Maiote[3][4][5] (emfrancês:Mayotte, nome também usado emportuguês[6]), oficialmenteDepartamento de Maiote, (em francês:Département de Mayotte)[7] é umdepartamentoultramarino ecoletividade territorial única daFrança, situado entre ooceano Índico e ocanal de Moçambique, na porção mais oriental doarquipélago das Comores. Em uma perspectiva sociológica crítica, nos termos do colonialismo e do imperialismo, Maiote pode ser entendida como uma Colônia contemporânea da França – a exemplo de outros territórios invadidos por países europeus a partir do século XVI.[8] Compreende a ilha principal de Maiote, propriamente dita, também conhecida porMahoré ouGrande Terre, e duas ilhas bem menores:Pamanzi (ouPetite Terre) eChissioi m'Zamboro. Maiote faz parte do arquipélago das Comores, localizado ao norte do canal de Moçambique, no oceano Índico, na costa do sudeste daÁfrica, entre o noroeste deMadagascar e o nordeste deMoçambique. Os outros vizinhos mais próximos de Maiote sãoComores, a noroeste;Seicheles, a nordeste;Ilhas Gloriosas, dependentes dasTerras Austrais e Antárticas Francesas, a nordeste. Ostatus de coletividade territorial única da ilha foi outorgado em 2011, e a região permanece, por uma margem significativa, a mais pobre da França. O território é, no entanto, muito mais próspero do que os outros países do canal de Moçambique, tornando-se um importante destino para aimigração ilegal.
A área do departamento de Maiote é de 374 km² e, com sua população de 270 372 habitantes, de acordo com estimativas oficiais de janeiro de 2019,[2] o departamento é muito densamente povoado, possuindo uma densidade de 723 hab/km². A maior cidade e a capital de Maiote éMamudzu, localizada emGrande-Terre. No entanto, oAeroporto Internacional Dzaoudzi-Pamandzi está localizado na ilha vizinha dePetite-Terre. O território também é conhecido comoMaore, o nome nativo de sua ilha principal, especialmente pelos defensores de sua inclusão naUnião das Comores.
Embora, como departamento, Maiote seja agora parte integrante da França, a maioria dos habitantes não fala francês como primeira língua,[9] mas a maioria das pessoas com 14 anos ou mais relatam no censo que podem falar francês (com níveis variáveis de fluência).[10] A principal língua falada pela população é oshimaore, uma língua nativa intimamente relacionada com asvariantes falados nas Comores. A segunda língua nativa mais falada é obushi, umalíngua malgaxe que também é falada em Madagascar. A grande maioria da população de Maiote émuçulmana, correspondendo a 97% da população, os restantes 3% seguem ocristianismo, na sua maioria sendocatólicos.
O novo departamento enfrenta enormes problemas e desafios: em 2019, com umcrescimento populacional anual de 3,8%, metade da população tem menos de 17 anos, odesemprego atinge 35% e 84% dos habitantes vivem abaixo dalinha oficial da pobreza. Além disso, como resultado da imigração ilegal massiva das ilhas vizinhas, 48% da população são estrangeiros.[11]
O nome Maiote (Mayotte) vem doportuguês "Mayotta", uma transcrição dosuaíli "Maouti", que se diz ser modelado noárabe "Jazirat al Mawet" (جزيرة الموت) que significa "ilha da morte"[12] (provavelmente por causa do recife de coral que cerca a ilha, que há muito tempo é um perigo mortal para os navios). Em Shimaoré (um dialeto local derivado do suaíli), a ilha é chamada de "Maoré".[13] É a ilha mais ao sul do arquipélago de Comores, "Jouzour al qamar" em árabe (جزرالقمر), que significa "Ilhas daLua"; Esta etimologia popular é, no entanto, apócrifa, uma vez que o último nome vem do antigo nome árabe paraMadagáscar, "Q(u)mr'" (جزر القمر).[14]
Maiote é frequentemente referida como a "ilha doperfume"[15] e "por que asflores perfumadas eram extensivamente cultivadas lá, especialmente oilangue-ilangue, o símbolo da ilha.[16] Devido à sua forma vista do céu, às vezes também é chamada de "ilha docavalo-marinho", ou possivelmente ilha dalagoa", de acordo com alguns folhetos publicitários, embora isso seja menos específico.[16]
A ilha foi inicialmente povoada por povos vindos daÁfrica Oriental. Foi descoberta por navegadoresárabes (que levaram oIslã) do períodoAbássida, no século IX, e anexada, juntamente com Comores. Um sultanato denominado Maore foi estabelecido na ilha em 1500. Em 1503, osexploradores portugueses se tornaram os primeiroseuropeus a chegar a Maiote, que foi observada e nomeada (primeiramente porEspiritu Santu), mas não colonizada porPortugal. No século XIX, a ilha foi conquistada por Andriantsoly, ex-rei deIboina, um estado tradicional que foi estabelecido onde hoje é Madagascar, e mais tarde pelas ilhas vizinhasMoéli e depoisAnjuã, antes de serem compradas e anexadas pela França em 1841. A população de Maiote votou para permanecer politicamente uma parte da França no referendo de 1974 sobre a independência das Comores. O território tornou-se um departamento ultramarino em 31 de março de 2011 e tornou-se umaregião ultraperiférica daUnião Europeia em 1 de janeiro de 2014, após umreferendo realizado em 2009 com um resultado esmagador em favor do status de departamento.[17]
O termo Maiote (ouMaore) pode se referir a todas as ilhas do departamento, das quais a maior é conhecida como Maore (em francês:Grande-Terre) e inclui as ilhas vizinhas de Maore, mais notavelmente Pamanzi (em francês:Petite-Terre), ou apenas para a maior ilha. Acredita-se que o nome venha deMawuti, contração do árabeJazīrat al-Mawt (جزيرة الموت) - que significa "ilha da morte" (talvez devido aosarrecifes perigosos que circundam a ilha) e corrompido paraMayotta emportuguês, mais tarde transformado em francês. No entanto, o nome local é Mahore, e a etimologia árabe é duvidosa.[carece de fontes?]
A ilha principal,Grande-Terre (ouMaore), geologicamente a mais antiga doArquipélago das Comores, tem 39 quilômetros de comprimento e 22 quilômetros de largura, e seu ponto mais alto é oMonte Benara, a 660 metros acima donível do mar. Por causa dasrochas vulcânicas, o solo é relativamente rico em algumas áreas. Um recife de corais que circunda grande parte da ilha garante proteção para os navios e um habitat para os peixes.Dzaoudzi foi a capital de Maiote (e antes a capital de todas as Comores coloniais) até 1977, quando a capital mudou-se paraMamudzu, na ilha principal de Grande-Terre. Está situada em Petite-Terre (ouPamanzi), que tem 10 quilômetros quadrados e é a maior de várias ilhotas adjacentes a Maore. A área da lagoa atrás do recife é de aproximadamente 1 500 quilômetros quadrados (580 sq mi), atingindo uma profundidade máxima de cerca de 80 m. É descrito como "o maior complexo de barreira de lagos de recife no sudoeste do Oceano Índico".[18]
Maiote possui umclima tropical e marinho. Entre os meses de novembro e de maio, há uma estação quente, úmida e chuvosa, durante a monção do nordeste. Nesta época do ano, a ilha está sujeita aciclones. Entre maio e novembro, há uma estação mais fria e mais seca.[carece de fontes?]
Ao contrário das outras regiões e departamentos ultramarinos da França, Maiote possui uma única assembleia local, oficialmente chamada de Conselho Departamental (Conseil Départemental), que atua como conselho regional e departamental.
A situação do território mostrou-se incômoda para a França: embora a população local não quisesse, em grande medida, ser independente da França e se juntar àsComores, alguns governos deesquerda pós-coloniais expressaram críticas aos laços contínuos de Maiote com a França. Além disso, a peculiar administração local de Maiote, amplamente governada pelalei islâmicaconsuetudinária, haveria dificuldades em integrar o território às estruturas legais da França, além dos custos de levar os padrões de vida a níveis próximos aos daFrança Metropolitana. Por estas razões, as leis aprovadas pelo parlamento nacional tinham que declarar especificamente que se aplicavam a Maiote para que fossem aplicáveis.[carece de fontes?]
Ostatus' de Maiote foi alterado em 2001, tornando-se muito próximo do status dosdepartamentos da França, com a designação particular de coletividade departamental.[1] Essa mudança foi aprovada por 73% dos eleitores em um referendo. Após a reforma constitucional de 2003, tornou-se umacoletividade de ultramar, mantendo o título de "coletividade departamental" de Maiote.[carece de fontes?]
Maiote tornou-se um departamento ultramarino da França (département d'outre-mer, DOM) em 31 de março de 2011, após o resultado doreferendo de março de 2009 realizado em Maiote, que foi aprovado por cerca de 95% dos eleitores[19][20] — apesar da quase unanimidade das intenções de voto das organizações políticas locais em favor do "Sim", a participação foi marcada por uma forte abstenção (41,19%). De qualquer modo, o "Sim" ganhou com mais de 95,2% dos votos válidos, o que significa que a maioria dos eleitores (56%) votou em favor do "Sim". Na época, Maiote tornou-se o 101º departamento francês e o quintodepartamento de ultramar, comGuadalupe,Guiana,Martinica eReunião.[21] Tornar-se um departamento ultramarino significa que o território adotou o mesmo sistema legal e social usado no resto da França. Isso exige o abandono de algumas leis consuetudinárias, a adoção do código civil francês padrão e a reforma dos sistemas judiciário, educacional, social e fiscal. Isso ocorre por um período de cerca de 20 anos.[22] Desde 1 de janeiro de 2014, Maiote é uma região ultraperiférica da União Europeia.[23]
Atualmente, Maiote é dividido em 17 comunas. A cada comuna corresponde umcantão, exceto porMamudzu onde há 3 cantões, o que dá um total de 19 cantões no território. Cada uma das 17 comunas é formada, geralmente, por mais de uma área urbana. Diferentemente de outras regiões francesas, Maiote não possuiarrondissements.
Em 2017, o PIB do departamento de Maiote a taxas de câmbio do mercado foi de € 2,9 bilhões (US $ 3,3 bilhões).[26] No mesmo ano, o PIB per capita de Maiote a taxas de câmbio de mercado, não em Paridade por Poder de Compra, foi de € 11 354 (US $ 12 820), que foi 16 vezes maior do que o PIB per capita dasComores naquele ano, mas apenas 49,5% do PIB per capita deReunião e 33% do PIB per capita daFrança Metropolitana.[26]
Aagricultura local está ameaçada pela insegurança e, devido a uma força de trabalho mais cara, não pode competir no terreno de exportação comMadagascar ou com as Comores. O maior potencial econômico do território continua sendo oturismo, porém prejudicado pelas taxas de criminalidade.[carece de fontes?]
Aproximadamente 26% da população adulta, e cinco vezes mais mulheres do que homens, relatam entrar em estados de transe nos quais acreditam estarpossuídos por certos espíritos identificáveis (gênios) que mantêm identidades estáveis e coerentes de uma possessão para a outra.[27]
↑Macedo, Vítor (Primavera de 2013).«Lista de capitais doCódigo de Redação Interinstitucional»(PDF). Sítio web da Direcção-Geral da Tradução da Comissão Europeia no portal da União Europeia.A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias (n.º 41). 11 páginas.ISSN1830-7809. Consultado em 23 de maio de 2013
↑«Mayotte».www.axl.cefan.ulaval.ca. Consultado em 16 de junho de 2025
↑Liszkowski, Henri Daniel (2000). «Mayotte et les Comores: escales sur la route des Indes aux XVe et XVIIIe siècles». Mamoudzou (Mayotte).ISBN2908301180|acessodata= requer|url= (ajuda)
↑Zinke, J., Reijmer, J. J. G., Thomassin, B. A., Dullo, W. Chr. (2003) Postglacial flooding history of Mayotte Lagoon (Comoro Archipelago, southwest Indian Ocean). Marine Geology, 194, 181-196.