Osevangelhos canônicos deSão Mateus eSão Lucas descrevem Maria como uma virgem (em grego: παρθένος;parthenos).[8] Tradicionalmente, oscristãos acreditam que ela concebeu seu filho milagrosamente pela ação doEspírito Santo. Osmuçulmanos acreditam que ela concebeu pelo comando de Deus. Isso ocorreu quando ela estavanoiva deJosé e aguardava o rito do casamento, que tornaria a união formal.[9] Ela se casou com José e o acompanhou aBelém, onde Jesus nasceu.[10] De acordo com o costume judaico, o noivado teria ocorrido quando ela tinha cerca de 12 anos, o nascimento de Jesus aconteceu cerca de um ano depois.[11]
ONovo Testamento começa o seu relato da vida de Maria com a anunciação, quando o anjoGabriel apareceu a ela anunciando que Deus a escolheu para ser a mãe de Jesus. A tradição da Igreja e os apócrifos canônicos afirmam que os pais de Maria eram um casal de idosos,São Joaquim eSanta Ana. A Bíblia registra o papel de Maria em eventos importantes da vida de Jesus, desde o seunascimento até a suaascensão. Os apócrifos canônicos falam de sua morte e posteriorassunção ao céu.Os cristãos acreditam que Maria, como mãe de Jesus, é a Mãe de Deus Encarnado (Μήτηρ Θεοῦ) e aTeótoco ou aDeípara, literalmente aPortadora de Deus. Maria foi venerada desde oinício do cristianismo.[12][13] Ao longo dos séculos ela tem sido um dos assuntos favoritos da arte, da música e da literatura cristã.
O Novo Testamento relata sua humildade e obediência à mensagem de Deus e faz dela um exemplo para cristãos de todas as idades. Fora das informações fornecidas no Novo Testamento pelos Evangelhos sobre a dama da Galileia, a devoção cristã e a teologia construíram uma imagem de Maria, que cumpre a previsão atribuída a ela noMagnificat:«Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada.» (Lucas 1:48)
”
—"Mary." Web: 29Sep2010Encyclopædia Britannica Online.
O nome "Maria" vem dogregoΜαρίας. O nome do Novo Testamento foi baseado em seu nome original emaramaicoMaryām. Ambos,Μαρίας eΜαριάμ, aparecem no Novo Testamento.
Maria, a mãe de Jesus, é chamada pelo nome cerca de vinte vezes no Novo Testamento.
OEvangelho de João se refere a ela duas vezes e a descreve como mãe de Jesus, mas não a menciona pelo nome. Ela é vista pela primeira vez nasbodas de Caná da Galileia (João 2:1–12), um evento que só é mencionado neste evangelho e também é o único texto dos evangelhos canônicos em que Maria dirige a palavra a Jesus adulto. A segunda referência em João, também exclusivamente listada neste evangelho, descreve a mãe de Jesus junto à cruz de seu filho com o "discípulo amado" (João 19:25–26).
No livro dosAtos, Maria e osirmãos de Jesus são mencionados na companhia dos onze apóstolos que estavam reunidos no cenáculo, depois da ascensão (Atos 1:14).
No livro do Apocalipse (Apocalipse 12:1–6), João não identifica explicitamente a "mulher vestida de sol" como Maria de Nazaré. No entanto, alguns intérpretes fizeram essa conexão,[18] outros interpretam a "mulher vestida do sol" como a Igreja instituída por Deus.[19]
Alguns autores afirmam que Maria era filha de Eli, mas a genealogia fornecida porLucas alista o marido de Maria,São José, como "filho de Eli". A Cyclopædia de M'Clintock e Strong[21] diz:
“
É bem conhecido que os judeus, ao elaborarem suas tabelas genealógicas, levavam em conta apenas os varões, rejeitando o nome da filha quando o sangue do avô era transmitido ao neto por uma filha, e contando o marido desta filha em lugar do filho do avô materno. (Números 26:33).
”
Possivelmente por este motivoLucas diz que José era filho de Eli (Lucas 3:23).
De acordo com o costume judaico aos três anos, Maria teria sidoapresentada noTemplo de Jerusalém, é também da tradição que ali teria permanecido até os doze anos no serviço doSenhor, quando então teria morrido seu pai,São Joaquim.
Nos Evangelhos, Maria faz uso da palavra por sete vezes, três delas dirigidas ao Anjo da Anunciação (oMagnificat, em resposta a Isabel), duas dirigidas ao seu Filho e uma só e última vez dirigida aos homens (aos servos das bodas de Caná) que a Igreja Católica conserva com todo o valor de um testamento:
O anúncio da Encarnação:Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho a quem porás o nome de Jesus. (Lucas 1:30–33).
Por obra e graça do Espírito Santo:O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o que nascer será chamado Santo, Filho de Deus. (Lucas 1:35–37).
Simeão Lhe fala da espada que trespassará o coração: ...e uma espada trespassará a tua própria alma a fim de que se descubram os pensamentos de muitos corações. (Lucas 2:34).
Por Cristo na Cruz: Jesus, vendo a sua Mãe e, junto d'Ela, o discípulo que amava, disse à sua Mãe:"Mulher, eis aí o teu filho." Depois disse ao discípulo: "Eis aí a tua Mãe." E daquela hora em diante o discípulo a levou para sua casa. (João 19:26–27).
Diversas vezes, oAntigo Testamento aponta profecias messiânicas e fala sobre a Esposa do Senhor, tais passagens foram usadas porsão Máximo, o Confessor para fazer a primeira Biografia da Virgem Maria que se têm registros, intitulada de "A Vida da Virgem".
EmSalmos 45 (ou 44, Para algumas Bíblias católicas)
|1|Ao mestre de canto. Segundo a melodia: Os lírios. Hino dos filhos de Coré. Canto nupcial. |2|Transbordam palavras sublimes do meu coração. Ao rei dedico o meu canto. Minha língua é como o estilo de um ágil escriba. |3|Sois belo, o mais belo dos filhos dos homens. Expande-se a graça em vossos lábios, pelo que Deus vos cumulou de bênçãos eternas. |4|Cingi-vos com vossa espada, ó herói; ela é vosso ornamento e esplendor. |5|Erguei-vos vitorioso em defesa da verdade e da justiça. Que vossa mão se assinale por feitos gloriosos. |6|Aguçadas são as vossas flechas; a vós se submetem os povos; os inimigos do rei perdem o ânimo. |7|Vosso trono, ó Deus, é eterno, de equidade é vosso cetro real. |8|Amais a justiça e detestais o mal, pelo que o Senhor, vosso Deus, vos ungiu com óleo de alegria, preferindo-vos aos vossos iguais. |9|Exalam vossas vestes perfume de mirra, aloés e incenso; do palácio de marfim os sons das liras vos deleitam. |10|Filhas de reis formam vosso cortejo; posta-se à vossa direita a rainha, ornada de ouro de Ofir. |11|Ouve, filha, vê e presta atenção: esquece o teu povo e a casa de teu pai. |12|De tua beleza se encantará o rei; ele é teu senhor, rende-lhe homenagens. |13|Habitantes de Tiro virão com seus presentes, próceres do povo implorarão teu favor. |14| Toda formosa, entra a filha do rei, com vestes bordadas de ouro. |15| Em roupagens multicores apresenta-se ao rei, após ela vos são apresentadas as virgens, suas companheiras. |16|Levadas entre alegrias e júbilos, ingressam no palácio real. |17|Tomarão os vossos filhos o lugar de vossos pais, vós os estabelecereis príncipes sobre toda a terra. |18|Celebrarei vosso nome através das gerações. E os povos vos louvarão eternamente.
OProto-Evangelho de Tiago conta que, quando Maria, aos três anos, foi enviada ao templo pelos seus pais, uma comitiva de donzelas virgens, segurando candeias de duas a duas, acompanharam-a até seu destino. Lá recebeu-a o sacerdote, o qual, depois de tê-la beijado, abençoou-a e exclamou: — O Senhor engrandeceu teu nome diante de todas as gerações, pois que, no final dos tempos, manifestará em ti sua redenção aos filhos de Israel.[23] Assim, cumpriu-se a profecia de Salmos 44 (45), de que a noiva seria apresentada ao Rei por uma comitiva de outras virgens. Os primeiros versículos falam sobre o mais belo de todos os filhos dos homens, cheio de graças e bênçãos eternas, o herói defensor da verdade e da justiça, este é Jesus Cristo, o Messias e filho de Deus.[24] O versículo 10 aponta essa tal rainha Virgem como estando à direita do rei, o que tem uma simbologia de grande honraria. Já os versículos 14 e 15, como interpretasão Máximo, falam sobre como a filha desse rei, que mais cedo revelou-se como o próprio Deus (v. 7) apresentou-se a ele toda formosa, com vestes bordadas em ouro e roupagens multicores, mais cedo (v.12) é exposto que a beleza da Virgem encanta o Rei, seu Pai, o que nos aponta que a formosura e luxo de suas roupas representam as diversas cores de suas várias virtudes e o valor precioso, como que de ouro, de todas as suas qualidades, com as quais foi ornamentada ao longo de seu crescimento.[25]
A devoção cristã a Maria mostra claros sinais no início doséculo II e antecede o surgimento de um sistema específico litúrgico mariano noséculo V, após oPrimeiro Concílio de Éfeso em 431. O próprio conselho foi realizado em uma igreja que havia sido dedicada a Maria cerca de cem anos antes.[26][27][28] No Egito, a veneração a Maria tinha começado noséculo III e o termoTeótoco foi usado porOrígenes, o pai da Igreja deAlexandria.[29]
A mais antiga oração mariana que se conhece (osub tuum praesidium, ousob vossa proteção) é do início doséculo II e seu texto foi redescoberto em 1917 em um papiro no Egito.[30][31] Após oÉdito de Milão em 313, imagens artísticas de Maria começaram a aparecer em maior número em grandes igrejas estavam sendo dedicadas a ela, como por exemplo, aBasílica de Santa Maria Maior, em Roma.[32][33][34]
Durante a Idade Média muitas lendas surgiram sobre Maria, sobre seus pais e até mesmo avós.[35]
A popularidade da Virgem aumentou drasticamente a partir doséculo XII.[36] O motivo deste aumento de popularidade estava relacionado à designação do Vaticano de Maria comomedianeira das graças.[37][38]
Ao longo dos séculos, a devoção a Maria tem variado entre as tradições cristãs. Por exemplo, enquanto os protestantes dão pouca atenção aos hinos e orações marianas, os ortodoxos veneram a mãe de Jesus e a consideram "mais ilustre do que osQuerubins e mais gloriosa que osSerafins".[39]
O teólogo ortodoxoSergei Bulgakov escreveu: "O amor e a veneração a Virgem Maria é a alma da devoção ortodoxa. A fé em Cristo, que não inclui sua mãe, é uma outra fé".[40]
Embora os católicos honrem e venerem Maria, não a veem como divina e muito menos a adoram. Os católicos creem que Maria é subordinada a Cristo, mas ainda assim, ela está acima de todas as outras criaturas.[41] Da mesma forma, o teólogoSergei Bulgakov escreveu que, embora a Igreja Ortodoxa acredite em Maria como superiora a todos os seres criados e incessantemente ore por sua intercessão, ela não é considerada uma "substituta do único mediador", que é Cristo.[40] Também escreve "Que Maria seja honrada, mas a adoração deve ser dada ao Senhor".[42]
Os católicos utilizam o termohiperdulia para definir a veneração a Maria, ao invés delatria, que se aplica exclusivamente a Deus edulia, que se aplica aos outros santos e santas.[43] A definição da hierarquia de culto em três níveis,latria,hiperdulia edulia, remonta aoSegundo Concílio de Niceia, em 787.[44]
As devoções a representações artísticas de Maria variam entre as tradições cristãs. Existe uma longa tradição da arte mariana católica romana e nenhuma imagem permeia essa arte como aVirgem com o Menino Jesus.[45] Oícone da Virgem é, sem dúvida, o ícone mais venerado entre osortodoxos.[46] Tanto católicos romanos quanto ortodoxos veneram as imagens e ícones de Maria, dado que oSegundo Concílio de Niceia, em 787, permitiu essa veneração dos católicos com o entendimento de que aqueles que veneram a imagem estão venerando na realidade a pessoa que ela representa,[47] e oSínodo de Constantinopla em 842, reestabeleceu a veneração no oriente depois dacontrovérsia iconoclasta, que varreu oImpério Bizantino nos séculos VIII e IX.[48] Os ortodoxos, no entanto, apenas oram e veneram imagens bidimensionais e não estátuas tridimensionais.[49]
A posiçãoanglicana em relação a Maria é mais conciliadora do que os protestantes em geral e em um livro sobre a oração com os ícones de Maria escrito porRowan Williams,Arcebispo de Cantuária, ele diz:"Não se trata apenas de não podermos compreender Maria sem vê-la fazendo referência a Cristo; não podemos entender a Cristo sem dar atenção a Maria".[50]
Títulos para homenagear Maria ou para pedir a sua intercessão por determinadas causas são usados por algumas tradições cristãs (tais como aIgreja Ortodoxa e aIgreja Católica) e por outras não (por exemplo, oProtestantismo). Os títulos mais conhecidos sãoMaria, Mãe de Deus (Teótoco),Santíssima Virgem Maria,Nossa Senhora eRainha do Céu (Regina Caeli).[51][52]
Os três principais títulos de Maria usados pelos ortodoxos são Teótoco ouMãe de Deus (em grego Θεοτόκος),Eipárteno ouSempre Virgem (em grego ἀειπαρθὲνος), como confirmado noQuinto Concílio Ecumênico em 553, ePanágia outoda santa (em grego Παναγία).[39] Um grande número de títulos são dados a Maria pelos católicos, e estes títulos têm, por sua vez, dado origem a muitas representações artísticas, por exemplo o título deNossa Senhora das Dores, que resultou em obras-primas comoPietà deMichelangelo.[61]
As primeiras festas relacionadas a Maria cresceram fora do ciclo de festas que celebravam anatividade de Jesus. Segundo oEvangelho de Lucas (Lucas 2:22–40), quarenta dias após o nascimento de Jesus, juntamente com a apresentação de Jesus no templo, Maria foi purificada de acordo com os costumes judaicos, aFesta da Purificação começou a ser celebrada por volta doséculo V e se tornou aFesta deSimeão emBizâncio.[62]
Nos séculos VII e VIII, quatro festas marianas foram criadas naIgreja Oriental. NaIgreja Católica de Rito Latino uma festa dedicada a Maria, pouco antes do Natal, foi comemorada nas Igrejas deMilão eRavena, na Itália, noséculo VII. As quatro festas marianas da Purificação, Anunciação, Assunção e Natividade de Maria foram gradativamente e esporadicamente, introduzidas na Inglaterra noséculo XI.[62]
Com o tempo, o número e a natureza das festas (e dostítulos associados a Maria) e as práticas venerativas que as acompanham têm variado muito entre as diversas tradições cristãs. De um modo geral, são significativamente mais títulos, festas e práticas venerativas marianas entre os católicos do que quaisquer outras tradições.[61] Algumas festas fazem referência a eventos específicos, por exemplo, a festa de Nossa Senhora da Vitória foi baseada na vitória em 1571 dosEstados Papais naBatalha de Lepanto.[63]
A diferenças nas festas também podem se originar a partir de questões doutrinárias — aAssunção de Maria e aDormição de Maria são um exemplo, dado que não há um acordo entre todos os cristãos sobre as circunstâncias do fim da mãe de Jesus —.[52][66] Enquanto aIgreja Católica celebra a festa da Assunção em 15 de agosto, algunscatólicos orientais celebram a Dormição da Teótoco em 28 de agosto, se eles seguirem ocalendário juliano. AIgreja Ortodoxa também celebra a Dormição da Teótoco, uma de suas doze grandes festas. Os protestantes não celebram estas ou quaisquer outras festas marianas.[52]
A historiografia católica de Maria colhe uma tradição que venera as suassete dores como são sete momentos da sua vida em que passou por um sofrimento notável:
Existe um conjunto de manifestações denominadas de "aparições marianas" e que são fenómenos nos quais se acredita que a Virgem Maria aparece a uma ou várias pessoas (chamadas popularmente devidentes), na sua maioriacatólicos. No passado, aIgreja Católica reconheceu um conjunto de aparições de Nossa Senhora como sendo dignas defé — como asaparições de Fátima, internacionalmente conhecidas — e encontra-se actualmente a analisar inúmeros novos relatos de aparições que estão a decorrer pelo Mundo.[67]
Católicos Romanos, Ortodoxos, alguns Anglicanos e alguns Luteranos
NoCredo Niceno (constituído noPrimeiro Concílio de Niceia, em 325) a Igreja se referia a Jesus Cristo como o próprio Deus. Posteriormente, noPrimeiro Concílio de Éfeso, realizado na Igreja de Maria em 431, o dogmaMãe de Deus (Teótoco) foi proclamado. Esta doutrina é aceita por algumas das principais tradições cristãs. ANew Catholic Encyclopedia diz: "Maria é realmente a mãe de Deus, se se satisfizerem duas condições: que ela é realmente a mãe de Jesus e que Jesus é realmente Deus.".[73] O termo Mãe de Deus já havia sido usado na mais antiga oração a Maria que se conhece,sub tuum praesidium, que data de aproximadamente 250 a.C..[74] SegundoSão Tomás de Aquino: "A Santíssima Virgem, por ser Mãe de Deus, possui uma dignidade, de certo modo infinita, derivada do bem infinito que é Deus".[75]
Onascimento virginal de Jesus tem sido uma crença universalmente aceita entre os cristãos desde oséculo II,[76] ela está incluída nos doiscredoscristãos mais utilizados, oCredo niceno-constantinopolitano e oCredo dos Apóstolos. O Evangelho de Mateus descreve Maria como a virgem que cumpre a profecia deIsaías 7:14. Os autores dos Evangelhos de Mateus e Lucas consideram a concepção de Jesus não como resultado de relações sexuais com José ou qualquer outra pessoa (afirmam que Maria "não teve relações com homem algum" antes do nascimento de Jesus emMateus 1:18, 25 eLucas 1:34), mas sim como obra de Deus, pela açãoEspírito Santo.[77]
As doutrinas daAssunção ouDormição de Maria estão relacionadas com a morte e assunção corpórea da virgem aocéu. Enquanto a Igreja Católica Romana criou odogma da assunção (ou seja, que a Maria foi para o céu de corpo e alma, embora não se saiba ao certo que tenha acontecido a dormição) aIgreja Ortodoxa acredita na Dormição, embora nem todos os teólogos aceitem a Assunção, ainda que essa seja uma tradição antiquíssima.[78][79]
Os católicos romanos acreditam naImaculada Conceição de Maria, proclamada emEx Cathedra peloPapa Pio IX em 1854. Este dogma afirma que ela estava livre dopecado original desde o momento de sua concepção. A Igreja Católica Romana tem uma festa litúrgica com esse nome, que é comemorada em 8 de dezembro.[80] A Igreja Ortodoxa rejeita a Imaculada Conceição, principalmente porque a sua compreensão do pecado original difere das ideias da Igreja Católica Romana.[81]
Avirgindade perpétua de Maria afirma que Maria foi virgem antes, durante e após o nascimento do filho de Deus feito homem. O termoSempre Virgem (emgrego:ἀειπάρθενος) é aplicado neste caso, afirmando que Maria permaneceuvirgem durante toda a sua vida, fazendo com que a concepção enascimento de Jesus, seu filho único, sejam considerados atos milagrosos.[77][78][82]
As perspectivas cristãs marianas incluem uma grande variedade de opiniões. Enquanto alguns cristãos, como os católicos romanos e ortodoxos orientais, têm bem estabelecido tradições marianas, protestantes em geral dão pouca atenção para esse tema. A Igreja Católica Romana, a Igreja Ortodoxa Oriental, a Igreja Anglicana e a Igreja Luterana veneram a Virgem Maria, cada uma a seu modo.
A veneração pode assumir a forma de oração, pedindo a intercessão dela juntamente com o seu Filho, Jesus Cristo, e também de composições de poemas e canções, pinturas e esculturas, títulos em sua homenagem, revelando uma posição de destaque em relação aos demais santos e santas.[39][52][61]
Mais do que em qualquer outro grupo cristão, a Santíssima Virgem ocupa um lugar destacado entre os católicos, que além de possuírem doutrinas e ensinamentos teológicos relacionados a Maria, também celebram as festas em honra aos seus títulos, cantam hinos, rezam uma variedade de orações e peregrinam a templos marianos.[61] OCatecismo da Igreja Católica diz que "A devoção da Igreja à Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão".[86]
Os católicos romanos têm realizado atos de consagração a Maria em diferentes níveis, seja pessoal, social ou regional. Ensinamentos católicos afirmam que a consagração a Maria não diminui ou substitui o amor por Deus, muito pelo contrário, o reforça, portanto, todas as consagrações são de certa forma feitas a Deus.[87][88]
Papas emitiram uma série deencíclicas e cartas apostólicas marianas para incentivar a devoção e veneração a Virgem Maria, mas foi a partir do Ano Mariano (1987-1988) e aEncíclicaRedentoris Mater de João Paulo II que o movimento em torno de uma redescoberta da Maria começa a se operar[97], onde ele começou com a frase "A Mãe do Redentor tem um lugar bem preciso no plano da salvação",[98] enfatizando a participação de Maria no processo de salvação e redenção.[98][99][100][101]
Católicos colocam grande ênfase sobre o papel de Maria como protetora e intercessora, oCatecismo da Igreja Católica se refere a Maria como "Mãe de Deus cuja proteção é fiel em todos os perigos e necessidades".[102][103][104][105][106]
No século XX, oPapa João Paulo II e o cardealJoseph Ratzinger enfatizaram o foco mariano na Igreja. O cardeal Ratzinger, futuroPapa Bento XVI sugeriu um redirecionamento de toda a Igreja ao programa do Papa João Paulo II para assegurar uma abordagem autêntica à cristologia através de um retorno à "verdade sobre Maria",[108] escreveu:
“
É necessário voltar-se a Maria se quisermos retornar à verdade sobre Jesus Cristo, a verdade sobre a Igreja e a verdade sobre o homem.[108]
Protestantes em geral rejeitam a veneração e invocação dos santos.[68] Protestantes sustentam que Maria era a mãe de Jesus, porém, era uma mulher comum dedicada a Deus, portanto, não há nenhuma veneração, festas, peregrinações, artes, músicas ou algum tipo de espiritualidade dedicada a Maria nas comunidades protestantes de hoje. No âmbito destas opiniões, crenças e práticas católicas romanas, são por vezes rejeitadas. O teólogoKarl Barth, por exemplo, escreveu que "a heresia da Igreja Católica é a suaMariologia".[109]
Alguns dos primeiros protestantes veneravam e honravam Maria.Martinho Lutero escreveu que: "Maria é cheia de graça, proclamada para ser inteiramente sem pecado. A graça de Deus enche-la com tudo de bom e faz com que ela desprovida de todo o mal".[110] No entanto, a partir de 1532, Lutero deixou de celebrar afesta da Assunção de Maria e também interrompeu o seu apoio àImaculada Conceição.[111]
No texto doMagnificat (registrado emLucas 1:46–55), Maria proclama"Minha alma se alegra em Deus meu Salvador" e esta necessidade de um salvador pessoal é vista pelos protestantes como a expressão de que Maria nunca pensou em si mesma como "concebida sem pecado".
João Calvino disse:"Não se pode negar que Deus, na escolha e destinação de Maria para ser a Mãe do seu Filho, concedeu-lhe a maior honra".[112] No entanto, Calvino rejeitou firmemente a ideia de que alguém, além de Cristo, tenha poder de interceder pelo homem.[113]
Embora Calvino eUlrico Zuínglio honrem Maria como aMãe de Deus noséculo XVI, eles fizeram-no menos do que Martinho Lutero.[114] Assim, a ideia de respeitar e honrar Maria não foi rejeitada pelos primeiros protestantes, porém, chegaram a criticar os católicos romanos pelo modo como veneravam Maria. Após oConcílio de Trento noséculo XVI, a veneração mariana tornou-se associada aos católicos e o interesse protestante em Maria diminuiu. Durante a idade doIluminismo, o interesse em Maria dentro de igrejas protestantes quase desapareceu, embora anglicanos e luteranos continuassem a honrá-la de algum modo.[68]
Protestantes reconhecem que Maria é "bendita entre as mulheres" (Lucas 1:42), mas não concordam que Maria deve ser venerada. Ela é considerada um excelente exemplo de uma vida dedicada a Deus.[115]
No século XX, os protestantes reagiram em oposição aodogma católico daAssunção de Maria. O tom conservador doConcílio Vaticano II começou a reparar as diferenças ecumênicas e protestantes começaram a demonstrar interesse em temas marianos. Em 1997 e 1998, houve diálogos ecumênicos entre católicos e protestantes, mas até agora, a maioria dos protestantes dão pouca atenção a questões marianas, muitas vezes enxergam esse assunto como um desafio àautoridade das Escrituras.[68]
Alguns livros de orações luteranos e anglicanos contém a oração "Ave Maria" em sua versãopré-trentina que não possuía a frase:Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós agora e na hora de nossa morte, que foi adicionada pela Igreja Católica Romana em 1566.[116]
Apesar de ásperas polêmicas deMartinho Lutero contra os seus adversários católicos romanos sobre questões relativas à Maria e aos santos, teólogos parecem concordar que Lutero aderiu ao decretos marianos dosconcílios ecumênicos e dos dogmas da igreja. Ele apegou-se à crença de que Maria era virgem perpétua e Mãe de Deus (Teótoco).[117][118] Uma atenção especial é dada a afirmação de que Lutero, cerca de trezentos anos antes da dogmatização da Imaculada Conceição pelo Papa Pio IX em 1854, era um firme adepto dessa visão. Outros sustentam que Lutero, nos últimos anos, mudou sua posição em relação a Imaculada Conceição, que naquele tempo era indefinido na Igreja (entretanto, mantinha-se a ideia da impecabilidade de Maria ao longo de sua vida).[119][120] Para Lutero, nos primeiros anos de sua vida, aAssunção de Maria foi um fato compreendido, embora posteriormente ele tenha deixado de celebrar essa festa afirmado que a Bíblia não diz nada sobre isso.[121][122][123] "Ao longo de sua carreira como um padre, professor e reformador, Lutero pregou, ensinou e argumentou sobre a veneração a Maria com uma verbosidade que variava de piedade infantil a polêmicas sofisticadas. Suas opiniões estão intimamente ligadas à sua teologia cristocêntrica e suas consequências para a liturgia e a piedade".[124] Lutero, ao mesmo tempo em que reverenciava Maria, chegou a criticar os "papistas" por ofuscar a admiração da alta graça de Deus com serviços religiosos dados a outras criaturas. Ele considerou a prática católica romana de celebrar o dia dossantos e fazer pedidos de intercessão dirigindo-se a eles e a Maria comoidolatria.[125][126] Suas considerações finais sobre a devoção e veneração mariana são preservadas em um sermão em Wittenberg, um mês antes de sua morte:
Portanto, quando pregamos a fé de que não devemos adorar nada além de Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, como dizemos no Credo: "Creio em Deus Pai todo-poderoso e em Jesus Cristo", então estamos permanecendo no templo de Jerusalém. Mais uma vez, "Este é meu Filho amado, ouvi-lo". "Você vai encontrá-lo numa manjedoura". Ele somente faz isso. Mas a razão diz o oposto:"O que, nós? Devemos adorar somente a Cristo? Na verdade, não deveríamos também homenagear a santa mãe de Cristo? Ela é a mulher que esmagou a cabeça da serpente. Ouve-nos, Maria, porque o teu Filho a ti honra e ele não pode recusar-te nada. AquiBernardo foi longe demais em suaHomilies on the Gospel: Missus est Angelus.[127] Deus ordenou que devemos honrar os pais, por isso clamo a Maria. Ela vai interceder por mim com o Filho e o Filho com o Pai, que vai ouvir o Filho. Então você tem a imagem de Deus com raiva e Cristo como juiz; Maria mostra a Cristo seu seio e Cristo mostra suas chagas para o Pai irado (...) Maria é a mãe de Cristo, certamente Cristo irá ouvi-la; Cristo é um juiz severo, por isso clamo aSão Jorge ou aSão Cristóvão. Não, temos sido por ordem de Deus batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, assim como os judeus eram circuncidados.[128][129]
No entanto, certas igrejas luteranas, como aIgreja Católica Anglo-Luterana, continuam a venerar Maria e os santos da mesma forma que os católicos romanos fazem, sustentando todos os dogmas marianos como parte de sua fé.[130]
NaIgreja Metodista Unida, bem como em outras igrejasmetodistas, não há escritos oficiais ou ensinamentos sobre a Virgem Maria, exceto o que é mencionado na Bíblia e nos credos ecumênicos. Acreditam que Cristo foi concebido no ventre de Maria por meio do Espírito Santo e que ela deu à luz como uma virgem.John Wesley, clérigoanglicano fundador do movimento metodista, acreditava que a Virgem Maria foi uma virgem perpétua, ou seja, ela nunca teve relações sexuais.[131][132] A Igreja sustenta que Maria era virgem antes, durante e imediatamente após o nascimento de Cristo. Enquanto muitos metodistas rejeitam este conceito, outros acreditam.[133][134]
John Wesley, em uma carta a um amigo católico romano, declarou que:
"A Santíssima Virgem Maria, que, assim como depois, quando ela o trouxe, continuou uma pura e imaculada virgem."[132]
O artigo II dosArtigos de Religião da Igreja Metodista afirma que:
O Filho, que é a Palavra do Pai, o Deus verdadeiro e eterno, de uma substância com o Pai, tomou a natureza humana no ventre da Virgem Maria, de modo que duas naturezas inteiras e perfeitas, isto é, a divina e a humana, foram unidas em uma só pessoa, para nunca mais ser dividida, e do qual é Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que realmente sofreu, foi crucificado, morto e sepultado, para reconciliar seu Pai conosco, para ser um sacrifício, não só pela culpa original, mas também pelos pecados atuais dos homens.[135]
A partir daí, a Virgem Maria é considerada aTeótoco (ou Mãe de Deus) na Igreja Metodista.
O artigo II deA Confissão de Fé doLivro da Disciplina" afirma:
Nós acreditamos em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, em quem as naturezas divina e humana são perfeitamente e inseparavelmente unidas. Ele é o Verbo eterno feito carne, o Filho unigênito do Pai, nascido da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo. Como servo ele viveu, sofreu e morreu na cruz. Ele foi sepultado, ressuscitou dos mortos e subiu ao céu para estar com o Pai, de onde ele deve retornar. Ele é eterno Salvador e Mediador, que intercede por nós e por ele todas as pessoas serão julgadas.
A partir desta afirmação, metodistas rejeitam as ideias católicas de Maria comointercessora. As Igrejas Metodistas não concordam com aveneração dos santos, de Maria e de relíquias, acreditando que a reverência e louvor são unicamente para Deus. No entanto, estudando a vida de Maria e as biografias de santos, é considerado adequado a visão deles como exemplos de bons cristãos.[136] As Igrejas Metodistas rejeitam as doutrinas daImaculada Conceição e daAssunção de Maria, afirmando que Cristo foi a única pessoa a viver uma vida sem pecado e subiu de corpo e alma ao céu.[137]
Na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
Na primeira edição doLivro de Mórmon (1830), Maria foi referida como "a mãe de Deus, à maneira da carne",[138] frase que foi alterada porJoseph Smith Sr para "mãe do Filho de Deus" em todas as seguintes edições (1837–).[139]
[140] Há também, segundo a crença de alguns membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a comparação da Virgem Maria com aMãe Celestial, sendo ela, a Virgem Maria, o símbolo do feminino celestial[141] e há também a crença, promulgada por alguns líderes deA Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias, que a Virgem Maria tinha sido pré ordenada na Pré-mortalidade, por ser a maior dos espíritos femininos do Pai Celestial, a se tornar a mãe do filho de Deus[142]
Antitrinitários, como osunitaristas,cristadelfianos e astestemunhas de Jeová[143] consideram Maria como a mãe deJesus. Eles não consideram Jesus como Deus e não consideram Maria como a Mãe de Deus. Igrejas não trinitárias costumam crer nomortalismo, orações e práticas devocionais a Maria (a quem eles consideram estar em "sono profundo" aguardando a ressurreição) não fazem parte de suas doutrinas.[144]Emanuel Swedenborg diz que Deus não poderia abordar diretamente os maus espíritos para resgatar os bons espíritos sem destruí-los (Êxodo 33:20, João 1:18), assim, Deus engravidou Maria dando a Jesus Cristo o acesso para o mal da hereditariedade da raça humana, a qual ele poderia se aproximar, redimir e salvar.[145]
Maria, a mãe de Jesus, é mencionada como Maryam noAlcorão, onde aparece mais do que em todo oNovo Testamento.[146][147] Ela desfruta de uma posição singularmente distinta e honrada entre as mulheres no Alcorão. UmaSura (capítulo) do Alcorão é intitulada "Maryam" (Maria), a única Sura do Alcorão com o nome de uma mulher, em que a história de Maria (Maryam) e Jesus (Isa) é contada segundo a visão islâmica.[148]
Ela é mencionada noAlcorão com o título de Nossa Senhora (syyidatuna), filha de Imran e Hannah.[149]
Ela é a única mulher nomeada diretamente no Alcorão, declarada (junto com Jesus) ser um sinal de Deus para a humanidade (Al-Muminun,23:50); aquela queguardava a sua castidade; aobediente (At-Tahrim,66:12); escolhida por sua mãe e dedicada a Deus, enquanto ainda estava no ventre (Al-i-Imran,3:36); exclusivamente (entre mulheres) aceita em serviço de Deus, entregue aos cuidados de um dos profetas do Islã, Zakariya (Zacarias) (Al-i-Imran,3:37); em sua infância residiu noTemplo de Salomão e tinha acesso exclusivo aoAlmirabe (entende-se como oSanto dos Santos) (Al-i-Imran,3:37).[149]
Maria também é chamada dea escolhida,a purificada (Al-i-Imran,3:42);a sinceríssima (Al-Ma'ida,5:75); seu filho foi concebido por meio daação de Deus (Al-i-Imran,3:45); eexaltada acima de todas as mulheres da humanidade (Al-i-Imran,3:42).
O Alcorão relata narrativas detalhadas de Maryam (Maria) em dois lugares,Sura 3 eSura 19. As crenças de que Maria foi concebida sem pecado e que ela permaneceu virgem após o parto são aceitas pelos muçulmanos.[150][151][152] O relato feito na Sura 19 do Alcorão é quase idêntica ao Evangelho de Lucas, ambos começam com a visita de um anjo a Zakariya (Zacarias) com aboa nova do nascimento de Yahya (João Batista), seguido pelaanunciação.[153]
Na tradição islâmica, Maria e Jesus eram as únicas crianças que não poderiam ser tocadas porSatanás no momento de seu nascimento, pois Deus impôs um véu entre eles e o anjo caído.[154] Segundo o autor Shabbir Akhtar, a perspectiva islâmica sobre aImaculada Conceição de Maria é compatível com a doutrina católica de mesmo nome.[155][156]
O Alcorão diz que Jesus foi o resultado de um nascimento virginal. O relato mais detalhado da anunciação e nascimento de Jesus é fornecido na Sura 3 e 19 do Alcorão, onde está escrito que Deus enviou um anjo para anunciar que ela em breve teria um filho, apesar de ser uma virgem.[157]
Desde o início do cristianismo, a crença navirgindade de Maria e naconcepção virginal de Jesus (como indicado nos evangelhos, fenômenos santos e sobrenaturais), foram usadas por detratores, políticos e religiosos, como tópicos de discussões, debates e escritos, especificamente destinados a desafiar a divindade de Jesus e, portanto, os cristãos e o cristianismo.[158] Noséculo II, o filósofo grego Celsus, oponente do Cristianismo primitivo, sugeriu que Jesus era o filho ilegítimo de um soldado romano chamado Panthera, essa foi uma das primeiras polêmicas anti-cristãs.[159] As opiniões deCelsus chamaram a atenção deOrígenes, padre da Igreja emAlexandria, Egito, que considerou o ponto de vista dele uma história inventada.[160] O quanto Celsus se baseou em fontes judaicas continua a ser um tema de discussão.[161]
A questão dos parentes de Jesus noTalmude também afeta a visão de sua mãe. No entanto, o Talmude não menciona Maria pelo nome e é atencioso ao invés de apenas polêmico.[162][163] A história sobre Panthera também é encontrada noToledot Yeshu, as origens literárias não podem ser rastreadas com toda a certeza, mas é improvável que seja anterior aoséculo IV, sendo tarde demais para incluir lembranças autênticas de Jesus.[164]The Blackwell Companion to Jesus afirma que o Toledot Yeshu não tem fatos históricos e talvez tenha sido criado como uma ferramenta para afastar as conversões ao cristianismo.[165] O nome Panthera pode ser uma distorção do termoparthenos (virgem), Raymond E. Brown considera a história uma explicação fantasiosa do nascimento de Jesus, que inclui pouquíssimas evidências.[166]
De acordo com o heresiologista doséculo IV,Epifânio, em sua obra intituladaPanarion, a Virgem Maria era adorada como umadeusa mãe na seita árabe conhecida comocoliridianismo, grupo composto principalmente por mulheres, tendo ainda muitas sacerdotisas que faziam oferendas de pães para a Virgem Maria, juntamente com outras práticas. O grupo foi condenado como herético pelaIgreja Católica Romana.
Até hoje estudiosos continuam a discutir a data donascimento de Jesus a partir de várias perspectivas, incluindo análise textual, registros históricos e testemunhas pós-apostólicas.[167] Bart D. Ehrman sugeriu que o método histórico nunca poderá comentar sobre a possibilidade de aspectos sobrenaturais.[168]
A declaração emMateus 1:25 de que"José não conheceu Maria até que ela deu à luz um filho" tem sido debatida entre os estudiosos, alguns sugerindo que Maria não permaneceu virgem durante toda a sua vida.[169] Outros afirmam que palavra gregahoes (ou seja, "até") denota um estado até certo ponto, mas não significa que o estado terminou depois desse ponto, e que Mateus 1:25 não confirma ou nega avirgindade de Maria após o nascimento de Jesus.[170][171][172]
Outros versos bíblicos também foram debatidos, como por exemplo, a referência emRomanos 1:3 de que Jesus vinha"da descendência de Davi segundo a carne", supondo-se que São José é o pai de Jesus.[173] No entanto, a maioria dos estudiosos rejeitam essa interpretação, dado que Paulo usou a palavra gregagenomenos (ou seja, tornar-se), a "descendência de Davi" provavelmente se refere a linhagem de Maria.[174][175][176]
A devoção e o culto à Virgem Maria têm sido expresso nas artes em especial naarte sacra e na arte religiosa desde os tempos dosPadres da Igreja até os tempos modernos, ressaltando-se sobre o tema os grandes mestres doRenascimento e doBarroco. NoBarroco mineiro, as obras doAleijadinho, tanto os afrescos como as esculturas, são também obras notáveis de representação da Virgem.
Muitos autores escreveram sobre Maria e suas virtudes e predicados, dentre elesDante Alighieri na sua obraA Divina Comédia:És tão grande, Senhora, e tão poderosa, que quem pretenda alcançar uma graça sem recorrer a ti, deseja o impossível de voar sem asas. (Paraíso XXXIII, 13-15).Miguel de Cervantes, em "El licenciado Vidriera";García Lorca, em "Romancero Gitano";Tagore, em "La luna nueva" e famoso ainda é o "Poema à Virgem" deJosé de Anchieta, dentre muitas outras obras literárias e poéticas.
É grande a quantidade de pinturas contendo cenas davida da Virgem Maria, são inúmeras as obras de pintores europeus, dobarroco e dorenascimento, que se encontram nos principais museus europeus.
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