Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, mais conhecido comoSenador Vergueiro (Vale da Porca, Macedo de Cavaleiros20 de dezembro de1778 —Rio de Janeiro,17 de setembro de1859), foi umfazendeiro decafé epolíticoluso-brasileiro. Foi pioneiro na implementação de mão-de-obra livre no país ao trazer os primeiros imigrantes europeus para trabalharem naFazenda Ibicaba, da qual foi proprietário.[1] O contrato era preparado pelo próprio Vergueiro, estabelecendo a posse da produção e outras providências, em sua maioria de caráter exploratório. Diante disso, os imigrantes da principal propriedade do senador Vergueiro, a Fazenda Ibicaba, se revoltaram, sob a orientação deThomas Davatz, um líder religioso suíço, que fez crescer naqueles trabalhadores a ambição de se tornarem pequenos ou médios proprietários, como imaginavam ser quando deixaram a Europa.

Nicolau Pereira de Campos Vergueiro nasceu dia 20 de dezembro de 1778, em Val da Porca, Portugal, filho de Luiz Bernardo Pereira Vergueiro e Clara Maria Borges Campos.[2] Formou-se bacharel em direito pelaUniversidade de Coimbra em 1801.[3] O jovem mudou-se para o Brasil, com 25 anos, e rapidamente ingressou nos âmbitos políticos e econômicos mais importantes da província de São Paulo. Em 2 de agosto de 1804, casou-se naCatedral da Sé com Maria Angelica de Vasconcellos, filha do Capitão José de Andrade e Vasconcellos.[4] Exerceu a função deadvogado nofórum deSão Paulo, cargo que ocupou até 1815.[5]
Paralelamente, em 1807, Vergueiro adquiriu, em parceria com o sogro, umasesmaria de duas léguas em quadra, emPiracicaba, onde fundou o Engenho do Limoeiro, cujo primeiro administrador foi seu irmão João Manuel Vergueiro. Sete anos depois, adquiriu nova sesmaria em sociedade com o sogro. Com dimensões de três léguas de testada e uma de fundo, Monjolinho se localizava nos Campos de Araraquara e foi destinada à criação de gado. Algum tempo depois, tornou-se o único proprietário das duas terras.[4]
Em 1813, foi nomeadovereador daCâmara Municipal de São Paulo. Foi juiz dassesmarias até 1816,[5] quando mudou-se para Piracicaba, adquiriu em sociedade com obrigadeiroLuís Antônio de Sousa terras na região de Rio Claro.[6] Em 1821, às vésperas daindependência do Brasil, tornou-se membro do governo provisório daprovíncia de São Paulo. Exerceu outros cargos nas províncias de São Paulo eMinas Gerais. Participante daconstituinte de 1823 como representante da província de São Paulo, como os irmãosAntônio Carlos Ribeiro de Andrada eJosé Bonifácio de Andrada e Silva eMartim Francisco Ribeiro de Andrada, que foi preso após a dissolução da constituinte.[5]
Era senador e, com aabdicação de dom Pedro I, integrou aRegência Trina provisória (1831) representando o setor agro-exportador[7] durante a menoridade dedom Pedro II. Integrou o gabinete de 13 de setembro (1832), assumindo apasta do Império (até 23 de maio de 1833) e a da Fazenda (até 14 de dezembro de 1832). Ocupou a pasta da Justiça no gabinete de 22 de maio, organizado porManuel Alves Branco, segundovisconde de Caravelas, e, interinamente, a do Império[5] (verGabinete Alves Branco).
Foi senador durante dez legislaturas consecutivas. Como parlamentar, sempre defendeu posições liberais e antiescravistas. Nadécada de 1840 e nadécada de 1850, foi pioneiro na introdução de imigrantes europeus em suas fazendas decafé emLimeira e a Fazenda Angélica, que recebeu este nome em homenagem a esposa de Vergueiro.[6]
A partir de 1847, o Senador Vergueiro, estimulou a vinda de famílias europeias para trabalharem em sua fazenda de café em Limeira, São Paulo. Ele custeava a viagem dos imigrantes e, quando estes chegavam ao Brasil, estavam endividados. Foi adotado o sistema de parceria em que eles trabalhavam de graça nos cafezais, porém, as despesas se acumulavam e podiam ser pagas após as colheitas, na maioria das vezes, os imigrantes precisavam fazer empréstimos com juros exagerados, gerando um ciclo de dividas. Além disso, eles eram levados a comprar seus mantimentos nos armazéns da fazenda por preços elevados. Essas circunstâncias provocavam, em pouco tempo, um regime de semi-escravidão.[8][9]
Isso causouRevolta de Ibicaba ou Revolta dos Parceiros, em 1856, que teve repercussão internacional, ao ponto de o governo prussiano proibir a imigração para o Brasil.[10] Com o fracasso do sistema de parceria, os fazendeiros passaram a pagar um valor fixo por aquele trabalho, até mesmo uma remuneração mensal. Introduziu-se o trabalho assalariado no Brasil e a escravidão africana deteriorava cada vez mais, até ser abolida juridicamente em 1888.[8][9]
O livro intituladoMemórias de um colono no Brasil 1850, escrito pelo ex-colono suíço daFazenda IbicabaThomas Davatz, expôs as péssimas condições de trabalho dos imigrantes nas fazendas de café.[9] A partir de 1870, o governo brasileiro passou a bancar o transporte e a hospedagem inicial dos imigrantes. Nessa época, formaram-se as Sociedades Protetoras da Imigração com intuito de incentivar mais imigrantes europeus a virem para o país.[7]
O Senador Vergueiro faleceu em 18 de setembro de 1859, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi sepultado noCemitério São João Batista no Rio de Janeiro.[2]
Dentre os cargos por ele ocupados, constam:[5]
Em sua homenagem, várias ruas de cidades brasileiras foram nomeadas com seu nome, como a rua Senador Vergueiro, no bairro doFlamengo, na cidade doRio de Janeiro,[13] rua Senador Vergueiro em Limeira, arua Vergueiro e a rua Campos Vergueiro, as duas na cidade deSão Paulo.[14] Existe ainda a rua Senador Campos Vergueiro, situada no bairro Planalto, emBelo Horizonte. Há também uma Avenida Senador Vergueiro em São Bernardo do Campo, e outras ruas com o mesmo nome em São Caetano do Sul e em Santo André, estes três municípios localizados na região do ABC Paulista, no estado de São Paulo. Existe também uma rua em homenagem a ele no conjunto habitacional Cidade Satélite, no bairro Pitimbu, zona sul da cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte.
De acordo com um sítio ligado ao Instituto Brasileiro de Genealogia, a árvore genealógica do imigrante português Nicolau Pereira de Campos Vergueiro é uma das mais extensas do Brasil, abrangendo mais de 950 famílias, que geraram ao menos 2 671 casamentos.[11]
Seu filho,Nicolau José de Campos Vergueiro, recebeu, do imperador dom Pedro II, o título debarão, em 1879, e o devisconde de Vergueiro em 1881.[15]
Seu neto, de mesmo nome, Nicolau Pereira Campos Vergueiro, filho de Luiz Pereira de Campos Vergueiro, não seguiu carreira política. Aos dez anos, mudou-se com dois irmãos para a Alemanha. Retornou ao Brasil com 26 anos, graduado em medicina pela Universidade de Berlim. Clinicou entre São Paulo e Rio de Janeiro, até ir para a Áustria em 1881. No ano seguinte, nasceu seu filho Luis Pereira de Campos Vergueiro, que adoeceu e fez a família voltar para o Brasil em busca de um clima apropriado à sua recuperação. Em Sorocaba, fundou uma clínica para convalescentes que foi a primeira do tipo no interior da Província de São Paulo. A importâncias das relações sociais dos Vergueiro pode ser notada pelos frequentadores dessa clínica. Famílias como: Silva Prado, Souza Queiroz, Paes de Barros, Almeida Prado, entre outras.[11]
| Luís Bernardo Pereira Vergueiro | Clara María Borges Campos | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
| Nicolau Pereira de Campos Vergueiro Senador Vergueiro | María Angélica Vasconcellos | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
| Carolina | Luís | Angélica Joaquina | José | Antônia Eufrosina | María do Carmo | Francisca | Anna | Nicolau José Visconde | Joaquim | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
| John Le Coq | Balbina da Silva Machado | Joaquim José Pereira de Faro barão de Rio Bonito | María Umbelina Gavão Peixoto | Francisco Antônio de Sousa Queirós barão de Souza Queiroz | Pedro Bonaury | Luís Roelfs | Augusto Perret | Águeda de Faro | Luiza Augusta de Souza | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Família do senador Vergueiro[16]
| Precedido por Antônio Cavalcanti de Albuquerque | Ministro dos Negócios do Império do Brasil e Administrador do Rio de Janeiro 1832 — 1833 | Sucedido por Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho |
| Precedido por Antônio Cavalcanti de Albuquerque | Ministro da Fazenda do Brasil 1832 | Sucedido por Cândido José de Araújo Viana |
| Precedido por Caetano Maria Lopes Gama | Ministro da Justiça do Brasil 1847 — 1848 | Sucedido por Saturnino de Sousa e Oliveira Coutinho |
| Precedido por Manuel Alves Branco | Ministro dos Negócios do Império do Brasil 1847 | Sucedido por Manuel Alves Branco |
| Precedido por Maria Leopoldina de Áustria | Regente do Brasil Juntamente a José de Campos e a Francisco de Lima e Silva 1831 | Sucedido por Francisco de Lima e Silva José da Costa Carvalho João Bráulio Muniz |