| Martins Pena | |
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| Nome completo | Luís Carlos Martins Pena |
| Nascimento | |
| Morte | 7 de dezembro de1848 (33 anos) |
| Nacionalidade | brasileiro |
| Ocupação | Dramaturgo,diplomata e introdutor dacomédia de costumes noBrasil |
| Magnum opus | O juiz de paz na roça |
| Escola/tradição | Romantismo |
Luís Carlos Martins Pena (Rio de Janeiro,5 de novembro de1815 — Lisboa,7 de dezembro de1848[1]) foidramaturgo,diplomata e introdutor dacomédia de costumes noBrasil, tendo sido considerado oMolière brasileiro.
Sua obra caracterizou pioneiramente, comironia ehumor, as graças e desventuras da sociedade brasileira e de suas instituições. Épatrono da cadeira 29 na Academia Brasileira de Letras.
Filho de João Martins Pena e Ana Francisca de Paula Julieta Pena, pessoas de poucas posses. Com um ano de idade, tornou-se órfão de pai; aos dez anos, de mãe. Seu padrasto,Antônio Maria da Silva Torres, deixou-o a cargo de tutores e, por destinação destes, ingressou na vida comercial,[2] concluindo o curso de Comércio aos vinte anos, em 1835. Depois, acredita-se que ele tenha frequentado aBiblioteca Nacional e aAcademia Imperial das Belas Artes, embora não existam registros de matrícula oficial nos cursos de Belas Artes;[3] simultaneamente, estudava línguas, história, literatura e teatro. Em 4 de outubro de 1838, foi representada, pela primeira vez, uma peça sua,O juiz de paz da roça, noTeatro de São Pedro de Alcântara, pela célebre companhia teatral de João Caetano (1808-1863), o mais famoso ator e encenador da época. No mesmo ano, entrou para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde exerceu cargos diversos, tais como amanuense da Secretaria dos Negócios Estrangeiros, em 1843, e adido à Legação do Brasil emLondres,Inglaterra, em 1847.[4] Durante todo este período, contribuiu para a literatura brasileira com cerca de trinta peças, das quais aproximadamente vinte sendocomédias, o que o tornou fundador do gênero da comédia de costumes no Brasil, e as restantes constituindofarsas edramas. Também, de agosto de 1846 a novembro 1847, fez críticas teatrais como folhetinista doJornal do Commercio. Em Londres, foi apresentado àRainha Vitória e aoPríncipe Alberto em 17 de maio de 1848. Porém, alguns meses depois, adoeceu severamente e, em trânsito para o Brasil, veio a falecer em Lisboa,Portugal, com apenas 33 anos de idade, em 7 de dezembro de 1848.[5][6]

Em sua obra ele debruçou-se sobre a vida do Rio de Janeiro da primeira metade doséculo XIX e explorou, sobretudo, o povo comum da roça e das cidades. Com a ajuda de sua singular veia cômica, encontrou um ambiente receptivo que favoreceu a sua popularidade. Construiu uma galeria de tipos que constitui um retrato realista do Brasil da época e compreende funcionários públicos, meirinhos, juízes, malandros, matutos, estrangeiros, falsos cultos e profissionais da intriga social. Suas histórias giram em torno de casos de família, casamentos, heranças, dotes, dívidas e festas da roça e das cidades.[5][6]
Após sua morte, ainda vieram a público algumas de suas peças, como "O noviço" (1853) e "Os dois ou O inglês maquinista" (1871). Sua produção foi reunida emComédias (1898), editado pela Editora Garnier, e emTeatro de Martins Pena (1965), 2 volumes, editado pelo Instituto Nacional do Livro.Folhetins - A semana lírica (1965), editado pelo então Ministério da Educação e Cultura e pelo Instituto Nacional do Livro, abrange a colaboração do autor noJornal do Commercio (1846-1847).[5][6]
Martins Pena deu ao teatro brasileiro cunho nacional, influenciando, em especial,Artur Azevedo. Sobre sua obra, escreveu o crítico e ensaístaSílvio Romero (1851-1914): "...se se perdessem todas as leis, escritos, memórias da história brasileira dos primeiros 50 anos desse século XIX, que está a findar, e nos ficassem somente as comédias de Martins Pena, era possível reconstruir por elas a fisionomia moral de toda esta época".[5][6]
Uma das principais salas doTeatro Nacional Cláudio Santoro, emBrasília, leva seu nome.[5][6]
Sua obra reúne quase 30 peças, dentrecomédias,sátiras,farsas edramas. Destacou-se especialmente por suas comédias, nas quais imprimiu caráter brasileiro, fundando o gênero da comédia de costumes no Brasil, mas foi criticado pela baixa qualidade de seus dramas. No geral, produziu peças curtas e superficiais, contidas em um único ato, apenas esboçando a natureza das personagens e criando tramas, por vezes, com pouca verossimilhança e coerência. Ainda assim, construiu muitas passagens de grande vivacidade e situações surpreendentes e é constantemente elogiado pela espontaneidade dos diálogos e pela perspicácia no registro dos costumes brasileiros, mesmo que quase sempre satirizados.[5][6]
Estes aspectos da obra de Martins Pena se devem às característica do teatro da época. Quase sempre, após a representação de um drama, era encenada uma farsa, cuja função era aliviar a plateia das emoções causadas pela primeira apresentação. Na maioria das vezes, essas peças eram de origem estrangeira (comumente portuguesa). Martins Pena, então, percebeu que poderia dar ao teatro uma natureza mais brasileira a partir de tipos, situações e costumes, tanto rurais quanto urbanos, facilmente identificáveis pelo público do Rio de Janeiro. Às cenas rurais, reservou a comicidade e o humor, explorados por meio dos hábitos rústicos e maneiras broncas da curiosa gente rural, quase sempre pessoas ingênuas e de boa índole. Já às cenas urbanas, reservou a sátira e a ironia, compondo tipos maliciosos e escolhendo temas que representavam muitos dos problemas da época, como o casamento por interesse, a carestia, a exploração do sentimento religioso, a desonestidade dos comerciantes, a corrupção das autoridades públicas, o contrabando de escravos, a exploração do país por estrangeiros e o autoritarismo patriarcal, manifesto tanto na escolha de profissão para os filhos quanto de marido para as filhas. Apesar disso, nada foi tratado do ponto de vista trágico e nunca um desfecho era funesto; pelo contrário, dada a finalidade destas comédias, que era a de opor-se aos dramas, a trama comum consiste na apresentação dos problemas, na resolução cômica dos empecilhos e no surgimento, muitas vezes com casamento ou namoro sério, de um final feliz.[5][6]
Martins Pena é o patrono da cadeira 29 daAcademia Brasileira de Letras, por escolha de um dos fundadores desta academia, o teatrólogoArtur de Azevedo.
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