Nganasans | |||
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Mulheres Nganasans | |||
População total | |||
aprox. 1,000[1] | |||
Regiões com população significativa | |||
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Línguas | |||
Nganasan eRusso | |||
Religiões | |||
Animismo eXamanismo | |||
Grupos étnicos relacionados | |||
Nenets,Enets eDolgans |
OsNganasans são umgrupo indígena daPenínsula de Taimir, naSibéria central, pertencente aospovos samoiedos . Na Rússia são reconhecidos como sendo um dospovos indígenas do norte russo. Eles residem principalmente nos assentamentos deUst-Avam,Volachanka eNovaya noDistrito de Taymyrsky Dolgano-Nenetsky noKrai de Krasnoiarsk, com uma pequena população residindo nas cidades deDudinka eNorilsk[2].
Os Nganasans podem ser os descendentes dos povospaleossiberianos, que foram assimilados pelos migrantesSamoiedos do sul, e passaram a absolver vários vizinhostungúsicos. Seu modo de vida é, tradicionalmente, semi-nômade cuja principal subsistência é a caça de renas selvagens, ao contrários dosNenets, que criam renas.
No começo do século XVII, os Nganasans foram sujeitados ao sistemayasak daRússia Czarista. Mesmo assim, eles viveram relativamente independentes até meados de 1970, quando eles foram movidos para os atuais assentamentos, que estão localizados na fronteira ao sul de suas rotas históricas.
Não há um número exato de quanto Nganasans vivem na Rússia e, segundo oCenso russo de 2002 há 862 indivíduos. No entanto, os estudiosos que trabalham sobre a população Nganasans estimam que sua população é de aproximadamente 1,000 pessoas[1]. Historicamente, alíngua nganasan e umPidgin Taimir russo[3] são as únicas línguas faladas entre os Nganasan, mas com o aumento na educação e na criação de vilas, orusso se tornou a primeira língua de muitos Nganasans e aidioma dolgan é também falado por muitos Nganasans que vivem em vilas mistas, como aUst-Avam. A língua Nganasan é consideradaseriamente em risco de desaparecer e se estima que aproximadamente existam 500 Nganasan que falam o idioma, com uma proficiência muito limitada entre os indivíduos de até 18 anos[4].
Os Nganasans referem-se a si mesmo, na língua russa, comoSamoiedos, mas também utilizam esse termo para se referirem aosEnets, ao invés de referirem a si mesmo como "Povo Avam". Para os Nganasans, o termo Samoiedo significangano-nganasana, o que quer dizer "pessoa de verdade" nalíngua nganasan, e isso se refere ambas as tribos e aos seus vizinhos Madu Enets. No entanto, em sua própria língua, os Avam Nganasans referem-se a si mesmo comonya-tansa(tribo camarada), enquanto que os Vadeyev Nganasans do leste pferem se autodenominar comoa'sa (irmão), mas também deEvenkis ouDolgans. Os Nganasans foram conhecidos inicialmente, pelos russos, como Tavgi Samoyeds ou Tavgis, que deriva da palavratavgy dalíngua nenets. Após aRevolução Russa, os Nganasans adotaram o atual nome[5][6]
Os Nganasans são o grupo étnico mais ao norte daEurásia e daRússia, habitantes históricos datundra naPenínsula de Taimir. A região que eles habitavam ocupava uma área de mais de 100,000 km2, dorio Golchikha no oeste até oGolfo de Khatanga no leste, e doLago Taimir no norte aorio Dudypta ao sul[6]. As áreas de caças dos Nganasans também coincidem com as dosDolgans à leste e a dosEnets à oeste. No inverno, eles residem ao sul da península na fronteira dalinha das árvores do Ártico, e durante o verão eles seguem as manadas de renas por mais de 750 km para o norte, muitas vezes ultrapassando asMontanhas Byrranga[3] .
Os Nganasans são considerados, pela maioria dos etnógrafos que os estudaram, por terem surgido como um grupo durante a migração dospovos samoiedos vindos do sul para aPenínsula de Taimir. Nessa região eles se depararam com os povospaleossiberianos, o qual foram assimilados culturalmente pelos recém-chegados. Conforme as pesquisas realizadas pelo etnógrafo B. O. Dolgikh[6], um grupo dos Samoiedos se relacionou com os paleossiberianos que viviam entre os riosTaz eIenissei, formando um grupo que foi referido como Corvos Samoiedos. Outro grupo se relacionou com os paleossiberianos que habitavam oRio Pyasina e formaram um outro grupo chamado Águias-Samoiedos. Subseqüentemente, um grupo de povostungúsicos migrou para a região perto doLago Pyasino e oRio Avam, onde eles foram aculturados pelos Samoiedos, formando um novo grupo chamado de Tidiris. Havia um outro grupo de povos tungúsicos chamados Tavgs, que viviam ao longo da bacia dos riosKhatanga eAnabar, e que tiveram contato com os Samoiedos e incorporaram a sua língua e criaram o seu própriodialeto Tavg Samoiedo[6]. Através de documentos históricos, sabe-se que os ancestrais dos atuais Nganasans também habitaram territórios mais ao sul. Em um livro de registro de pagamentosYasak, localizado na cidade deMangazeya, lista pagamentos feitos emZibelina, um animal que não habita as tundras onde os atuais Nganasans vivem[5].
Em meados do séculos XVII, os povos tungúsicos começaram a pressionar alguns grupos samoiedos para o norte, além da tundra daPenínsula de Taimir, onde eles emergiram como uma única tribo chamada "Avam Nganasans". Como os Tavgs eram o maior grupo samoiedo no momento dessa fusão, seus dialeto formaram a base dalíngua nganasan atual. No final do século XIX, um grupo de tungúsicos chamados Vanyadyrs também migrou para o leste da península de Taimir, onde foram assimilados pelos Avam Nganasans, resultando na tribo que atualmente é chamada de Vadeyev Nganasans. Ainda no século XIX, um membro dosDolgans, umpovo turco que vivia à leste dos Nganasans, também foi incorporado pelos Nganasans e seus descendentes formaram um clãepónimo, que atualmente, embora seja linguisticamente Samoiedo, ainda são considerados como Dolgan na origem[6].
O primeiro contato com os russos foi no início do século XVII[5], e após uma certa resistência, começaram a pagar tributos aoCzar em forma de pele dezibelina dentro do sistemayasak em 1618[6]. Coletores de tributos se estabeleceram no "Alojamento de Inverno Avam", na confluência doRio Avam e doRio Dudypta, o qual é o atual assentamento deUst-Avam. Os Nganasans também tentaram evitar o pagamento doyasak mudando os nomes que eles davam aos russo[6]. As relações entre os russos e os Nganasans não eram sempre pacíficas. Em 1666, os Nganasans emboscaram e mataram coletores deyasak, soldados, comerciantes e seus intérpretes em três ocasiões diferentes, roubando as peles de zibelina e tomando posse do que lhes pertencia. Ao longo desse ano, 35 homens foram mortos pelos Nganasans[6].
Os Nganasans possuem pouco contato direto com os mercadores e, ao contrário da maioria dospovos indígenas da Sibéria, eles nunca foram batizados[5] ou contactados por missionários[3]. Alguns Nganasans comerciam diretamente com os russos, enquanto que outros fazem via osDolgans[3]. Eles usualmente trocam peles de zibelina por álcool, tabaco, chá e várias ferramentas, produtos que rapidamente integrados na cultura Nganasan[7]. Outra importação daRússia foram as doenças. Na década de 1830[8], e novamente em 1907 à 1908, os Nganasans sofreram com uma epidemia devaríola[6].
O seu primeiro contato com os soviéticos foi em torno de 1930, quando o governo instituiu um programa decoletivização. Os soviéticos haviam diagnosticado que 11% das famílias possuiam 60% da carne de veado, enquanto que os demais 66% possuiam apenas 17% da carne, e remediaram isso através da coletivização das propriedades que criavam renas - osKolkhoz - em torno do qual os Nganasan foram assentados[1]. Isso representou uma grande mudança no estilo de vida entre os Nganasans, que tinham como a caça de renas o seu sustento principal, foram forçados a expandir o seu pequeno criadouro de renas domesticadas que eram, anteriormente, utilizadas somente para transporte ou alimentação em períodos de escassez[9]. Afora isso, os soviéticos tiveram grande interesse nos Nganasans como um povo e em 1930 vários etnógrafos começaram a estudar os seus costumes.
Apesar da coletivização e da instituição dokolkhoz, os Nganasans conseguiram manter o seu estilo de vida semi-nômade seguindo as hordas de renas domesticadas até meados de 1970, quando o Estado os assentou junto aosDolgans eEnets em três diferentes vilas construídas: Ust-Avam, Volochanka e Novaya[1]. Okolkhoz Nganasan foi estruturado para criar as vilas e, posteriormente, assenta-los nos mesmo. Mas os Nganasans trocaram o emprego noskolkhozes para trabalhar paragospromkhoz Taymirsky, o empreendimento de caça do governo que supria de carne o florescente centro industrial deNorilsk. Em torno de 1978 todas as criações de renas foram encerradas e com a nova instalação soviética, o rendimento de renas selvagens chegou à 50,000 cabeças na década de 1980. A maioria dos homens Nganasans foram empregados como caçadores e as mulheres trabalhavam como professoras ou como costureiras, decorando botas feitas de couro de rena[1]. As crianças Nganasan começaram a educação no sistema de ensino russo, seguindo até ensino médio. Oplano econômico soviético beneficiou os Nganasan providenciando os assentamentos com adequados salários, maquinários, bem de consumo e educação, permitindo aos Nganasans obterem um relativo alto padrão de vida no final da década de 1980[10].
A religião tradicional dos Nganasans é oanimismo e oxamanismo, e isso se mantém relativamente livre de influências externas devido ao isolamento geográfico de sua população.