Nota-se que a maior parte dos mouros da Península Ibérica eram descendentes de ibéricos convertidos ao islamismo. Portanto, não havia significativa diferençafenótipa entre mouros e cristãos da Ibéria.[2]
"Mouro" e "mauro" provêm dotamazight ⴰⵎⵓⵔ "amur", "terra", através dolatimmaurus.[3] "Sarraceno" provém doárabe شرقيينxarquiin, plural de شرقيxarquii, "oriental", através dogrego bizantino Σαρακηνοίsarakenoí e do latimsarracenu.[4]
NaAntiguidade, osromanos denominavam "mauros" (emlatim:mauri) às populações que habitavam a região noroeste da África, que por sua vez designavam deMauritânia. Estas populações pertenciam a grupo étnico maior, o dosberberes, que posteriormente, à época daexpansão islâmica (século VII), vieram a adotar esta religião, muitos dos quais adotando mesmo alíngua árabe, além doidioma nativo. Estas populações juntaram-se aosárabes na conquista da Península Ibérica durante oséculo VIII. A chamada "civilização moura" ou "civilização mourisca", que floresceu naIdade Média, era predominantemente árabe.
Com o avanço do processo daReconquista, os mouros perderam grande parte de seu território na Península no final doséculo XIII. Finalmente, em 1492, osReis Católicos conquistaram oReino de Granada e expulsaram os últimos mouros da Península. A maioria dos refugiados estabeleceu-se no norte de África.
Desse modo, a palavra "mouro" pode referir-se a todos os habitantes do noroeste da África que são muçulmanos ou falam o árabe ou, ainda, aos muçulmanos de origem espanhola, judaica ou turca que vivem no norte da África. Emfrancês, "maure" (mouro) designa os nómades da região doSaara Ocidental. "Mouro" aplica-se ainda aos muçulmanos cingaleses-árabes doSri Lanka. Nalíngua castelhana, "moro" também se refere aos muçulmanos que vivem no sul dasFilipinas.
Com a invasão muçulmana da Península Ibérica, iniciou-se um processo gradual de conversão da população ibérica docristianismo para oislamismo, assim como ocorreu em outras regiões dominadas pelos árabes. Segundo o historiador R. W. Bulliet, até o ano 800, apenas 8% da população autóctone deAlandalus havia se convertido ao islamismo. Em meados doséculo IX, essa proporção chegou a 12,5%. Ter-se-ia duplicado e chegado a 25% até 900, e em 950 a cifra teria voltado a duplicar. Até o ano 1000, 75% da população ibérica já era muçulmana, e a partir daí se estabilizou. Os restantes 25% eram compostos pelas minorias cristãs e judaicas. Portanto, a maioria dos mouros ibéricos eram descendentes de cristãos convertidos ao islamismo, que acabaram, com o passar das gerações, esquecendo suas origens e assumindo uma identidadeárabe, do mesmo modo que ocorreu com osberberes do Norte da África. Em consequência, não havia diferenças fenótipas significativas entre muçulmanos e cristãos ibéricos. Houve, contudo, a migração de populaçõesberberes do norte da África e, em menor medida, de árabes, que foram assimilados na população.[2]
Com o avanço dareconquista cristã, houve o caminho inverso: muitos muçulmanos converteram-se ao cristianismo. Em Portugal, a população moura já estava bastante iberizada, e a sua assimilação na sociedade portuguesa aconteceu sem maiores problemas. Na Espanha, por outro lado, ainda havia uma grande população muçulmana não assimilada, que foi perseguida pelaInquisição e expulsa do país noséculo XVII.[5]
A influência daarte mourisca em Portugal foi além das áreas onde viviam os mouros. Criaram um estilo artístico sem igual em arquitetura e em iluminação que floresceu de meados doséculo IX até princípio doséculo XI. Nesta arte, os cristãos que ainda habitavam o norte daPenínsula Ibérica valeram-se de influências mouras e orientais para formar o estilo que caracterizou as igrejas da região.
Após a Reconquista, os cristãos empregaram trabalhadores mouros, conhecedores de técnicas de edificação e decoração, criando um estilo chamadomudéjar, que persistiu mesmo após a retirada total dos mouros da Península.
Um estudo genético de 2016 revelou marcadores genéticos típicos do Norte da África em restos humanos de origem moura encontrados no sul da França (Nimes).[7]
Outro estudo genético de 2006, mas com amostras deCórdoba, na Espanha, também havia fornecido resultados similares.[8]
Estados e dinastias mouros no norte de África e na Península Ibérica