| Memorial da América Latina | |
|---|---|
| Informações gerais | |
| Arquiteto(a) | Oscar Niemeyer |
| Inauguração | 1989 |
| Visitantes | 2 000 000 (2016)[1] |
| Diretor | Presidente: Pedro Mastrobuono |
| Website | www.memorial.sp.gov.br |
| Geografia | |
| País | Brasil |
| Cidade | São Paulo,SP |
| Coordenadas | 23° 31′ 38″ S, 46° 39′ 55″ O |
| Localização em mapa dinâmico | |
OMemorial da América Latina é umcentro cultural,político e delazer, inaugurado em18 de março de1989 na cidade deSão Paulo,Brasil. O conjunto arquitetônico, projetado porOscar Niemeyer, é ummonumento à integração cultural, política, econômica e social daAmérica Latina, situado em um terreno de 84 482metros quadrados no bairro daBarra Funda. Seu projeto cultural foi desenvolvido pelo antropólogoDarcy Ribeiro.[2] É umafundação dedireito públicoestadual, com autonomia financeira e administrativa, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura.[3]
O complexo é constituído por vários edifícios dispostos ao longo de duas áreas unidas por umapassarela, que somam ao todo 25 210 metros quadrados de área construída: o Salão de Atos, aBiblioteca Latino-Americana, a Galeria Marta Traba, o Pavilhão da Criatividade, o Anexo dos Congressistas e o Auditório Simón Bolívar — que sofreu um incêndio em novembro de 2013.[4] Na Praça Cívica, encontra-se aescultura em concreto, também de Niemeyer, representando uma mão aberta, em posição vertical, com o mapa da América Latina pintado em vermelho na palma, simbolizando uma mancha de sangue, em referência aos episódios turbulentos do passado e aos problemas sociais da região.[2]
O Memorial possui um acervo permanente deobras de arte, exibidas ao longo da esplanada e nos espaços internos, e conta com um centro de documentação de arte popular latino-americana. Abiblioteca possui cerca de 30 mil volumes, além de seção de música e imagens. O complexo promoveexposições,palestras,debates, sessões de vídeo, espetáculos deteatro,música edança.[2] Mantém o Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, organização de fomento apesquisas acadêmicas sobre assuntos latino-americanos. Publica regularmente a revistaNossa América e livros variados.[5] Serviu de sede aoParlamento Latino-Americano entre 1989 e 2007 (atualmente localizado nacidade do Panamá).[6][7]
A ideia de criar uma instituição na cidade de São Paulo devotada ao aperfeiçoamento das relações políticas, sociais, econômicas e culturais latino-americanas remonta ao governo deAndré Franco Montoro,[8] em meados dadécada de 1980, em um contexto cultural marcado por avanços democráticos no continente e por uma maior convergência de interesses entre o Brasil e países da América Latina - nomeadamente aArgentina, com quem o país firma aDeclaração de Foz do Iguaçu em 1985, acordo base para o surgimento futuro doMercosul.[9] Durante sua gestão no governo paulista, Franco Montoro criou o Instituto Latino-Americano (ILAM), com o propósito de ampliar, sobretudo, o intercâmbio cultural entre os países da região. O ILAM organizaria um acervo bibliográfico de aproximadamente 10 000 itens, além de fotografias, vídeos e outros materiais relacionados à cultura latino-americana, que serviria futuramente como acervo base da biblioteca do memorial.[10][11]

A construção efetiva do Memorial e a idealização de seu programa cultural, no entanto, só seria iniciada durante o governo deOrestes Quércia, que pretendia erguer em São Paulo “o mais importante centro cultural do continente latino-americano”.[12] Para esse fim, Quércia incumbiu o arquitetoOscar Niemeyer de projetar um complexo monumental, a ser construído em um terreno público de aproximadamente 90 000 metros quadrados no bairro da Barra Funda.[13] Niemeyer concebeu um complexo composto de seis edifícios espalhados por duas praças unidas por uma passarela: a biblioteca, o Salão de Atos, o restaurante (atual Galeria Marta Traba), o Pavilhão da Criatividade, o auditório e o centro de estudos. Posteriormente, seria adicionado o edifício-sede doParlamento Latino-Americano. O arquiteto previu o complexo como uma “ilha arquitetônica”, com formas alvas e arrojadas, que servisse também à reabilitação o tecido urbano no entorno.[12] A temática lhe agradava, como declararia posteriormente:
| “ | Poucos temas me deram tanta alegria ao projetá-los como o Memorial da América Latina. Primeiro pelo sentido político que representava. Reunir os povos deste continente para juntos discutirem seus problemas, trocando experiências, lutando pelos direitos desta América Latina tão explorada e ofendida. Depois, porque se tratava de um conjunto de prédios que, bem projetados, poderiam criar o que em arquitetura chamamos de espetáculo arquitetural. | ” |
Por sugestão de Niemeyer, o antropólogoDarcy Ribeiro foi convidado a elaborar o projeto cultural para o memorial, colaborando também na definição dos elementos necessários ao complexo arquitetônico.[13] Chefe da Casa Civil durante oGoverno João Goulart, Darcy Ribeiro teve seus direitos políticos cassados após ogolpe militar de 1964, vivendo, desde então, exilado em vários países da América Latina (trabalhou noUruguai, naVenezuela, noMéxico e foi assessor deSalvador Allende noChile e deVelasco Alvarado noPeru), tendo dessa forma grande afinidade com a temática do projeto.[15][16] Ribeiro também havia colaborado anteriormente com Niemeyer na concepção dosCentros Integrados de Educação Pública (CIEPs), outro motivo que levou o arquiteto a recomendá-lo para a função.[17]
Darcy Ribeiro contou com o apoio doInstituto de Estudos Avançados daUniversidade de São Paulo (USP) na concepção do projeto cultural. Ademais, convidou diversos intelectuais ligados à USP para elaborar o perfil da futura instituição, tais comoAntonio Candido,Alfredo Bosi eCarlos Guilherme Mota. O projeto se baseava na premissa de propor o agrupamento das diferentes realidades latino-americanas em uma única problemática, apoiando-se nas consistentes similaridades entre os povos da região.[18] Ribeiro também idealizou a criação do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (CBEAL), para servir como braço acadêmico do memorial - um órgão de concertação reunindo três universidades públicas paulistas (USP,Unesp eUnicamp), aFundação de Amparo à Pesquisa do estado e a Secretaria de Desenvolvimento, devotado ao fomento e debate de ideias e pesquisas que pudessem transformar o memorial em um centro catalisador de iniciativas para o desenvolvimento latino-americano.[16][18]
Para compor o acervo de arte popular latino-americana da instituição, Darcy Ribeiro criou, ainda em 1988, um grupo de trabalho formado pela fotógrafaMaureen Bisilliat, por seu marido Jacques Bisilliat, especialista em arte popular, e pelo arquiteto Antônio Marcos da Silva, responsável pela coleta dos itens em viagens efetuadas aoMéxico,Guatemala,Equador,Peru eParaguai. Maureen posteriormente assumiria o cargo de curadora do Pavilhão da Criatividade, onde as peças passaram a ser expostas.[19]
Do ponto de vista arquitetônico, a construção do memorial representaria para Niemeyer a oportunidade de aplicar no Brasil os avanços tecnológicos utilizados na década anterior no projeto daUniversidade de Constantine, emAlger.[12] Avolumetria dos principais edifícios seria resolvida por meio de grandes superfícies de concreto e vidro, com contrapontos verticais bem-marcados. Os edifícios seriam dotados de estruturas descritas porJosé Carlos Sussekind como "ousadas"[20] - destacando-se, sobretudo, abiblioteca com os apoios situados fora do prédio, unidos por uma viga de 90 metros de extensão, permitindo um interior totalmente livre, e o auditório com trêsabóbadas, podendo ser considerado como uma espécie de releitura de seu trabalho naIgreja da Pampulha. A unidade do conjunto seria garantida pelo uso generalizado de superfícies curvas, pintadas de branco.[21][22]

As obras do memorial foram iniciadas em outubro de 1987, envolvendo mais de mil trabalhadores e utilizando cerca de 2 200 toneladas de aço.[22] A construção ocorreu em ritmo acelerado: ao término dos trabalhos, o jornalO Estado de S. Paulo registrava que "poucas vezes uma obra de tamanho grandiosidade surgiu do nada, com tanta velocidade".[23] A inauguração ocorreu em 18 de março de 1989. Em 8 de julho deste mesmo ano, Orestes Quércia sancionou a Lei n.º 6 472, instituindo a Fundação Memorial da América Latina,[2] conferindo ao equipamento recém-criado status de órgão administrativa e financeiramente autônomo.[24] Na época de sua inauguração, registraram-se diversas críticas à execução do projeto. Construído semlicitação, o memorial custou aoerário dez vezes mais do que o valor inicialmente previsto.[25][26] Registraram-se críticas também ao partido arquitetônico e utilidade do projeto.[23][26][27]
Nos primeiros anos de funcionamento, o Memorial da América Latina ganharia visibilidade pelos eventos direcionados a públicos abrangentes, sobretudoespetáculos gratuitos de música que reuniam milhares de pessoas.[18] Estão inclusos nessa relação, entre outros, nomes comoMercedes Sosa,Astor Piazzolla,Libertad Lamarque,Caetano Veloso eTom Jobim. Outros eventos artísticos de relevo no período foram as apresentações do Balé Nacional de Cuba, daOrquestra Filarmônica de Israel (sob a regência deZubin Mehta) e daOrquestra Jazz Sinfônica. No campo dasartes visuais, o Memorial sediou importantes mostras, como as retrospectivas deJohann Moritz Rugendas,Fernando Botero e Oswaldo Guayasamín, além de uma exposição dedicada ao escritor e fotógrafoJuan Rulfo.[28] O Memorial também buscou fomentar a produção cultural própria, criando a revistaNova América, destinada a difundir manifestações artísticas e culturais do continente e promover o intercâmbio das comunidades acadêmicas, intelectuais e artísticas. Lançada em 1989, a revista atualmente possui periodicidade trimestral e tiragem de 3 000 exemplares, distribuídos para bibliotecas públicas e universidades latino-americanas e espanholas e também comercializada em alguns pontos de São Paulo.[29][30]
Na condição de sede doParlamento Latino-Americano e por meio das atividades desenvolvidas em torno do projeto "Presidentes da América Latina", instituído em 2006, o Memorial recepcionou importantes autoridades do mundo político e intelectual, desde embaixadores e cônsules a chefes de estado. Estiveram presentes neste espaço, entre outros,Mikhail Gorbachev,Bill Clinton,Fidel Castro,Mário Soares,Eduardo Duhalde,César Gaviria,Hugo Chávez,Papa Bento XVI e os mandatários brasileirosFernando Henrique Cardoso eLuiz Inácio Lula da Silva.[28][31][32]
Mais recentemente, o memorial tem buscado oferecer atividades voltadas à formação de público e à difusão da produção cultural latino-americana contemporânea.[18][26] Dentre essas iniciativas, destacam-se o Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo[33] e o Festival Ibero-Americano de Teatro.[34] Em abril de 2006, foi criada a Cátedra Memorial da América Latina, visando promover o desenvolvimento de temas relevantes, mediante estudo sistemático das realidades culturais, históricas e políticas dos países latino-americanos, agraciada com achancela daUnesco em 2007.[35][36] Em 2009, o Memorial lançou a Biblioteca Virtual da América Latina, com o objetivo de organizar e divulgar recursos de informação sobre a região e coordenar mecanismos de acesso e disseminação da produção cultural, artística e técnico-científica das instituições representativas na área.[37][38] Destaca-se também o projetoSementeira, destinado a estimular o estudo daliteratura nas escolas deensino fundamental.[5]


Na tarde de 29 de novembro de 2013, por volta das 15 horas,[4][5] um grande incêndio atingiu o Auditório Simón Bolívar. A operação de combate ao fogo e rescaldo durou cerca de 15 horas, terminando no dia 30, e envolveu mais de 100 bombeiros. 25 deles se feriram no combate ao fogo.[39] Sete deles foramintoxicados pela fumaça, sendo que quatro deles foram internados, em estado grave, noHospital das Clínicas (HC). Três permaneceram naUTI do HC. O incêndio destruiu pelo menos 90% do auditório, cuja capacidade era de 1 800 pessoas. Uma tapeçaria de 800 metros quadrados, que decorava o espaço (obra da artista plásticaTomie Ohtake), foi inteiramente destruída. Em depoimento,[40] a artista plásticaTomie Ohtake disse que a tapeçaria foi um convite do arquitetoOscar Niemeyer e que aquele seria um grande desafio. A dificuldade estaria em trocar a base retangular tradicional da peça.Tomie Ohtake disse ainda que procurou manter a união entre a plateia e o palco no projeto da tapeçaria. Outras perdas significativas não foram reveladas pela administração do Memorial.[41]
Uminquérito policial sobre o caso foi aberto no 23º Distrito Policial, nobairro de Perdizes. O prazo daPolícia Científica para conclusão do laudo sobre as causas do incêndio era de 30 dias, podendo ser prorrogado por igual período. A principal hipótese é de que umcurto-circuito tenha provocado as primeiras fagulhas. Houve relatos entre os bombeiros de que os brigadistas teriam usado um extintor de incêndio de água em uma lâmpada em chamas, no interior do auditório, o que não é recomendado. Além disso, oshidrantes do prédio não funcionavam.[42][43]
A Fundação Memorial da América Latina deve contratar um estudo técnico para atestar as condições de segurança da edificação e indicar se o prédio precisará passar por reformas na estrutura. O auditório só poderá ser reaberto depois que esse estudo for apresentado à Defesa Civil.[44]
No dia 3 de dezembro, oMinistério Público doEstado de São Paulo instaurou uminquérito civil para apurar as causas do incêndio. Apromotora Camila Mansour Magalhães da Silveira, responsável pelo caso, vai apurar as condições de segurança do prédio, principalmente em relação às instalações elétricas. Segundo aPrefeitura de São Paulo, o auditório do Memorial funcionava sem o devidoalvará de licença. A promotora solicitou informações sobre o assunto àPolícia Civil, ao Instituto deCriminalística, aoCorpo de Bombeiros, àDefesa Civil Municipal, àAES Eletropaulo e à própria Prefeitura.[45]
No começo de 2014, o Memorial abriu uma nova licitação para reparar os danos causados pelo incêndio. A licitação da modalidadePregão eletrônico vencida pela empresa Teccon AQ, cujo valor do projeto era de aproximadamente 750 mil reais, tinha a previsão de entregar o restauro do concreto até março de 2015.[46] No entanto, a empresa cancelou o projeto já que, após feita uma análise técnica, o espaço necessário não estava previsto no edital. A diferença entre os projetos apresentados está no tamanho do escopo, que incluem o revestimento de concreto nas paredes e abóbodas que ficam no salão.[47]
Erguido um terreno de 84.482metros quadrados,[2] o complexo arquitetônico projetado porOscar Niemeyer para o Memorial da América Latina é uma importante referência na paisagem urbana de São Paulo. O conjunto original, composto por seis edifícios principais, soma 25 210 metros quadrados de área construída[2] e é dividido em duas partes: de um lado, encontram-se aBiblioteca Latino-Americana, a Galeria Marta Traba (antigo restaurante) e o Salão de Atos, dispostos ao longo da Praça Cívica, inteiramente pavimentada, sem árvores ou jardins, destinada a manifestações populares. Também se localizam na Praça Cívica o Centro de Recepção de Turistas, apelidado de "Queijinho",[48] e a grande escultura em concreto, também idealizada por Niemeyer, representando uma mão aberta com sete metros de altura, tendo ao centro o mapa da América Latina em baixo-relevo, pintado de vermelho, simbolizando sangue a escorrer.[2] Do outro lado, encontram-se o Pavilhão da Criatividade, o edifício da administração e o Auditório Simón Bolívar. Posteriormente, Niemeyer acrescentou o edifício doParlamento Latino-Americano. As duas partes, divididas por uma avenida que corta o terreno no sentido longitudinal, são interligadas por meio de umapassarela.[21]
A unidade do conjunto é garantida pela utilização generalizada dos mesmos recursos plástico-estruturais, ainda que sob linguagens diferentes. A tônica cromática é fundamentada no uso do concreto pintado de branco e nascaixilharias devidro preto, bem como pelo piso de concreto sem pintura. O emprego de amplas superfícies curvas, com marcantes contrapostos verticais, e os grandes vãos proporcionados pelas vigas da biblioteca e do Salão de Atos também proporcionam consistência ao partido arquitetônico. A monumentalidade do memorial resulta mais dos amplos recuos - que permitem a compreensão das relações estabelecidas entre os componentes do conjunto - do que da arquitetura individual dos edifícios, econômica emdesenho, ainda que arrojada do ponto de vista estrutural.[21][49][50]
No Salão de Atos, na biblioteca e no auditório, Niemeyer optou por utilizarabóbadas apoiadas em grandesvigas - uma releitura do partido utilizado naIgreja da Pampulha, nadécada de 1940, e retomado com algumas modificações estruturais no edifício doauditório daUniversidade de Constantine, emArgel (1968).[21] O Salão de Atos é o foco da Praça Cívica, assumindo papel de destaque no conjunto, ainda que o edifício possua a mesma matriz formal da biblioteca e do auditório. É constituído por uma única abóbada apoiada sobre a viga, de formaperpendicular ao solo. Nos extremos da viga, duas grandescolunas marcam a entrada, onde se situa também o parlatório, posicionado sobre oespelho d'água.[21][49]
O edifício dabiblioteca é formado por duas abóbadas apoiadas em uma longa viga central com 90 metros de extensão, dialogando com o Salão de Atos. A abóbada de menorraio marca a entrada do edifício, com revestimento em vidro preto, ao invés do concreto. Os apoios situados fora do edifício, constituídos pelas duas altas colunas que se unem à viga, permitem um interior livre e garantem um aspecto "leve" à construção.[21][49][50]
Oauditório é o maior e mais complexo edifício do conjunto. É dotado de duas plateias com 1 600 poltronas, dedicadas a apresentações artísticas e a realização de congressos e convenções. Seus espaços principais (foyer,plateias epalco) são criados por meio do arranjo de três abóbodas sucessivas, duas das quais apoiadas em uma grande viga de concreto. Sob a sequência de abóbodas encontra-se abrigado o caixilho de vidro. Nas laterais do edifício, dois volumesparalelepípedos neutros, semienterrados e visualmente isolados, servem como anexos, sediando áreas de apoio para artistas e congressistas.[21][49]
Orestaurante, posteriormente convertido emgaleria de arte, consiste em um edifício em formato decilindro raso, elevado a meio nível do solo, com cobertura sustentada por um único apoio central. Dessa forma, o interior se encontra livre de quaisquer interferências físicas e visuais, permitindo ao visitante enxergar simultaneamente todas as obras expostas.[49]
O Pavilhão da Criatividade, em forma de barra encurvada, possui uma arquitetura mais convencional, servindo como anteparo das linhas férreas que servem aoTerminal Barra Funda. É dotado de um grandebeiral, percorrendo o espaço entre o auditório e o Parlatino, assumindo o papel de abrigo sombreado para o público. A sucessão depórticos resultantes desse beiral confere ritmo à perspectiva e diferentes possibilidades de enquadramentos visuais do conjunto arquitetônico.[49]
O edifício da administração, situado fora do trajeto demarcado pela passarela, difere do conjunto, tanto por não possuir o caráter de acesso irrestrito dos outros espaços quanto pelo contraste resultante de sua concepção racional, em comparação às formas sinuosas dos demais edifícios. É composto por um grande paralelepípedo suspenso, apoiado em quatro pilares ocultos nohall de acesso no térreo, gerando a falsa impressão de estar sustentado unicamente pela viga da cobertura.[49]
O edifício do Parlatino (Parlamento Latino-Americano), tal como o restaurante, constitui um contraponto às abóbodas do Memorial. É composto por um volume cilíndrico de grande porte, assumindo um lugar de destaque sob a perspectiva dos transeuntes que chegam à esplanada vindos da passarela.[21][49]
Quem chega pela entrada dometrô, no portão 1, encontra logo aMão, escultura deOscar Niemeyer, em cuja palma vemos o mapa da América Latina como que em sangue. É um emblema deste continente colonizado brutalmente e até hoje em luta por sua identidade e autonomia cultural, política e socioeconômica. A escultura é em concreto aparente, com baixo-relevo com pintura em esmalte sintético, possui sete metros de altura e se localiza na Praça Cívica.[51]
A Praça Cívica, também conhecida como Praça do Sol, é uma grande área aberta e inteiramente pavimentada, unindo os edifícios da Biblioteca Latino-Americana, do Salão de Atos e da Galeria Marta Traba, destinada a sediar manifestações culturais diversas, como festas típicas dos países latino-americanos e de regiões do Brasil, concertos, shows populares, oficinas, etc. Possui 12 000 m2 de área e capacidade para até 15 mil pessoas.[52] Também se localizam na praça o Centro de Recepção de Turistas e algumas de obras de arte, nomeadamente a esculturaMão, de Niemeyer, em concreto armado e com sete metros de altura, símbolo do complexo e marco urbano da cidade. A praça é interligada ao espaço aberto localizado do outro lado da Avenida Auro Soares de Moura Andrade por meio de uma passarela. Este segundo espaço recebeu o nome de Praça da Sombra, em função das 160palmeiras jerivá que lá foram plantadas. Há uma área verde com aproximadamente 16 000 m2 distribuídos atrás das instalações, na lateral dos estacionamentos e na área contígua aos muros.[53]
A Galeria Marta Traba é um espaço expositivo voltado à difusão da arte latino-americana e ao intercâmbio cultural entre os artistas do continente. É o único espaçomuseológico inteiramente dedicado à arte latino-americana existente no Brasil. Está sediada em um edifício circular de aproximadamente 1 000 m2, originalmente projetado para abrigar um restaurante. O prédio é sustentado por uma única coluna central e circundado por painéis, permitindo aos visitantes uma visão ininterrupta da área expositiva. A galeria possui duas salas expositivas, dotadas de equipamentos de climatização e de controle de umidade e iluminação, além de reserva técnica. Promove exposições de curta e média duração de artistas emergentes e consagrados.[5][54]
O Memorial da América Latina abriga os mais variados eventos, exposições e festivais que, na maioria das vezes são eventos gratuitos que envolvem cultura, gastronomia e entretenimento. Alguns deles que podem ser citados são: Exposição "A Turma doChaves" (2016); Festival do Sorvete (2016); 1º Festival do Churros (2016); Exposição "Castelo Rá-Tim-Bum" (2017); Show da banda "Ultraje a Rigor" (2015); e Feira Gastronômica Latino-Americana (2015).[55][56]
Um dos principais tipos de evento que o local sedia são os gastronômicos. Festival de Churros, do Sorvete, de Peixes e Camarão, de comida japonesa e até mesmo de disquinhos de chocolate, chamam a atenção do público, que anseia por eles.[57][58][59]
