Agaláxia de Andrômeda(português brasileiro) ougaláxia de Andrómeda(português europeu) (Messier 31,NGC 224) é umagaláxia espiral localizada a cerca de 2,54 milhões deanos-luz de distância daTerra, na direção daconstelação de Andrômeda. É a galáxia espiral mais próxima daVia Láctea e seu nome é derivado da constelação onde está situada, que, por sua vez, tem o nome derivado da princesa mitológicaAndrômeda. É a maior galáxia doGrupo Local, que também contém a Via Láctea, agaláxia do Triângulo e aproximadamente 30 outras menores. O levantamento feito pelo Telescópio Espacial Spitzer em 2006 determinou que sua massa é de aproximadamente ~0,8-1,5 × 1012 massas solares enquanto a Via Láctea tem uma massa estimada em 8,5 × 1011 massas solares. Sua população estelar atinge aproximadamente 1 trilhão (escala longa, usada em Portugal: um bilião) de estrelas enquanto a Via Láctea conta com algo entre 200 a 400 bilhões (escala longa: 200 a 400 mil milhões) de estrelas.[nota 1]
Visível nocéu noturno sob razoáveis condições de observação, agaláxia era conhecida como a "Pequena Nuvem" para o astrônomo persaAbd-al-Rahman Al-Sufi, que a descreveu em seu livroLivro de Estrelas Fixas. Deve ter sido observada e conhecida pelos astrônomos persas emIsfahan, mesmo antes do ano de 905. Segundo Richard Hinckley Allen, em seu livroStar Names: Their Lore and Meaning, a galáxia de Andrômeda já havia sido registrada em umacarta estelar holandesa de 1500. O astrônomo francêsCharles Messier, que ocatalogou em 3 de agosto de 1764 como sua 31ª entrada (Messier 31), atribuiu erroneamente a descoberta da galáxia aSimon Marius, que foi o primeiro a visualizar o objeto por meio de umtelescópio em 1612.Giovanni Battista Hodierna, sem conhecer os trabalhos de Al Sufi e Marius, redescobriu independentemente a galáxia antes de 1654.Edmond Halley, no seuTratado sobre Nebulosas, em 1716, credita a descoberta da galáxia ao francêsIsmaël Bullialdus, que havia observado-a em 1661. Contudo, o próprio Bullialdus havia declarado que o objeto havia sido visto pelo menos 150 anos antes, por volta de 1500.[11]
Acreditava-se que a "Grande Nebulosa de Andrômeda" era uma dasnebulosas mais próximas daTerra. SegundoWilliam Herschel, descobridor deUrano, sua distância deveria não exceder 2 000 vezes a distância entre a Terra e a estrelaSirius (equivalente a 17 000anos-luz). Via o objeto como a "ilha universo" mais próxima da Terra, como a própriaVia Láctea. Segundo Herschel, a nebulosa seria um disco com um diâmetro cerca de 850 vezes a distância entre a Terra e Sirius e uma espessura equivalente a 150 vezes essa distância.[11]
O primeiro a notar a diferença entre nebulosas gasosas, com suaslinhas espectrais definidas, de outras "nebulosas", que exibemespectro contínuo, semelhante a das estrelas, que são conhecidas atualmente comogaláxias, foiWilliam Huggins, pioneiro daespectroscopia. Ele havia classificado Messier 31 na segunda classe de nebulosas. As primeirasfotografias que mostram a estrutura espiral da galáxia de Andrômeda foram tiradas porIsaac Roberts, em 1887.[11]
Vesto Slipher, doobservatório Lowell, concluiu que Andrômeda tinha a maior velocidade radial entre todas as nebulosas conhecidas, aproximando-se radialmente da terra a uma velocidade de 300 km/s (266 km/s, segundoRobert Burnham, Jr., ou 298 km/s, segundoR. Brent Tully). Este valor alto já apontava para a naturezaextragaláctica do objeto.[11]
Edwin Hubble encontrou a primeira variávelcefeida na galáxia de Andrômeda. Como existe a possibilidade de estimar com razoável precisão a distância de uma cefeida em relação à Terra, foi possível determinar pela primeira vez a distância de Andrômeda em relação aoSistema Solar. As primeiras análises estimaram essa distância em mais de um milhão deanos-luz, muito mais longe do que qualquer outro objeto conhecido até então. Hubble não sabia que havia dois tipos de cefeidas e que a estrela que ele analisou pertencia à segunda classe. Este erro não foi percebido até a construção do telescópio de 200 polegadas de abertura noObservatório Palomar. Com isso, sua distância foi recalculada, sendo mais que o dobro do que as primeiras estimativas. Hubble publicou seu estudo histórico sobre a "nebulosa de Andrômeda", apresentando-a como um sistema estelar extragaláctico (galáxia) em 1929.[11]
Existe uma notável interação entreMessier 32 e sua galáxia principal, Andrômeda. Agaláxia elíptica causa uma grande perturbação na estrutura espiral de Andrômeda. Os braços dehidrogênio não-ionizado estão deslocadas cerca de 4 000 anos-luz dos braços de estrelas e não pode ser seguida continuamente na área mais próxima ao seu braço vizinho menor. Simulações computadorizadas mostram que as perturbações podem ser modelados a partir de um encontro recente com a massa de estrelas de M32. Provavelmente, a galáxia satélite também tem sequelas desse encontro, perdendo muito de suas estrelas que estão agora espalhadas pelohalo galáctico de Andrômeda.[11]
O mais brilhanteaglomerado globular de Andrômeda, G1, também é o aglomerado globular mais brilhante de todo o Grupo Local, tendo umamagnitude aparente de 13,72, mais brilhante do que o aglomerado globular mais brilhante de nossa galáxia,Omega Centauri. Pode ser visto comtelescópios amadores com aberturas superiores a 10 polegadas. Existem outros aglomerados globulares de Andrômeda que podem ser vistos com grandes telescópios amadores, mas 435 aglomerados globulares podem ser vistos em Andrômeda com telescópios profissionais, segundo Pauline Barmby.[11]
Apesar de ser a galáxia exterior mais estudada, sua distância em relação à Terra ainda não foi bem definida. Embora seja consenso entre os astrônomos que sua distância seja de 15 a 16 vezes a distância entre a Terra e aGrande Nuvem de Magalhães, equivalente a 2,4 a 2,9 milhões de anos-luz, a própria distância da nuvem em relação à Terra também não é bem definida. Esta incerteza atinge não somente a distância até Andrômeda, mas também a distância até todas as outras galáxias conhecidas.[11]
Em umcéu noturno sob condições normais, o tamanho aparente da galáxia de Andrômeda aolho nu é cerca de 3 x 1 graus (mais precisamente 178 x 63minutos de grau). Em binóculos de duas polegadas de abertura, o tamanho aparente da galáxia é ainda maior, cerca de 5,2 x 1,1 graus, segundo Robert Jonckhere, correspondendo a um diâmetro real de 250 000 anos-luz, considerando sua distância de 2,9 milhões de anos-luz em relação à Terra, tendo, portanto, o dobro do tamanho da Via Láctea. Considerando sua parte visível, sua massa corresponde entre 300 a 400 bilhões demassas solares, sendo menos maciço que a Via Láctea. Conclui-se que a Via Láctea é uma galáxia mais densa que Andrômeda. Sua massa total contida nohalo galáctico de Andrômeda corresponde a 1,23 x 1012 massas solares, contra 1,9 x 1012 da Via Láctea.[11]
Andrômeda contém umnúcleo duplo, evidenciado peloTelescópio Espacial Hubble. Ainda se discute se o núcleo é realmente duplo, com a absorção violenta de uma galáxia menor por Andrômeda, ou se apenas foi aparentemente dividido em dois pelapoeira interestelar.[11]
Até o momento, apenas umasupernova foi registrada em Andrômeda, asupernova de 1885. Foi a primeira supernova registrada fora da Via Láctea, em 20 de agosto de 1885, descoberto porErnst Hartwig noobservatório de Tartu,Estônia. Seu brilho alcançou amagnitude aparente 6 entre 17 e 20 de agosto e foi notado por vários outros observadores astronômicos, sendo fracamente visível a olho nu. Seu brilho enfraqueceu para a magnitude aparente 16 em fevereiro de 1890.[11]
Estudiosos e cientistas conseguiram prever, através de uma série de cálculos, que a nossa Via Láctea e Andrômeda estão se aproximando e colidirão. Teoricamente, o encontro aconteceria em cerca de 4 bilhões de anos: nesta época, provavelmente, a vida na Terra nem exista mais da forma como a conhecemos. Andrômeda consumiu várias galáxias menores, provavelmente nos últimos bilhões de anos, com sobras encontradas em enormes correntes de estrelas.[12]
Os danos que tal colisão causaria são mínimos, e isso se deve ao fato dos espaços entre os astros serem muito grandes, reduzindo drasticamente a chance de colisões, o que também explica o fato de o sistema solar raramente entrar em contato com algum outro corpo celeste ao passar pelas nuvens mais densas da Via Láctea.
↑ O recente trabalho de Prajwal R. Kafle, Sanjib Sharma, Geraint F. Lewis, Aaron S. G. Robotham, Simon P. DriverThe Need for Speed: Escape velocity and dynamical mass measurements of the Andromeda galaxy indica que a massa de Andromeda possa ser um pouco menor que a da Via Láctea. Neste estudo chega-se aos seguintes valores: Via Lactea: ~1 × 1012 MSol e M31: ~0,8 ± 0,1 × 1012 MSol.
↑abKarachentsev, I. D.; Kashibadze, O. G (2006). «Masses of the local group and of the M81 group estimated from distortions in the local velocity field».Astrophysics.49 (1): 3–18.Bibcode:2006Ap.....49....3K.doi:10.1007/s10511-006-0002-6 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)