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Miguel Arraes | |
|---|---|
| Deputado Federal porPernambuco | |
| Período | 1°- 1º de fevereiro de 1983 até 1º de fevereiro de 1987 2°- 1º de fevereiro de 1991 até 1º de janeiro de 1995 3°- 1º de fevereiro de 2003 até 21 de julho de 2005 |
| 40.°, 49.° e 52.° Governador dePernambuco | |
| Período | 1°- 31 de janeiro de 1963 até 2 de abril de 1964 2°- 15 de março de 1987 até 1º de abril de 1990 3°- 1º de janeiro de 1995 até 1º de janeiro de 1999 |
| Vice-governador | 1°-Paulo Pessoa Guerra 2°-Carlos Wilson 3°-Jorge José Gomes |
| Antecessor(a) | 1°-Cid Feijó Sampaio 2°-Gustavo Krause 3°-Joaquim Francisco |
| Sucessor(a) | 1°-Paulo Pessoa Guerra 2°-Carlos Wilson 3°-Jarbas Vasconcelos |
| 30.º Prefeito doRecife | |
| Período | 1º de janeiro de 1960 até 1º de janeiro de 1963 |
| Antecessor(a) | Pelópidas da Silveira |
| Sucessor(a) | Liberato da Costa Júnior |
| Deputado Estadual porPernambuco | |
| Período | 1951 até 1959(2 mandatos consecutivos) |
| 2.° Presidente Nacional doPSB | |
| Período | 13 de agosto de 1993 até 13 de agosto de 2005 |
| Antecessor(a) | Jamil Haddad |
| Sucessor(a) | Eduardo Campos |
| Dados pessoais | |
| Nome completo | Miguel Arraes de Alencar |
| Nascimento | 15 de dezembro de1916 Araripe,CE,Brasil |
| Morte | 13 de agosto de2005 (88 anos) Recife,PE,Brasil |
| Alma mater | Universidade Federal de Pernambuco(UFPE) |
| Prêmio(s) | Ordem do Mérito Militar[1] Ordem do Infante D. Henrique[2] |
| Cônjuge | Célia de Sousa Leão(m.1961) Maria Magdalena Fiúza |
| Partido | PSD(1950–1959) PST(1959–1964) MDB(1979) PMDB(1980–1990) PSB(1990–2005) |
| Religião | catolicismo romano |
| Profissão | Advogado,economista epolítico |
Miguel Arraes de AlencarGCIH •GOMM (Araripe,15 de dezembro de1916 —Recife,13 de agosto de2005) foi umadvogado,economista epolíticobrasileiro filiado aoPartido Socialista Brasileiro (PSB). DePernambuco, foigovernador por três mandatos, além de pordeputado federal eestadual por três e dois mandatos, respectivamente. Foi tambémprefeito da capitalRecife.
Foi o homenageado naUnidos de Vila Isabel no Carnaval de 2016. Considerado defensor intransigente dos pobres, o nome do ex-governador de Pernambuco, exilado durante aditadura militar, foi incluído noLivro dos Heróis da Pátria no dia 25 de setembro de 2018.

Nasceu no município deAraripe, extremo sul doCeará, na divisa com os municípios pernambucanos deIpubi eBodocó. Primogênito e único filho homem dos produtores rurais Maria Benigna Arraes e José Almino deAlencar e Silva, era tetraneto de Inácia Pereira de Alencar, irmã deBárbara de Alencar, heroína daRevolução Pernambucana e daConfederação do Equador.[3]
Arraes casou-se pela primeira vez com Célia de Sousa Leão, de tradicional família pernambucana, descendente doBarão de Vila Bela, com quem teve oito filhos: José Almino de Alencar e Silva Neto (n. 1946),Ana Lúcia Arraes de Alencar (n. 1947), Carlos Augusto Arraes de Alencar (n. 1950),Miguel Arraes de Alencar Filho (n. 1953), Marcos Arraes de Alencar (n. 1956), Maurício Arraes de Alencar (n. 1956), Carmen Sílvia Arraes de Alencar (n. 1957) e Luís Cláudio Arraes de Alencar (n. 1959).[3]
Sua primeira esposa morreu em 1961. Casou-se novamente com Maria Magdalena Fiúza Arraes de Alencar, com quem teve mais dois filhos Mariana Arraes de Alencar (n. 1963) e Pedro Arraes de Alencar (n. 1966).[3]
Entre seus inúmeros netos, destacam-seEduardo Campos, também governador dePernambuco e que foi candidato à Presidência da República, morto em um acidente aéreo em 13 de agosto de 2014),Antônio Campos (advogado, escritor e membro daAcademia Pernambucana de Letras),João Henrique Campos (bisneto), atual prefeito de Recife,Marília Arraes (Deputada Federal-PE) eLuisa Arraes (atriz).
Durante a juventude Arraes mudou-se para a cidade doCrato, no sul do Ceará, com o objetivo de concluir o ginásio (segunda etapa do atual ensino fundamental). Nesses anos, um fato marcou muito a sua personalidade: flagrou um curral com três flagelados presos simplesmente por tentarem fugir da seca paraFortaleza. A respeito, afirmou:"É uma lembrança que guardo para sempre. Era um horror difícil de compreender e marcou meu jeito de ver as coisas".

Em1932, aos dezessete anos, foi aprovado no vestibular daFaculdade de Direito da Universidade do Brasil (atualUFRJ). Simultaneamente, também foi aprovado no concurso público de escriturário doInstituto do Açúcar e do Álcool (IAA), sendo enviado aoRecife. Após a posse no cargo, conseguiu a transferência para aFaculdade de Direito do Recife (incorporada posteriormente àUFPE). Formou-se em1937. No ano seguinte, foi promovido a assistente do diretor de Fiscalização, cargo no qual permaneceu até1941, quando passou a ser chefe de Secretaria. Em1943 ascendeu a delegado regional.
Deixou essa ocupação em1948,[1] ao assumir a Secretaria de Fazenda do Estado de Pernambuco, por indicação deBarbosa Lima Sobrinho, que havia sido eleito governador do estado naquele ano e com quem havia trabalhado no IAA.
Em 1959, de novo secretário da Fazenda no governoCid Sampaio, foi também eleitoprefeito do Recife, ocupando o cargo de 1960 até 1962.[2]
Elegeu-se governador em1962, com 47,98% dos votos, peloPartido Social Trabalhista (PST), apoiado peloPartido Comunista Brasileiro (PCB) e setores doPartido Social Democrático (PSD), derrotandoJoão Cleofas (UDN) - representante das oligarquias canavieiras de Pernambuco. Seu governo foi considerado de esquerda, pois forçou usineiros e donos de engenho da Zona da Mata do Estado a estenderem o pagamento dosalário mínimo aos trabalhadores rurais (oAcordo do campo) e deu forte apoio à criação desindicatos, associações comunitárias e àsligas camponesas.

Com o golpe militar de1964, tropas do IV Exércitocercaram oPalácio das Princesas (sede do governo estadual). Foi-lhe proposto que renunciasse ao cargo para evitar a prisão, o que prontamente recusou para, em suas palavras,"não trair a vontade dos que o elegeram". Em consequência, foi preso na tarde do dia 1º de abril.
Deposto, foi encarcerado em uma pequena cela do 14ºRegimento de Infantaria do Recife, sendo posteriormente levado para a ilha deFernando de Noronha, onde permaneceu por onze meses. Posteriormente, foi encaminhado para as prisões daCompanhia da Guarda e doCorpo de Bombeiros, noRecife, e daFortaleza de Santa Cruz, noRio de Janeiro.
Seu pedido dehabeas corpus (HC) noSupremo Tribunal Federal foi protocolado em 19 de abril, sob o número 42 108. Foi concedido, por unanimidade, fundamentado em questões processuais (foro privativo de governadores e necessidade de autorização da Assembleia Legislativa). A exceção foi o voto do ministroLuís Galloti, que concedeu o HC em função do flagrante excesso de prazo da prisão. O então procurador-geral da República,Oswaldo Trigueiro, opinou pela manutenção de sua prisão. Libertado em 25 de maio de1965, exilou-se naArgélia.
Concedido ohabeas corpus, Arraes foi orientado por seu advogado,Sobral Pinto, a exilar-se, devido ao risco iminente de uma nova prisão. Várias embaixadas estavam sitiadas pelos militares, restando apenas poucas opções de locais para pedir asilo político. Sendo assim, o próprio Arraes escolheu aArgélia.
No continente africano, Arraes atuou como importante articulador dos movimentos de esquerda brasileiros[4] e, até mesmo, em favor da libertações das colônias portuguesas.[5]
Foi a partir de sua iniciativa que foi criado o Boletim da Frente Brasileira de Informação, uma publicação na qual figuras como Paulo Freire e Celso Furtado contribuíram, e que denunciava os desmandos da ditadura brasileira, recebendo forte apoio de países europeus.[5]
Durante o exílio, foi condenado à revelia, no dia 2 de março de 1967, pelo Conselho Pernambucano de Justiça da 7ª Região Militar. A pena, de 23 anos de prisão, pelo crime de "subversão".
Em1979, com a anistia, aconteceu o retorno de Miguel Arraes ao Brasil. Cerca de 50 mil pessoas estiveram presentes no bairro deSanto Amaro para o comício de boas-vindas.[6] É recepcionado por várias lideranças de esquerda que permaneceram no Brasil, inclusiveJarbas Vasconcelos, aliado que se tornaria a partir dadécada de 1990 seu principal adversário político.

Elegeu-se deputado federal em1982, peloPMDB. Em1986 vence as eleições para governador de Pernambuco, ainda peloPMDB, derrotando o candidato doPFL e do governo,José Múcio Monteiro. Seu governo foi caracterizado por programas voltados ao pequeno agricultor, como oVaca na corda, que financiava a compra de uma vaca e oChapéu de palha, que empregava canavieiros, no período de entressafra, na construção de pequenas obras públicas. Outro ponto central foi a eletrificação rural.

A 26 de Novembro de 1987 foi agraciado com a Grã-Cruz daOrdem do Infante D. Henrique dePortugal.[2]

Em1990, filia-se aoPartido Socialista Brasileiro (PSB). É eleito mais uma vez governador em1994, aos 78 anos, sendo um dos principais opositores ao governo do presidenteFernando Henrique Cardoso - posição esta que lhe custou caro, politicamente. Ainda assim, foi admitido por FHC àOrdem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial.[1]
Seu último governo é marcado pela grave crise financeira do estado e pela greve das polícias civil e militar. Perde a reeleição em1998 para seu ex-aliado e ex-prefeito doRecife,Jarbas Vasconcelos, que obteve mais de 64% dos votos válidos.
Em2002, com 86 anos, vence sua última eleição, elegendo-se o quartodeputado federal mais votado doEstado de Pernambuco, mas desta vez apoia como candidato à presidência o ex-governador doRio de Janeiro,Anthony Garotinho, que fica na terceira colocação na eleição presidencial do primeiro turno. Uma candidatura própria à Presidência da República foi de grande importância para o crescimento do partido do qual era cacique (PSB). No segundo turno apoia o candidato a presidenteLuiz Inácio Lula da Silva, aliado seu nas outras eleições presidenciais.
Neste seu último mandato como deputado federal fez parte, junto com os integrantes de seu partido, o PSB, da base aliada do governo do presidente Lula, sendo responsável pela indicação de ministros que iriam ocupar oMinistério da Ciência e Tecnologia no primeira gestão de Lula, destacando-se na função seu neto e herdeiro políticoEduardo Campos, também pelo PSB.
Arraes foi internado no dia16 de junho de2005, com uma suspeita dedengue. Sua saúde piorou no dia 19, quando, vitimado por uma arritmia e a consequente queda de pressão, foi entubado e passou a respirar por aparelhos. Também foi detectada uma infecção pulmonar.
Teve uma ligeira melhora nos dias seguintes. Foi submetido ahemodiálises e no dia2 de julho todos os aparelhos foram retirados. Arraes conversava com parentes e amigos e assistia à TV, opinando sobre a situação caótica em que se encontrava a política. Nos dias seguintes, foi diagnosticada umapneumonia. No dia 20, recebeu a visita do presidenteLula.
Em 29 de julho, uma artéria do pulmão esquerdo se rompeu, provocando uma hemorragia e ocasionando uma cirurgia de emergência. Apesar da sobrevida, osrins e ofígado apresentaram falhas e novamente precisou ser submetido a sessões de hemodiálise, diariamente.
Ainda assim, deu sinais de recuperação, mantendo a consciência. No dia12 de agosto, foi anunciado que deixaria aunidade de tratamento intensivo. Porém, durante a madrugada do dia 13, piorou e o quadro era o de uma infecção generalizada, pela terceira vez. No fim da manhã daquele dia, faleceu depois de 59 dias de internação naUTI do Real Hospital Português, no Recife. Acausa mortis foi um choque séptico causado por infecção respiratória, agravada por insuficiência renal.
Seu corpo foi velado noPalácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, a partir do início da noite do dia 13 de agosto. O cortejo fúnebre saiu no final da tarde do dia 14 de agosto em direção aoCemitério de Santo Amaro noRecife, onde foi sepultado, seguido por milhares de pessoas que cantavam antigos jingles das suas campanhas políticas.
Na ocasião o presidente Lula divulgou a seguinte nota, após decretar luto oficial por três dias:
"A morte do deputado federal e ex-governador Miguel Arraes é uma enorme perda para o povo brasileiro. Arraes foi, sem dúvida, uma das maiores lideranças das lutas populares que marcaram a segunda metade do século 20 no Brasil. Por isso, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, quer manifestar não só seu pesar pessoal pela perda de um amigo, mas também grande tristeza pela ausência de um companheiro que com sua experiência, sabedoria e capacidade de resistência fará muita falta no trabalho em favor da justiça social em nosso país".
Pouco mais de um ano após sua morte, no dia 15 de dezembro de 2006, data que se comemoraria os 90 anos de seu nascimento, a jornalista pernambucanaTeresa Rozowykwiat lançou naLivraria Cultura do Recife o livroArraes, a primeira biografia autorizada sobre a vida do ex-governador. A autora contou com informações exclusivas repassadas pela viúva,Magdalena Arraes, principalmente sobre o período em que viveu no exílio após o golpe militar de 1964. O livro aborda fatos que apenas a família tinha conhecimento e detalhes sobre sua personalidade, que só os mais íntimos conheciam.
No final de 2008, a viúva, Magdalena Arraes, criou oInstituto Miguel Arraes com o objetivo de preservar a memória do ex-governador. Nessa ocasião o jornalista e chargista do jornalDiário de Pernambuco,Lailson de Holanda, selecionou mais de 500 charges feitas por ele durante mais de 30 anos sobre o governador Miguel Arraes, representando-o em diferentes momentos da história política recente dePernambuco, desde da sua chegado do exílio político. O mesmo jornalista também lançou um livro com a coleção de suas melhores charges sobre o ex-governador, chamado deArraestaqui.
Futuramente a viúva do ex-governador também pretende disponibilizar para o público, através do novo instituto, cartas, fotografias e anotações feitas por Arraes.
Em fevereiro de2016, Miguel Arraes foi homenageado no carnaval do Rio de Janeiro, pela escola de samba Unidos de Vila Isabel.

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