Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja
Nicéforo I.
Nicéforo I (emgrego medieval:Νικηφόρος Α΄;romaniz.:Nikēphoros I; m.26 de julho de811), ditoLogoteta (Λογοθέτης), foiimperador bizantino entre 802 e 811. Era originário deSelêucia Sidera e tinha, aparentemente, ascendênciaárabe.
Nicéforo era umpatrício e foi nomeado ministro das finanças (logóteta geral) pela imperatrizIrene. Com a ajuda dos patrícios eeunucos, Nicéforo conseguiu destronar e enviar Irene para o exílio, e fazer-se proclamar imperador a 31 de outubro de 802. Para perpetuar a sua dinastia no trono imperial de Bizâncio, Nicéforo associou ao seu trono o seu filhoEstaurácio em 803.
O seu governo foi ameaçado porVardanes, o Turco, um dos seus melhores generais, que se revoltou e foi apoiado por outros oficiais superiores, em especial pelos mais tarde imperadoresLeão V, o Armênio, eMiguel II, o Amoriano, em 803. Nicéforo conseguiu vencer os opositores e, tendo logrado dispersar o exército inimigo, obteve a submissão de Vardanes, que foi enviado para ummosteiro. Uma conspiração encabeçada pelo patrícioArsabero teve um final semelhante.
Nicéforo empreendeu uma reorganização geral do império, criando novostemas nosBálcãs (onde reiniciou are-helenização da região através do deslocamento para a península de populaçõesanatólicas) e fortalecendo as regiões fronteiriças. Carecendo de enormes quantias de dinheiro para os seus projectos militares, Nicéforo dedicou-se activamente a reestruturar as fontes de receita do império. Granjeou o desfavor dos seus súbditos (e em especial doclero, que tentou controlar mais firmemente) através da sua rigorosa e exigente política fiscal. Embora tivesse nomeado oiconóduloNicéforo I parapatriarca de Constantinopla, o imperador Nicéforo foi retratado nahistoriografia eclesiástica como um vilão porTeófanes, o Confessor.
Em 803, Nicéforo concluiu um tratado intitulado a "Paz de Nicéforo", comCarlos Magno, mas recusou-se a reconhecê-lo como imperador. As relações externas deterioraram-se e conduziram à guerra por causa deVeneza no período 806–810. Neste processo, Nicéforo esmagou uma revolta na cidade em 807, mas sofreu pesadas baixas infligidas pelosfrancos. O conflito foi sanado depois da morte de Nicéforo, e Veneza, aÍstria, a costa daDalmácia e o sul depenínsula Itálica foram atribuídos aoImpério Bizantino, enquanto queRoma,Ravena e aPentápole foram incluídas noImpério Carolíngio.
Tendo deixado de pagar o tributo que a imperatriz Irene se sujeitava a pagar aocalifa abássidaHarune Arraxide, Nicéforo despoletou uma guerra contra osárabes. Forçado a tomar o comando pessoal dos seus exércitos pela deslealdade de Vardanes, Nicéforo foi severamente derrotado naBatalha de Craso, naFrígia, em 805, e as subsequentes incursões árabes naÁsia Menor compeliram-no a pedir a paz oferecendo um tributo anual de 30 000 moedas de ouro. OCalifado Abássida viu-se envolvido em lutas de sucessão dinástica depois da morte de Harune Arraxide em 809, e Nicéforo pôde dedicar-se a lidar comCrum daBulgária, que incessantemente assaltava as fronteiras norte do Império e quetomara Sérdica) (Sófia).
Nicéforo invadiu a Bulgária em 811, derrotou Crum por duas vezes esaqueou a sua capital Plisca. No entanto, enquanto Nicéforo retornava da campanha, oexército bizantino caiu numa emboscada e foi destruído nosdesfiladeiros das montanhas a 26 de julho de 811. Nicéforo morreu nessa batalha, tendo sido o segundo imperador romano a sofrer essa sorte desdeValente, morto naBatalha de Adrianópolis em 9 de agosto de 378. O filho do imperador,Estaurácio, conseguiu reunir os sobreviventes do exército imperial e conduziu a retirada atéAdrianópolis, muito embora estivesse ele próprio gravemente ferido.
A derrota de Plisca foi um golpe duríssimo para o império e diz-se que Crum fez do crânio de Nicéforo uma taça, com a qual brindou à vitória obtida, antes de se preparar para pôr cerco à própria cidade de Constantinopla.
De uma esposa cuja identidade permanece desconhecida, Nicéforo I teve pelo menos dois filhos:
- Estaurácio, que lhe sucedeu como imperador;
- Procópia, que veio a casar-se com o imperador Miguel I.
- The Oxford Dictionary of Byzantium, Oxford University Press, 1991.