O museu é composto por dois prédios[5] e um vão livre[6] de mais de 70 metros concebido pelo engenheiroJosé Carlos de Figueiredo Ferraz,[7] com o intuito de que que funcionasse como uma praça para uso da população.[8] O edifício original (1968), ícone daarquitetura moderna, leva o nome de sua arquiteta,Lina Bo Bardi (1914–1992),[9] enquanto o mais recente, inaugurado em 2025,[10] homenageia o primeiro diretor do museu,Pietro Maria Bardi (1900–1999).[5] Os prédios serão conectados por uma ligação subterrânea.[11]
Inicialmente instalado na rua 7 de abril,[12] desde 7 de novembro de 1968 está localizado naAvenida Paulista. Ao longo de sua história, notabilizou-se por uma série de iniciativas importantes no campo damuseologia e daformação artística, bem como por sua forte atuação didática. Foi também um dos primeiros espaços museológicos docontinente a atuar com perfil decentro cultural, bem como o primeiromuseu do país a acolher astendências artísticas surgidas após aSegunda Guerra Mundial.[13]
A década de 1940 caracterizou-se noBrasil como um período de grande efervescência no plano econômico e político. Fatores de ordem internacional, como aSegunda Guerra Mundial e acrise de 1929, favoreceram um surto dedesenvolvimento industrial, em substituição aociclo do café, tendo como consequência direta a criação das condições necessárias ao crescimento urbano e à instalação de uma "estrutura cultural" no país. EmSão Paulo, particularmente, o período se notabilizou pela consolidação de um vigorosoparque industrial. O estado, a essa altura, já havia suplantado oRio de Janeiro como principal produtor debens de consumo do país. Acapital paulista prosseguia em sua trajetória de extraordinário crescimento populacional. Atraindo muitas indústrias e concentrando uma expressiva e poderosaelite, abandonava progressivamente o aspecto de cidade provinciana.[20]
No plano cultural, sem embargo,São Paulo ainda distava muito da entãocapital federal, onde o debate estético encontrava-se muito mais adiantado e o poder público já assimilava as manifestações modernas internacionais (sendo oedifício do Ministério da Educação e Cultura o exemplo maior de tal contexto). Sua referência mais notável continuava a ser aSemana de Arte Moderna de 1922. Se por um lado esse evento havia permitido alguma abertura aos artistas modernos nos salões oficiais, influenciado a criação de grupos e associações como aSociedade Pró-Arte Moderna e aFamília Artística Paulista e garantido alguma substância ao debate estético, por outro, seus propósitos não chegaram a atingir o grande público nem a definir um circuito artístico local. A cidade contava com umacasa de ópera de prestígio e com uma grande quantia de cineteatros, de programação bastante diversificada, mas havia um únicomuseu voltado àarte, aPinacoteca do Estado, dedicada quase exclusivamente àarte acadêmica. AEscola de Belas Artes seguia a mesma orientação e eram poucas asgalerias comerciais abertas àstendências modernas.[21]
O paraibanoAssis Chateaubriand, fundador e proprietário dosDiários Associados - à época o maior conglomerado deveículos de comunicação do Brasil – foi uma das figuras mais emblemáticas desse período. Comandava um verdadeiro império midiático, composto por 34jornais, 36emissoras de rádio, uma agência de notícias, uma editora (responsável pela publicação darevistaO Cruzeiro, a mais lida do país entre 1930 e 1960) e se preparava para ser o pioneiro datelevisão naAmérica Latina - e futuro proprietário de 18 estações. Dono de um espírito empreendedor, Chateaubriand manteve uma postura ativa no processo de modernização do Brasil e utilizava-se da influência de seu conglomerado para pressionar a elite do país a auxiliá-lo em suas iniciativas, quer fossem políticas, econômicas ou culturais. Em meados dos anos quarenta, criou a "campanha da aviação", que consistia em enérgicos pedidos de contribuições para a aquisição de aeronaves de treinamento a serem doados aos aeroclubes do país. Como fruto da iniciativa, cerca de mil aviões foram comprados e doados às escolas para formação de pilotos.
Ainda na década de 1920, entretanto, Chateaubriand já discutia comFrederico Barata eEliseu Visconti a criação de um museu de arte em São Paulo. Mais tarde recordaria que ele e Barata acalentavam “o pensamento de uma casa de pintura e escultura, para formar o interesse da nossa gente pelas artes plásticas”, chegando mesmo a reunir as primeiras obras no ateliê de Visconti.[22] Terminada a campanha da aviação, Chateaubriand retomaria essa antiga aspiração em uma nova e ousada empreitada: a aquisição de obras de arte para formar um museu de nível internacional no Brasil.[23]
Chateaubriand cogitou sediar o futuro museu noRio de Janeiro, mas optou por São Paulo por acreditar que nessa cidade teria mais sucesso em arrecadar os fundos necessários para formar a coleção. O mercado de arte internacional passava por um momento propício para quem dispunha de fundos para adquirir obras de relevo e o Brasil passava por um momento de grande prosperidade. Com o fim daSegunda Guerra Mundial e aEuropa em reconstrução, muitas coleções eram postas à venda. O aumento exponencial da oferta derrubou os preços das obras de arte em níveis inéditos.[24] Chateaubriand, entretanto, embora fosse um apreciador de obras de arte, era um leigo no assunto. Para movimentar-se nesse mercado, selecionando peças de alto valor e com garantias de autenticidade, precisaria do auxílio de um técnico especializado e experiente. Assim, convidouPietro Maria Bardi para ajudá-lo na empreitada.[25]
Pietro Maria Bardi, galerista, colecionador,jornalista ecrítico de arteitaliano, havia viajado ao Rio de Janeiro na companhia de sua esposa, aarquitetaLina Bo, para apresentar aExposição de Pintura Italiana Antiga no Ministério da Educação e Saúde, organizada peloStudio d'Arte Palma, dirigido por Bardi emRoma. Durante um almoço emCopacabana, no verão de 1946, Chateaubriand o convidou para auxiliar a criar e a dirigir um "Museu de Arte Antiga e Moderna" no país. Bardi objetou que não deveria haver distinção entre as artes, propondo denominar a instituição apenas como "Museu de Arte", e aceitou o convite. Planejando ficar à frente do projeto por apenas um ano, dedicar-se-ia a ele pelo resto de sua vida, tendo dirigido a instituição por quase meio século. Mudou-se definitivamente com Lina para o Brasil, trazendo consigo seu acervo artístico particular e uma vasta fototeca com imagens de obras consagradas.[26]
Nos três primeiros anos de atividade, o museu funcionaria em uma sala de milmetros quadrados, no segundo andar doEdifício Guilherme Guinle, na rua Sete de Abril,centro de São Paulo, projetado peloarquitetofrancêsJacques Pilon para ser a sede dos Diários Associados.[23] Lina Bo Bardi projetou os espaços no primeiro andar, eliminando paredes e elementos decorativos constantes do projeto original, a fim de que o espaço obedecesse a um ambiente estritamentefuncional. Além dapinacoteca, contava com uma sala de exposição didática sobre ahistória da arte, duas salas para exposições temporárias e umauditório com 100 lugares. Essa divisão refletia o interesse dos fundadores em conceber a nova instituição como centro difusor de conhecimento ecultura, opondo-se à ideia de museu como simples depósito de obras de arte.[27]
O museu foi inaugurado em 2 de outubro de 1947, com a presença do governador do estado,Ademar de Barros e do ministro da educação,Clemente Mariani, além de outras personalidades do mundo artístico e político. No dia seguinte, os primeiros visitantes chegaram para ver a incipiente coleção, ainda com poucas peças, destacando-se oBusto de atleta, dePablo Picasso e oAuto-retrato com barba nascente, deRembrandt. Duas exposições temporárias também puderam ser vistas: uma com aSérie Bíblica deCândido Portinari e outra com obras deErnesto de Fiori.[23]
Nos anos seguintes, o espaço passaria a oferecer cursos sobre história da arte, mostras de artistas nacionais e estrangeiros de todas as correntes, manifestações de teatro, música e cinema, transformando o museu em um ponto de encontro de artistas, estudantes e intelectuais em geral.[27] Assim, o MASP inaugurava o conceito de espaço museológico multidisciplinar, tornando-se uma das primeiras instituições do mundo a atuar com perfil decentro cultural, décadas antes da fundação doCentro Georges Pompidou, emParis.[28]
Paralelamente às atividades didáticas, o acervo continuava a crescer. Chateaubriand, sempre respaldado pela influência dos Diários, havia desenvolvido um eficiente sistema visando angariar fundos para as aquisições. Negociava com empresários a doação de recursos para comprar obras de arte, em troca de contratos de anúncios de suas empresas em toda a cadeia associada dos Diários (rádio,jornais,revistas e, pouco depois,televisão). Comprometia-se também, após a aquisição das obras, a distribuir títulos demecenas aos doadores. Cada nova aquisição era festejada com uma suntuosa recepção, com a mais ampla cobertura possível dos Diários, quer no museu, quer na casa dos doadores, ou até mesmo em campo aberto – como se registrou à chegada da obraO Escolar, deVan Gogh, recepcionada por um grande desfile de estudantes nas ruas deSalvador.[29]Edmundo Monteiro, executivo de mídia dos Diários Associados e, posteriormente, presidente do MASP, era o principal responsável pelas finanças do museu e íntimo colaborador de Chateaubriand, tendo sido de grande importância sua atuação para o equacionamento do sistema que permitiria a aquisição do acervo.[30]
O plano de aquisições do MASP se assentava ainda na perspectiva de uma alta de preços no mercado internacional de arte. Cálculos baseados em pesquisas de mercado indicavam, por exemplo, que os preços de pinturas doimpressionismo deveriam subir entre 20 e 25% ao ano após a década de 1950. Assim, Bardi e Chateaubriand compravam tudo aquilo que parecesse passível de uma expressiva valorização futura, o que, por meio de trocas e vendas, forneceria os recursos necessários para formar uma coleção mais homogênea.[31]
Três anos após a fundação, visando acomodar o crescente acervo, o museu passou a contar com mais três andares do Edifício Guilherme Guinle. O terceiro andar foi reservado para a coleção permanente e se destacava pelo partido museológico adotado: as paredes eram suspensas por tirantes de aço, com iluminação planejada e sem a intervenção de paredes. Cursos e palestras ocupavam o quarto e o décimo-quinto andares. No segundo andar, ficavam os auditórios, e espaços expositivos, além debiblioteca elaboratório fotográfico. Os novos espaços foram inaugurados pelo presidente da república,Eurico Gaspar Dutra, com a presença do banqueiroNelson Rockefeller e do cineastaHenri-Georges Clouzot.[23]
Lina Bo Bardi coordenou a Escola de Desenho Industrial do MASP, a primeira iniciativa voltada ao campo do ensino dedesenho industrial no Brasil,[33] onde lecionaramCarlos Bratke,Gregori Warchavchik,Lasar Segall eLeopold Haar. O curso, criado nos moldes do Instituto de Design deChicago, dava continuidade aos métodos pedagógicos daBauhaus,[34] tendo formado importante contingente dedesigners brasileiros.[35] No setor docinema, realizaram-se seminários sob a orientação de Marcos Margulies e Tito Batini, tendo como ponto alto o curso ministrado pelo cineastaAlberto Cavalcanti, diretor daCompanhia Cinematográfica Vera Cruz. Na área deteatro, o MASP promoveu um seminário paralelo ao de cinema, coordenado porBeatriz Segall, que mais tarde tornou-se um departamento, sob responsabilidade deGianni Ratto.[35]
Outras iniciativas do museu no campo didático incluíam cursos defotografia eecologia. No campo da moda, destacou-se um audacioso projeto coordenado por Luisa Sambonet e Roberto Sambonet, reunindo pela primeira vez artistas,designers e representantes da indústria detecidos do país, com o objetivo de criar e confeccionar uma moda inteiramente nacional. Por fim, a constatação de que a publicidade brasileira deixava a desejar levou o museu a criar uma Escola de Propaganda, sob coordenação deRodolfo Lima Martensen, onde atuaram importantes referências da área no Brasil. A iniciativa acabaria crescendo e ganhando autonomia, transformando-se na atualEscola Superior de Propaganda e Marketing.[36]
As grandesexposições promovidas pelo museu nos seus primeiros anos também ganharam notoriedade, com o consequente aumento na frequência dos visitantes, o que permitiu a formação de um público cada vez mais numeroso e interessado. Destacaram-se as mostras individuais dedicadas a artistas contemporâneos, comoLe Corbusier,Alexander Calder,Paul Klee eMax Bill, entre outros. A retrospectiva dodesigner e arquiteto Max Bill é considerada um marco histórico no processo de divulgação naarte concreta no Brasil.[35] Teve grande repercussão também o desfile de moda deChristian Dior, ocasião para qualSalvador Dalí criou oCostume do ano 2045, posteriormente adquirido pelo museu.[35]
Na década de 1950, o museu ensaiava a internacionalização de suas atividades. Chateaubriand havia adquirido para o MASP a Villa Benivieni, antiga residência deAlexander Mackenzie, emFiesole, nos arredores deFlorença, com o objetivo de lá abrigar estudanteslatino-americanos que quisessem se especializar em história da arte. O projeto não pôde ser levado adiante, pois o museu viu-se obrigado a vender a residência quando passou por dificuldades financeiras na década seguinte.[37]
Em 1953, a coleção já havia adquirido um volume suficientemente importante para que o MASP fosse convidado a expor suas obras em museus estrangeiros. Pietro Maria Bardi planejava uma forma de consolidar o acervo do museu, submetendo-o à avaliação crítica internacional, como forma de responder às insinuações de parte daimprensa brasileira de que Chateaubriand estava criando um museu de obras falsas. Entrou em contato comGermain Bazin, então diretor doLouvre, que lhe assegurou a possibilidade de albergar a mostra na capital francesa.[29]
O longo período de apresentações de obras do museu na Europa foi bastante prolífico para o aumento da coleção. À medida que as exposições iam se sucedendo, apareciam boas oportunidades no mercado. Bardi e Chateaubriand decidiram, portanto, comprar mais algumas obras. Para isso, assumiram uma dívida considerável com duas tradicionaisgalerias comerciais, aWildenstein e aKnoedler. Quando as obras foram apresentadas nos Estados Unidos, o representante da Galeria Knoedler, Walter J. Leary, impaciente por uma solução, decidiu executar a dívida, solicitando àjustiça norte-americana o sequestro das obras.Georges Wildenstein recusou-se a tomar a mesma atitude. A respeito do assunto, declarava: "Somos criadores e não liqüidantes de museus".[39]
Para efetuar o pagamento, Chateaubriand solicitou aDavid Rockefeller um crédito de cinco milhões dedólares junto àMorgan Guaranty Trust Company, a ser pago em parcelas semestrais. A garantia de pagamento era openhor de todo o acervo. A dívida, no entanto, era demasiadamente alta, e somente a primeira parcela foi paga. Diante da possibilidade das obras seremconfiscadas, Chateaubriand recorreu diretamente ao presidente,Juscelino Kubitschek, que autorizou aCaixa Econômica Federal a conceder umempréstimo ao museu para honrar as dívidas contraídas no exterior, detendo dessa forma o controle da coleção. Os futuros problemas financeiros do museu impediriam que a dívida junto ao governo brasileiro fosse paga. A situação só seria equacionada muito tempo depois, durante a gestão deAntônio Delfim Netto noMinistério da Fazenda, quando, para quitar o débito, o governo decidiu utilizar todo o montante arrecadado com aLoteria Esportiva, destinada, por lei, àcultura.[39]
OBelvedere Trianon, sobre o vale da avenida Nove de Julho, em 1930Obras de construção da nova sede, 1965
No final da década de 1950, o crescente volume do acervo e a ampliação das atividades didáticas do museu demandavam espaços mais amplos e adequados a atividades museológicas regulares. Na tentativa de solucionar o problema, Bardi fez contatos com aFundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Ficou acertado que o museu teria um espaço no edifício que a fundação estava erguendo no bairro deHigienópolis, onde seria exposto seu acervo, ao qual se juntariam as obras dofundador da FAAP (hoje reunidas noMuseu de Arte Brasileira). As obras do MASP chegaram a ser expostas nas salas da fundação, mas Bardi mostrou-se preocupado com a qualidade de algumas peças a serem incorporadas à coleção. Preferiu romper o acordo, recomeçando a busca por uma nova sede.[30]
Lina Bo Bardi, ciente da situação do terreno e das condições impostas pelo doador, considerava o local ideal para a construção da nova sede. Contou seus planos a Edmundo Monteiro, que, por sua vez, decidiu negociar a concessão do terreno comAdemar de Barros. Ademar era candidato à eleição para aprefeitura de São Paulo. Acertou com Edmundo Monteiro de fazer a sua campanha pelos Diários Associados, de graça, comprometendo-se, caso fosse eleito, a aprovar a concessão do terreno para a construção da nova sede.[30] Eleito, Ademar manteve o acordo, dando início aos trabalhos.[21]
É, para mim, motivo de especial satisfação inaugurar este magnífico Museu de Arte. A sua beleza, simplicidade e a perícia com que foi construído tornam-no mais um impressionante exemplo do espírito de iniciativa dos paulistas. Sinto-me feliz também em pensar que ele abrigará uma coleção de quadros de um dos mais ativos e generosos embaixadores que jamais foram à Corte de St. James: o dr. Assis Chateaubriand. Lembro-me muito bem de seu espírito e estuante personalidade e todos sentimos, profundamente, que ele não esteja mais aqui conosco neste dia. Aos paulistas desejamos, meu marido e eu, felicidades e prosperidade. É com grande prazer que declaro inaugurado este Museu.
Elizabeth II, em seu discurso de inauguração da nova sede do MASP, em 8 de novembro de 1968.[41]
Lina Bo Bardi concebeu arquitetonicamente esse edifício que foi sede única do MASP até 2025. Para preservar a vista exigida para ocentro da cidade era necessário ou uma edificação subterrânea ou uma suspensa. A arquiteta optou por ambas as alternativas, concebendo um bloco subterrâneo e um elevado, suspenso a oito metros do piso. A construção é considerada única pela sua peculiaridade: o corpo principal pousado sobre quatro pilares laterais, resultando em umvão livre de 74 metros, à época considerado o maior do mundo. A inovação foi viabilizada pelo trabalho doengenheiroJosé Carlos de Figueiredo Ferraz, que aplicou na obra a sua própria patente deconcreto protendido.[40]
O edifício, projetado em 1958, levou dez anos para ser concluído. As obras se estenderam ao longo dos mandatos de Ademar de Barros ePrestes Maia, sendo somente finalizadas durante a gestão deFaria Lima.[40] A nova sede do MASP foi finalmente inaugurada em 8 de novembro de 1968, na presença do príncipeFilipe e da rainhaElizabeth II, daInglaterra, a quem coube o discurso de inauguração.[41] Lina Bo coordenou a exposição de abertura, intituladaA mão do povo brasileiro, dedicada àcultura popular do país. A arquiteta inovou na forma de expor a coleção permanente, ao utilizar lâminas de cristaltemperado amparados por blocos de concreto como suportes para aspinturas. Essa forma de exibição deixou de ser adotada pelo MASP no fim dos anos 1990 e seria retomada somente em dezembro de 2015, durante a gestão de Heitor Martins..[14]
Assis Chateaubriand não chegaria a ver a inauguração da nova sede do MASP. Morreu alguns meses antes, em 4 de abril de 1968, vítima de uma trombose. Seu império jornalístico, por sua vez, já havia começado a se esfacelar desde o início da década de 1960, com dívidas crescentes e com a concorrência da rede de jornais deRoberto Marinho, fazendo escassear os recursos que haviam permitido a formação do acervo.[42] Bardi se preocupava com o futuro do museu e da coleção, cuja integridade já havia sido ameaçada na década anterior. Assim, em 1969, a pedido do museu, a coleção foi tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atualIPHAN). Tornou-se assim inalienável, faz parte do patrimônio brasileiro e qualquer movimentação de obras para fora do país necessita de autorização expressa do IPHAN.[43]
Em 15 de abril de 1969
Apesar das dificuldades financeiras do MASP terem se agravado após a morte do fundador, impossibilitando a aquisição de novas obras, o museu conservou seu perfil de instituição dinâmica. Em 1970, organizou e sediou a primeira edição doCongresso Internacional de Histórias em Quadrinhos, do qual participaram artistas consagrados, comoBurne Hogarth eLee Falk, entre outros. Em 1973, o museu foi convidado a expor obras do acervo em várias instituições japonesas, iniciando um longo e profícuo intercâmbio com este país. Quando retornou, a coleção foi apresentada noPalácio do Itamaraty, emBrasília. Parte do acervo seguiria novamente para oJapão, em uma série de exposições realizadas entre 1978 e 1979.[44]
Em 1977, em comemoração aos 30 anos do museu,Leon Cakoff, crítico, jornalista e diretor do Departamento de Cinema do MASP, organizou aMostra Internacional de Cinema, com 16longas-metragens e 7curtas de 17 países, e inaugurou a modalidade de voto do público para a escolha do melhor filme. O vencedor da primeira edição foiHector Babenco, comLúcio Flávio, o passageiro da agonia. A mostra, realizada anualmente desde então, tornou-se uma das mais importantes e tradicionais do Brasil. Seguiu vinculada ao museu até 1984, quando ganhou autonomia.[45]
Em 1978, ganhou amplo destaque na imprensa arestauração da imagem emterracota deNossa Senhora de Aparecida. Retirada das águas dorio Paraíba em 1717, a imagem foi fragmentada em 175 pedaços, após um atentado naBasílica de Aparecida. A restauração ficou a cargo deMaria Helena Chartuni, chefe do Departamento de Restauro do museu entre 1965 e 1988.[46] Também em 1978, o museu lançou um dos primeiros cursos demuseografia do Brasil, em tempo integral e combolsas de estudo, visando formar pessoas capacitadas a atuar em instituições museológicas.[44]
Goya (espanhol, 1746-1828).Retrato do Cardeal Luis María de Borbón y Vallabriga, 1798-1800. Óleo sobre tela, 200 x 106 cm
Em 1982, aprovíncia japonesa deMie, que mantém convênio de irmandade com o estado deSão Paulo, solicitou ao MASP o empréstimo de parte da coleção para inaugurar seu museu regional. A exposição foi novamente solicitada por museus de outras cidades japonesas, retornando ao Brasil no ano seguinte. Em troca desses empréstimos, o MASP recebeu generosasdoações em dinheiro, ao mesmo tempo em que consolidava a importância da coleção nooriente.[44]
Em 1983, o MASP apresentou uma mostra completa sobre oExpressionismo Alemão, com obras de todos os representantes dessa corrente. Em 1986, organizou uma exposição com 360 gravuras dePablo Picasso, amplamente visitada. Nesse mesmo ano, a cidade italiana deFlorença foi aCapital Europeia da Cultura, e como parte das comemorações, solicitou ao MASP o empréstimo da série completa de 73esculturas deEdgar Degas, para serem apresentadas noPalazzo Strozzi. Depois disso, a exposição seguiu paraVerona,Roma,Nápoles eGênova, retornando ao Brasil somente em 1988.[44]
Outras exposições internacionais de obras do MASP seriam organizadas no fim dos anos 1980. O objetivo principal era manter as obras em ambientes adequados, enquanto a sede do museu passava por obras deimpermeabilização da cobertura. Foram organizados dois grupos de obras, que seguiram para a Itália em duas etapas. A primeira, intituladaDa Raffaello a Goya… Da Van Gogh a Picasso, foi apresentada emMilão,Trento, Nápoles,Palermo eBari.[47] A segunda,Da Manet a Toulouse-Lautrec, seguiu posteriormente para Verona,Monza, Gênova, Palermo e Bari.[48] Os catálogos das exposições foram redigidos porEttore Camesasca. Após as mostras na Itália, as obras seguiram para aFundação Pierre Gianadda, emMartigny,Suíça, apresentando-se em seguida naKunsthalle deMannheim, noMuseu Villa Stuck deMunique, e noKunsthalle deBerlim. Finalmente, algumas obras foram reunidas na mostraDe Manet a Matisse, apresentada noMuseu Van Gogh, deAmsterdã.[44] Em 1989, o museólogo Fábio Magalhães, ex-diretor daPinacoteca do Estado de São Paulo e doMemorial da América Latina, assume o cargo de curador-chefe, no qual permanecerá até 1994.[46]
Em 1996, bastante abalado desde a morte de Lina, ocorrida em março de 1992, Bardi afastou-se da direção do MASP. Morreu poucos anos depois, em10 de outubro de 1999, aos 99 anos de idade. Bardi permaneceu à frente do MASP por 49 anos, e, embora nunca tenha ocupado o cargo de presidente da instituição, foi durante todo esse tempo o efetivo "comandante" do museu, coordenando todas as suas atividades, à exceção do Departamento de Finanças, sempre confiado a Edmundo Monteiro.[50]
Edifício-sede do MASP até 2024, seu nome homenageia a arquiteta italianaLina Bo Bardi, responsável pelo projeto. Foi erguido pela Prefeitura de São Paulo e inaugurado em 1968, com a presença da soberana britânica, a rainhaIsabel II.
É uma das principais obras da arquiteturamodernista no país. O edifício foi erguido no terreno do antigoBelvedere Trianon, na Avenida Paulista, de onde se avistava o centro da cidade e aserra da Cantareira. O doador do terreno à prefeitura, o engenheiroJoaquim Eugênio de Lima, construtor da avenida Paulista e precursor do urbanismo no Brasil, havia vinculado a doação do terreno à municipalidade ao compromisso expresso de que jamais se construiria ali obra que prejudicasse a amplidão do panorama. Desse modo, o projeto exigia ou uma edificação subterrânea ou uma suspensa. A arquitetaLina Bo Bardi e o engenheiroJosé Carlos de Figueiredo Ferraz optaram por ambas as alternativas, concebendo um bloco subterrâneo e um elevado, suspenso a oito metros do piso, através de quatropilares interligados por duas gigantescas vigas deconcreto. Sob eles, estendia-se o que foi considerado uma ousadia: o maior vão livre do mundo à época,[51] com extensão total de 74 metros entre os apoios, afirmando a técnica doconcreto protendido no país.
No edifício de aproximadamente 10 000 metros quadrados, há, além dos espaços expositivos e da pinacoteca, o Centro de Pesquisa, umauditório,restaurante,loja, espaços administrativos e reserva técnica. O acabamento é simples. "Concreto à vista, caiação, piso de pedra-goiás para o grande Hall Cívico, vidro temperado, paredes plásticas. Os pisos são de borracha preta tipo industrial. O Belvedere é uma ‘praça’, com plantas e flores em volta, pavimentada com paralelepípedos na tradição ibérico-brasileira. Há também áreas com água, pequenos espelhos com plantas aquáticas",[27] descreve Lina Bo Bardi, afirmando: "Não procurei a beleza. Procurei a liberdade".[52] Em 2003, o edifício foi tombado peloInstituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
No que diz respeito àmuseografia, Lina Bo Bardi inovou ao utilizar lâminas de cristal temperado amparadas por um bloco de concreto aparente como base para aspinturas. A intenção é imitar a posição do quadro no cavalete do artista em seu ateliê. Essas bases trazem no verso dos quadros pranchas com informações sobre o pintor e a obra, para que o primeiro encontro do visitante se dê de forma mais livre, sem a interferência de contextualizações. Com a retirada das obras da parede, o visitante passa a poder caminhar entre as obras, que parecem flutuar no espaço.[8] O dispositivo foi introduzido em 1968, na inauguração do museu na sede da avenida Paulista, aposentado em 1996 e, em 2015, retornou ao museu na exposição no 2° andar, após passar por revisão do escritório METRO Arquitetos.[53]
Entre 1996 e 2001, a administração do museu empreendeu uma reforma, que envolveu a realização de uma nova protensão dasvigas de sustentação, recuperação estrutural e nova impermeabilização da cobertura, do piso do vão livre e do piso dos espelhos d'água. O arquiteto e ex-diretor do museu,Júlio Neves, determinou a troca do piso original dos subsolos, escolhido por Lina Bo Bardi, a instalação de um segundo elevador e a construção de um terceiro subsolo, e a substituição dos espelhos d'água do subsolo por jardins.[54] Durante a gestão de Neves, também foi feita uma compartimentação dos espaços em todos os pavimentos do museu, o que causou um grande debate com relação a uma possível descaracterização do projeto original de Lina.[55][56]
NomeadoPietro Maria Bardi em homenagem ao primeiro diretor artístico do MASP[57], o novo prédio[58] é o maior avanço espacial do museu desde sua instalação no histórico edifícioLina Bo Bardi em 1968[58]. Sua construção integra o projeto de expansão e modernização da infraestrutura do museu, encabeçado pela gestão deHeitor Martins[59] e já embrionado no começo dos anos 2000, durante a gestão deJúlio Neves[60]. Foi aberto ao público em 28 de março de 2025.[61]
O prédio Pietro Maria Bardi do MASP ganhou uma nova pele em chapas metálicas (vista da Sala Pietro 10).
Comdesign monolítico, inspirado nos museus verticais de grandesmetrópoles, o projeto buscou traçar conexões visuais entre o então edifício-sede e o novo prédio.[62] Elementos como piso demadeira maciça preta, pedra debasalto econcreto bem aparente fazem referência ao projeto deLina Bo Bardi[63]; além da preservação da sensação de abertura e de integração com os entornos.[62] Adicionalmente, o projeto aumentou a área do museu em mais de 7mil m², com 14 andares onde se dispõem cinco novas galerias para exposições, duas áreas multiuso, salas de aula, laboratório de conservação, área de acolhimento, restaurante e café, além de depósitos e docas para carga e descarga de obras de arte.[64]
A implementação do projeto foi liderada pelo diretor financeiro e de operações do museu, Marcelo Ribeiro,[65] e pela gerente de projetos e arquitetura, Miriam Elwing.[66] Para o Edifício Pietro, o escritório Levisky Arquitetos também atuou na consultoria estratégica e no licenciamento.[58]
A inauguração do novo edifício foi marcada pelo projeto expositivo inauguralCinco ensaios sobre o MASP, um conjunto cinco exposições construídas a partir do acervo e da história do museu que estiveram em cartaz a partir da inauguração do prédio até 3 de agosto de 2025.[67]
O processo de aquisição de obras ocorreu principalmente entre 1947 e 1960. Bardi, ex-proprietário de galerias emMilão eRoma, teve a tarefa de procurar e selecionar as obras que deveriam ser compradas, enquanto Chateaubriand se responsabilizou por encontrar doadores e potenciais mecenas engajados em sua causa de dotar o Brasil de um museu de nível internacional. Embora tenham-se registrado muitas doações espontâneas, Chateaubriand adquiriu reputação por se utilizar de métodos ousados de persuasão. Respaldado pela influência dosDiários Associados, ele negociava com os anunciantes a arrecadação de recursos, mediante um processo de intimidação. Depois, retribuía aos doadores com títulos de mecenas, festejando cada nova aquisição com banquetes, discursos e até mesmo paradas cívicas, como a que se registrou emSalvador por ocasião da chegada da obraO escolar deVan Gogh. Em 1947, por ocasião do desembarque no Brasil da obraAuto-retrato com Barba Nascente deRembrandt, Chateaubriand proferiria um discurso de desconcertante sinceridade:
“
O gosto pelas coisas belas não é um privilégio das elites(…). De onde, entretanto, tirar recursos para levar a arte ao povo? (…)adotei como minha uma técnica de indiscutível eficiência para reeducar a burguesia: anunciar para breve o fim do mundo burguês, que sucumbirá aos ataques soviéticos. Apresento, contudo, a única hipótese de salvação, que é o fortalecimento das células burguesas. Uma das formas de fortalecê-las é doar Renoirs, Cézannes e Grecos ao Museu de Arte. O que significa que enfrentar os bolcheviques pode custar a cada um dos senhores modestos 50 mil dólares.
”
No trabalho de levantamento de fundos foi importante também o esforço deEdmundo Monteiro, executivo do grupo de mídia dos Diários Associados para as regiõesSudeste eSul do Brasil, que possuía a atribuição de conquistar outros doadores, além daqueles que o próprio Chateaubriand já estava reunindo. Fundos de múltiplos doadores, entre industriais, empresários, fazendeiros e associações de classe, eram criados para aquisição de peças de alto valor artístico. Até mesmo o poder público sentia-se pressionado: o próprioSenado Federal do Brasil ofereceu fundos ao museu para aquisição dos célebres quatro retratos das filhas deLuís XV da França, pintados porJean-Marc Nattier para figurar noPalácio de Versalhes. ACâmara Municipal de São Paulo, por sua vez, doou ao museu os recursos necessários para a aquisição de uma rara pintura deAndrea Mantegna.[69]
O mercado de arte internacional passava por um momento propício para quem dispunha decapital para adquirir obras de qualidade - havia muitas à disposição em vista do final daguerra, e o Brasil passava por um momento de prosperidade. O plano de aquisições do MASP baseava-se, portanto, na expectativa de uma alta de preços no mercado europeu, assim como nas boas relações nesse mercado. As aquisições foram sempre empreendidas junto às mais tradicionais e reputadas galerias europeias e norte-americanas, como Knoedler, Matthiesen, Malborough, Seligman, Daber e Wildenstein.
Os métodos pouco ortodoxos utilizados para financiar a formação da coleção, exercidos por Chateaubriand, renderam muitas críticas. A estas, somaram-se outras, relacionadas ao fato de que o museu adquiria obras sem a devida comprovação de autenticidade. Contribuiu para essa impressão o fato de que o museu foi, à época, um dos maiores compradores no mercado internacional. Ao contrário de outros congêneres, cujas aquisições dependiam de aprovação de um conselho de curadores, o MASP decidia as suas aquisições com rapidez, muitas vezes portelegrama. Graças a essa agilidade, conseguiu adquirir peças expressivas, mesmo diante de concorrentes de maior nome e de recursos financeiros mais volumosos.[69]
Ao fim da década de 1960, o império jornalístico deAssis Chateaubriand enfrentava grandes dificuldades, com o crescimento das dívidas de seus veículos de comunicação e o surgimento da concorrência deRoberto Marinho. As dificuldades financeiras dosDiários Associados refletiam no arrefecimento do plano de aquisições do MASP. Após a morte de Chateaubriand, os recursos minguaram de forma ainda mais acentuada. Assim, após mais de uma década de grandes aquisições, o museu passou a aumentar o seu acervo somente com doações espontâneas de artistas, empresas e colecionadores particulares.[69]
O Museu de Arte de São Paulo possui a maior e mais completa coleção dearte ocidental daAmérica Latina e de todoHemisfério Sul.[14][68][70] Dentre as mais deonze mil peças do museu, destaca-se o segmento referente àspinturas,esculturas,desenhos,gravuras eartes decorativas europeias, desde a Antiguidade aos dias atuais. As obras francesas constituem, ao lado das italianas, o principal núcleo do acervo, seguidas pelas escolas espanhola, portuguesa, flamenga, holandesa, inglesa e alemã. O museu também mantém sob sua guarda uma significativa coleção dearte brasileira, atestando o desenvolvimento das artes no Brasil doséculo XVII aos dias de hoje. Ainda no contexto da arte ocidental, são relevantes os conjuntos referentes às artes norte e latino-americanas.[71] Marcam presença no acervo da instituição objetos representativos da produção artística em diversos períodos e diferentes civilizações não ocidentais - como aarte africana e aarte asiática, como no caso das do par de guerreiros chineses e da escultura da divindade africana Exu.[72] Outros que se destacam por sua importância arqueológica, artística e histórica são o seleto conjunto deantiguidades egípcias,etruscas egreco-romanas e outros artefatos de culturaspré-colombianas e daarte medieval europeia.[71]
Outro destaque da coleção italiana é o importante conjunto de 246maiólicas -cerâmicas porosas e coloridas, de revestimento transparente ou opaco decorado com reflexos metálicos. Provenientes da famosa Coleção Imbert, o acervo de maiólicas cobre um arco temporal que vai do período arcaico (século XIV) ao Storiato (séculos XVI - XVII), abrangendo diversos centros de produção, entre os quais,Florença,Siena,Cafaggiolo,Veneza,FaenzaUrbino,Gubbio,Deruta, etc. Trata-se uma coleção de extrema relevância histórica e científica, pela quantidade de peças assinadas, datadas ou marcadas com armas e brasões de importantes proprietários, como osMédicis, osPiccolomini, entre outros.[71]
Vítor Meireles (brasileiro, 1832-1903).Moema, 1866. Óleo sobre tela, 129 x 190 cm
O acervo do MASP conserva momentos de grande intensidade das artes no Brasil, desde os registros pictóricos deFrans Post noséculo XVII, passando pela estatuáriabarroca deAleijadinho, até as mais recentes manifestações artísticas contemporâneas.[71]
No segmento referente à arte da América, cabe citar a existência de um pequeno núcleo de artefatos pré-colombianos, dentre os quais merecem destaque umBusto Feminino (c. 500), proveniente da CulturaChone (Equador) e umaCabeça de Animal, produzida emHonduras entre 700 e 1100. Além destas, há outras obras isoladas representativos das diferentes correntes artísticas americanas, como uma madona equatoriana doséculo XVIII, e o retrato deMrs. Franck Rolleston, pintura de teor acadêmico do conceituado artista norte-americanoGilbert Stuart. Não obstante, a maior parte do acervo permite vislumbrar aspectos importantes da produção modernista latino-americana, com obras do uruguaioJoaquim Torres García, dos muralistas mexicanosDiego Rivera eDavid Alfaro Siqueiros, e da contemporâneaMari Carmen Hernandéz (Meta). Outro destaque deste núcleo é o conjunto de trabalhos contemporâneos norte-americanos, formado por artistas comoAndy Warhol,Charles E. Burchfield,Alexander Calder,Jim Dine, entre outros.[71]
Civilização grega.Estátua da Deusa Higeia,século IV a.C.
O MASP possui um acervo deantiguidades egípcias,gregas, itálicas, italiotas eromanas que se destaca no Brasil por sua raridade e qualidade. São objetos provenientes das mais importantes civilizações que floresceram nomediterrâneo oriental e ocidental. A maioria provém da Doação Lina Bo e Pietro Maria Bardi, feita ao museu em 1976. O acervo egípcio é constituído por artefatos datados doReino Antigo (2 575 a.C.) ao Período Romano (50 d.C.). O essencial do grupo é formado por objetos religiosos de variadas temáticas, como estatuetas divinas (Tote,Hórus,Osíris etc.), fragmentos de pinturas tumulares, amuletos,ushabtis (figuras mumiformes) eestelas votivas. O grande destaque da coleção é a peçaÍsis Lactante com Hórus, uma estatueta de bronze do período ptolomaico(332–31 a.C.).[71]
Dentre os objetos representativos das culturas clássicas, destaca-se um conjunto de 19 vasos de cerâmica, provenientes daGrécia, daMagna Grécia, daEtrúria e domundo romano, datados doséculo VII aoII a.C.; além de estatuetas em terracota (tânagras), bronzes itálicos e romanos (22 peças, entre ornatos, armas e objetos de uso cotidiano), enócoas e vidros romanos, todos produzidos entre os séculosVIII a.C. eI d.C. Além destes, são dignos de menção dois exemplares excepcionais daarte grega (Estátua da Deusa Higeia,século IV a.C.) e romana (Sarcófago, 140-200).[71]
O MASP possui uma importante coleção deartefatos africanos de uso ritual e cotidiano, que se destacam por sua qualidade artística. São, em sua grande maioria, objetos cerimoniais usados nas sociedades tribais do Centro-Oeste Africano, situadas em países comoMali,Serra Leoa,Guiné,Alto Volta,Libéria,Costa do Marfim,Nigéria (nação Ioruba),Camarões,Gabão eZaire. Em 1995, a coleção do museu foi bastante enriquecida por intermédio de doação de 35 peças feita peloBanco de Boston. Outro núcleo de obras de arte africanas foi incorporado ao acervo por intermédio da coleçãoWilliam Daghlian, doada ao museu na década de oitenta, acrescentando ao corpus do acervo peças artesanais e objetos de culto produzidas por grupos étnicos doCongo e deGana (nação Ashanti).[71]
Civilização chinesa,Dinastia Tangue.Guerreiro de terracota, 618-907
A coleção dearte asiática do MASP, embora pequena numericamente, cobre um amplo período histórico, abrangendo desde oséculo III a.C. até o XX. Estão representadas, majoritariamente, as escolaschinesa,japonesa ehindu. A maior parte delas provém da doação de William Daghlian, feita ao museu na década de oitenta. No que tange à arte chinesa, merecem destaque uma belíssima estatueta deDançarina dadinastia Hã(206 a.C.–220 d.C.), e outras quatro peças datadas dadinastia Tangue(618–907): dois guerreiros e dois pequenos cavalos, todos moldados em terracota. No segmento referente à arte japonesa, predominam as pinturas e desenhos em variados suportes, com destaque para oRetrato do poeta Hitomaro, de um pintor daEscola Kanō (século XVIII), um desenho sobre papel para leque, de autoria do famoso coloristaUtagawa Toyoharu (século XIX) e outras duas pinturas sobre tecido representando acólitos da divindadeFudo Myo-o, datadas doséculo XVII. Por fim, a arte da Índia se faz presente com estatuetas em pedra e estuque representando divindades budistas e hindus. Merecem destaque umBuda de Gandara (século VI), uma cabeça deBhairava (século XI) e uma magnífica representação deGada-Devi, do Período Pala Tardio (século XII).[71]
Desde 2018 o MASP desenvolve o projeto em parceria com aRenner, que convida duplas de artistas e estilistas para criarem, de forma colaborativa, looks para integrar a coleção demoda do museu. O MASP Renner desenvolveu, ao todo, 76looks, durante 3 temporadas do projeto, que refletem a diversidade cultural do acervo de obras de arte da instituição, bem como uma pluralidade de temas e linguagens. Para a última edição, foram convidadas nove duplas de artistas e estilistas de diferentes gerações, compostas por Aline Bispo e Flavia Aranha; Criola e Luiz Claudio Silva; Edgard de Souza eJum Nakao; Larissa de Souza e Diego Gama; Lidia Lisbôa e Fernanda Yamamoto; No Martins eAngela Brito;Panmela Castro eWalério Araújo, Randolpho Lamonier e Vicenta Perrotta, Valdirlei Dias Nunes eVitorino Campos.[75]
Em 1994, ultrapassandoJosé Mindlin por um voto, o arquitetoJúlio Neves, amigo íntimo de Paulo Maluf, foi eleito pelo conselho diretor presidente do MASP. Sem concorrentes nos pleitos seguintes, Júlio Neves exerceria sete mandatos consecutivos, dirigindo o museu por 14 anos. Suagestão, bastante polêmica, seria amplamente criticada pela suposta inconsistência doprojeto curatorial e doprograma museológico. Critica-se, também, a forma como Neves conduziu acrise financeira do museu, bastante acentuada nos seus últimos anos à frente da presidência.[76]
Júlio Neves coordenou a grandereforma do edifício, levada a cabo entre março de 1996 e setembro de 2001, ao custo de 20 milhões de reais. Também polêmica, a reforma, embora tenha sanado problemas críticos do edifício, foi criticada por supostamente descaracterizar oprojeto original de Lina.[76] A direção também determinou a substituição doscavaletes de concreto e vidro do segundo andar, idealizados por Lina, pelo tradicional sistema de divisórias.[14]
Fachada do edifício Lina Bo Bardi a partir da Avenida PaulistaUma das salas de exposições do museu
Em 1995,Luiz Marques, historiador da arte e professor daUnicamp, assume acuradoria do museu, permanecendo no cargo pelos dois anos seguintes.[77] Após sua saída, Luiz Hossaka, assistente de Bardi desde a fundação do MASP, assume a função.[78] Luciano Migliaccio, professor de história da arte, também seria colaborador ocasional do museu, escrevendo textos para o catálogo de 1998 e colaborando na organização de algumas exposições.[79]
Nos primeiros anos da gestão Júlio Neves, o MASP organizaria diversas mostras de grande porte, que atraíram recordes de público à época, e que ajudaram a inserir o Brasil no circuito das "megaexposições".[80] Em 1996, o museu apresentouArte italiana em coleções brasileiras, uma seleção de mais de 500 obras representativas da arte da Itália conservadas em coleções públicas e privadas do país.[81] No ano seguinte, em comemoração ao cinqüentenário do museu, realizaram-se as mostrasMonet no Brasil[82] eMichelangelo na História da Arte Italiana, que trouxe pela primeira vez aohemisfério sul obras deste mestre doRenascimento.[83] Ao término deste ano, o museu registra o maior fluxo de visitantes de sua história: 850 mil pessoas.[78] Em 2001, o museu apresentouEgito Faraônico – Terra dos Deuses, com 120 peças do acervo doLouvre.[84]
A partir de então, a situação começa a mudar. O modelo de "megaexposições", que se consolida no Brasil, tende a concentrar público e, consequentemente, o grosso do patrocínio de empresas privadas. Sem fôlego para competir com instituições financeiramente mais bem amparadas, o MASP perdeu público, arrecadação e patrocínios, ao mesmo tempo em que cresceram suas dívidas. Em 2004, a direção do museupenhorou a telaRetrato de Camões, obra-prima dopintorportuguêsJosé de Guimarães (avaliada à época em 4,29 milhões de reais) como garantia de pagamento de uma dívida trabalhista com oINSS, no valor de 3,3 milhões de reais.[85] Em 2006, o museu teve o fornecimento deenergia elétrica cortado, em função de uma outra dívida, de 3,5 milhões de reais, com aEletropaulo.[86]
Em 2005, Neves apresentou uma proposta para ampliar os espaços administrativos do museu. Com o patrocínio daVivo S.A, adquire, ao preço de 12 milhões de reais, o vizinhoEdifício Dumont-Adams. O objetivo era utilizar o edifício como base para umatorre, com 110 metros de altura, em cujo topo seria exibido o logotipo da empresa que financiou a aquisição. A proposta foi vetada peloCONDEPHAAT e peloCONPRESP, sob a justificativa de que a torre interferiria negativamente no entorno do bem tombado.[87]
Em setembro de 2006, depois de um período de quase dez anos sem contar com direção técnica especializada, o MASP anunciou a contratação de Teixeira Coelho, professor titular da USP e ex-diretor doMAC, para o cargo de curador-coordenador.[88] Uma das primeiras mudanças executadas por Teixeira Coelho foi a modificação da forma de expor o acervo permanente. As obras, até então apresentadas segundo critérios cronológicos e geográficos, passam a ser reunidas em mostras temáticas de longa duração.[89]
No dia 20 de dezembro de 2007, por volta das cinco horas da manhã, três homens invadiram o museu, levando duas obras importantes do acervo:O Lavrador de Café deCândido Portinari eRetrato de Suzanne Bloch dePablo Picasso. A ação durou cerca de três minutos.[90] As obras foram encontradas pela polícia paulista em 8 de janeiro de 2008, emFerraz de Vasconcelos, naRegião Metropolitana de São Paulo, sem terem sofrido danos. Dois homens foram presos na operação que resgatou as obras. Na época do roubo, as duas pinturas estavam estimadas em aproximadamente 55 milhões de reais.[91] No segundo semestre de 2008, o museu inaugurou o seu novo sistema de segurança. Avaliado em 1 milhão de reais, o sistema, que conta com 96câmeras de segurança digitais e sete monitores de alta resolução, foi doado pela empresa coreanaLG.[92]
Em novembro de 2008,João da Cruz Vicente de Azevedo, encabeçando chapa única, foi eleito presidente do MASP por 41 dos 71 votos do conselho diretor para um mandato de dois anos. A colecionadora Beatriz Pimenta de Camargo foi eleita vice-presidente na mesma chapa e posteriormente sucedeu Vicente de Azevedo na presidência do Museu.[93][94]
Em 2014, a diretoria foi totalmente reestruturada, eHeitor Martins assumiu a presidência,[95] em um momento no qual o MASP passava por uma grave crise que ameaçava a sua sobrevivência. Iniciou-se um ciclo da modernização do MASP, com um grande choque de gestão.[96] Além das questões administrativas, foram realizadas transformações na programação curatorial. Heitor nomeou Adriano Pedrosa como diretor artístico,[97] que trouxe exposições de grande sucesso, comoHistórias afro-atlânticas, realizada em 2018 em parceria com oInstituto Tomie Ohtake e eleita a melhor daquele ano peloThe New York Times.[98] Pedrosa desenvolveu uma série de projetos em torno da noção plural de “Histórias”, palavra que engloba ficção e não ficção, relatos pessoais e políticos, narrativas privadas e públicas, possuindo um caráter especulativo, plural e polifônico[99] Essas histórias têm uma qualidade processual aberta, em oposição ao caráter mais monolítico e definitivo das narrativas históricas tradicionais.[99][100] Atualmente, a diretoria do museu é também composta por Carolina Rossetti, diretora de relações institucionais, Marcelo Ribeiro, diretor financeiro e de operações, e Paulo Vicelli, diretor de experiência e comunicação.[101]
Na gestão de Martins, foram criados programas para adoação depessoas físicas eempresas que contribuem diretamente na manutenção do museu, como o Amigo MASP e a Empresa Amiga MASP, uma iniciativa defidelização que tem por objetivo arrecadar recursos para os projetos do MASP e, como contrapartida, oferece benefícios aos participantes. Destaca-se também o programa de patronos e jovens patronos do MASP, que garante, através de doações de pessoas físicas, uma rede de sustentação na vida e desenvolvimento do Museu.[102][103]
Outro marco da gestão foi a retomada, em dezembro de 2015, doscavaletes deconcreto ecristal projetados porLina Bo Bardi como suporte para as obras do acervo do MASP, quase vinte anos após a sua retirada.[53] Os cavaletes ficam dispostos em fileiras na sala ampla, livre de divisórias, do segundo andar do museu. Retirar as obras da parede e colocá-las nos cavaletes possibilita um encontro mais próximo dopúblico com os trabalhos. O visitante pode caminhar entre as obras, que parecem flutuar no espaço. O espaço aberto, fluido e permeável oferece múltiplas possibilidades de acesso e de leitura, eliminando hierarquias e roteiros predeterminados. Martins conta com o apoio de um grupo de conselheiros, formado principalmente por representantes da iniciativa privada, em especialbancos e grandes empresas.[104] Este período foi marcado também pela adesão do público. Em 2022, 440 mil pessoas visitaram a instituição, representando um aumento de 88% em relação ao ano anterior.[105]
Durante a gestão de Martins, também foi iniciado um projeto de expansão e modernização da infraestrutura, que adicionará 7 680m² à área do museu. Foi iniciada a restauração do prédio Lina Bo Bardi, incluindo aarquitetura original, áreas de acervo, salas expositivas, espaços administrativos, troca dosistema de ar condicionado e iluminação, assim como a reforma dosistema de segurança.[106] Além disso, foi realizada a construção de um novo prédio, chamadoPietro Maria Bardi, que expandiu os espaços expositivos em 66%, com 14 andares e 7.821 m²[107], possibilitando que o MASP receba um maior número de visitantes. Outro projeto, ainda, é a construção de uma área de docas, que expande as possibilidades para organizar grandes exposições internacionais com maior segurança. Os dois edifícios serão conectados por uma galeria subterrânea, com pé-direito de 2,50 metros, comprimento de 48,80 metros e largura de 5 metros. A expansão do MASP faz parte do projeto elaborado pelo arquitetoJúlio Neves, com projeto arquitetônico e coordenação conduzida peloescritório Metro Arquitetos, assinado por Martin Corullon e Gustavo Cedroni. O Edifício Pietro Maria Bardi foi aberto ao público em 28 de março de 2025.[108]
De acordo com as demonstrações financeiras institucionais, em 2024 o MASP registrou 580.508 visitantes, cerca de 10% a mais que no ano anterior.[109] No mesmo ano, foi apontado como o museu/centro cultural mais amado de São Paulo (Prêmio Veja Os Mais Amados)[110] e obteve o 2º lugar no ranking global de museus do mais buscados no Google (Year in Search)[111].
Em 2025, a exposição "A Ecologia de Monet” se tornou a mais visitada da história do MASP, com 502.642 mil visitantes, ultrapassando os números da mostra de Tarsila do Amaral, em 2019.[112] Naquele ano, 402.850 visitaram "Tarsila Popular".[113]
A programação expositiva do MASP é complementada por um calendário de atividades para interação do público, como programas da equipe de mediação, cursos do MASP Escola, acesso à publicações no Centro de Pesquisa, eventos culturais apresentados nos auditórios do museu, além dos serviços MASP Loja, o MASP Café e o restaurante MASP A Baianeira. A instituição conta com um auditório e mantém um calendário permanente de exposições[114] e espetáculos.[115]
O museu oferece cursos e atendimento a grupos desde a sua fundação, em 1947. Além da realização de exposições, publicações e cursos, ao longo dos anos diversos profissionais elaboraram programas fundamentais no desenvolvimento da educação no museu, contemplando também atividades para crianças e estudantes. Entre as contribuições estiveram o Club Infantil de Arte[116] de Suzanna Rodrigues,[117] entre 1948 e 1953; o Departamento de Difusão de Najma Burdmann, entre 1971 e 1983; em 1997, o MASP instituiu o "Serviço Educativo", para o qual contribuiu Paulo Portella Filho, com o objetivo de realizar e implementar constantemente programas específicos para o seu público.[118]
O programa de Mediação e Programas públicos do MASP desenvolve uma série de ações que buscam motivar a curiosidade, a colaboração e a convivência de seus públicos. Essas iniciativas estão integradas aos processos dasexposições, tornando o museu um lugar para formação e compartilhamento deconhecimento mais do que simplesmente um lugar de exibição. Entre essas ações, estão os cursos livres do MASP Escola;[119] o MASP Palestra;[119] o MASP Seminários;[120] o MASP Oficinas[121] e o MASP Professores,[122] voltado para a formação deeducadores e interessados.
A instituição também oferece cursos para interessados emartes através do MASP Escola, que são voltados para pessoas com ou sem formação na área. Os cursos cobrem múltiplos temas e apresentam duração variada. Os cursos de Histórias da Arte são semestrais e são compostos, em média, de dezesseis aulas. O módulo conta com três programas diferentes de aulas, independentes e complementares. Juntos, os três cursos cobrem um arco histórico que se estende do século 14 ao 21. Entre os temas abordados por outros cursos do MASP estão amoda,pintura,escultura,arquitetura ecuradoria.[123][124]
O "Centro de Pesquisa do MASP" tem como finalidade guardar, preservar, organizar e divulgar todo o material bibliográfico,iconográfico e histórico existente na instituição.
O núcleo foi estabelecido inicialmente como uma biblioteca, sendo parte das comemorações do 30.º aniversário do museu em 1977, quando Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi doaram sua coleção de livros à instituição.[125][126] Durante os anos 1990, suas atividades foram ampliadas para incluir a incorporação da documentação gerada pelas operações do museu. A partir de 2017, com uma nova perspectiva sobre seu propósito, passou a ser chamado de Centro de Pesquisa.[127]
O valioso acervo especializado emartes plásticas,arquitetura, história ehistória da arte,design,fotografia, moda e afins, é composto de mais de 70 mil volumes, entre livros, livros raros, catálogos de museus e exposições, periódicos, zines, teses e boletins de museu.[128] Trata-se da principal fonte de pesquisa para o estudo da História da Arte em São Paulo e é uma das maiores bibliotecas especializadas em arte do país, possuindo periódicos nacionais e internacionais comoO Cruzeiro, Habitat,Mirante das Artes,Gazette des Beaux Arts,ArtForum e Frieze.[129] Entre os livros raros, encontram-se preciosidades comoTrattato della Pittura, deLeonardo da Vinci (1792),Le Fabbriche e I Disegni, deAndrea Palladio (1796),Vita Del Cavaliere Gio. Lorenzo Bernino (1682) eRagionamenti Del Sig. Cavaliere Giorgio Vasari (1588), entre outros.[130]
Já o acervoarquivístico conta com a documentação institucional permanente do museu. Isto inclui registros de diferentes gêneros a respeito da criação do museu, da formação de seu acervo, da construção de sua sede, das exposições realizadas, entre outras atividades. Junto à documentação produzida pelo museu, há também o Arquivo de Referência, que reúne dossiês sobre artistas nacionais e internacionais, entidades culturais e movimentos artísticos, dividido entre Fundos eColeções Pessoais.[131]
O MASP Loja oferece grande variedade de livros de arte editados pelo museu e também de outras editoras. Traz também uma grande variedade de livros educativos infantis, catálogos do acervo do museu e das exposições atuais e anteriores. A loja apresenta uma linha própria de produtos do museu, e uma seleção de objetos provenientes de várias partes do país, elaborados por comunidades deartesãos,povos indígenas edesigners. Essa seleção tem a consultoria da curadora-adjunta MASP LojaAdélia Borges, em um trabalho que integra seu esforço para divulgar e valorizar o objeto brasileiro. Os produtos são apresentados de forma não hierárquica, em coerência com o posicionamento conceitual da instituição definido porLina Bo ePietro Maria Bardi, e retomado por Adriano Pedrosa desde que assumiu a direção artística, em 2014.[132][133]
Desde 2019, o espaço do 2° subsolo do MASP recebe o restaurante A Baianeira,[134] comandado pela chef Manuelle Ferraz.[135] Partir do regional para falar de Brasil é o lema da chef, natural deAlmenara, noVale do Jequitinhonha, que elabora pratos com referências baianas e mineiras. No MASP, A Baianeira tem uma carta especial dedrinques, preparada por Néli Pereira, do Espaço Zebra.[136] Durante o almoço, as opções incluem tanto os pratos do dia, quanto opções permanentes. Diariamente, há opções de pratosvegetarianos ouveganos, uma proposta condizente com um equilíbrio de consumo de proteína animal, estimado por Manu.
O conceito degastronomia de Manuelle Ferraz casa com a proposta do MASP de romper hierarquias nas artes, sem discriminar, por exemplo, arte e artesanato. Embora faça pratos vistosos, a busca de Manuelle é por quebrar categorizações e estigmas e trabalhar com ingredientes muitas vezes desprezados pela chamada alta gastronomia. Manuelle Ferraz foi reconhecida Chef Revelação pelo prêmio Melhores do Ano Prazeres da Mesa 2018-2019[137] e teve seu restaurante eleito um dos novos Bib Gourmand (melhorcusto-benefício) doGuia Michelin Brasil 2019.[138] Ainda naquele ano, A Baianeira foi eleito o Melhor Restaurante para se Sentir em Casa,[139] pela premiação gastronômica O Melhor de São Paulo,[140] do jornalFolha de S.Paulo. O restaurante também foi premiado como melhor restaurante de comida brasileira pelo guia Comer & Beber 2021/2022 daVeja São Paulo.[141][142]
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