| |||||||||||||||||||||
Nova Holanda no mapa da América | |||||||||||||||||||||
| Continente | América do Sul | ||||||||||||||||||||
| Região | Nordeste do Brasil | ||||||||||||||||||||
| Capital | Mauritsstad (Recife) | ||||||||||||||||||||
| Língua oficial | Neerlandês eLínguas indígenas | ||||||||||||||||||||
| Religião | Igreja Reformada Holandesa (Religião de Estado),Catolicismo,Religiões Indígenas,Judaísmo,Religiões de matriz africana | ||||||||||||||||||||
| Moeda | Florim neerlandês | ||||||||||||||||||||
| Forma de governo | Colônia | ||||||||||||||||||||
| Governador • 1637–1643João Maurício de Nassau • 1643–1654Companhia Holandesa das Índias Ocidentais | |||||||||||||||||||||
| História | |||||||||||||||||||||
| |||||||||||||||||||||
Nova Holanda (emneerlandês:Nieuw Holland), também conhecida comoBrasil Holandês,Nordeste Holandês ouPernambuco Holandês, foi uma colônia daCompanhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC) que ocupou grande parte daregião Nordeste do Brasil entre1630 e1654. O território ocupado correspondia principalmente ao leste daCapitania de Pernambuco.
Pernambuco foi conquistado pelaWIC, através de uma poderosa esquadra com 67 navios sob o comando deHendrick Lonck.[1][2][3]
O território da Nova Holanda abrangeu sete das dezenove capitanias do Brasil à época. As principais cidades eramMauritsstad (Recife — a capital),Frederikstad (João Pessoa) eNieuw Amsterdam (Natal). A colônia alcançou o seu apogeu durante o Governo deJoão Maurício de Nassau, um período de grande prosperidadecultural,econômica e deliberdade religiosa. Segundo o sociólogo e historiador pernambucanoGilberto Freyre, no seuSobrados e Mucambos, "com o domínio holandês e a presença, no Brasil, doConde Mauricio de Nassau [...] o Recife, simples povoado de pescadores, em volta de uma igrejinha, e com toda a sombra feudal e eclesiástica de Olinda para abafá-lo, se desenvolvera na melhor cidade da colônia e talvez do continente. Sobrados de quatro andares, palácios de Reis, pontes, canais, jardim botânico, jardim zoológico, observatório, igrejas dareligião calvinista,sinagogas, muitoseuropeus de origem judaica, também muitosprotestantes e outros europeus de procedências diversas,prostitutas, lojas e armazéns. Todas as condições para uma urbanização intensamente vertical".
O conflito iniciou-se entre o período no qualPortugal eEspanha estavam sob ogoverno de um único rei, implicando a incorporação dosdomínios lusitanos conquistados aos dos espanhóis.
À época, os neerlandeseslutavam pela sua emancipação do domínio espanhol. Apesar de algumas províncias terem proclamado sua independência em 1581, aRepública das Províncias Unidas, com sede emAmsterdã, apenas teve a sua independência reconhecida em 1648, após o acordo depaz de Münster, quando se efetivou a sua separação da Espanha.
Durante o conflito, uma das medidas adotadas porFilipe II de Espanha foi a proibição do comércio espanhol com os portos neerlandeses, o que afetava diretamente o comércio do açúcar do Brasil, uma vez que os neerlandeses eram tradicionais investidores naagro-manufatura açucareira e onde possuíam pesadas inversões de capital.
Diante dessa restrição, os neerlandeses voltaram-se para o comércio no oceano Índico, vindo a constituir a Companhia Neerlandesa das Índias Orientais (1602), que passava a ter o monopólio do comércio oriental, o que garantia a lucratividade da empresa.
O sucesso dessa experiência levou à fundação daCompanhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (1621), a quem os Estados Gerais (seu órgão político supremo) concederam o monopólio do comércio, por vinte e quatro anos, na América e na África. O maior objetivo da nova Companhia, entretanto, era retomar o comércio do açúcar produzido na Região Nordeste do Brasil.

Em 1621 osEstados Gerais daRepública das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos concederam àCompanhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC) o direito exclusivo do comércio com aÁfrica e asAntilhas (Caribe). A companhia foi fundada após a expiração do armistício de doze anos com a Espanha, durante aGuerra dos Oitenta Anos. Após a Espanha ter proibido o comércio entre aRepública Neerlandesa e as colônias portuguesas sob domínio espanhol, a WIC decidiu intervir no Brasil com o objectivo de adquirir uma colônia.
ApósPiet Heyn ter atacado com sucesso afrota da prata espanhola em 1628, a WIC possuía capital suficiente para tomar territórios das dominantes potências coloniais de Portugal e da Espanha. Em 1624 e em 1627, pequenos territórios brasileiros foram temporariamente ocupados pelos neerlandeses. Uma expedição militar sob comando deHendrick Lonck foi bem sucedida e conquistou acapitania de Pernambuco em 1630. No entanto, grande parte do Brasil permaneceu em mãos portuguesas.
No ano de 1636, Johan Maurits Van Nassau (João Maurício de Nassau-Siegen) foi nomeadoGovernador-Geral da colônia. Ele fundou Mauritsstad, "cidade maurícia" (Recife contemporânea), instituiu aliberdade de religião e de culto, estimulou a produção decana-de-açúcar e construiu casas, canais, diques e pontes. Atraídos pela liberdade de religião concedida, um grande número dejudeus deAmsterdã resolveram imigrar para a nova colônia. Lá, fundaram a primeirasinagoga das Américas,Kahal Zur Israel.
Quando, em 1640, quase toda a frota luso-espanhola perto deItamaracá é destruída pela República Neerlandesa, a guerra sobre o Brasil começa novamente.

Maranhão - Em 25 de novembro de 1641, as tropas holandesas enviadas por Nassau desembarcaram emSão Luís, na praia do Desterro. Cerca de dois mil soldados em 15 naus, comandados pelo coronelKoin Anderson e pelo experiente almiranteJan Corneliszoon Lichthardt, herói de guerra holandês, que já havia participado de outras batalhas na Bahia, Pernambuco e Paraíba, passaram em frente aoForte São Luís, sob violento fogo dos canhões adentrando na foz doRio Bacanga, desembarcaram rapidamente e tomaram a cidade, saqueando-a, sendo que o governadorBento Maciel Parente, conhecido por ser "perseguidor de índios", não pôde oferecer resistência entregando a cidadela ao navegadores holandeses. Os Holandeses tinham como objetivo a expansão daindústria açucareira com novas áreas de produção decana-de-açúcar. Depois, expandiram-se para o interior da Capitania. Os colonos, insatisfeitos com a presença holandesa, começaram movimentos para a expulsão dos holandeses doMaranhão em 1642. As guerrilhas só acabaram em 1644, após 3 anos intensos, despovoando e destruindo quase toda a vila de São Luís, quando os holandeses, já sem reforços de Holanda, se retiraram do Maranhão. Um dos primeiros nomes a fazerem parte da resistência foiAntônio Teixeira de Melo, que se destacou como um dos líderes do movimento de expulsão. Era o fim da colônia holandesa no Maranhão.
João Maurício acusado de dar prejuízo financeiro à WIC, não adotando o modelo de exploração e usando dinheiro para construções na colônia, retorna precocemente em 1643 àRepública Neerlandesa. Com a destituição de João Maurício pela direção da WIC muitos judeus optam em voltar para Amsterdã. Outros firmam-se como plantadores emSuriname eAntilhas Neerlandesas.
Por um decreto da coroa portuguesa em 1649, é fundada aCompanhia Geral do Comércio do Brasil para apoio daInsurreição Pernambucana em curso desde 1645 emPernambuco. Em virtude daPrimeira Guerra Anglo-Neerlandesa, a República Neerlandesa não pôde auxiliar os neerlandeses no Brasil e em 1654 acolônia é finalmente reconquistada pelosportugueses. A soberania portuguesa não foi reconhecida e em maio de 1654, após o tratado de paz com aInglaterra ter sido assinado, aRepública Neerlandesa exige a devolução da colônia. Com o exército espanhol invadindo o pais pelo Alentejo com o objetivo de reconquistar Portugal e sob a ameaça de uma poderosa frotaneerlandesa, que bloqueou a costa portuguesa por mar e cortou as comunicações de Lisboa com o seu império ultramarino,Portugal não cedeu à exigência daRepública Holandesa de devolver o Brasil, Angola e São Tomé e Príncipe, mas acabou por assinar oTratado da Haia (1661), em 6 de Agosto, no qual aceitava pagar uma indemnização de 4 milhões de cruzados (equivalentes a 12 milhões de Florins)[5] às Províncias Unidas (parcialmente em produtos como Sal de Setúbal e açúcar Sul-Americano), e devolver toda a artilharia conquistada e ainda aceitava a perda dos seus territórios no Ceilão (atualSri Lanka, riquíssimos em Canela), tomados pelos holandeses em 1657-58. Em contrapartida a Holanda reconhecia a soberania portuguesa no Nordeste brasileiro, costa angolana e arquipélago de São Tomé e Príncipe. Esta quantia foi paga anualmente por Portugal em parcelas ao longo de quatro décadas e sob ameaça de guerra, ainda que de forma muito irregular.
Como Portugal estava a sofrendo ainvasão espanhola do exército deJoão José de Áustria, filho bastardo do próprio ReiFilipe IV, que depois de tomarÉvora chegou perto de Lisboa (Alcácer do Sal em 1663), Portugal não pagou o acordado no tratado de 1661, pelo que os holandeses bloquearam novamente a costa portuguesa e atacaram as possessões ultramarinas lusitanas na Ásia, onde conquistaram as praças deCochim,Cananor,Cangranor (costa do Malabar, conhecida como costa da Pimenta) e bloquearamGoa, capital do Estado daÍndia portuguesa até Junho de 1664. Em 1669 foi assinado um novo tratado na Haia,[6] em que dos 4 milhões de cruzados devidos, 1,5 milhões ficariam por conta do reconhecimento português da soberania holandesa sobre estas praças da costa do Malabar, restando 2,5 milhões de indemnização a pagar à república batava pela perda dos territórios brasileiro e angolano. Foram ainda concedidos privilégios comerciais aos Holandeses sobre o comércio açucareiro no Brasil.

Por volta de1630, durante odomínio holandês emPernambuco, aIgreja Reformada Holandesa (em holandês: Nederlandse Hervormde Kerk ou NHK) instalou-se no Brasil. Foram fundadas 22 igrejas protestantes noNordeste, sendo que a maior era a doRecife e contava, inclusive, com uma congregação inglesa e uma francesa. Esta se reunia no templo gálico, que tinha no condeMaurício de Nassau seu membro mais ilustre. Segundo o professor Alderi Souza de Matos, "As igrejas foram servidas por mais de 50 pastores (“predicantes”), além de pregadores auxiliares (“proponentes”) e outros oficiais. Havia também muitos “consoladores dos enfermos” e professores de escolas paroquiais".[7] A Igreja Cristã Reformada batizouíndios, lutou por sua libertação e pretendia traduzir a Bíblia para otupi e ordenar pastoresindígenas. Esse período se encerrou com a guerra deRestauração portuguesa. Quando não houve mais condições de manter Recife, o Nordeste foi devolvido a Portugal e foi o fim da Igreja Reformada Holandesa no Nordeste.[8]
Sob proteção de Maurício de Nassau,judeusportugueses que tinham sido forçados a se converter aocristianismo e tinham se refugiado nosPaíses Baixos vieram para a colônia para que vivessem sem perseguições, por esses judeus foi criada aSinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas. A mesma liberdade religiosa era dada a outras religiões. Contudo, a liberdade de culto, foi um ato político temporário que posteriormente o próprio Nassau revogou.[9]
Os neerlandeses eram chamados de "topatinga" pelos brasileiros, termo de origemtupi antiga que significa "rosto pálido". E estimado que milhares de europeus, principalmente neerlandeses, imigraram a o nordeste, com aproximadamente 7.000 á 30.000 europeus.[10]
Nessa altura, o Nordeste Brasileiro era tão relevante para a economia portuguesa que Portugal cedeu as própriasIlhas Molucas aos neerlandeses para garantir que estes, em troca, não mais tentassem retomar o Nordeste Brasileiro na segunda metade doséculo XVII. Isto indica que a exportação do açúcar nordestino brasileiro dava mais lucros ao reino português que asespeciarias das Índias Orientais (Java, Molucas,Indonésia). Uma obra datada de 1618 denominadaDiálogo das Grandezas do Brasil dá muitos detalhes sobre o Nordeste Brasileiro que as descrições de décadas posteriores de neerlandeses tais comoElias Herckmans iriam reproduzir, o que evidencia que esta obra pode ter tido peso decisivo para que os neerlandeses fizessem sua incursão no Nordeste Brasileiro cientes de todos os dados.
