OMovimento dos Direitos Civis é historicamente um período de tempo compreendido entre1952 e1983, ocorrido de maneiras diversas e marcado por pacificações populares e convulsões nasociedade civil em países de todos oscontinentes, mas principalmente nos países norte-americanos.
O processo de conseguir a completa igualdade perante aLei para todas as camadas da população, independente decor,raça oureligião, foi longo e extenuante em diversos países e a maioria destes movimentos não conseguiu atingir seu objetivo. Em seus últimos dias, alguns deles acabaram se voltando para uma conotação política deesquerda.
O marco inicial deste movimento se deu no sul eminentemente racista do país, na cidade deMontgomery, estado doAlabama, em1 de dezembro de1955, quando a costureira negraRosa Parks ( conhecida como “A Mãe dos Direitos Civis”) se recusou a ceder seu lugar para um homem branco, prática obrigatória de acordo com as leis segregacionistas daquele estado.
Nove estudantes negros conseguiram nas cortes federais o direito de estudar no Ginásio Central de Little Rock, pequena cidade doArkansas, onde as escolas eram até então segregadas. No primeiro dia de aula, além dos insultos e ameaças feitas pelos estudantes e pela população branca na chegada à escola, eles foram forçados a retornarem a suas casas, por ordem daGuarda Nacional do estado, convocada pelo governador para impedir a sua entrada, em oposição à decisão da justiça federal. O então presidenteDwight Eisenhower dissolveu a Guarda Nacional do Arkansas e enviou tropas depára-quedistas doexército para garantir e proteger a entrada e o estudo dos nove alunos negros em Little Rock, cumprindo a decisão das cortes federais. Oracismo no sul americano estava de tal maneira arraigado, que quando o ano letivo terminou, os integrantes do sistema público de ensino de Little Rock preferiram fechar a escola – no que foram seguidos por outras escolas do estado e do sul do país – a permitir a integração racial nelas.
Estudantes negros e brancos da cidade de Greensboro,Carolina do Norte, começaram a sentar em grupos no chão de lanchonetes, restaurantes, lojas,museus, praças, teatros e demais estabelecimentos da cidade em protesto contra a segregação aos negros nestes locais. Centenas eram presos e soltos, muitas vezes arrancados de seus lugares com violência pelapolícia. O exemplo começou a ser seguido em diversos estados durante todo o começo dos anos 60.
Em20 de setembro de1962, no início do ano letivo americano, o estudante James Meredith, após ter ganho de causa nas cortes federais pelo direito de ingresso naUniversidade do Mississippi, o mais racialmente conservador de todo o país, teve sua tentativa de entrar nocampus impedida por duas vezes, por interferência pessoal do própriogovernador do estado, que declarou que “nenhuma escola do Mississipi seria integrada enquanto ele governasse o estado”. Após a apelação de Meredith à corte federal, que instituiu uma multa diária de US$ 10 mil por cada dia que ele fosse impedido de entrar na faculdade, Meredith conseguiu ingresso escoltado por agentes federais no dia 30 de setembro.
Civis e estudantes brancos começaram uma grande conflagração na universidade e suas vizinhanças que acabou com a morte de duas pessoas e ferimentos à bala em 28 agentes federais e mais de 160 feridos entre a população. No dia seguinte, oPresidenteJohn Kennedy enviou forças do exército para garantir a entrada e a permanência de Meredith na universidade e dominar os tumultos na cidade.
Ativistas negros e brancos marcham em Washington pelos direitos civis aos negros.
Em agosto de1963, um quarto de milhão de manifestantes, negros e brancos, vindos de toda parte da nação, se reuniram na capital do país para um dia de discursos, protestos e cantos a favor da igualdade dos direitos civis para todos os cidadãos, organizado entre outros porMartin Luther King,Bayard Rustin e Phillip Randolph, na maior aglomeração pacífica realizada nos Estados Unidos com propósitos de integração racial, direito de moradia digna, pleno emprego, direito aovoto eeducação integrada. A música, em especial, foi crucial para inspirar, mobilizar e dar voz ao movimento de direitos civis: cantores profissionais comoMahalia Jackson eHarry Belafonte apoiaram desde cedo o movimento e a música "We Shall Overcome" se tornou seu hino não-oficial.[1]
Durante os meses de verão de1964, férias escolares nos Estados Unidos, um grupo de mais de cem estudantes voluntários pelos direitos civis do norte do país, brancos e negros, dirigiram-se ao sul para iniciar uma campanha pelo direito de voto negro e para a formação de um partido pela liberdade doMississippi.Lyndon Johnson assina a Lei dos Direitos Civis em 2 de julho de 1964. Três deles acabaramassassinados pelaKu Klux Klan em conluio com autoridades policiais da cidade deFiladélfia, Mississipi e seus corpos, perfurados a tiros, encontrados após mais de um mês de diligências doFBI, enviado ao local peloPresidenteLyndon Johnson para assumir as investigações. Acompanhado diariamente pela imprensa em rede nacional de televisão e pelos mais influentes jornais do país, a indignação que o caso provocou na opinião pública americana ajudou o Presidente Johnson a aprovar junto aoCongresso a Lei dos Direitos Civis, em2 de julho de1964. (este caso foi contado no filme de sucesso mundial “Mississippi em Chamas”, deAlan Parker)
No fim do ano, o antissegregacionista Martin Luther King recebeu oPrêmio Nobel da Paz por seus esforços pacíficos pelo fim da segregação racial e pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.
Martin Luther King liderou passeatas e manifestações na cidade de Selma, no Alabama, em prol do direito de cidadãos negros se registrarem como votantes, em oposição ao chefe de polícia da cidade, Jim Clark. Ele e centenas de manifestantes foram presos, mas as manifestações continuaram e acabaram em violência por toda a cidade, com a morte de uma manifestante pela polícia. Nos dias que se seguiram, choques entre civis brancos locais, policiais acavalo e manifestantes negros resultaram em tumultos generalizados com mortos e feridos, transmitidos pela televisão para todo o país. As cenas causaram a mesma indignação dos fatos ocorridos no Mississipi no ano anterior e permitiram ao Presidente Johnson conseguir aprovar junto aoCongresso a Lei do Direito de Voto em 6 de agosto de 1965. Esta decisão provocou a famosa lamentação de Lyndon Johnson de que “com essa assinatura acabo de perder os votos do sul na próxima eleição”. (nota: Lyndon Johnson desistiu da reeleição em1968, devido aos protestos generalizados no país por causa daGuerra do Vietnam),
O direito ao voto negro mudou para sempre a facepolítica do sul dos EUA, fazendo com que, em 1966, o número de negros eleitos para cargos públicos no Mississipi, o mais racista dos estados sulistas, fosse maior do que em qualquer outro estado do país. Em 1965, pouco mais de 100 negros foram eleitos para mandatos públicos nos EUA. Hoje, os agora chamadosafro-americanos são mais de 8 000 000, a maioria em estados do sul.
Em contraponto com a política de integração através da não-violência de Martin Luther King, surgiu em 1966 um grupo de homens liderados porStokely Carmichael, pregando a necessidade dos negros de se defenderem dos ataques sofridos pela Ku Klux Klan no sul do país. A partir de seus discursos, os negros sulistas, em número muito maior do que o da organização racista, passaram a enfrentar de armas nas mãos os ataques dos brancos racistas da região, fazendo com que a Klan desistisse de aterrorizar os habitantes negros da região. A este movimento começou a se dar o nome de Black Power (Poder Negro).
Malcolm X, um dos principais defensores dos direitos dos afro-americanos
O movimento pelos direitos civis começava a enfrentar a violência através da violência. Os jovens integrantes do Black Power passaram a mostrar seu orgulho de pertencer à raça negra ganhando maior identidade cultural, exteriorizando seus sentimentos, usando indumentárias coloridas e cabelos no que chamavam de estiloafro, inspirados nastribos daÁfrica.
O sentimento de combater o racismo, a injustiça e a violência branca com a mesma moeda, cada vez mais crescente, acabou desembocando na organização conhecida como “Panteras Negras”, um pequeno partido político criado emOakland,Califórnia, disposto a conseguir a igualdade racial e política “por quaisquer meios”, seguidores ideológicos do falecido ativistaMalcolm X. Sua indumentária padrão, de casacos negros de couro,boinas negras, camisas azuis e cabelos afro passou a fazer parte da paisagem política e policial americana junto com sua saudação de punho levantado, até o meio dos anos 70, sempre ligada a métodos agressivos de protestos e retaliação. Todos os seus mais conhecidos líderes, comoHuey Newton,Bobby Seale eAngela Davis acabaram presos e relegados à obscuridade, devido às ações repressivas do governo do republicanoRichard Nixon.
AAssociação dos Direitos Civis da Irlanda do Norte - TheNorthern Ireland Civil Rights Association (NICRA) - atuou pelos direitos civis da minoriacatólica no fim dadécada de 1960 e começo dosanos 70. Desde a concepção doEstado, os católicos sofreram uma forte discriminação sob o governo unionistaprotestante, e a NICRA balizou suas atividades e campanhas pelo movimento dos direitos civis nos Estados Unidos.
Fim para a influência ilegal dos protestantes nas eleições, feitas nos limites dosdistritos, que limitavam os efeitos do voto católico.
O desmantelamento dos B-Specials, uma sectária polícia protestante da reserva.
Referências
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