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Mouros

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"Mouriscos do Reino de Granada, passeando pelo campo com mulher e criança". Desenho deChristoph Weiditz (1529)

Mouros,mauritanos,mauros ousarracenos[1] são considerados, originalmente, os povos oriundos doNorte de África, praticantes doIslão, nomeadamenteMarrocos,Argélia,Mauritânia eSaara Ocidental,invasores da região daPenínsula Ibérica,Sicília,Malta e parte deFrança, durante aIdade Média. Estes povos consistiam fundamentalmente nos grupos étnicosberberes eárabes, que constituem o âmago deetnicidade daÁfrica setentrional. O período daReconquista marca a expulsão destes povos daPenínsula Ibérica, consubstanciando-se também numa cruzada histórica entre a religião dos mouros, oislão, e a religião dos povos da Península Ibérica, ocatolicismo.

Nota-se que a maior parte dos mouros da Península Ibérica eram descendentes de ibéricos convertidos ao islamismo. Portanto, não havia significativa diferençafenótipa entre mouros e cristãos da Ibéria.[2]

Etimologia

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"Mouro" e "mauro" provêm dotamazight ⴰⵎⵓⵔ "amur", "terra", através dolatimmaurus.[3] "Sarraceno" provém doárabe شرقيينxarquiin, plural de شرقيxarquii, "oriental", através dogrego bizantino Σαρακηνοίsarakenoí e do latimsarracenu.[4]

História

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Ver artigo principal:Mauros

NaAntiguidade, osromanos denominavam "mauros" (emlatim:mauri) às populações que habitavam a região noroeste da África, que por sua vez designavam deMauritânia. Estas populações pertenciam a grupo étnico maior, o dosberberes, que posteriormente, à época daexpansão islâmica (século VII), vieram a adotar esta religião, muitos dos quais adotando mesmo alíngua árabe, além doidioma nativo. Estas populações juntaram-se aosárabes na conquista da Península Ibérica durante oséculo VIII. A chamada "civilização moura" ou "civilização mourisca", que floresceu naIdade Média, era predominantemente árabe.

Com o avanço do processo daReconquista, os mouros perderam grande parte de seu território na Península no final doséculo XIII. Finalmente, em 1492, osReis Católicos conquistaram oReino de Granada e expulsaram os últimos mouros da Península. A maioria dos refugiados estabeleceu-se no norte de África.

Castelo dos Mouros, emSintra

Desse modo, a palavra "mouro" pode referir-se a todos os habitantes do noroeste da África que são muçulmanos ou falam o árabe ou, ainda, aos muçulmanos de origem espanhola, judaica ou turca que vivem no norte da África. Emfrancês, "maure" (mouro) designa os nómades da região doSaara Ocidental. "Mouro" aplica-se ainda aos muçulmanos cingaleses-árabes doSri Lanka. Nalíngua castelhana, "moro" também se refere aos muçulmanos que vivem no sul dasFilipinas.

Origem étnica dos mouros ibéricos

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Com a invasão muçulmana da Península Ibérica, iniciou-se um processo gradual de conversão da população ibérica docristianismo para oislamismo, assim como ocorreu em outras regiões dominadas pelos árabes. Segundo o historiador R. W. Bulliet, até o ano 800, apenas 8% da população autóctone deAlandalus havia se convertido ao islamismo. Em meados doséculo IX, essa proporção chegou a 12,5%. Ter-se-ia duplicado e chegado a 25% até 900, e em 950 a cifra teria voltado a duplicar. Até o ano 1000, 75% da população ibérica já era muçulmana, e a partir daí se estabilizou. Os restantes 25% eram compostos pelas minorias cristãs e judaicas. Portanto, a maioria dos mouros ibéricos eram descendentes de cristãos convertidos ao islamismo, que acabaram, com o passar das gerações, esquecendo suas origens e assumindo uma identidadeárabe, do mesmo modo que ocorreu com osberberes do Norte da África. Em consequência, não havia diferenças fenótipas significativas entre muçulmanos e cristãos ibéricos. Houve, contudo, a migração de populaçõesberberes do norte da África e, em menor medida, de árabes, que foram assimilados na população.[2]

Com o avanço dareconquista cristã, houve o caminho inverso: muitos muçulmanos converteram-se ao cristianismo. Em Portugal, a população moura já estava bastante iberizada, e a sua assimilação na sociedade portuguesa aconteceu sem maiores problemas. Na Espanha, por outro lado, ainda havia uma grande população muçulmana não assimilada, que foi perseguida pelaInquisição e expulsa do país noséculo XVII.[5]

A Expulsão dos Mouriscos (1894), deGabriel Puig Roda

A tabela abaixo mostra a quantidade de mouros que foram expulsos da Espanha, entre 1609 e 1613.[6]

Valencia - 117 464
Aragón - 60 818
Cataluña - 3 716
Castilla y Extremadura - 44 625
Murcia - 13 552
Andalucía occidental29 939
Granada - 2 026
TOTAL - 270 140

Arquitetura mourisca

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Destacam-se, na arquitetura moura:

A influência daarte mourisca em Portugal foi além das áreas onde viviam os mouros. Criaram um estilo artístico sem igual em arquitetura e em iluminação que floresceu de meados doséculo IX até princípio doséculo XI. Nesta arte, os cristãos que ainda habitavam o norte daPenínsula Ibérica valeram-se de influências mouras e orientais para formar o estilo que caracterizou as igrejas da região.

Após a Reconquista, os cristãos empregaram trabalhadores mouros, conhecedores de técnicas de edificação e decoração, criando um estilo chamadomudéjar, que persistiu mesmo após a retirada total dos mouros da Península.

Genética

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Um estudo genético de 2016 revelou marcadores genéticos típicos do Norte da África em restos humanos de origem moura encontrados no sul da França (Nimes).[7]

Outro estudo genético de 2006, mas com amostras deCórdoba, na Espanha, também havia fornecido resultados similares.[8]

Estados e dinastias mouros no norte de África e na Península Ibérica

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Ver também

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Referências

  1. Ferreira 1986, p. 1165
  2. abFletcher 2000
  3. Ferreira 1986, p. 1165, 1106
  4. Ferreira 1986, p. 1555
  5. Green 2011, p. 463.
  6. Lapeyre 2011, p. 218
  7. Gleize et al. 2016
  8. Casas et al. 2006

Bibliografia

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  • Ferreira, A. B. H. (1986).Novo dicionário da língua portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira 
  • Fletcher, Richard (2000).La España Mora. [S.l.]: Nerea.ISBN 8489569401 
  • Green, Toby (2011).Inquisição: O Reinado do Medo. Trad. Cristina Cavalcanti. Rio de Janeiro: Objetiva. 480 páginas.ISBN 9788539002214 
  • Parafita, Alexandre (2006).A Mitologia dos Mouros. Porto: Gailivro 

Ligações externas

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