Asteorias críticas de Marx sobre sociedade, economia e política, entendidas coletivamente comomarxismo, sustentam que as sociedades humanas se desenvolvem através daluta de classes. Nomodo capitalista de produção, isto manifesta-se no conflito entre as classes dirigentes (conhecidas como aburguesia) que controlam osmeios de produção e asclasses trabalhadoras (conhecidas como oproletariado) que permitem a existência destes meios através da venda da suaforça de trabalho em troca desalários. Empregando uma abordagem crítica conhecida comomaterialismo histórico, Marx previu que o capitalismo produzia tensões internas como os sistemas socioeconómicos anteriores e que estas levariam à sua autodestruição e substituição por um novo sistema conhecido como omodo de produção socialista. Para Marx, os antagonismos de classe sob o capitalismo — em parte devido à sua instabilidade e natureza propensa acrises — iriam dar origem ao desenvolvimento daconsciência de classe da classe trabalhadora, levando à sua conquista do poder político e, eventualmente, ao estabelecimento de umasociedade comunistasem classes, constituída por umalivre associação de produtores.[3] Marx insistiu ativamente na sua implementação, argumentando que a classe trabalhadora deveria levar a cabo uma açãoproletária revolucionária organizada para derrubar o capitalismo e provocar aemancipaçãosocioeconómica.
Marx é descrito como uma das figuras mais influentes nahistória da humanidade, e o seu trabalho tem sido elogiado e criticado.[4] Muitos intelectuais, sindicatos, artistas e partidos políticos em todo o mundo foram influenciados pelo trabalho de Marx, com muitos a modificarem ou adaptarem as suas ideias. Marx é tipicamente citado como um dos principais arquitectos daciência social moderna.[5][6][7]
Marx foi o terceiro de nove filhos,[8] de uma família de origemjudaica declasse média da cidade deTréveris, na época noReino da Prússia. Sua mãe, Henriette Pressburg (1788–1863), erajudiaholandesa e seu pai,Heinrich Marx (nascido Heschel Levi; 1777–1838), um advogado e conselheiro deJustiça. Herschel, descendente de uma família derabinos, converteu-se aocristianismoluterano em função das restrições impostas à presença de membros deetnia judaica no serviço público, quando Marx ainda tinha 6 anos de idade.[9] Seus irmãos eram Sophie (1816–1886), Hermann (1819–1842), Henriette (1820–1845), Louise (1821–1893), Emilie (1824–1888 — adotada por seus pais), Caroline (1824–1847) e Eduard (1826–1837).[10]
Em 1830, Marx iniciou seus estudos no Liceu Friedrich Wilhelm, emTréveris, ano em que eclodiramrevoluções em diversos paíseseuropeus. Em 1835, Marx, com 17 anos, se prepara para deixar Trier e ingressar na universidade, num ensaio sobre a escolha de uma carreira, conclui:
O principal guia que deve nos orientar na escolha de uma profissão é o bem-estar da humanidade e o nosso próprio aperfeiçoamento … a natureza humana é de tal modo constituída que o homem só atinge a própria perfeição trabalhando pelo aperfeiçoamento, pelo bem, de seus semelhantes … Se ele trabalha só para si mesmo, pode vir a ser um erudito famoso, um grande sábio, um excelente poeta, mas jamais será um homem perfeito, um grande homem de verdade …Se escolhemos a posição na vida em que possamos trabalhar principalmente pela humanidade, nenhum fardo nos há de derrubar, pois serão sacrifícios pelo benefício de todos; de modo que não sentiremos uma alegria mesquinha, limitada e egoísta, mas nossa felicidade será a de milhões, nossas proezas viverão em silêncio mas eternamente atuantes, e sobre nossas cinzas serão derramadas fervorosas lágrimas de pessoas nobres.[11]
Ingressou mais tarde naUniversidade de Bonn para estudarDireito, transferindo-se no ano seguinte para aUniversidade de Berlim, onde o filósofo alemãoGeorg Wilhelm Friedrich Hegel, cuja obra exerceu grande influência sobre Marx, foi professor e reitor.[9] EmBerlim, Marx ingressou no Clube dos Doutores, que era liderado pelo hegeliano de esquerdaBruno Bauer.[12] Ali perdeu interesse peloDireito e se voltou para aFilosofia, tendo participado ativamente do movimento dos hegelianos de esquerda ouJovens Hegelianos.[9] Seu pai morreu naquele mesmo ano.[9] Em 1841, obteve o título de doutor emFilosofia com uma tese sobre asDiferenças da filosofia da natureza emDemócrito eEpicuro.[9] Impedido de seguir uma carreira acadêmica,[13] tornou-se, em 1842, redator-chefe daGazeta Renana (Rheinische Zeitung), um jornal da província deColônia.[14] ConheceuFriedrich Engels naquele mesmo ano, durante visitação deste à redação do jornal.[9]
Casamento e vida política
Esposa de Marx, Jenny von Westphalen
Em 1843, aGazeta Renana foi fechada após publicar uma série de ataques aogoverno prussiano. Tendo perdido o seu emprego de redator-chefe, Marx mudou-se paraParis. Lá assumiu a direção da publicaçãoDeutsch-Französische Jahrbücher ('Anais Franco-Alemães') e foi apresentado a diversas sociedades secretas desocialistas. Antes ainda da sua mudança para Paris, Marx casou-se, no dia 19 de junho de 1843, comJenny von Westphalen,[15] a filha de umbarão da Prússia com a qual mantinha noivado desde o início dos seus estudos universitários[16] (noivado que foi mantido em sigilo durante anos, pois as famílias Marx e Westphalen não concordavam com a união).
Do casamento de Marx com Jenny von Westphalen, nasceram sete filhos, mas devido às más condições de vida que foram forçados a viver em Londres, apenas três sobreviveram à idade adulta. As crianças eram:Jenny Caroline (1844–1883),Jenny Laura (1845–1911), Edgar (1847–1855), Henry Edward Guy ("Guido"; 18479–1850), Jenny Eveline Frances ("Franziska"; 1851–52),Jenny Julia Eleanor (1855–1898) e mais um que morreu antes de ser nomeado (Julho, 1857). Ao que consta, Franziska, Edgar e Guido morreram na infância, provavelmente pelas péssimas condições materiais a que a família estava submetida,[17] duas das filhas de Marx cometeram suicídio: Eleanor, 15 anos após a morte de Marx, aos 43 anos, após descobrir que seu companheiro havia se casado secretamente com uma atriz bem mais jovem, mas há quem suspeite que ele, na verdade, assassinou-a; e Laura, 28 anos após a morte de Marx, aos 66 anos, junto com o seu marido,Paul Lafargue, por não querer viver na velhice.[18]
Marx também teve um filho,Frederick Demuth (1851–1929),[19] nascido de sua relação amorosa com a militante socialista e empregada da família Marx,Helena Demuth. Solicitado por Marx, Engels assumiu a paternidade da criança, e pagando uma pensão, entregou-o a uma família de um bairro proletário de Londres.[20]
No tratamento pessoal —Leandro Konder ressalta — Marx foi produto de seu tempo: "Antes de poder contestar a sociedade capitalista Marx pertencia a ela, estava espiritualmente mais enraizado no solo da sua cultura do que admitiria, e que diante dos padrões daInglaterra vitoriana mostrou: traços típicos das limitações de seu tempo". Como moças aristocráticas, suas filhas tinham aulas depiano,canto edesenho, mesmo que não tivessem desenvoltura para tais atividades artísticas.[20]
Marx com a sua filha Jenny Caroline em 1869
Também em 1843, Marx conheceu aLiga dos Justos (que mais tarde tornar-se-iaLiga dos Comunistas).[9] Em 1844,Friedrich Engels visitou Marx emParis por alguns dias. A amizade e o trabalho conjunto entre ambos, que se iniciou nesse período, só seria interrompido com a morte de Marx.[16] Na mesma época, Marx também se encontrou comProudhon, com quem teve discussões polêmicas e muitas divergências. E conheceu rapidamenteBakunin, então refugiado doczarismo russo e militantesocialista. No seu período em Paris, Marx intensificou os seus estudos sobreeconomia política, ossocialistas utópicos franceses e ahistória da França, produzindo reflexões que resultaram nosManuscritos de Paris, mais conhecidos comoManuscritos Econômico-Filosóficos. De acordo comEngels, foi nesse período que Marx aderiu às ideias socialistas.[16]
DeParis, Marx ajudou a editar uma publicação de pequena circulação chamadaVorwärts!, que contestava o regime político alemão da época. Por conta disto, Marx foi expulso daFrança em 1845 a pedido dogoverno prussiano. Migrou então paraBruxelas, para ondeEngels também viajou.[16] Entre outros escritos, a dupla redigiu naBélgica oManifesto comunista. Em 1848, Marx foi expulso deBruxelas pelo governo belga. Junto comEngels, mudou-se paraColônia, onde fundam o jornalNova Gazeta Renana.[9] Após ataques às autoridades locais publicados no jornal, Marx foi expulso deColônia em 1849. Até 1848, Marx viveu confortavelmente com a renda oriunda de seus trabalhos, seu salário e presentes de amigos e aliados, além da herança legada por seu pai. Entretanto, em 1849 Marx e sua família enfrentaram grave crise financeira; após superarem dificuldades conseguiram chegar aParis, mas o governo francês proibiu-os de fixar residência em seu território. Graças, então, a uma campanha de arrecadação de donativos promovida porFerdinand Lassalle naAlemanha, Marx e família conseguem migrar paraLondres, onde fixaram residência definitiva.[9] Trabalhou como correspondente em Londres para oNew York Tribune[21] onde declarou seu apoio público ao governo deAbraham Lincoln durante aGuerra da Secessão.[22][23]
Deprimido pela morte de sua esposa em dezembro de 1881, Marx desenvolveu, em consequência dos problemas de saúde que suportou ao longo de toda a vida,bronquite epleurisia, que causaram seu falecimento em 1883. Foi enterrado na condição deapátrida,[24] noCemitério de Highgate, emLondres.[9]
Muitos dos amigos mais próximos de Marx prestaram-lhe homenagem no seu funeral, incluindoWilhelm Liebknecht eFriedrich Engels. Este pronunciou as seguintes palavras:[25]
“
Marx era, antes de tudo, um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida era contribuir, de um modo ou de outro, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições estatais por esta suscitadas, contribuir para a libertação do proletariado moderno, que ele foi o primeiro a tornar consciente de sua posição e de suas necessidades, consciente das condições de sua emancipação. A luta era seu elemento. E ele lutou com uma tenacidade e um sucesso com quem poucos puderam rivalizar. (…) Como consequência, Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo. Governos, tanto absolutistas como republicanos, deportaram-no de seus territórios. Burgueses, quer conservadores ou ultrademocráticos, porfiavam entre si ao lançar difamações contra ele. Tudo isso ele punha de lado, como se fossem teias de aranha, não tomando conhecimento, só respondendo quando necessidade extrema o compelia a tal. E morreu amado, reverenciado e pranteado por milhões de colegas trabalhadores revolucionários — das minas da Sibéria até a Califórnia, de todas as partes da Europa e da América — e atrevo-me a dizer que, embora, muito embora, possa ter tido muitos adversários, não teve nenhum inimigo pessoal.
Ele estudou profundamente todas essas concepções ao mesmo tempo em que as questionou e desenvolveu novos temas, de modo a produzir uma profunda reorientação no debate intelectual europeu.[27]
ParaHegel, nada no mundo é estático, tudo está em constante processo (vir-a-ser); tudo é histórico, portanto. O sujeito desse mundo em movimento é oEspírito do Mundo (também chamado deSuperalma ouConsciência Absoluta), que representa a consciência humana geral, comum a todos indivíduos e manifesta na ideia deDeus. A historicidade é concebida enquanto história do progresso daconsciência da liberdade. As formas concretas de organização social correspondem a imperativos ditados pela consciência humana, ou seja, a realidade é determinada pelas ideias dos homens, que concebem novas ideias de como deve ser a vida social em função do conflito entre asideias de liberdade e asideias de coerção ligadas a condição natural ("selvagem") do homem. O homem se liberta progressivamente de sua condição de existência natural através de um processo de "espiritualização" — reflexão filosófica (ao nível do pensamento, portanto) que conduz o homem a perceber quem é o real sujeito da história.[30][31]
Marx considerou-se um "hegeliano de esquerda" durante certo tempo, mas rompeu com o grupo e efetuou uma revisão bastante crítica dos conceitos de Hegel após tomar contato com as concepções deLudwig Feuerbach.[b] Manteve o entendimento da história enquanto progressão dialética (ou seja, o mundo está em processo graças ao choque permanente entre os opostos; não é estático), mas eliminou oEspírito do Mundo enquanto sujeito ou essência, porque passou a compreender que a origem da realidade social não reside nas ideias, na consciência que os homens têm dela, mas sim na ação concreta (material, portanto) dos homens, portanto no trabalho humano. A existência material precede qualquer pensamento; inexiste possibilidade de pensamento sem existência concreta. Marx inverte, então, a dialética hegeliana, porque coloca a materialidade — e não as ideias — na gênese do movimento histórico que constitui o mundo. Elabora assim adialética materialista, construída como uma crítica ao materialismo de Feuerbach[32] e um conceito não desenvolvido por Marx que também costuma ser chamado dematerialismo dialético).[30][33]
A mistificação por que passa a dialética nas mãos de Hegel não o impede de ser o primeiro a apresentar suas formas gerais de movimento, de maneira ampla e consciente. Em Hegel, a dialética está de cabeça para baixo. É necessária pô-la de cabeça para cima, a fim de descobrir a substância racional dentro do invólucro místico.
A respeito da influência de Hegel sobre Marx, escreveuLenin que "é completamente impossível entenderO Capital de Marx, e, em especial, seu primeiro capítulo, sem haver estudado e compreendido a fundo toda a lógica de Hegel."[35]
Influência do socialismo utópico
À época de Marx, "socialismo utópico" designava um conjunto de doutrinas diversas (e até antagônicas entre si) que tinham em comum, entretanto, duas características básicas: (1) a base determinante do comportamento humano residia na esferamoral/ideologia e (2) o desenvolvimento dascivilizações ocidentais estava a permitir uma nova era onde iria imperar a harmonia social.
Marx criticou sagazmente as ideias dos socialistas utópicos (principalmente dos franceses, com os quais mais polemizou), acusando-os de muitoromantismo ingênuo e pouca ou nenhuma dedicação ao estudo rigoroso da conjuntura social, pois os socialistas utópicos muito diziam sobre como deveria ser a sociedade harmônica ideal, mas nada indicavam sobre como seria possível alcançá-la plenamente. Além de criticar o socialismo utópico, ele também criticou o socialismo pequeno burguês,[36] o "socialismo feudal" reacionário e o "socialismo conservador".[37] Por outro lado, pode-se dizer que, de certa forma, Marx adotou — explícita ou implicitamente — algumas noções contidas nas ideias de alguns dos socialistas utópicos, como a noção de que o aumento da capacidade de produção decorrente darevolução industrial permite condições materiais mais confortáveis à vida humana ou ainda a noção de que as crenças ideológicas do sujeito lhe determinam o comportamento. É importante destacar uma diferença primordial: para os socialistas utópicos em geral, todo o comportamento humano é absolutamente determinado pela moral/ideologia, já para Marx, essa afirmação é parcialmente verdadeira, pois a moral/ideologia encontra-se submetida a uma outra condição anterior que lhe determina — a dimensão material da reprodução da existência.[30]
Influência da economia política clássica
Marx em 1867
Marx empreendeu um minucioso estudo de grande parte da teoria econômica ocidental, desde escritos daGrécia antiga até obras que lhe eram contemporâneas. As contribuições que julgou mais fecundas foram as elaboradas por doiseconomistas políticos britânicos:Adam Smith eDavid Ricardo (tendo predileção especial por Ricardo, a quem chamava de "o maior dos economistas clássicos"). Na obra deste último, Marx encontrou conceitos — então bastante utilizados no debate britânico — que, após fecunda revisão e reelaboração, adotou em definitivo, como os devalor,divisão social do trabalho,acumulação primitiva emais-valia. A avaliação do grau de influência da obra de Ricardo sobre Marx é bastante desigual. Estudiosos pertencentes à tradição neorricardiana tendem a considerar que existem poucas diferenças cruciais entre o pensamento econômico de um e outro; já estudiosos ligados àtradição marxista tendem a delimitar diferenças fundamentais entre eles.[38][30][39] Apesar de Marx ter sido influenciado peloutilitarismo radical deJeremy Bentham na área econômica, ele admite que a sociedade possa dedicar parte de seu tempo a atividades não produtivas depois de que ela tenha atingido seus objetivos econômicos.[40]
Colaboração de Engels
Friedrich Engels exerceu significativa influência sobre as reflexões intelectuais de Marx, principalmente no início da associação entre ambos, período em que dirigiu a atenção de Marx para aeconomia política e a história econômica daEuropa. Após a morte deste, Engels tornou-se não só o organizador dos muitos manuscritos incompletos e/ou inéditos legados, mas também o primeiro intérprete e sistematizador das ideias de Marx. Engels igualmente se ocupou, desde bem antes do falecimento de seu amigo, de redigir exposições em termos populares das ideias de Marx, visando facilitar sua difusão.[41]
A teoria marxista é, substancialmente, uma crítica radical dassociedades capitalistas, mas é uma crítica que não se limita a teoria em si: Marx se posiciona contra qualquer separação drástica entre teoria e prática, entre pensamento e realidade, porque essas dimensões são abstrações mentais (categorias analíticas) que, no plano concreto, real, integram uma mesma totalidade complexa.[42]
O marxismo constitui-se como aconcepção materialista da História, longe de qualquer tipo dedeterminismo, mas compreendendo a predominância da materialidade sobre a ideia, sendo esta possível somente com o desenvolvimento daquela, e a compreensão das coisas em seu movimento, em sua interdeterminação, que é adialética. Portanto, não é possível entender os conceitos marxianos — comoforças produtivas oucapital — sem levar em conta o processo histórico, pois não são conceitos abstratos e sim uma abstração do real, tendo como pressuposto que o real é movimento.[43]
Karl Marx compreende otrabalho como atividade fundante da humanidade.[44][45] E o trabalho, sendo a centralidade da atividade humana, se desenvolve socialmente, sendo o homem um ser social. Sendo os homens seres sociais, a História, isto é, suasrelações de produção e suasrelações sociais fundam todo processo de formação da humanidade. Esta compreensão e concepção do homem é radicalmente revolucionária em todos os sentidos, pois é a partir dela que Marx irá identificar aalienação do trabalho como a alienação fundante das demais. E com esta base filosófica é que Marx compreende todas as demais ciências, tendo sua compreensão do real influenciado cada dia mais a ciência por sua consistência.[46]
Metodologia
Segundo Marx, Hegel e seus seguidores criaram uma dialética mistificada, que buscava explicar a história mundial a partir da economia[47] e como autodesenvolvimento da Ideia absoluta.
Já os economistas clássicos naturalizavam e desistoricizaram omodo de produção capitalista, concebendo a dominação de classe burguesa como uma ordem natural das relações econômicas, a partir de um conceito abstrato de indivíduo,homo economicus. Por isso, os economistas clássicos recorriam a "robsonadas", isto é, narrativas de trocas de produtos entre caçadores e pescadores primitivos, para ilustrar as suas teorias econômicas. Marx atribuía essa mistificação aofetichismo da mercadoria, e não a uma intenção consciente.[48]
Em oposição aos filósofos idealistas e aos economistas clássicos, Marx propunha a investigação do desenvolvimento histórico das formas de produção e reprodução social, partindo do concreto para o abstrato e do abstrato para o concreto.[49]
Classes sociais
Em razão da divisão social do trabalho e dos meios, a sociedade se extrema entre possuidores e os não detentores dos meios de produção. Surgem, então, a classe dominante e a classe dominada, sendo a classe dominante aquela que mantém poder sobre os meios de produção e a classe dominada a que se sujeita a dominante para obter os bens produzidos. O Estado aparece para representar os interesses da classe dominante[50] e cria, para isso, inúmeros aparatos para manter a estrutura da produção. Esses aparatos são nomeados por Marx de infraestrutura e condicionam o desenvolvimento de ideologias e normas reguladoras, sejam elas políticas, religiosas, culturais ou econômicas, para assegurar os interesses dos proprietários dos meios de produção.[51] Ele defendia a tributação pesada e progressiva de heranças em sua obra até a abolição do direito a herança.[52]
Para Marx a crítica dareligião é o pressuposto de toda crítica social, pois crê que as concepções religiosas tendem a desresponsabilizar os homens pelas consequências de seus atos.[30] Marx tornou-se reconhecido como crítico sagaz da religião devido à sentença que profere em um escrito intituladoCrítica da filosofia do direito de Hegel: “A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação carente de espírito. É oópio do povo.”[53] Em verdade, Marx se ocupou muito pouco em criticar sistematicamente a atividade religiosa. Nesse quesito ele basicamente seguiu as opiniões deLudwig Feuerbach, para quem a religião não expressa a vontade de nenhumDeus ou outroser metafísico: é criada pela fabulação dos homens.[53]
Numa certa etapa do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham até aí movido. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. Ocorre então uma época de revolução social.[55]
”
Em geral, Marx considerava que todarevolução é necessariamente violenta, ainda que isso dependa, em maior ou menor grau, da constrição ou abertura doEstado. A necessidade de violência se justifica porque o Estado tenderia sempre a empregar a coerção para salvaguardar a manutenção da ordem sobre a qual repousa seupoder político, logo, a insurreição não tem outra possibilidade de se realizar senão atuando também violentamente. Diferente do apregoado pelos pensadorescontratualistas, para Marx o poder político do Estado não emana de algum consenso geral, é antes o poder particular de uma classe particular que se afirma em detrimento das demais.[54] A revolução se daria no âmbito da necessidade de sobrevivência, pois segundo ele as forças produtivas em seu ápice passariam a se tornar destrutivas.[56]
Importante notar que Marx não entende revolução enquanto algo como reconstruir asociedade a partir de um zero absoluto. NaCrítica ao Programa de Gotha, por exemplo, indica claramente que a instauração de um novo regime só é possível mediada pelas instituições do regime anterior. O novo é sempre gestado tendo o velho por ponto de partida.[54] Arevolução proletária, que instauraria um novo regime sem classes, só obteria sucesso pleno após a conclusão de um período de transição que Marx denominousocialismo.[30]
Crítica ao anarquismo
Engels, Marx e suas filhas
Criticou oanarquismo por sua visão tida como ingênua do fim do Estado onde se objetiva acabar com o Estado "por decreto", ao invés de acabar com as condições sociais que fazem do Estado uma necessidade e realidade. Na obraMiséria da Filosofia, elabora suas críticas ao pensamento do anarquistaProudhon. Também criticou oblanquismo com sua visão elitista de partido, por ter uma tendência autoritária e superada. Posicionou-se a favor doliberalismo, não como solução para o proletariado, mas como premissa para maturação das forças produtivas (produtividade do trabalho) das condições positivas e negativas da emancipação proletária, como a da homogeneização da condição proletária internacional gerado pela "globalização" do capital. Sua visão política era profundamente marcada pelas condições que odesenvolvimento econômico ofereceria para aemancipação proletária, tanto em sentido negativo (desemprego), como em sentido positivo (em que o próprio capital centralizaria a economia, exemplo:multinacionais).[57]
Na lógica da concepção materialista da História, não é a realidade que move a si mesma, mas comove os atores, trata-se sempre de um "drama histórico" (termo que Marx usa emO 18 Brumário de Luís Bonaparte) e não de um "determinismo histórico" que cairia num materialismo mecânico (positivismo), oposto aomaterialismo dialético de Marx, que poderia ser definido como uma "dialética realidade-idealidade evolutiva". Ou seja, as relações entre a realidade e as ideias se fundem napráxis, e apráxis é o grande fundamento do pensamento de Marx. Pois sendo ahistória uma produção humana, e sendo as ideias produto das circunstâncias em que tais ideais brotaram, fazer história racionalmente é a grande meta. É o próprio fazer da história que criará suas condições objetivas e subjetivas adjacentes, já que a objetividade histórica é produto da humanidade (dos homens associados, luta política, etc.). E, assim, Marx finaliza asTeses sobre Feuerbach, não se trata de interpretar diferentemente o mundo, mas de transformá-lo, pois a própria interpretação está condicionada ao mundo posto, só a ação revolucionária produz a transcendência do mundo vigente.[58]
O conceito demais-valia foi empregado por Karl Marx para explicar a obtenção doslucros no sistema capitalista. Para Marx, o trabalho gera a riqueza, portanto, a mais-valia seria ovalor extra da mercadoria, a diferença entre o que o empregado produz e o que ele recebe. Os operários em determinada produção produzembens (ex: 100 carros num mês). Se dividirmos o valor dos carros pelo trabalho realizado dos operários, teremos ovalor do trabalho de cada operário. Entretanto os carros são vendidos por um preço maior: esta diferença é o lucro do proprietário da fábrica. A esta diferença, Marx chama de "valor excedente ou maior", ou mais-valia.[59] Segundo ele, o lucro teria uma tendência decrescente devido a necessidade de se investir na produção, à medida que a remuneração dos trabalhadores estaria submetida a mais-valia.[60]
A grande obra de Marx éO Capital, na qual trata de fazer uma extensa análise da sociedade capitalista. É predominantemente um livro deEconomia Política, mas não só. Nesta obra monumental, Marx discorre desde a economia, até asociedade,cultura,política efilosofia. É uma obra analítica, sintética, crítica, descritiva,científica, filosófica, etc. Uma obra de difícil leitura, ainda que suas categorias não tenham aambiguidade especulativa própria da obra de Hegel, possui, no entanto, uma linguagem pouco atraente e nem um pouco fácil. Dentro da estrutura do pensamento de Marx, só uma obra comoO Capital é o principal conhecimento, tanto para a humanidade em geral, quanto para o proletariado em particular, já que através de uma análise radical da realidade que está submetido, só assim poderá se desviar da ideologia dominante ("a ideologia dominante" é sempre da "classe dominante"), como poderá obter uma base concreta para sua luta política. Sobre o caráter da abordagem econômica das formações societárias humanas, afirmou Alphonse De Waelhens: "O marxismo é um esforço para ler, por trás da pseudoimediaticidade do mundo econômico reificado as relações inter-humanas que o edificaram e se dissimularam por trás de sua obra".[61] Cabe lembrar queO Capital é uma obra incompleta, tendo sido publicado apenas o primeiro volume com Marx vivo. Os demais volumes foram organizados por Engels e publicados posteriormente.[62]
Outras obras
Na obraA Ideologia Alemã, Marx apresenta os pressupostos de seu novo pensamento. NoManifesto Comunista, apresenta sua tese política básica, propondo a construção de uma nova sociedade, derrubando a burguesia através da luta contra a propriedade privada[63] de poucos.[64] No ensaio "Sobre a Questão Judaica", apresenta sua crítica à religião, dizendo que não se deve apresentar questões humanas como teológicas, mas as teológicas como questões humanas, e que afirmar ou negar a existência de Deus, são ambasteologia. Para ele, deve-se sempre ver as religiões como reflexões fantasiosas do ser humano acerca de si mesmo, mas que representam a condição real a qual está submetido o ser humano. EmCrítica ao Programa de Gotha, Marx faz sua mais extensa e sistemática apresentação do que seria uma sociedade socialista. EmA Guerra Civil na França, Marx supera todas as suastendências jacobinas[65] de antes e defende claramente que só com o fim do Estado o proletariado oferece a si mesmo as condições de manter o próprio poder recém conquistado, e o fim do Estado é literalmente o "povo em armas", ou seja, o fim do "monopólio da violência" que o Estado representa. EmO 18 Brumário de Luís Bonaparte, além da profunda análise sobre oterror da "burocracia", outros aspectos marcantes são a questão do campesinato como aliado da classe operária na revolução iminente, o papel dos partidos políticos na vida social[66] e uma caracterização profunda da essência do bonapartismo. Karl Marx foi um dos poucos ideólogos que acompanharam todo o percurso de instabilidade política francesa pós-Revolução Francesa,revolução industrial eglobalização[67] sendo que influenciou muito na obra do autor e contribuiu para alimentar os debates políticos dentro da esquerda.[68]
Recepção da obra
Durante a vida de Marx, suas ideias receberam pouca atenção de outros estudiosos. Talvez o maior interesse tenha se verificado naRússia, onde, em 1872, foi publicada a primeira tradução do Tomo I deO Capital. NaAlemanha, a teoria de Marx foi ignorada durante bastante tempo, até que, em 1879,Adolph Wagner, um alemão estudioso daeconomia política, comentou o trabalho de Marx ao longo de uma obra intituladaAllgemeine oder theoretische Volkswirthschaftslehre. A partir de então, os escritos de Marx começaram a atrair cada vez mais atenção.[41]
Ao final do século XIX, o principal local de debate da teoria de Marx era oPartido Social-Democrata da Alemanha. Contudo, nos primeiros anos após sua morte, sua teoria obteve crescente influência intelectual e política sobre os movimentos operários e, em menor proporção, sobre os círculos acadêmicos ligados àsciências humanas — notadamente naUniversidade de Viena e naUniversidade de Roma, primeiras instituições acadêmicas a oferecerem cursos voltados para o estudo de Marx.[41]
Marx foi herdeiro da filosofia alemã, considerado ao lado deKant,Nietzsche eHegel um de seus grandes representantes. Foi um dos maiores pensadores de todos os tempos, tendo uma produção teórica com a extensão e densidade de umAristóteles, de quem era um admirador.[69] Marx criticou ferozmente o sistema filosóficoidealista de Hegel. Enquanto que, para Hegel, "da realidade se faz filosofia", para Marx, a filosofia precisa incidir sobre a realidade. Para transformar o mundo, é necessário vincular o pensamento à prática revolucionária, união conceitualizada comopráxis: união entre teoria e prática.[70]
Legado
Estatueta de Marx e Engels. Parte do Fórum Marx-Engels em Berlim-Mitte
As ideias de Marx tiveram um profundo impacto na política mundial e pensamento intelectual.[71][72][73][74] Os seguidores de Marx vêm debatendo entre si sobre como interpretar seus escritos e aplicar seus conceitos para o mundo moderno. O legado do pensamento de Marx tornou-se objeto de contestação entre inúmeras tendências, cada uma se vendo como a intérprete mais precisa de Marx. Na esfera política, estas tendências incluem oleninismo,marxismo-leninismo,trotskismo,maoismo,luxemburguismo e omarxismo libertário. Várias correntes também se desenvolveram no marxismo acadêmico, muitas vezes sob influência de outros pontos de vista, resultando nomarxismo estruturalista, marxismo histórico, fenomenológica marxista,marxismo analítico e marxismo hegeliano.[75]
Do ponto de vista acadêmico, a obra de Marx contribuiu para o nascimento da sociologia moderna. Ele tem sido citado como um dos três mestres da "escola cínica" do século XIX, ao lado deFriedrich Nietzsche eSigmund Freud,[76] e como um dos três principais arquitetos da ciência social moderna juntamente comÉmile Durkheim eMax Weber.[77] Em contraste com outros filósofos, Marx ofereceu teorias que, muitas vezes, poderiam ser testadas com ométodo científico.[71] Tanto Marx quantoAuguste Comte começaram a desenvolver ideologias cientificamente fundadas durante a secularização européia e novos desenvolvimentos nafilosofia da história e ciência. Trabalhando na tradiçãohegeliana, Marx rejeitou o positivismo sociológico comtiano na tentativa de desenvolver uma ciência da sociedade.[78]Karl Löwith considerou Marx eSøren Kierkegaard os dois maiores sucessores filosóficos de Hegel.[79] Nateoria sociológica moderna, asociologia marxista é reconhecida como uma das principais perspectivas clássicas.Isaiah Berlin considera Marx o verdadeiro fundador da sociologia moderna, "na medida em que qualquer um pode reivindicar o título".[80] Além da ciência social, ele também teve um legado duradouro nafilosofia, naliteratura, nasartes e nashumanidades.[81][82][83][84]
Mapa dos países que se declararam estados socialistas sob uma definição marxista-leninista ou maoista entre 1979–1983. Este período marcou a maior extensão territorial dos Estados socialistas
Na teoria social, pensadores do século XX e XXI adotaram duas estratégias principais em resposta a Marx: a primeira, conhecida comomarxismo analítico, tende a reduzi-lo ao seu núcleo analítico, e precisa sacrificar suas ideias mais interessantes e intrigantes; a segunda, mais comum, dilui as reivindicações explicativas da teoria social de Marx e enfatiza a "autonomia relativa" dos aspectos da vida social e econômica, não diretamente relacionadas com a narrativa central de Marx: a interação entre o desenvolvimento das forças de produção e a sucessão dos modos de produção. Nesta segunda estratégia, incluem-se, por exemplo, a teorizaçãoneomarxista — adotada pelos historiadores inspirados na teoria social de Marx comoE. P. Thompson eEric Hobsbawm — e a linha de pensamento adotada por pensadores e ativistas comoAntonio Gramsci, que têm procurado entender as oportunidades e as dificuldades da prática política transformadora vista à luz da teoria social marxista.[85][86][87][88] Gramsci desenvolveu o conceito derevolução passiva,[89] a qual é definida como "revolução sem revolução".[90]
Politicamente, o legado de Marx é mais complexo. Ao longo do século XX, ocorreram revoluções em dezenas de países que se autorotularam de "marxistas", mais notavelmente aRevolução Russa, que levou à fundação daURSS.[91] Líderes mundiais comoVladimir Lenin,[91]Mao Tsé-Tung,[92]Fidel Castro,[93]Salvador Allende,[94]Josip Tito[95] eKwame Nkrumah[96] citaram Marx como uma influência, e suas ideias estão presentes em vários partidos políticos em todo o mundo, além daqueles onde ocorreram "revoluções marxistas".[97] As ditaduras brutais associadas com algumas nações marxistas levaram oponentes políticos a culpar Marx pormilhões de mortes,[98] mas a fidelidade destes líderes, partidos e revoluções à obra de Marx é contestada e rejeitada por muitos marxistas.[99] Atualmente, é comum distinguir entre o legado e a influência de Marx especificamente, e o legado e influência de suas ideias para fins políticos.[100]
↑Na certidão de nascimento, seu nome é grafadoCarl Marx, e ele eventualmente usava essa grafia em contextos oficiais até osanos 1840. Mas a forma "Karl Heinrich Marx", que aparece em várias enciclopédias, nunca existiu oficialmente. De acordo com os proclamas e a certidão de seu casamento, ele se chamava "Karl Marx". Apenas em sua coletânea de poemas (Karl Marx's Early Literary Experiments: A Book of Verse, 1837), dedicada a seu pai, e na cópia de sua dissertação (1841), ele assinou "K. H. Marx", presumivelmente para homenagear o pai, morto em 1838. Marx se identifica como "Carl Heinrich" ou "Karl Heinrich" em três documentos: inscrição e certificado de transferência da Universidade de Bonn e inscrição na Universidade de Berlim (v.Karl Marx and the Birth of Modern Society: The Life of Marx and the Development of His Work - Volume I: 1818 -1841; New York: Monthly Review Press. pp. 34–35ISBN978-1-58367-735-3). Mesmo o texto do artigo intitulado "Marx, Heinrich Karl", de Friedrich Engels, publicado noHandwörterbuch der Staatswissenschaften (Jena, 1892, pp. 1130-1133; verMarx-Engels-Werke vol. 22, pp. 337-345) não confirma a atribuição de um nome do meio a Marx (v. Heinz Monz:Karl Marx. Grundlagen zu Leben und Werk; NCO-Verlag, Trier 1973, pp. 214 e 354).
↑Ludwig Feuerbach foi umfilósofo materialista que atraiu muita atenção de intelectuais de sua época. Publicou, em 1841, uma obra chamadaA Essência do Cristianismo, que teve influência importante sobre Marx,Engels e os Jovens Hegelianos. Nela, Feuerbach criticou duramente Hegel, e afirmou que a religião consiste numa projeção dos desejos humanos e numa forma dealienação. É de Feuerbach a concepção de que, em Hegel, a lógicadialética está "de cabeça para baixo", porque apresenta o homem como um atributo do pensamento ao invés do pensamento como um atributo do homem. O contato de Marx com as ideias feuerbachianas foi determinante para a formulação de sua crítica radical da religião e das "concepções invertidas" de Hegel.[30]
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↑Neste anoBruno Bauer foi expulso da cátedra deTeologia daUniversidade de Bonn acusado deateísmo; isso representou, para Marx, um impedimento virtual a uma possível carreira acadêmica devido ao fato de ser conhecido como "seguidor" de Bauer. Cf. BOITEMPO, Editorial. Cronologia resumida de Karl Marx e Friedrich Engels contida em edição deA Ideologia Alemã. São Paulo: Boitempo Editorial, 2007
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O velho Marx: uma biografia de seus últimos anos (1881-1883), de Marcello Musto (Boitempo Editorial).ISBN9788575596258