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Miniconto

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Fábulas de Esopo, que podem ser consideradas precursoras dos minicontos atuais.

Miniconto, oumicroconto, ounanoconto, é uma espécie deconto muito pequeno, produção esta que tem sido associada aominimalismo. O miniconto apresenta uma narração dentro de apenas uma linha. A ideia é que no mínimo de palavras possíveis, seja apresentado todo um contexto e uma ação em torno do pouco que é revelado por aquelas palavras. Embora ateoria literária ainda não reconheça o miniconto como umgênero literário à parte, fica evidente que as características do que chamamos de miniconto são diferentes das de um "conto pequeno". No miniconto muito mais importante que mostrar é sugerir, deixando ao leitor a tarefa de "preencher" as elipses narrativas e entender a história por trás da história escrita.

OguatemaltecoAugusto Monterroso é apontado como autor do mais famoso miniconto, escrito com apenas trinta e sete letras[1]:

Quando acordou odinossauro ainda estava lá.

O leitor deve imaginar, a partir dessa simples frase, os eventos que precedem o acontecimento, assim como as consequências após a descoberta do dinossauro. Com um número pequeno de palavras, há uma expansão de significados que podem ser imaginados para o miniconto. O personagem aqui não é determinado, o que acontece na maioria dos microcontos, usando a primeira ou terceira pessoa do singular, o sujeito da narrativa fica aberto para ser qualquer pessoa ou o próprio leitor. Mesmo nessa versão, ainda é possível encontrar funções da narrativa de Propp. O miniconto pode apresentar uma panorama, como o de Ernest Hemingway: "Vende-se: sapatos de bebê, sem uso". Aqui está subentendida a esfera do Dano, em que há a perda de um filho recém-nascido. No caso do Dinossauro, pode-se interpretar o contexto dado como, por exemplo, um Recebimento de Coadjuvante ou uma Designação da Prova. Seria o dinossauro o coadjuvante para auxiliar o herói ou o doador que lhe designou uma prova para comprovar suas forças? O microconto sempre trabalha com narrações inteiras subentendidas em pequenos contextos e ações que dependem da superinterpretação do leitor.

Também oestadunidenseErnest Hemingway é autor de outro famoso miniconto. Com apenas vinte e seis letras, mas por trás das quais há toda uma história de tragédia familiar:

Vende-se um par de sapatos de bebê. Nunca usados.

O número de letras é importante mas não rígido, normalmente sendo atribuído pelos autores ou organizadores de determinadaantologia, e naturalmente divulgados na mesma.Marcelino Freire publicou em 2004 a obraOs cem menores contos do século, em que desafiou cem escritores a produzir contos com no máximo 50 letras, por exemplo.

Uma das definições de microconto estabelece o limite de 150 caracteres (contando letras, espaços e pontuação) para permitir seu envio através de mensagensSMS (torpedos) pelo celular, evidenciando uma das características do microtexto, que é sua ligação com asnovas tecnologias de informação e comunicação.

NoBrasil, o livroAh,é?1994, deDalton Trevisan, é considerado o ponto de partida do miniconto no seu formato contemporâneo. Também se destacaJoão Gilberto Noll que apresenta obras voltadas para o tema.

Características do miniconto

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  • Concisão
  • Narratividade (muitos dos ditos minicontos são, na verdade, tiradas líricas)
  • Totalidade (um miniconto não é umastory line)
  • Subtexto
  • Ausência de descrição
  • Retrato de "pedaços da vida"

A redução extrema de uma história fazendo com que encaixe até em um tweet não é algo novo, porém encontrou na internet uma forma de expandir a produção. Nos meios impressos, sempre houve um limite para o que pode ser escrito. Em um livro, o enredo pode se estender por infinitas páginas, porém um jornal ou revista possui uma quantidade exata de caracteres que sua história possui. Com oTwitter, que limita as mensagens pessoais para apenas 140 caracteres, os escritores de ficção também se adaptam e quanto menor o espaço, mais direta deve ser a narrativa.

Por exemplo, a RevistaCollier's pedia que seus colaboradores mandassem textos que encaixassem em uma de suas páginas. Essa limitação criou asflash fictions, histórias completas em 1000 palavras ou menos. Nesse gênero, os personagens são geralmente planos, já que não há espaço para aprofundá-los, a descrição do personagem não passa do essencial para a história. Ou para aquele pedaço da história, pois é comum que asflash fictions apresentem a históriain media res. Dessa forma, também não é possível encontrar diversas funções da narrativa dePropp, a narração é feita dentro de uma ou duas funções e nem sempre encontra-se uma conclusão. Podemos encontrar, então, uma situação de proibição e transgressão ou um combate sem que haja um desfecho claro. Isso deixa o leitor a vontade para preencher esses "espaços em branco" da narrativa da forma que sua imaginação mandar. Essa última característica é primordial para o gênero literário mais minimalista, o miniconto.

Autores

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NaEspanha e na América, as referências clássicas deste tipo são: Juan José Arreola,Dalton Trevisan,João Gilberto Noll,Augusto Monterroso,Grupo Casa Verde, Ramon Gómez de la Serna, Santiago Eximeno, José Luis Zarate,Alejandro Córdoba Sosa e outros agora escrevendomicrorrelatos com muita nitidez. Naliteratura francesa, os autores demicronouvelles são Jacques Fuentealba, Vincent Bastin, Stéphane Bataillon e Laurent Berthiaume. São fortemente influenciados pelamicroficción em espanhol.[2] Em alemão, aKürzestgeschichten são influenciados porBertolt Brecht eFranz Kafka. Os principais autores foram Peter Bichsel, Heimito von Doderer, Helmut Heißenbüttel e Günter Kunert.

Referências

  1. Oliveira, Bruno (22 de abril de 2020).«O dinossauro e outras pequenas estórias — precisamos falar dos microcontos».Medium (em inglês). Consultado em 26 de junho de 2020 
  2. Irène Langlet,Les Echelles de bâti de la science-fiction, inRevue française de Fixxion contemporaine - Critical Review of Contemporary Franch Fixxion, n° 1,Micro/Macro, 2011 e Cristina Alvarez,Nouveaux genres littéraires urbains - les nouvelles en trois lignes contemporaines au sein des micronouvelles. inAtas do Simpósio Internacional : Microcontos e outras microformas, Minho,ISBN 978-972-8063-65-8

Ver também

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